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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - Imaginação
Visões de futuro (3)

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Esta visão de Santos é reconhecida pelo próprio autor como fantasiosa, como é assinalado no preâmbulo da história, publicada em janeiro e fevereiro de 2007. Remete a seres mitológicos, como os vampiros, e se destina a formar cenários para jogos baseados em regras (role-playing games - RPG), em que os personagens são movimentados pelos jogadores dentro dos limites definidos pela história em curso. Embora o enredo seja pura fantasia, recorda situações reais e é ambientado em muitos lugares realmente existentes. Este é o material publicado no site Santos By Night, conforme consulta feita em 21 de junho de 2007 (partes I a III) e em 30 de abril de 2009 (partes seguintes):

Este é um blog onde está a descrição fictícia da Baixada Santista para se realizar campanhas no jogo de RPG Vampiro: A Máscara e demais jogos da linha Storytelling. Quaisquer menções a nomes existentes é pura coincidência e/ou apenas de uso meramente fantasioso. Não há a mínima intenção de ofender ninguém de forma alguma. Vampiros NÃO EXISTEM. Isto é só um jogo.

 

[PARTE I]  [PARTE II]  [PARTE III]  [PARTE IV]  [PARTE V-FINAL] [BOATOS]

 

 
Imagem: captura de tela em 21 de junho de 2007

 

adicionado em domingo 28 janeiro 2007 21:30

A HISTÓRIA VAMPÍRICA NO BRASIL

(com foco na Baixada Santista) - Parte I

A Guerra da Fundação

A Camarilla não seguiu um caminho direto para o Brasil – ele foi bastante acidentado. Fundada em 1493 por Rafael de Corazón (um Toreador), esta seita ainda estava sendo formada por toda a Europa – e os insatisfeitos com essa nova ordem procuravam outros lugares para morar. Este foi, entre outros, um dos principais motivos da vinda de cainitas para cá.

O começo da sociedade vampírica no Brasil foi muito desordenado. Pouco depois do Descobrimento, alguns Membros – principalmente espanhóis e portugueses – desembarcaram em terras brasileiras e começaram a se estabelecer. Em sua grande maioria, assim como os mortais que aqui chegavam, esses vampiros eram fugitivos, exilados, marginais e fidalgos sem posses. Inicialmente, os vampiros que aqui chegavam, ironicamente enfrentavam uma ameaça na forma de outro vampiro. O Bacharel Cosme Fernandes, um Nosferatu, era o primeiro vampiro a chegar no Brasil e ele já estava por aqui há alguns anos, tendo trabalhado ativamente para ajudar a fundar a colônia de Portugal.

Em 1542 acontece o pior desastre. Alguns vampiros, entre eles, um Tremere, haviam desembarcado em São Vicente. Isso deixou o Bacharel furioso, pois ele não queria a as intrigas e falsidades da sociedade cainita chegassem às novas terras. Entrando em conflito com os recém-chegados, o mar, avançou pouco a pouco, engoliu a praia, entrou pela vila e sepultou sob as águas a Matriz, a Casa do Conselho, a Cadeia, os estaleiros, o pelourinho e inúmeras casas. E tudo isso devido à Taumaturgia do Tremere, que a empregou durante o combate. Mas tudo isso de nada adiantou, pois o Bacharel matou a todos eles e logo depois os diablerizou. A vila teve de ser reconstruída pouco adiante e a Matriz acabou sendo edificada sobre uma pequena elevação, exatamente no mesmo local onde está hoje.

Os primeiros jesuítas chegaram aqui por volta de 1550 e fundaram um colégio na Vila capital, São Vicente. Em 1567, O padre José de Anchieta, convencido da necessidade de transferir o Colégio Jesuíta da Vila de São Vicente para a Vila de Santos, requer junto ao Conselho a doação de terreno existente junto à Casa da Câmara e inicia a construção de casa provisória para o abrigo dos padres. Tendo ele que se ausentar, e também por falta de recursos, a obra acabou paralisada. A chegada dos jesuítas, na verdade, ocorreu porque no meio das autoridades européias que sabiam da existência de seres sobrenaturais temia-se que coisas como vampiros pudessem se instalar por aqui. Infelizmente, pra eles, o plano foi posto em prática um pouco tarde, embora não soubessem disso. Dessa forma, o plano inicial era apenas investigar e "conhecer o terreno".

Em 1552, Brás Cubas, por ordem de Tomé de Souza (o então governador-geral do Brasil), manda erguer a Fortaleza de São Felipe na entrada da Barra da Bertioga. No entanto, a pressão dos hostis índios tamoios do litoral norte pareceu aumentar, principalmente sobre os ocupantes de Bertioga e da Ilha de Guaibê (Santo Amaro).

Os moradores da nova Vila sentiam-se inseguros e ameaçados. O medo e a fundação do povoado de São Paulo de Piratininga, em 1554, atraiu parte dos colonos sem terra para o Planalto, enquanto outros voltaram para Portugal. Em 1557, é construída a Fortaleza de São Tiago, defronte à primeira, fechando a defesa da entrada do Canal de Bertioga. Os ataques iniciais dos tamoios partiram, na verdade, de um plano do Bacharel, que conseguira manipular os nativos para que se voltassem contra o "homem branco", meio que se rebelando contra o que parecia ser o início de um progresso na colônia.

Em 1563 a população entra em pânico com o anúncio de uma confederação de todas as tribos tamoias visando atacar e destruir tudo o que os colonizadores tinham construído. Os jesuítas Manuel da Nóbrega e José de Anchieta se oferecem para tentar conter os índios e, alguns santistas liderados por José Adorno, se reúnem para levá-los. Eles partem em caravana de dez bergantins para Ubatuba e, após alguns meses de conversas e negociações, os jesuítas conseguem apaziguar os índios e é firmado o Armistício de Iperoig entre os aborígenes e os portugueses, o que salvou toda a obra colonizadora.

O ataque tinha sido elaborado pelo Bacharel. Tendo descoberto isso, os jesuítas foram conversar com os tamoios e com o próprio Bacharel. Chegando lá, descobriram que o Bacharel era um vampiro e a única coisa que os salvou do próprio foi sua fé. Ainda assim, era muito fácil para o Bacharel acabar com os padres usando de poderes vampíricos em cima dos índios.

Entretanto, o Bacharel preferiu ouvir os padres, tentando extrair deles o máximo que pôde de informações acerca do litoral e outras áreas. As conversas tinham evoluído e os jesuítas conseguiram evitar o ataque. Porém, uma das coisas que os padres tinham medo era de que o Bacharel descobrisse que eles faziam parte de uma força "anti-seres sobrenaturais", ou seja, caçadores, o que não aconteceu, não tendo o Bacharel desconfiado de nada.

Pouco tempo depois, em 1570, é decretada a lei proibindo a escravidão dos índios no Brasil, fato que pacifica os ânimos do gentio e beneficia profundamente os colonizadores. Essa idéia partiu, em segredo, dos jesuítas, na intenção de melhorar a situação entre os indígenas e os europeus e para manter o disfarce perante o Bacharel.

Em 1583 Santos é invadida pelos corsários ingleses de Edward Fenton. Não chegou a ser tanto uma invasão, mas mais uma "insinuação". Eles alegaram precisar dos serviços de um ferreiro, espalhavam que Felipe da Espanha havia morrido e tentavam convencer a população a se colocar sob o protetorado inglês. Fenton e seus homens, na verdade, tinham sido contratados para espionar o Brasil para alguns Ventrue ingleses, que estavam interessados em abocanhar sua parte na descoberta desse novo continente. Mas um navio espanhol, sabendo que Fenton fora visto rondando a costa vicentina, adentra pelo porto e expulsa os ingleses. Depois desse fato, Felipe II manda construir um forte na entrada da barra de Santos - o Forte de Santo Amaro ou Fortaleza da Barra Grande que, juntamente com os fortes de São Tiago e São Felipe guardavam todos os possíveis acessos por mar à Vila do Porto de Santos.

Em 1585, o visitador da Companhia de Jesus padre Cristóvão de Gouveia consegue junto à Câmara a cessão da própria casa da Câmara, que estava prestes a se transferir para novo prédio. Assim, os jesuítas se transferem da Vila de São Vicente para o novo prédio em Santos e fundam o Colégio dos Jesuítas, mais tarde Colégio São Miguel, a primeira fonte de instrução da Vila. Disfarçadamente, além de começar a instruir a população visando o crescimento sócio-econômico da região, os jesuítas queriam selecionar e recrutar pessoas que pudessem ser fiéis à Igreja e ser treinados na arte de caçar seres sobrenaturais.

Em dezembro de 1591, São Vicente é assaltada pelo pirata inglês Thomas Cavendish, que retornava de um ataque a Santos. Cavendish e seus homens põem fogo na vila, causando enormes prejuízos. O pirata foge, mas, impedido de seguir viagem por causa de um temporal, resolve voltar e tentar um novo ataque. Desta vez, porém, a população das duas vilas estava preparada (pelo Bacharel, que percebeu que Cavendish era um vampiro) e Cavendish foi repelido. Um dos maiores prejuízos desse ataque a Santos foi a destruição de documentos, o que fez com que além de muitos mortais, alguns vampiros perdessem suas posses e direitos, mudando o panorama do poder local. Um fato que escapou do Bacharel foi que Cavendish não só havia percebido que o Bacharel era um vampiro, mas também sabia a identidade dele. Quando retornou à Europa, contou aos seus colegas do Sabá onde estava o traidor.

O Sabá também não havia conquistado muito destaque e abrangência suficientes para chegar até aqui (com exceção apenas de Cavendish, que por ser pirata, tinha certas facilidades, mas no geral, não havia como o Sabá se estabelecer por aqui). Assim, durante cerca de duzentos anos, o Brasil foi povoado apenas por vampiros esparsos e sem quaisquer organização ou tradição.

Em março de 1615, Santos sofre o ataque da frota holandesa de Goris Van Spilbergen, ataque que dura algumas semanas e que encontra a resistência desesperada dos moradores das duas Vilas, socorridos pela gente de São Paulo sob comando de Amador Bueno da Silveira e Lourenço Castanho Taques. Reza a tradição que os santistas buscaram refúgio no alto do Monte Serrat e que sobre os corsários que os perseguiam desabou uma parte do monte, matando-os. A devoção a Nossa Senhora do Monte Serrat cresceu tanto que ela veio a se tornar a padroeira oficial de Santos. Secretamente, a frota de Goris Van Spilbergen servia aos membros do Sabá da Europa e numa ação conjunta entre os Ventrue e Tremere locais, os corsários foram derrotados. Os Ventrue tinham dominado a população a ponto de ordenarem que subissem no Monte Serrat e os Tremere manipularam o clima para que derrubassem parcialmente o monte em cima dos invasores.

De 1615 até 1765 iniciou-se um período de empobrecimento e decadência. A Vila de Santos entra em uma fase de marasmo e decadência devido a vários fatores, como o aparecimento de doenças e as várias invasões estrangeiras (como os corsários), afugentando uma parte da população.

Apenas no século XVII – mais precisamente em meados de 1640 – foi fundada a Camarilla no Brasil, em São Salvador. A idéia era descer pelo continente, limpando as cidades do estado-livre que existia, dando lugar para a fundação da Camarilla em todo o país. Participavam desta "cruzada" membros de quase todos os clãs da seita, recebendo maior destaque os Ventrue, Brujah e Gangrel. Um dos maiores problemas destas viagens eram as estradas. Um exemplo era a Serra do Mar, que ligava Santos a São Paulo: caminho de muitos precipícios, ataques de índios, licantropos, temperaturas desbalanceadas... e é claro, a Fome.

Aqueles que aceitavam a nova ordem permaneciam na cidade. Os que não aceitavam, acabavam mortos ou Dominados. Foi uma época de grandes glórias e guerras. Muitos membros pereceram, não somente com a Guerra da Fundação, mas também nas mãos de licantropos e outros seres misteriosos que eram muito mais abundantes no Brasil naquela época.

Essa guerra durou cerca de dez anos, até alcançar a então cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, onde o grupo encontrou problemas. Já estava bem reduzido, devido às baixas sofridas no meio do caminho, e assim o domínio da cidade foi difícil demais. Após quase um ano de conflitos eles decidiram abandonar a causa, rumando então para a Vila de São Paulo de Piratininga – mas com a promessa de retornar um dia.

Em São Paulo, encontraram uma cidade já organizada, como uma Camarilla simplificada. Já existia um Príncipe: um Gangrel espanhol chamado Hector Estevez, de grande renome na cidade. Também havia um representante de cada clã (exceto os Tremere) que, juntamente com Hector, tomavam as decisões mais importantes. E já havia a Tradição da Máscara e da Progênie, mas as outras pareciam ser ignoradas. Não demorou muito para que o grupo conseguisse estruturar melhor a cidade – de onde partiram outros três grupos, agora com mais integrantes, para continuar a cruzada.

As Três Expedições

O primeiro grupo partiu para Minas Gerais, onde encontrou uma forte resistência dos Membros rebeldes, demorando um pouco para estabelecerem um Principado. O segundo grupo foi para Curitiba, onde encontraram mais facilidade para instituir uma Camarilla. Já o terceiro grupo foi para São Vicente, mas eles teriam ainda uma outra missão – eles pretendiam partir dali para a Europa com relatórios sobre a situação atual do Brasil, escritas pela arconte Toreador Vivianne McCallion.

Mas, durante a viagem para São Vicente, quase todos os Membros da comitiva foram mortos; restou apenas o carniçal Louis Renaux, que fez a viagem por mar e entregou pessoalmente os relatórios para Rafael de Corazón, o fundador da Camarilla. Ninguém nunca descobriu como todos aqueles vampiros foram mortos. Chegaram a acusar o próprio Louis pelo crime – mas depois chegou-se a conclusão de que ele não seria capaz de levar todos aqueles Membros à morte sozinho e portanto foi inocentado.

Com a morte de quase todo o grupo encarregado de levar a Camarilla para o litoral paulista, nesta cidade a seita acabou se desenvolvendo com o tempo – e com o auxílio de São Paulo, por sua proximidade.

A Organização da Camarilla em São Vicente

Devido à sua importância econômica e mercadora, São Vicente e arredores era importante demais, principalmente para a Vila de São Paulo de Piratininga, pois tudo o que eles tinham desembarcava antes, no Porto de Santos. Pensando nos suprimentos, Hector Estevez quis instituir, o mais rápido possível, uma Camarilla na região. Sendo assim, mandou que Juan Castañedo, uma cria sua, fosse para o litoral junto com membros especialmente selecionados para que a Camarilla fosse instituída nessa cidade e que os vampiros a governassem o mais rápido possível.

A resistência inicial por parte dos rebeldes daqui foi grande, mas não durou muito tempo, pois constituíam-se de alguns Brujah, Malkavian e Nosferatu. Os clãs mais sociais, como Toreador e Ventrue, já tinham quase toda uma base de poder aqui, controlando o porto e os negócios de cana-de-açúcar, algodão e pau-brasil, entre outras mercadorias. Os Gangrel daqui, vendo que o líder da comitiva era um dos seus, houve uma discussão. Alguns queriam fazer amizade com Juan e seus subordinados. Outros não queriam perder a paz, a calma e as terras que a falta de uma Organização lhes proporcionava e que a presença de cada vez mais vampiros seria só um chamariz para os licantropos. Dessa forma, houve uma guerra dentro do clã, entre rebeldes e aliados.

Porém, o diferencial na resistência de São Vicente foi o desembarque, em 1649, de um poderoso Tremere chamado Leon Deschamps. Com mais alguns de seu clã, Leon se juntou aos Toreador e Ventrue (e os Gangrel que eram favoráveis), pois desejavam a formação da Camarilla. Com esse reforço, os rebeldes mal tiveram chance de resistir. Alguns foram destruídos, enquanto alguns preferiram se esconder nas matas brasileiras ou aproveitar os navios para voltar para a Europa.

Com a região dominada, um príncipe (e uma primigênie composta) foi empossado: o próprio Juan Castañedo. E isso foi feito para não criar intrigas com os Membros de São Paulo, muito mais poderosos e bem organizados. Porém, alguns vampiros que já estavam aqui não gostaram muito da idéia, pois a escolha de Juan como Príncipe dava a impressão de que eles tinham passado o poder da região para outras mãos. Sabendo disso, os Nosferatu pediram perdão, querendo voltar para a região e fazer parte da Camarilla. Juan, querendo aliados, é claro, os perdoou.

Não demorou muito para que intrigas começassem a ser feitas contra Juan devido ao fato de ser cria de um vampiro de São Paulo. Porém, as intrigas não foram muito bem escondidas e os Gangrel descobriram. Mas antes que eles pudessem fazer algo para coibir uma revolta, os Nosferatu, em um ato de traição, avisaram os Membros que conspiravam de que os Gangrel iriam às favas. Dessa forma, ao invés de surpreender, os Gangrel foram surpreendidos com um grupo de oponentes osso duro de roer.

Nesse meio tempo, a indústria do açúcar fazia o Brasil prosperar como nunca, pois no Velho Continente, só se consumia açúcar brasileiro. Com o crescimento na produção dessa mercadoria (e conseqüentemente de muitas outras), o comércio escravo também aumentou, gerando um lucro enorme para piratas e outros navegantes, que tinham suas embarcações apelidadas de "navios negreiros".
Na confusão toda, Juan foi morto, os Gangrel tiveram suas fileiras diminuídas e os sobreviventes se esconderam.

Os Nosferatu, é claro, mandaram o seguinte recado para o Principado de São Paulo: "Não somos crianças. Se desejam que uma Camarilla seja criada em nossas terras, isso será feito, mas não venham usurpar nosso domínio. Se vocês têm direito às terras que atualmente possuem, nós temos direito às nossas. Não nos subestimem".

Pela primeira vez, a primigênie teve que ser reeleita, pois alguns membros aliados a Juan foram destruídos. Com mais Membros "nativos" do que de São Paulo, a região ganhou um príncipe local: o misterioso Bacharel Cosme Fernandes, o mais velho Nosferatu do Brasil. Os Tremere, claro, não gostaram da eleição do Bacharel, pois ele era o Membro de um clã inicialmente rebelde. Já os Nosferatu achavam que os Tremere nem tinham que dar opinião sobre o assunto, pois eles foram os últimos a chegar.

Apesar de sofrerem derrotas em duas oportunidades, os Ventrue acabaram ficando com a maioria dos cargos importantes na Camarilla, pois era deles que dependia o comércio da região, que por sinal ia muito bem. O fim dessa disputa foi em 1651.

O Retorno dos Brujah

Com o passar das décadas, a região foi crescendo e uma boa administração dos Nosferatu foi sendo feita, mas sofria em seu principal sustento: a sociedade mortal. As condições não eram bem prósperas e vários europeus deixavam de vir pra cá devido ao estado de pobreza e calamidade que a região como um todo se encontrava. Mesmo os poucos europeus que vinham acabavam não ficando por aqui, pois queriam explorar o interior do país em busca de alguma forma de riqueza. Uma tentativa de sair do marasmo veio com os navios negreiros.

E foi com os navios negreiros e com dinheiro europeu que os Brujah tinham voltado e se instalado ao criar novas empresas, bem debaixo do nariz de todos. Como o comércio dependia muito dos escravos, os Ventrue não tiveram outra escolha a não ser pensar no caso de apoiar a volta dos Brujah. Porém, isso seria uma tremenda humilhação para todo o clã, ainda mais que até agora, apesar de contar com enorme poder econômico, os Ventrue sempre tinham "comido pelas beiradas" no principado. A riqueza dos Brujah predominava e isso era evidente para todos os clãs. Aliado ao fator riqueza, para o desespero dos Ventrue, os Brujah tinham uma carta legítima de Rafael de Corazón exigindo que os Brujah, como clã que ajudou a fundar a Camarilla, fosse aceito pelos demais. Pronto: o retorno triunfal estava feito.

A Vingança

Os Brujah desfilavam pelos domínios do principado como se tivessem o rei na barriga, afinal, além de voltar em grande estilo, o príncipe era um Nosferatu, clã que era aliado deles na rebelião.

Os Ventrue eram a principal resistência contra os Brujah e tiveram que engolir cada palavra da carta, mas não iriam deixar isso barato. Sabendo das disputas que os portugueses tinham no norte do Brasil contra os piratas holandeses devido ao lucrativo negócio do açúcar (que os Brujah tinham começado a dominar), trataram de agilizar o mais rápido possível uma resposta à altura. Uma vingança diplomática estava sendo criada.

Os Ventrue do Brasil entraram em contato com os Ventrue holandeses, dizendo que estavam dispostos a ajudar a criar plantações de cana-de-açúcar em suas colônias antilhanas. Os Ventrue holandeses é, claro, aceitaram na hora.

Em 1654, o açúcar holandês desbancou o açúcar brasileiro, fazendo esse comércio entrar em vertiginoso declínio. Isso mostrou aos Brujah que em se tratando de política, ninguém supera os Ventrue. O açúcar holandês tinha muitas vantagens em cima do açúcar brasileiro: estava mais perto da Europa; possuía mais capital e técnicas; tinha maior rede de distribuição na Europa, entre outras coisas.

A Camarilla européia aperta o laço

Na segunda metade do século XVII, os cofres portugueses estavam completamente vazios. Também não era pra menos, a guerra contra a Espanha e a expulsão dos holandeses devoraram aos poucos os recursos que o país dispunha. Portugal foi vitorioso nessas duas campanhas militares, mas o preço pago pela vitória era muito alto. Portugal sabia que a Holanda tinha recursos para invadir o Brasil novamente.

Por isso, desejoso de manter o lucrativo negócio do açúcar e querendo a Holanda como aliada na guerra contra a Espanha, assina com ela um tratado em 1661. Para manter o Brasil, Portugal dá em troca valiosas ilhas no Oriente e uma elevada indenização em dinheiro. O seu império oriental entra em decadência. Essa foi, com certeza, a maior jogada política dos Ventrue holandeses e dos que moravam no Brasil (especialmente em São Vicente) até então.

Para vencer a Espanha, o custo foi ainda maior. Sozinho, Portugal não tinha condições de enfrentar os espanhóis. A solução foi pedir ajuda aos inimigos da Espanha. A Inglaterra, a França e a Holanda, dispostas a acabar com a poderosa rival, aliaram-se a Portugal. Só que cobraram por esta ajuda. A Inglaterra foi quem cobrou mais caro, obrigando Portugal a assinar três tratados extremamente vantajosos para os ingleses.

Tudo isso fez com que não só São Vicente, mas toda a Camarilla no Brasil ficasse de joelhos perante o poderio dos vampiros europeus. Os Ventrue de São Vicente foram acusados de "venderem" todo o Brasil aos europeus. A essa altura do campeonato, devido a algumas epidemias também terem surgido devido ao clima local, vários vampiros foram embora da região, seguindo para o interior, procurando formas mais "puras" de se alimentarem.

A Solução Conjunta

De repente, como num passe de mágica, os Malkavianos, que até então pouco faziam pelo Brasil, surgiram com uma solução temporária. Entrando em contato com seus irmãos europeus, os Malkavianos "convenceram" o Rei de Portugal a oferecer títulos e recompensas a quem achasse minas de metais e pedras preciosas.

Com a concessão de boa parte de suas posses orientais e com uma dívida monetária enorme para com Inglaterra, Holanda e França, a "galinha dos ovos de ouro" de Portugal era o Brasil. A colônia tinha que ter algum jeito de render lucros e essa foi uma forma de estimular a exploração país adentro.

Claro que quem mais ganhou com isso, inicialmente, eram os Gangrel, agora então muito mais valorizados, pois são os mais capacitados a explorarem mata adentro e saírem vivos. Dessa forma, muitos Gangrel eram bandeirantes e alguns que não eram se tornaram devido a essa grande oportunidade.

A Camarilla brasileira tentou segurar a mão-de-ferro européia o máximo que pôde, tentando barrar principalmente, qualquer coisa que desembarcasse no Porto de Santos que fosse dos países "aliados" ou que sugerisse que fosse ação de algum vampiro advindo da Europa. Por mais de 30 anos, vários bandeirantes percorreram os sertões brasileiros sem nada achar, andando pelas regiões hoje ocupadas por vários estados.

Até que, em 1693, a expedição de Antônio Rodrigues Arzão, um carniçal de um Gangrel, encontra sinais de grande quantidade de ouro, mas é atacada pelos índios da região e é obrigada a fugir. De volta para São Paulo, Arzão passa o conhecimento adiante e volta mais tarde com mais homens ao local indicado. Os esforços e persistência valeram a pena, pois voltaram carregados de ouro.

Com o passar das décadas, muito ouro (e mais tarde, diamantes) foi retirado das terras brasileiras, salvando Portugal de uma grave crise financeira, enriquecendo alguns vampiros (a maioria, Gangrel) e pagando a dívida com os países aliados. Isso tudo fez com que a influência européia sobre o Brasil diminuísse. Os Malkavianos e os Gangrel, com patrocínio dos Toreador e Ventrue, conseguiram mudar essa situação.

A exploração de ouro e diamante durou até pouco mais que 1780, ou seja, foram quase 100 anos de riqueza e fartura para mortais e vampiros em quase todo o Brasil. E a descoberta dessas jazidas fez com que a região de Santos, São Vicente e arredores mergulhasse mais na pobreza, pois grande parte dos nobres que permaneciam aqui acabaram indo embora na tentativa de abocanhar uma parte da descoberta.

A sorte, por ironia do destino, a explosão de exploração de jazidas fez com que alguns mortais e vampiros que ficaram bem ricos, vendo como a região estava barata em termos imobiliários, resolvessem investir aqui. Isso ajudou a, aos poucos, erguer novamente o comércio da região. Aquilo que parecia afundar ainda mais as cidades locais acabou sendo sua alternativa de salvação. Isso acabou ocorrendo por volta de 1765.


adicionado em domingo 28 janeiro 2007 22:28

A HISTÓRIA VAMPÍRICA NO BRASIL

(com foco na Baixada Santista) - Parte II

 

A Ameaça Inesperada

Depois de tanta briga interna e problemas com os europeus, o sistema financeiro brasileiro e português ia de vento em popa, mas por quanto tempo? Em 1786, muitos assassinatos começaram a acontecer em todo o Brasil, mas no litoral, o maior incidente acontecia na Serra do Mar e nos arredores do litoral paulista. A mensagem deixada na mata era clara: uma garra era desenhada nas árvores usando sangue de vampiros.

É lógico que os índios pensavam que eram os "espíritos-maus". Os nobres portugueses achavam pura superstição. Porém, alguns Gangrel e Nosferatu, principalmente o Bacharel, sabiam que não era nada disso. Os licantropos tinham perdido a paciência. Dos ataques esporádicos na época do Descobrimento aos recentes (para a época) assassinatos de Membros a cada semana em meados de 1790, os Balam (chamados aqui de "homens-onça") se tornaram uma ameaça realmente assustadora (ainda mais devido ao fato de um dos licantropos ter sido assassinado por vampiros).

O Brasil progredia muito e os Balam viam isso como sinal de que os tempos estavam mudando e que precisavam agir rápido. Querendo acabar com a comunicação com a Europa e com o poderio dos portos brasileiros, licantropos-onça de todo o país atacavam os domínios vampíricos em cidades litorâneas, principalmente no litoral paulista e carioca.

Uma guerra sem precedentes aconteceu: vampiros de todo o país (principalmente no litoral) se uniram de tal forma que fizeram frente aos Balam. Na Baixada Santista, porém a história era diferente devido à sua localização. Os homens-onça estavam acabando com os recursos da região e só existiam duas maneiras de continuar sobrevivendo: a primeira era importar mercadorias da Europa, mas era uma maneira demorada e principalmente cara. A segunda era usufruir dos suprimentos de São Paulo.

Apesar dos atritos iniciais entre as duas cidades, São Paulo queria colaborar devido ao princípio básico de sobrevivência. Além disso, um acordo foi feito: se São Paulo não resistisse, eles pediriam "asilo político" contra os homens-onça; em troca dos suprimentos. Entretanto, prevendo isso, os homens-leopardo vigiavam incessantemente a Serra do Mar e outras passagens menos conhecidas. Dessa forma, os suprimentos do litoral foram se tornando cada vez mais escassos.

Um Acordo Oportuno

A guerra continuou, com os Gangrel como generais nos momentos de batalha. Mas houve um momento em que tudo pareceu perdido e segundo os Gangrel, era essencial não parecerem desesperados, quase exterminados. Num ato diplomático inédito, os Gangrel se reuniram com os homens-onça e conversaram durante um bom tempo. Saíram da reunião vivos e por incrível que pareça, com um acordo!!! Um acordo cujo detalhes ninguém sabe, mas que os Gangrel têm tentado manter até hoje. Segundo o clã, os outros teriam que seguir determinadas ordens dos Gangrel, por mais que parecessem estranhas, pois tinham que agradar os homens-leopardo.

Um dos pouquíssimos detalhes que os Gangrel puderam revelar era que o clã teria que ser responsável pela segurança imortal na região. É claro que os outros clãs estranharam, mas era isso ou morrer. Os vampiros estavam a salvo.

Em 1798, o capitão-general Antonio Manuel de Melo Castro e Mendonça cria as primeiras linhas postais entre Santos e São Paulo e São Paulo e Rio de Janeiro. É a terceira e definitiva tentativa de estabelecimento dos Correios. Dois anos depois são estabelecidas linhas entre São Paulo e Itu, Paranaguá e São Sebastião, facilitando a comunicação de Santos com esses pontos da Capitania. Não demorou muito para que os Nosferatu, sedentos por informação, dessem um jeito de dominar os recém-criados Correios.

A Anarquia Começa

Por um tempo, os vampiros ficaram quietos. Com o forte acordo diplomático e econômico que Portugal tinha com a Inglaterra, a primeira foi invadida pela França, que estava em guerra com os ingleses. Em 1807, temendo não resistir ao poderio de Napoleão Bonaparte e seu exército, o rei D.João VI, a família real e grande parte da elite portuguesa fugiram para o Brasil, escoltados pelos ingleses.

Entretanto, apesar do Brasil ser muito bonito, carecia de eventos culturais, sendo muito chato e sem distrações para a elite portuguesa. Querendo dar um aspecto melhor para o país e ainda agradar a elite, D.João começou a remodelar algumas coisas, criando bibliotecas com livros importados de Portugal, criou jardins botânicos, financiou espetáculos de ópera e balé, entre outras coisas.

Devido a tudo isso, foi fácil para os Toreador e os Tremere chegarem no ouvido do rei. Rapidamente, através de manipulação, os vampiros artistas e feiticeiros aproveitaram os recursos da coroa portuguesa para trazer para o Brasil o maior número possível de coisas relacionadas a arte (e no caso dos Tremere, objetos de poder disfarçados de obras de arte). Entretanto, eles não eram os únicos interessados na presença do rei na colônia. Quando o entusiasmo dos dois clãs diminuiu (ou seja, quando sugaram do rei tudo o que tinham que sugar, desculpe o trocadilho infame), os Brujah se aproveitaram.

Manipularam os nobres e principalmente o rei a ter idéias anárquicas. Os portugueses pressionavam D. João para que ele retornasse a Portugal. Os brasileiros queriam que ele permanecesse, rompendo com suas raízes européias. Algumas revoluções criadas pelos Brujah do norte do país aconteceram, obrigando o rei a ficar para combatê-las. Porém, isso tudo era apenas uma estratégia de manipulação dos vampiros anarquistas para mantê-lo ocupado.

Enquanto isso, muitos Brujah europeus faziam a cabeça das pessoas mais influentes de Portugal que ainda ficaram por lá para. Assim, em 1818, em Portugal, começaram a surgir associações secretas de caráter liberal. O principal alvo dessas associações era o caráter absolutista de D. João VI. Queriam limitar o seu poder, fazendo-o obedecer a um parlamente e uma constituição. O movimento liberal foi crescendo e em 1820 já estava bastante forte. Assim, conseguiram fazer com que D. João percebesse as coisas tarde demais. Quando ele foi obrigado a voltar a Portugal devido a tudo isso, encontrou um panorama bem diferente. Sabendo que algo do gênero iria acontecer e temendo perder o trono, D. João VI e sua família deixaram o príncipe D. Pedro I no Brasil tomando conta da colônia como Regente.

Com essa jogada toda, os Brujah conseguiram o que mais queriam e a partir daí elaboraram um intrincado plano para conseguir algo até então impensável: a independência do Brasil.

E o Regente torna-se Rei

Com D. Pedro I no Brasil, os comerciantes, que eram a força do país, começaram (através de influência dos Brujah) a escrever cartas para o Regente, pedindo que ele ficasse de vez no país. Sabendo que isso seria uma enorme desobediência a Portugal, ele inicialmente hesitou. Quando D. Pedro decidiu ficar de vez, uma grande alegria se instalou por todo o país e tornando-o extremamente popular. Percebendo isso, o Regente decretou que qualquer ordem que viesse de Portugal só seria obedecida se aprovada por ele.

Essa foi a maior ofensa que ele poderia ter feito a Portugal. Os portugueses agiram rapidamente para tentar fazer D. Pedro embarcar de volta para sua terra natal, mas o povo brasileiro o defendeu. Em 1822, os Brujah conseguiram mais um grande feito: D. Pedro I convocou uma Assembléia Nacional Constituinte para que o Brasil elaborasse suas próprias leis.

Os Ventrue que estavam no Brasil começaram a se desesperar, pois aliados aos Ventrue europeus e aos acordos que Portugal tinha com outros países, se uma independência ocorresse, seria um golpe duro em seus negócios. Agitando seus contatos, os Ventrue (junto com os Toreador, que ainda queriam de alguma forma usufruir da coroa portuguesa em prol da arte) tentaram de todas as formas barrar as idéias de D. Pedro I.

Desesperado, o governo português deu um ultimato a D. Pedro. Em agosto de 1822, mandou uma carta na qual exigiu a sua volta imediata e a anulação da convocação da Assembléia Nacional Constituinte. O resto vocês já sabem: ele leu a carta em São Paulo e deu o famoso grito característico da história do Brasil...

De surpresa, paralelamente, aproveitando que viria uma Guerra da Independência, os membros do Sabá no Brasil se revelaram aos seus "irmãos" da Camarilla, realizando ataques a diversas cidades do país, aproveitando o caos e a agitação da sociedade mortal e cainita da época.

Algumas cidades foram tomadas, muitos vampiros poderosos pereceram perante a selvageria do Sabá e muitos outros foram dominados e/ou recrutados. Uma desconfiança geral entre vampiros se instalou. Ninguém mais sabia quem era quem de verdade. Foi também durante essa revelação que a principal base de operações do Sabá foi revelada: Rio de Janeiro. O mistério dos motivos de muitos vampiros desaparecerem agora era conhecimento de todos.

A Guerra da Independência

A notícia se espalhou por todos os cantos do Brasil. Todos estavam felizes. Porém, o novo governo tinha um problema muito grave: o Brasil quase não tinha exército. Seus efetivos eram fracos e desorganizados. Não tinha, portanto, condições de enfrentar as tropas portuguesas. A solução foi contratar mercenários na Europa. Não foi muito difícil encontrar militares. As guerras contra Napoleão tinham acabado e muitos estavam sem ocupação. Então, vários oficiais europeus vieram para o Brasil ajudar a organizar o exército brasileiro e participar na guerra de independência.

Com essa brecha, muitos vampiros vieram para o Brasil, principalmente Brujah e Gangrel, pois são os mais militarizados. Devido à importância que o porto de Santos sempre teve, muitos combates aconteceram nas terras do litoral paulista. Com o tempo, o Brasil venceu a Guerra da Independência.

Reconhecimento internacional

A independência do Brasil não foi conquistada somente nos campos de batalha. Lutar de nada adiantaria se outros países não reconhecessem a independência do Brasil. Caso isso ocorresse, Portugal poderia tomar o Brasil de volta com a ajuda de seus aliados europeus.

Pensando nisso, os Brujah da Baixada Santista organizaram uma enorme reunião com os maiores Membros do clã no país e tentaram tomar alguma decisão. Subitamente, um ataque maciço de Assamitas, que até então habitavam o país sem o conhecimento dos outros clãs, aconteceu. Muitos dos mais importantes Brujah foram mortos e nenhum Assamita foi efetivamente capturado. Aqueles que foram se recusavam a dar qualquer detalhe das ações deles e por isso eram deixados amarrados com correntes em troncos de pau-brasil até o amanhecer.

Cabia ao príncipe Cosme Fernandes descobrir como e porquê os Assamitas estavam por ali. Depois de muita investigação, descobriu-se que uma ação conjunta dos Ventrue, Tremere e Toreador haviam contratado os Assamitas, que desembarcaram no Brasil disfarçadamente quando o rei D. Pedro I contratou mercenários para organizar o exército brasileiro. Com provas do acontecido, muitos membros desses três clãs foram caçados e dizimados pelos Brujah, Nosferatu e Gangrel. Os Malkavian foram os únicos que permaneceram em cima do muro. Com essa ação, os Nosferatu tomaram o porto de Santos das mãos dos Ventrue, minimizando ainda mais o poderio deles.

Apoiados pelos Gangrel e Nosferatu, os Brujah reorganizaram sua reunião e tomaram a decisão de que alguns precisariam ir para a Europa por um tempo para agilizar contatos políticos com os Brujah de lá. Esses contatos seriam importantes para o Brasil conseguir o apoio de que tanto precisava para ter o reconhecimento internacional.

Já no caso dos Assamitas, se esconderam tão bem que muito poucos foram achados nas buscas que aconteceram na região. Não querendo tomar muito tempo e nem ser acomodado demais, o Bacharel Cosme Fernandes apenas dobrou a vigilância na região e parou as buscas, deixando os Assamitas à própria sorte, torcendo para que cruzassem com os homens-onça.

Os Brujah, depois de muita "politicagem" (leia-se manipulação, chantagem, ameaças, porrada etc.), tiveram sucesso em seus acordos internacionais, conseguindo o reconhecimento de independência para o Brasil.

A fragilidade da Camarilla na Baixada Santista

Devido aos atritos causados com o surgimento do movimento de independência, a Camarilla da Baixada Santista estava dividida: de um lado, os Gangrel, Nosferatu e Brujah. Do outro, os Toreador, Ventrue e Tremere. Os Malkavians, de novo, não tomavam (aparentemente) nenhuma decisão. Com esse cenário, houve uma guerra entre esses dois lados, com muitos combates e rebelião contra o príncipe por parte do lado mais diplomático dos vampiros.

Muitas mortes estavam ocorrendo durante as décadas seguintes e não levou muito tempo para que algumas quebras da lei da Máscara ocorressem (ainda mais com a possibilidade do Sabá estar infiltrado na região). Mais do que às pressas os Membros tentavam mascarar (que irônico!) a quebra de Máscara, para manter a atenção dos mortais bem longe. Porém, foi o suficiente para chamar a atenção dos homens-onça, que novamente estavam se enfurecendo com os vampiros.

Os Gangrel, lógico, tentaram de todas as maneiras jogar panos quentes na situação. Não se sabe até hoje se foi um golpe dos Gangrel para tomar o poder ou se foi exigência dos licantropos ou se foi apenas uma decisão tomada para acalmar as coisas de algum modo desesperado, mas eles disseram que os licantropos exigiam que os vampiros tivessem um líder Gangrel, caso contrário uma matança iria ocorrer.

Os Nosferatu ficaram indignados com tal afirmação e inicialmente recusaram. Entretanto, tinham receio de sofrer algum tipo de represália por parte dos licantropos. Porém, algumas semanas depois, o Bacharel misteriosamente desapareceu para nunca mais ser visto. Dessa forma, um Gangrel romeno chamado Daniel Petrescu assumiu a cadeira do principado. Achando isso tudo um ultraje, a aliança Ventrue-Toreador-Tremere exigiu que eleições fossem feitas e que não iriam cair no truque dos Gangrel.

Os Gangrel diziam que eles poderiam arriscar se quisessem, mas que se os licantropos fugissem do controle, alegaram que não iriam mais tentar nenhum acordo. A Aliança repensou o assunto e propôs uma idéia inédita: um revezamento no principado.

Foi decidido então, em 1856, que a cada 50 anos ocorresse um revezamento entre os príncipes, sendo que um príncipe pode tentar a reeleição. O acordo foi feito e Daniel Petrescu mantido no principado. Os Ventrue exigiram o porto de volta e os Nosferatu se negaram, criando uma inimizade enorme entre os dois. E o príncipe se negou a intervir a favor dos Ventrue, pois não queria mexer em situação nenhuma que tivesse antecedido seu principado, sendo que na opinião dele, só as mais urgentes, como os licantropos, mereciam atenção.

Devido a esse tipo de atitude por parte do príncipe, os Ventrue se tornaram amargamente cooperativos (ou seja, fazendo tudo de mal-gosto, pela metade) em relação a qualquer coisa sobre a sociedade imortal, preferindo concentrar seus esforços na sociedade dos mortais e seus negócios. Assim, este foi um recomeço um tanto quanto organizado (até certo ponto, pelo visto) da Camarilla na Baixada Santista.

Com essa visão pessimista, os Ventrue começaram a voltar a sua atenção para a Europa, onde estava começando a acontecer a Revolução Industrial. Quando perceberam que os países do Velho Continente estavam se tornando cada vez mais poderosos, acharam que isso seria bom para o Brasil também e que se pudessem instalar uma revolução industrial aqui também, ficariam com todo o poderio monetário.

Só que para fazer acelerar a produção brasileira de qualquer coisa que fosse, era necessário mão-de-obra, coisa que o Brasil quase não dispunha em relação aos outros países. Assim sendo, a idéia era criar um modo de estrangeiros aportarem no Brasil novamente e essa idéia foi passada para todos os Ventrue no país.

Nos primeiros anos que se seguiram após essa reestruturação da Camarilla na Baixada Santista, a imigração não estava dando certo devido a acordos entre os comerciantes e os imigrantes. Os contratos pareciam ser bem atrativos, quando na verdade, na prática, o tempo mostrava que quem eram os favorecidos eram os comerciantes, deixando os imigrantes quase sem vantagem nenhuma. Isso gerou uma revolta dos imigrantes europeus, que voltaram para seus países de origem. Sem a Camarilla saber, essa idéia também favoreceu o Sabá, que chegou a trazer mais membros da Europa para cá.

O principal produto do Brasil nessa época era o café e com o perigo de toda a indústria cafeeira desmoronar, o jeito foi refazer os acordos, dando mais vantagens aos imigrantes, equilibrando as coisas. Desse jeito, os imigrantes se sentiram atraídos (é claro, que com um pé atrás) a voltar. Com o tempo, a idéia se provou frutífera, gerando uma economia emergente e produtiva, embora não chegasse perto do progresso que os europeus estavam fazendo.

Percebendo o plano dos Ventrue, os Gangrel e Nosferatu se organizaram e começaram a agir em conjunto para atrasar ao máximo a Revolução Industrial (que eles sabiam que era iminente), para que os Ventrue não ganhassem tão rapidamente o poder que desejavam.

Apesar do Brasil ser independente, ainda existiam forças com ideais monárquicos, fazendo com que existissem dois tipos de força brigando pelo poder: os monarquistas e os republicanos. Isso acirrou os bastidores do poder, dividindo muita gente, inclusive vampiros. Os Brujah, Gangrel e Nosferatu tomavam partido do lado republicano, enquanto os Ventrue, Toreador e Tremere ficavam do lado monárquico. Os Malkavians... bem, os Malkavians são instáveis demais para que qualquer um dos lados os aceitasse como aliados, pois do nada poderiam trocar de lado como trocam de roupa, sem explicação alguma.

E é no meio disso tudo que os Sabá resolveram dar seu maior golpe desde então: fazendo-se passar por membros da coalizão Brujah-Gangrel-Nosferatu, fizeram ataques aos adversários deste, criando ainda mais confusão e indignação. Uma guerra civil na Camarilla local estava instalada.

No início de 1889, o antigo arsenal e estaleiro da marinha, datado do século XVII e situado em frente ao Carmo, é derrubado para o início das obras de construção do cais. Acredita-se que o revolvimento do lodo putrefato acumulado na antiga "praia do Consulado" e também no "porto do Bispo", locais onde se atiravam os resíduos da cidade, tenha sido o estopim da epidemia de peste negra (febre amarela) que assolou Santos, uma das maiores e mais violentas das que atacaram a cidade.

A epidemia foi um trabalho do Sabá de forma que foi feito para acusarem o fato como um trabalho em conjunto dos Gangrel e dos Nosferatu para atrasar a Revolução Industrial, na intenção de eliminar uma parte da população mortal para que faltasse a mão-de-obra necessária para que as fábricas funcionassem mais lentamente.

Foi uma tragédia coletiva: o Mosteiro de S. Bento virou hospital, bem como o Theatro Rink, a Beneficência abriu as portas, a Cruz Vermelha atendia em domicílio, os corpos eram transportados por carrinhos ao cemitério, que permanecia aberto à noite, e as redações dos jornais viraram postos de informação. Os mais abastados haviam deixado a cidade e a população que ficou foi sendo vitimada. A crise só terminou em maio, com um saldo de 700 mortos.

Ainda assim a intenção não era só lidar com a Revolução Industrial, mas também limitar as opções de "alimentação" dos Ventrue locais, enfraquecendo-os. Porém, não só a maioria dos Ventrue, mas os Tremere, a maioria dos Toreador e alguns Malkavians ficaram revoltados contra os Gangrel e os Nosferatu. Os Brujah, logo tomaram partido desses dois últimos.

O príncipe Daniel Petrescu declarou oficialmente o lado de oposição como rebeldes (é irônico ver os Brujah do lado do poder e os Ventrue tidos como rebeldes), oficializando a expulsão dos três clãs inimigos da cidade. Qualquer agressão física contra eles estava liberada e além disso, seria premiado aquele que expulsasse ou exterminasse um vampiro inimigo.

Sentindo-se indignados, o lado dos Ventrue-Toreador-Tremere, chamou reforços europeus, aumentando o contingente de vampiros desses clã na região. E mais tarde isso se provou uma estratégia inconseqüente, pois mais membros do Sabá chegaram à região com essa iniciativa e o caos todo causado aqui começou a chamar um pouco a atenção de mais duas organizações: a Igreja e a Ordo Lumina, sendo esta última uma organização de caçadores de seres sobrenaturais.

Foi então que a Camarilla quase ruiu. A Igreja e suas forças de um lado, a Ordo Lumina de outro, sem contar o Sabá. E a ruína só não aconteceu porque Andreas Von Richter, um cientista Toreador descobriu que o príncipe Petrescu tinha sido dominado pelo Sabá. Dessa forma, o lado rebelde cogitou a possibilidade de que todos os atos estranhos, ridículos e contraditórios do príncipe pudessem ter sido obra do Sabá e que o lado no poder pudesse ter sido manipulado. Foi então que uma investigação em larga escala foi feita e muita coisa, descoberta.

Ainda assim, havia um problema: os Nosferatu. Esse clã tem, por natureza, uma facilidade absurda de descobrir aquilo que não pode ser descoberto e qualquer investigação da parte rebelde poderia vir por água abaixo caso os Nosferatu soubessem dos planos rebeldes. Dessa forma, precisavam ganhar a confiança dos ratos de esgoto de qualquer maneira.

Os Ventrue e Toreador marcaram uma festa. Para clãs que estavam sendo caçados, uma festa era algo, no mínimo, muito estranho. Soava como uma armadilha. Ainda assim, com o poder em jogo e mesmo podendo ser uma armadilha, os Nosferatu tinham que investigar. A presa tinha mordido a isca.

Os Toreador e Ventrue capturaram apenas um Nosferatu, mas foi o suficiente para o que tinham em mente. Apenas com o Nosferatu preso, sem utilizar quaisquer meios de ameaça física ou mental ou mesmo poderes vampíricos, conseguiram convencer o Nosferatu de que o príncipe tinha sido manipulado e que era preciso que ele enviasse essa mensagem ao seu clã. A captura dele foi feita com a intenção que ele fosse apenas um mensageiro, não tinham intenção de feri-lo.

Após este vampiro ter sido solto, tudo o que conversaram foi passado aos ratos de esgoto, que também investigaram as evidências e concluíram que o lado rebelde estava certo quanto ao príncipe. Mas se dominaram o príncipe, quem mais estaria dominado? Essa pergunta precisava ser respondida.

Colocando um plano em ação conjuntamente com o lado rebelde, os Nosferatu acabaram sendo descobertos pelos Gangrel e pelos Brujah, sendo que estes acusaram seus monstruosos irmãos de traição. Entretanto, apesar da guerra entre os lados ter se acirrado ainda mais, alguns Gangrel ficaram na dúvida quanto às afirmações, pois as evidências estavam fortes demais. Estes Gangrel também investigaram e falaram com o resto do clã e com os Brujah sobre o que descobriram. Inicialmente contra e muito desconfiados, os Brujah ficaram com o benefício da dúvida. Estranhamente, todos os lados (até os Malkavian) da Camarilla lutavam juntos, pois viram que precisavam expulsar o Sabá da região e ainda lidar com os caçadores de vampiros.

Foi então que uma intrincada armadilha para o Sabá foi feita ao manipularem Petrescu. Os vampiros marcaram uma "reunião secreta" para discutir os rumos da guerra contra o lado rebelde. Porém, o príncipe não contava com o fato do lado rebelde estar lá sem que ele soubesse. Quando se deu conta, era tarde, Petrescu foi capturado e submetido a uma investigação mental, mágica e de todas as formas que alguém possa imaginar, ficando assim detido.

Porém, para o Sabá, espalharam a informação de que Petrescu tinha sido morto pelos Tremere. Não querendo perder sua principal peça de manipulação de poder no meio da Camarilla, o Sabá ficou quieto, esperando que as eleições para um novo príncipe fossem marcadas e os cadidatos, definidos.

A Camarilla, claro, sabendo disso, criou candidatos fantasmas, ou seja, citou o nome de alguns vampiros apenas para atrair o Sabá e funcionou. O Sabá tentou dominar alguns desses candidatos e foi pego em flagrante. Apesar do poder individual de cada membro, o Sabá foi vencido pela inferioridade numérica. A maior parte de seus membros recebeu a morte final, sendo um duro golpe para a seita, que aparentemente deixou a região. Tal combate ocorreu no meio de 1904.

Entretanto, apesar da Camarilla ter conseguido sucesso contra o Sabá, a amizade entre os clãs que estavam no poder e os rebeldes ainda era bastante abalada. Foi então que resolveram governar na forma de um conselho com um representante de cada clã até o final do mandato de Petrescu, que ainda estava abalado com a sua manipulação mental. O final do mandato seria dali a dois anos, em 1906.

Quando chegou a hora de fazer as eleições para um novo príncipe em 1906, havia um candidato de cada clã, sendo que o clã não poderia votar no seu próprio candidato. As fases das eleições eram as seguintes: cada clã, entre seus membros, fazia uma votação interna sobre os candidatos. Aquele candidato que recebesse mais voto seria a escolha daquele clã como príncipe. No final, o voto de cada clã como um todo decidiria o futuro do principado.

Os candidatos eram:
- Carlos Lacerda, um Ventrue português que detinha grande parte do mercado de café da região.
- Juan Vilagnon, um Toreador que era dono de uma grande loja de materiais artísticos e da maior academia de artes da região.
- Enrique Bataglia, um Brujah que comprou os maiores cassinos de Santos.
- Mathilda Albuquerque, uma Tremere que foi importantíssima no combate ao Sabá.
- Reinaldo Marques, um Nosferatu que tinha importante destaque na manipulação de seu clã no porto de Santos.
- Bingo, um Malkavian que não se sabia nada além do fato de que ele sempre interagia socialmente através de enigmas e charadas.
- Magnus Gildenlöw, um Gangrel que tinha ótimo relacionamento com os metamorfos locais.

Com uma votação apertada, Carlos Lacerda venceu e tornou-se o novo príncipe da Baixada Santista. Querendo dificultar ainda mais futuras incursões do Sabá e de outras ameaças, Carlos criou Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse, nome dado ao quarteto responsável pela caça e eliminação de "gente indesejada". O cargo de Xerife ficou resignado a auxiliá-los. Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse foram surpreendentemente formados por um Gangrel, um Brujah, um Nosferatu e um Tremere; ou seja, em sua maioria formado por membros de clãs que teoricamente eram inimigos do clã de Lacerda.

Inicialmente, os Ventrue não gostaram de tal iniciativa, mas o atual líder queria uma união forte, esquecendo o passado conturbado entre os clãs na região para que um levante do Sabá jamais aconteça novamente.


adicionado em sexta 02 fevereiro 2007 18:41

A HISTÓRIA VAMPÍRICA NO BRASIL

(com foco na Baixada Santista) - Parte III

 

O Primeiro Levante Contra O Sabá e O Crescimento da Região

A equipe mal tinha sido formada e o trabalho já tinha começado: investigar e eliminar possíveis focos restantes de atividade Sabá. O grupo foi muito bem sucedido na maioria dos casos, afastando definitivamente a ameaça Sabá. Quando esse tipo de trabalho acabou, o príncipe exigiu que fossem investigar a existência de outras ameaças.

Essas ações levaram pouco menos de um ano. Porém, ainda assim eram lentas devido à falta de comunicação entre os cainitas. Poderiam ter sido mais rápidas se o sistema de comunicação entre os vampiros fosse melhor. Pensando nisso, os Nosferatu ofereceram ao príncipe uma idéia que melhoraria a condição de vida da população (ou seja, seu "alimento") ao mesmo tempo em que permitiria fazer com que os Nosferatu se locomovessem mais facilmente pela cidade.

Tratava-se de uma rede de canais que desaguava nas praias, sendo todos eles interligados com o sistema de esgoto. Depois dos canais, seriam executados serviços de esgoto, com uma rede urbana que desaguava na Ponta de Itaipu. Para sustentar os canos do emissário foi construída a Ponte Pênsil, em São Vicente, cujo serviço de esgoto foi ligado mais tarde ao sistema de Santos.

O sistema sanitário projetado por Saturnino de Brito (então, dominado pelos Nosferatu) criou as condições necessárias e definitivas para o crescimento do Município. Lacerda sabia que a idéia era uma faca de dois gumes, pois assim como poderia facilitar a comunicação, daria um poder enorme aos Ratos de Esgoto.

Ainda assim, foi impossível segurar a pressão da população, que pedia por melhoras sanitárias há anos, desde o caso da Peste Negra. Dessa forma os canais foram feitos e os Nosferatu ganharam o que tanto queriam. E esses canais foram essenciais nas últimas ações contra o Sabá.

Em 1908, chega à cidade Daniel Hallgren, Ventrue inglês e descendente de suecos. É dele algumas das maiores redes de bondes da Inglaterra e escolheu o Brasil como primeiro teste de um investimento internacional na área. Dessa forma surge a The City of Santos Improvements Co., inaugurando o serviço de bondes elétricos na cidade em 1909. Tal investimento trouxe uma evolução econômica e social, tornando-se o principal meio de locomoção das massas. Hallgren era um visionário e devido à sua forma digna de agir e o que fez pela cidade com seu investimento, foi recebido de braços abertos pelos outros de seu clã e lógico, pelo príncipe.

Ainda em 1908, chegava ao porto de Santos o navio Kasato Maru, que trouxe os primeiros imigrantes japoneses, que tinham a esperança de conseguir uma vida melhor aqui do que em sua terra natal. Junto com eles veio Ukyo Ueshiba, que foi um dos que ao invés de irem para o interior – o que fez a maioria da população japonesa – preferiu ficar em Santos. Ueshiba é um Toreador de 6ª geração. E sua chegada assustou alguns dos antigos de Santos e região, pois nunca tinham visto um vampiro oriental, ainda mais de geração tão poderosa.

Ao se apresentar ao príncipe, disse que foi transformado por Francine DeWinter, uma Toreador francesa que visitava o Japão. Ambos tinham se apaixonado e ela o abraçou. Entretanto, o medo inicial se transformou em respeito e a situação ficou bem calma entre os membros, pois tudo o que Ueshiba queria era paz e não se envolver nos assuntos da sociedade vampírica, ou seja, ele é um autarca.

Em 1910 os Toreador começaram a agir mais. Queriam transformar a região em um grande pólo cultural. Planos foram traçados e os primeiros começaram a tomar forma. Forma-se, ao redor do Largo do Rosário, o primeiro grande centro de lazer da cidade, com a confluência das confeitarias Rosário e Leoneza e o sofisticado Cine-Teatro Polytheama Rio Branco. Perto dali ficavam o tradicional Teatro Guarany e o jardim da Praça dos Andradas - onde, aos domingos, a Banda do Corpo dos Bombeiros se apresentava.

Os Caçadores de Vampiros

Em 1912, porém, começaram a aparecer ainda mais o resultado da existência de caçadores de vampiros na região. Alguns membros até considerados insignificantes foram mortos, mas foi o bastante para alguns anciões começarem a se preocupar, pois os neófitos poderiam ter aberto demais a boca antes de serem executados. Alguns achavam que não, enquanto outros concordavam com a idéia. E os primeiros estavam certos: dois membros de 10ª geração dos Toreador e um de 9ª geração dos Gangrel foram mortos pelos caçadores. Imediatamente, Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse entraram em ação.

Após investigações (junto com o xerife), foi descoberto que os caçadores se escondiam num acesso secreto localizado dentro de uma fábrica de vidros. O esquadrão se organizou e entrou na fábrica, sendo repelidos no mesmo instante, levemente feridos. O local era abençoado. Só havia duas explicações possíveis: ou havia alguém com fé verdadeira entre os caçadores ou os caçadores possuíam ligações com a Igreja. Devido a isso, decidiram recuar, investigar e se reorganizar.

Após meses de investigações (e algumas mortes de vampiros ainda ocorrendo), Os Quatro Cavaleiros descobriram pouco sobre o grupo ao qual os caçadores pertenciam, a Orbis Lumina. Várias empresas patrocinam a Orbis Lumina, sendo que há a suspeita de que os cabeças da organização são homens que não só sabem da existência de seres sobrenaturais como tiveram grandes perdas em suas vidas por culpa de tais seres. Tais homens pertencem ao círculo do poder no mundo, sendo chefes de estado, grandes empresários, artistas renomados, todos aqueles que freqüentam a burguesia mundial. Resumindo, alguém estava financiando um tentáculo da Orbis Lumina na região, mas quem?

Tudo veio a piorar quando foram mortos dois metamorfos e três magos na região. Os magos estavam investigando, mas os metamorfos achavam que eram os vampiros. E ponto, sem discussão. Os Gangrel tiveram um trabalho enorme para acalmar os ânimos dos bichos, que queriam sangue a todo custo. O príncipe Lacerda teve então a idéia de chamar alguns reforços, amigos da época em que viveu na Europa. Infelizmente, só um de seus amigos havia respondido ao chamado, um Brujah (por incrível que pareça, já que Lacerda é Ventrue) francês chamado Jean Vincent Rousseau, de 9ª geração. Vincent, como é mais conhecido, ficou famoso no meio da sociedade vampírica por conseguir eliminar ameaças contra a Camarilla pelas cidades onde passava.

Lacerda recebeu Vincent com festa, mas toda essa idéia desagradou uma vez mais os membros de seu clã, afinal, Vincent era um Brujah. Além disso, Vincent também não foi muito bem aceito pelos de seu clã na região por confabular com um Ventrue. Vincent, claro, não se importou com nada a não ser ajudar o amigo.
A essa altura, os Gangrel ainda tinham dificuldades de lidar com os metamorfos, que não tinham se acalmado totalmente. Lacerda então fez uma reunião com os metamorfos e com alguns magos, apontando provas de que nenhum vampiro de seus domínios tinha sequer chegado perto de alguém da raça deles. Porém, devido à ausência de direção investigativa (ou seja, suspeitos) que o caso poderia tomar, os metamorfos não acreditavam.

Lacerda e os anciões da cidade não queriam guerra, mas um banho de sangue estava prestes a ocorrer. Numa manobra ousada, arriscada e suicida, a mando de Lacerda, Vincent capturou uma parente de um dos líderes dos metamorfos e a escondeu. Lacerda avisou a eles que a tal parente morreria e que eles estava dispostos a levar tudo às últimas conseqüências caso os metamorfos declarassem guerra e os vampiros não tivessem chance de provar que eram inocentes. Os magos decidiram não intervir nesse detalhes, para não criar mais confusão e não adquirirem novos inimigos. Furiosos, os metamorfos recuaram, mas ainda assim continuaram investigando por eles mesmos o caso.

Depois de pouco mais de um ano de investigação, foi descoberto que os assassinos eram caçadores da Orbis Lumina. Em um ataque conjunto, vampiros, metamorfos e magos atacaram os membros da Orbis Lumina na região, quase dizimando-os. Quando os culpados (ou seja, os líderes de campo da Orbis Lumina) foram encontrados, houve execução sem perdão. Estrategicamente, a parente dos metamorfos foi devolvida, sã e salva, sem maus tratos.

Apesar dos cuidados que tiveram com a parente, os metamorfos ficaram enraivecidos, embora nada tenham feito, já que os vampiros da Camarilla eram mesmo inocentes em relação aos assassinatos.

O sucesso nessa missão aconteceu, mas devido ao fato dos anciões da região já terem tido problemas em relação a novos membros na cidade, mesmo que Vincent tenha sido indicado pelo Príncipe, o novato virou alvo de investigação. Os anciões pediram aos Quatro Cavaleiros uma investigação sobre o passado de Vincent, mas apenas como missão paralela, pois havia coisas ainda consideradas mais importantes a realizar.

O Segundo Crescimento

Em 1914, o governo estadual cria a Bolsa Oficial do Café, instituição destinada a concentrar e regular as vendas no mercado futuro do produto, bem como classificar os lotes exportados. Seu imponente edifício somente seria concluído em 1922. Tudo não passava de ações secretas de alguns Ventrue de São Paulo, querendo abocanhar terreno no litoral, buscando vingança pela rixa da independência dos vampiros da Baixada.

A partir de 1915, os Nosferatu, também secretamente, começaram uma ação que visava o monopólio das cidades da região. Para começar, inauguraram uma linha ferroviária ligando Santos a Juquiá, importante caminho para exportação da banana, que se torna o principal recurso econômico de cidades do Vale do Ribeira e mesmo de alguns municípios da Baixada Santista, como Cubatão, Bertioga e Guarujá. Com empreendimentos assim, os Nosferatu queriam facilitar ainda mais sua locomoção, podendo dominar a maioria das cidades litorâneas. Além disso, a exportação não só de bananas (embora fosse o item principal), mas de outras mercadorias daria a eles um poderio econômico considerável.

Em 1918, chega à cidade um Ventrue chamado Cristiano Carvalho. Ele trazia um carniçal, seu braço direito, chamado Armênio Mendes. Com a presença dos dois aprovada pelo príncipe, não demorou muito para que colocassem duas idéias em ação. Assim, em 1919 começavam as obras do Hotel Atlântico, perto do Parque Balneário e do Palace Hotel. Junto com eles, o Atlântico formará, até 1946, a tríade dos glamorosos hotéis-cassinos situados na orla marítima do Gonzaga.

Tal situação irritou alguns Brujah que detinham o monopólio dos cassinos na região até então; principalmente Enrique Bataglia, o maior e mais poderoso Brujah dono de cassinos por aqui. Isso criou uma animosidade entre Bataglia, o príncipe Lacerda e Carvalho. Como boa parte das ações dos Brujah eram financiadas pelos cassinos, terem concorrência Ventrue poderia ser uma ótima forma de tentar abalar os negócios de seus eternos inimigos.

Em 1922, com 1.590 lugares, é inaugurado, na Vila Macuco, o Cine Dom Pedro II. O dono era um mortal, mas mal sabia ele que recebia indiretamente "incentivos" dos Toreador, que ainda colocavam em ação seu plano de revitalização cultural que começou anos atrás. Dois anos depois, acontece a inauguração do Teatro Coliseu, na Praça José Bonifácio, com 2.300 lugares, distribuídos entre galeria, platéia, frisas e camarotes.

Em 10 de março de 1928 uma tragédia abala a população santista: um grande bloco de terra se desprende do Monte Serrat e cai sobre os fundos da Santa Casa, o pavilhão de Isolamento e um quarteirão de casas construídas junto ao seu sopé. O desastre, que causou inúmeras mortes e grande prejuízo material, teve repercussão nacional e provocou na cidade um grande movimento de solidariedade, com o socorro às vítimas e a coleta de donativos em prol da Santa Casa, que pode erguer um novo hospital.

O desabamento foi o segundo que ocorreu no mesmo lugar, tendo havido um menor em 1901. Oficialmente, o desabamento foi explicado com o fato de que uma semana antes havia tido uma chuva torrencial na cidade, facilitando com que os desabamentos ocorressem devido à terra estar mais maleável. Porém, como os Tremere na região manipulavam a certo grau boa parte dos hospitais da região e a Santa Casa estava entre eles, os feiticeiros naturalmente começaram uma investigação por precaução.

Para surpresa deles, não estavam sendo paranóicos. Evidências apontavam que a queda do bloco de terra não tinha sido uma obra do acaso. Provavelmente queriam sabotar algumas ações Tremere. Mas quem? E por quê? Mais investigações começaram e até hoje continuam pendentes e provavelmente nunca irão descobrir o verdadeiro motivo.

A Crise Econômica de 1929

A crise da Bolsa de Nova York em 1929 provoca a falência em massa dos cafeicultores paulistas. No ano seguinte, com a Revolução de 1930, o Estado de São Paulo perde autonomia e a política nacional do café passa a ser gerida nos gabinetes federais. Entre as novas decisões consta a proibição de se fazer empréstimos no exterior.

Essas medidas têm impacto tremendamente negativo nos negócios da praça santista. Naturalmente, muitos Ventrue quase foram à bancarrota e até os cassinos dos Brujah foram afetados, pois com a população tendo pouco dinheiro, nunca iriam gastar com jogo. Tal evento provocou a ação conjunta de todos os vampiros, mesmo aqueles que eram inimigos declarados, que colocaram sua diferenças de lado para ajudar no levantamento moral, econômico e cultural da Baixada Santista.

Como forma de apoio às empresas de Santos, os Ventrue ajudam a fundar em 1931 a Associação do Comércio Varejista, depois renomeada Sindicato do Comércio Varejista de Santos. O Cine Roxy, ainda existente hoje, é inaugurado na Avenida Ana Costa, em 1934, como parte do plano de revitalização.

Infelizmente, em 1937 acontece o fechamento da Bolsa do Café, sendo essa uma das coisas que os cainitas não conseguiram evitar. Por outro lado, dois anos mais tarde, acontece a entrega do novo Paço Municipal, na Praça Mauá, sede da Prefeitura e, posteriormente, também da Câmara Municipal.

Fazendo um belo trabalho, os Toreador conseguem através de alguns Caixa 2 de campanhas beneficentes, inaugurar em 1941, o Cine Atlântico, situado no local onde hoje está a Galeria 5ª Avenida. Com confortáveis instalações e dotado de ar-condicionado, a nova sala se consolida como a melhor da cidade e comprova a ascensão do Gonzaga como novo setor comercial de Santos.

Proibição dos Cassinos

Por decreto do então presidente Eurico Gaspar Dutra, em 1946 o jogo passa a ser proibido no Brasil, o que causa o fechamento dos vários cassinos da cidade, inclusive do grande Cassino Monte Serrat. Alguns Brujah, que possuíam cassinos na Baixada levaram um duro golpe, levando um certo tempo para que pudessem se reestabelecer de forma clandestina.

Tais cassinos foram estrategicamente planejados de modo que, se a polícia estivesse a caminho, fosse um lugar de difícil acesso e que o lugar pudesse ser defendido. Como adicional, os Brujah obtiveram, cada um á sua maneira, modos de simplesmente destruírem quaisquer evidências que pudessem indicar que um cassino pudesse ter existido no local.

Querendo cada vez mais liberdade e com uma sociedade cada vez mais autoritária e fechada, os Brujah resolveram contra-atacar nos anos seguintes. Fizeram isso promovendo manifestações de esquerda, em prol das causas e filosofias comunistas. Muitos grupos e partidos foram fundados da noite para o dia, sempre com o patrocínio Brujah, muitas vezes vindos dos cassinos clandestinos.
Tais manifestações estavam se tornando cada vez mais fortes, chegando a incomodar aqueles que estavam no poder.

No ano seguinte, em 1947, acontece a inauguração da Via Anchieta. Santos se beneficia por ser a única cidade litorânea com infra-estrutura capaz de receber o turismo em massa. Os vampiros aproveitam e começam a investir nesse setor, como forma de fazer a Baixada Santista crescer de novo. É aqui que a economia local começa a voltar a ser o que era.

Um Ventrue chamado Ernesto Fonseca Sabrosa, cria do príncipe Lacerda e recém-chegado da Europa, traça um plano econômico que consegue trazer para cá as grandes lojas de departamentos e eletrodomésticos. Novidade na época, elas consolidam-se no Centro de Santos.

Novas Eleições do Principado

Em 1955 termina o mandato de Carlos Lacerda como príncipe, começando novas eleições. Os candidatos dessa vez eram:
- Demétrius, Tremere
- Douglas Martins, Brujah
- Edmundo de Oliveira Campos, Toreador
- Carlos Lacerda, Ventrue (tentando a reeleição)

As campanhas começaram de forma agressiva e sem perdão. Os vampiros acharam que estavam precisando de sangue novo (trocadilho ridículo!) no comando e por isso, apesar de um principado estável, Lacerda não ia bem.

Durante uma das reuniões da sociedade vampírica cujo objetivo era a discussão de propostas e idéias dos candidatos, os ânimos se exaltaram quando, de surpresa, Ueshiba apareceu. Seu argumento era o de preocupação com o andamento das coisas na região e que por mais que ele se mantivesse afastado da sociedade imortal, quem comandasse a cidade e com que filosofia fizesse isso o afetaria indiretamente. Durante a reunião, vários membros aproveitaram a ocasião para trocar impressões com "mestre Ueshiba" (como ele sempre foi chamado).

Quando o ancião Tremere Demetrius se aproximou e começou a conversar com ele, Ueshiba rapidamente o imobilizou. Incrivelmente, nenhum poder taumatúrgico conseguiu fazer com que Demetrius se desvencilhasse do velho. Tudo ficou pior quando os outros Tremere preparavam-se para defender seu senhor. Antes que acontecesse mais zona, o Guardião do Elysium, o Nosferatu Reinaldo Marques, interrompeu a todos e exigiu explicações de mestre Ueshiba. Este, por sua vez, disse que tinha observado todos os candidatos a noite inteira e que havia visto o ancião Tremere manipular alguns com o uso de disciplina para que votassem nele.

O Guardião do Elysium agradeceu pela denúncia, mas repreendeu Ueshiba severamente sobre ele mesmo ter usado disciplina antes para investigar os candidatos dentro de um Elysium. Ueshiba, para surpresa de todos, disse que não tinha usado disciplina alguma, que foram anos de treino de observação para conseguir tal coisa. Claro que ninguém acreditou, mas quando Marques tentou ver sua aura, viu que o japonês não mentia.

Um pouco perturbado, Marques alegou sobre o "uso de força" contra Demetrius, mas mais uma vez Ueshiba provou que não tinha usado Potência e sim apenas uma técnica simples. Não podendo recriminar Ueshiba, Marques teve que cuidar de Demetrius, que queria que Ueshiba também pagasse (afinal, estava revoltado por ter sido delatado) de alguma forma. Não conseguindo convencer o príncipe e os outros vampiros no poder sobre um castigo para Ueshiba, o sangue quase subiu à cabeça dele.

Durante a reunião, foi decidida a punição contra Demetrius: estava fora da eleição. Tendo perdido a chance para ter o principado, Demetrius perdeu a cabeça e com a ajuda de seus semelhantes feiticeiros, atacou o Toreador. Sem que alguém tivesse tempo para alguma reação, Ueshiba incapacitou todos eles e ainda deixou Demetrius quase em torpor.

Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse, o algoz e o xerife capturaram a maioria dos Tremere (eles estavam feridos e fracos, estava fácil), pois alguns conseguiram ainda fugir com a ajuda de poderes taumatúrgicos, entre eles o próprio Demetrius. Ueshiba tinha conseguido fazer um inimigo. Em uma localização secreta (onde só o príncipe, o Guardião do Elysium e o xerife sabiam onde ficava), os Tremere capturados foram presos e postos em torpor através de estacas. Os Tremere agora estavam totalmente desestruturados.

Com Lacerda tendo que restabelecer sua campanha e Demetrius fora, a maioria começou a pender para o lado de Edmundo Campos. No Final das contas, Edmundo levou a melhor e se sagrou o novo príncipe.


escrito em Monday 25 February 2008 01:01

A HISTÓRIA VAMPÍRICA NO BRASIL

(com foco na Baixada Santista) - Parte IV

O início da Guerra Civil

Edmundo parecia ser uma nova esperança para a região pois não tinha a inimizade de ninguém, sendo bastante sociável. Todos apostavam numa nova era sob a regência dele. E de início, estavam certos, pois ele tinha uma habilidade ímpar em conciliar lados opostos. Pra começo, constituiu que cada clã teria um Elysium oficial e que haveria rodízio dos Elysiuns durante as reuniões periódicas dos membros. Além do mais, oficializou alguns Elysiuns neutros. Sendo assim, os Elysiuns oficiais se tornaram:

ELYSIUNS DE CLÃ

:: Brujah - Clube Atlético Portuários
:: Gangrel - Orquidário Municipal de Santos
:: Malkavian - Hospício Anchieta
:: Nosferatu - Armazém 27 no Porto de Santos
:: Toreador - Teatro Municipal
:: Tremere - Clube de Regatas Vaco da Gama
:: Ventrue - Clube Atlético Santista

ELYSIUNS NEUTROS
:: Pinacoteca Benedito Calixto
:: Santa Casa de Santos
:: Horto Municipal de Santos

Pouco mais de seis anos após a eleição de Edmundo, Demétrius reapareceu, trazendo ninguém menos do que Salazar, o justicar Tremere e Macabeu, o justicar Ventrue. Com a presença de dois "ilustres" convidados, Edmundo sabia que problemas aconteceriam, mas não poderia deixar de lado a etiqueta, então uma grande reunião no Clube Atlético Santista foi realizada. Lá estiveram presentes quase todos os membros da região. A presença de sensei Ueshiba foi exigida, pois havia sido um dos envolvidos na confusão da última eleição. Entretanto, ele "declinou do convite". Irritados, os justicars demandaram que o príncipe fosse buscar o ofensor. Edmundo preferiu não escolher um representante e nem organizar algum grupo para conversar com Ueshiba, decidindo ele mesmo ir até lá.

Ueshiba o recebeu cordialmente e após quinze minutos de conversa, Ueshiba concordou em comparecer. Quando Edmundo voltou à reunião ao lado de Ueshiba e seus discípulos (carniçais e dois vampiros), todos calaram-se. Edmundo então apresentou Ueshiba aos justicars e estes questionaram seu comportamento. Ueshiba declarou que ela é um autarca, ou seja, um vampiro desligado da sociedade vampírica, um membro que pouquíssimo se importa com seitas, clãs e com o andamento das coisas. Tudo o que ele queria era ser deixado em paz e ele não se meteria com ninguém.

Perguntado então por que ele havia interferido na região, Ueshiba respondeu que apenas se preocupava com quem seria o futuro príncipe, pois sabe que dependendo do líder da região, sua não-vida pode ser pacífica ou não. Como não queria um príncipe que não pudesse manter um acordo de não-interferência e sabendo que Demétrius não era flor que se cheire, resolveu desmascará-lo na frente de todos. Demétrius, claro, estava segurando seus nervos ali, apoiado pelos poucos Tremere que haviam escapado da última briga e por mais alguns que vieram junto com Salazar. Depois de mais cinco minutos de interrogatório, Ueshiba teve que esperar que os dois justicars interrogassem todos ali a respeito do andamento das últimas eleições.

Após o término dos interrogatórios, os justicars chegaram à conclusão de que a conduta de Reinaldo Marques - o Guardião do Elysium, Nosferatu - havia sido errônea, prejudicando em muito o andamento das eleições e que dessa forma, o governo de Edmundo era inválido. Além disso, concluíram que a presença de Ueshiba era um incentivo à anarquia na região e que novas eleições precisavam ser feitas e os infratores citados, punidos. Todos ali viram claramente que tudo tratava-se de manipulação das leis da Camarilla.

Todos começaram a temer que Salazar e Macabeu mexessem nas bases de poder usando seus cargos e reinterpretação das leis para trazer os Tremere de volta e fazê-los dividir o poder da região com os Ventrue, tirando do poder todos que tivessem seus cargos por direito. Porém, quem ali desafiaria o poder de dois vampiros de 6 e 7 geração respectivamente?

Quando tudo parecia ficar incerto, Ueshiba fez um discurso contra as alegações de Salazar e Macabeu, inflando os ânimos da maioria ali. Antes que Ueshiba pudesse terminar o que havia começado, Salazar, Macabeu e os outros Tremere foram para cima de Ueshiba e seus discípulos. Os Ventrue se juntaram aos Tremere também, em uma inédita ação fisica do clã diplomata. Os Malkavian simplesmente fugiram dali o mais rápido que puderam. Vincent, o algoz Brujah, imediatamente tomou posição ao lado de Useshiba e seus aliados. Tal ação de Vincent fez com que a maioria dos membros da cidade - Brujah, Gangrel, Toreador e Nosferatu - tomasse partido do Toreador e um combate acirrado havia começado ali.

Apenas um punhado de membros da cidade preferiu fugir dali junto aos Malkavian. Apenas um Tremere preferiu ficar do lado de Edmundo: Morte, dos Quatro Cavaleiros do Apocalipse, que também tinha seus companheiros ao lado dele.

Ueshiba lutava contra Salazar e Demétrius. Vincent estava indo contra Macabeu e os outros Tremere estavam indo enfrentar a ira revoltada dos membros restantes. Era a primeira vez em quase duzentos anos que alguém peitava um justicar e aquilo estava acontecendo com dois ao mesmo tempo. Ueshiba parecia dançar ao enfrentar Salazar e Demétrius, tamanha a facilidade com que ele lidava com o justicar Tremere e seu companheiro de clã. Já Macabeu não pôde dar dois passos com Rapidez: simplesmente caiu no chão, impossibilitado de andar. Vincent calmamente foi até ele, onde estacou-o e sumiu com o justicar Ventrue.

Já os outros Tremere eram bem poderosos, dando trabalho para os membros ali presentes, mas sua inferioridade numérica fez a diferença logo estavam começando a perder. Em um dado momento, Ueshiba cansou-se e com um simples empurrão arremessou Demétrius por dezessete metros, fazendo-o cravar na parede, quase fazendo-o atravessá-la. Ali, o Tremere permaneceu desacordado. Salazar já parecia abatido e condenado e vendo que não teria chance, ordenou a retirada estratégica de todos ali. Um dos outros Tremere conseguiu arrancar Demétrius da parede e sumiu com ele. Na confusão, dois dos Tremere ali presentes foram capturados.

Com toda essa confusão, criou-se ali uma situação de guerra civil, pois Salazar, em sua autoridade de justicar, destituiu Edmundo e se autoproclamou príncipe temporário até que uma eleição fosse realizada. De um lado, os aliados de Ueshiba e Vincent, que defendiam o príncipe Edmundo. Do outro, os Tremere e Ventrue, que formaram uma força rebelde, ganhando rapidamente o apoio dos Caitiff, por incrível que pareça. O não-clã fez um acordo de futura divisão de terras e regalias seriam dadas a eles caso ajudassem os feiticeiros e os sangue-azul. Não demorou muito e os Malkavian resolveram ajudar os rebeldes, pois achavam que um ataque desses a dois justicars iria chamar a atenção do Círculo Secreto da Camarilla, os grandes chefões de tudo e claro, não queriam estar na pele daqueles que tal poderoso grupo fosse caçar.

Tal traição dos Malkavian fez com que os aliados de Edmundo ficassem extremamente raivosos com os loucos. A essa altura do campeonato, ninguém mais sabia quem mandava na cidade direito. E foi nessa situação propícia que os Assamitas reapareceram, vendendo seus serviços. Rapidamente os Ventrue se mostraram dispostos a pagar o que fosse pela cabeça de seus inimigos e mais um clã se juntava a eles.

De um lado estavam os Brujah, Gangrel, Toreador e Nosferatu. Do outro, os Tremere, Ventrue, Malkavian, Caitiff e Assamitas. A cidade cada vez mais tornava-se um inferno caso você fosse um vampiro.

Temendo o mesmo que os Malkavian, as forças de Edmundo tentou fechar todas as saídas da região de modo que ninguém pudesse entrar e sair, pois se um aviso dos rebeldes chegasse ao Círculo Secreto, as coisas iriam ficar impossíveis de serem contidas. Entretanto, havia dois meios aos quais era impossível de serem vigiados: os telefones e o correio. E os aliados ainda contavam com o incerto fato de que se Salazar pedisse ajuda ao Círculo Secreto, seria muito humilhante a ele.

Qualquer encontro de membros de "facções" rivais rapidamente terminava em banho de sangue.

Durante o confronto, um dos que encontraram a Morte Final foi o ex-príncipe Carlos Lacerda foi morto pelos Tremere. Ernesto Sabrosa, sua cria, estava revoltado com o lado rival e principalmente com o Brujah Vincent, que era amigo de seu mestre. Foi quando um ataque dos rebeldes a um base aliada piorou a situação. Sabendo onde tinham aprisionado os Tremere em torpor que haviam sido capturados durante a eleição de Edmundo, os rebeldes invadiram o local, exterminando quase todos ali presentes, conseguindo tirar seus companheiros do coma vampírico. Tudo isso aconteceu em menos de dez meses.

Os vampiros na Ditadura e o Café do Broto

Com os vampiros em guerra civil e a sociedade mortal tendo uma crescente tendência ao comunismo, a situação mesclou-se de forma rápida e inesperada. O resgate dos Tremere que estavam em torpor fez com que todos os vampiros, tanto do lado rebelde quanto dos aliados reforçassem seus refúgios. Dessa forma, estava praticamente impossível invadir qualquer lugar que um cainita usasse como local de repouso.

Pela lógica, cada um dos lados começou a mexer suas cordas entre os mortais para que ganhassem qualquer vantagem possível. Os aliados, inflamados pelos Brujah e pelas críticas sociais dos artistas Toreador, acabaram usando a população ligada ao comunismo. Naturalmente, devido às suas características, os Ventrue começaram a manipular políticos e militares de Direita. Todos sabem como a Ditadura Militar se desenvolveu em todo o país e na Baixada Santista os acontecimentos não foram diferentes: universidades e centros estudantis sendo invadidos pelo exército, jornalistas, músicos e outros artistas sendo presos, torturados e às vezes mortos e por aqui as ações dos Tremere e seus aliados apenas ajudou a piorar as coisas para os vampiros.

Nesse período, existia no Centro de Santos um estabelecimento chamado Café do Broto. Ele, desde seu início em 1959 era um local freqüentado pela sociedade intelectual da região. Ponto de Encontro de poetas, escritores ou simplesmente fanáticos por futebol, interessados em discutir os lances polêmicos da rodada vigente. Com o tempo, o café passou a refletir a situação turbulenta do país. Cada vez mais o local é palco de discussões políticas acaloradas. A renúncia de Jânio Quadros, a adoção do parlamentarismo e a posse de João Goulart são os assuntos do ano. Começa uma ligeira mudança nos freqüentadores do Café do Broto: a presença deixa de ser um mero ato fútil e o lugar torna-se gradativamente um palco de discussão política. Dezenas discutiam o futuro do país, e alguns inclusive adivinhavam o que viria a seguir, o Golpe Militar de 1964.

Em 1966, com a morte do pai Alberto Katsumoto (ou "Seo Beto", como era chamado carinhosamente pelos freqüentadores assíduos), a jovem Adriana Katsumoto assume a administração e passa a abrir somente durante a noite. Curiosamente, o bar começou a atrair de volta os poetas que outrora eram clientela, bem como artistas e cantores. Contava inclusive com um pequeno palco para a apresentação de artistas amadores (em sua maioria adeptos da Bossa Nova). Agora, mais do que nunca, o Café do Broto se tornava ponto de encontro dos interessados em política e arte. A maioria dos ativistas políticos eram estudantes secundaristas adeptos da Esquerda, e alguns defendiam inclusive a implantação imediata do comunismo.

Nesse período, Adriana notou a presença de um grupo de estudantes, que apareciam por volta das oito e só saíam depois do último freguês, antes do amanhecer. Apenas ficavam sentados, sem comer e beber, observando as discussões acaloradas ou apreciando os concertos - mas vez ou outra abandonavam a passividade e faziam discursos a favor da anarquia e liberdade de pensamento. Chamava a atenção de Adriana aquele que parecia o líder deles, o jovem André Ribeiro; incapaz de resistir à atração de seus olhos claros e pele branca, Adriana acabou se aproximando. Logo eram namorados. O amor entre eles cresceu de forma rápida e espantosa.

Mas, com a convivência, Adriana notou hábitos estranhos de André - ele não aparecia durante o dia, não se sentia bem diante da luz forte, e nunca se alimentava na sua presença. Incapaz de esconder a verdade por muito tempo, André revelou que era um vampiro, uma criatura condenada a viver eternamente nas trevas. Chocada, mas ainda apaixonada, pediu a ele que a transformasse e o desejo foi atendido.

Aos poucos ela foi conhecendo a história e os meandros da sociedade vampírica e colocada no meio do fogo cruzado da guerra civil que havia entre eles. Agora ela, como ele, era uma Brujah. Nisso, ela descobriu que André fazia parte de um grupo de apoio ao líder eleito deles, o Toreador Edmundo. Coincidentemente, neste mesmo período, o governo militar acirrou sua perseguição ao revolucionários.

A fama de "ponto de encontro de comunistas e subversivos" do Café do Broto começou a se espalhar pela Baixada Santista. Freqüentadores que antes eram constantes deixavam de aparecer, com medo de represálias por parte do governo. Nesta época, o bar era freqüentado por quase todos os Brujah e alguns revolucionários mortais.

Lá, o grupo de André planejava suas próximas manifestações estudantis contra a ditadura. André e seus companheiros foram os maiores responsáveis por um certo aumento no número de cainitas na cidade. Eles freqüentemente abraçavam jovens que simpatizavam com suas idéias - formando em pouco tempo um razoável contingente de dezessete vampiros. André e os outros viam esta prática como uma forma de garantir uma maior força numérica contra as forças dos Feiticeiros e Sangue-Azuis. Os Ventrue, descobrindo isso, rapidamente tiveram que tomar providências contra André e seu grupo.

Utilizando-se do exército, os rebeldes vampíricos ordenaram que o bar fosse fechado. Alegando "falta de segurança" e "irregularidades no estabelecimento", um grupo de oficiais da polícia militar invadiu o bar apoiado em um falso mandado judicial. Ninguém foi preso; as ordens eram apenas para observar quantos membros o grupo tinha, e como eles atuavam.

Mesmo com o bar definitivamente fechado, os vampiros continuavam se encontrando-se a portas fechadas. O lugar se tornou uma espécie de refúgio para qualquer vampiro em fuga das garras do outro lado ou por qualquer outro motivo. Agora eles eram pouco mais de vinte, oriundos dos mais diversos lugares (Bahia, Rio de Janeiro, e às vezes Estados Unidos e Argentina) e unidos sob o "comando" de André Ribeiro; planejava o caos da ditadura e da guerra civil para estabelecer na região um Estado Livre, como em Los Angeles, nos EUA. Seria como expandir o conceito de liberdade do bar para a Baixada Santista inteira. E o bar seria o ponto de partida.

Quem não desejasse participar da revolta ou estivesse passando pela cidade – se conseguisse entrar, é claro – era abrigado assim mesmo, mediante um pequeno e curioso pagamento: uma lembrança, um presente que marcaria a passagem de cada vampiro pelo bar. Aos poucos, Adriana reuniu material suficiente para formar um pequeno museu nos fundos do bar. Aos poucos difundiram-se lendas entre os cainitas (principalmente aqueles do clã Tremere) sobre objetos com propriedades especiais, dos quais Adriana nem suspeitava. Os Toreador sustentavam, inclusive, que várias obras de arte tidas como raras ou desaparecidas no pequeno museu secreto de Adriana Katsumoto.

Não havia mais porque chamar o lugar de "bar", com as atividades comerciais do estabelecimento fechadas. Adriana pensou em um novo nome, algo mais adequado: um ponto de encontro e esconderijo para vampiros marginalizados, um porto seguro que abrigava e mascarava os objetivos secreto daqueles que ali se encontravam. Assim, o outrora Café do Broto passou a se chamar A Máscara.

Esta primeira fase de A Máscara não durou muito. André resolveu colocar seus planos em prática: reunindo seu contingente, determinou que os aliados menores de Salazar, Demétrius e Macabeu seriam exterminados sistematicamente por quatro grupos de cinco pessoas. De acordo com seu raciocínio, sem o apoio de seus aliados, os três principais cabeças dos inimigos aliados estariam sozinhos. Infelizmente, as forças de André não foram suficientes. Apenas quatro vampiros tombaram ante seus ataques. Os outros ataques foram repelidos. Ao final da noite, apenas quatro membros dos mais de vinte vampiros de André haviam sobrevivido: André Ribeiro, Adriana Katsumoto, o argentino Carlos Hernandez e o norte-americano Andrew Thomasson.

Cansados e feridos, os quatro seguiram de volta ao A Máscara, onde vampiros que não haviam participado da rebelião os aguardavam. Antes que conseguissem entrar, contudo, o casarão foi devastado por uma explosão. Todos os vampiros abrigados no A Máscara foram engolidos pelas chamas. Nem houve tempo para lamentos, pois a polícia militar já cercava todo o quarteirão. André, Carlos e Andrew foram presos, acusados de assassinato, falsidade ideológica e formação de quadrilha. Apenas Adriana conseguiu fugir e nunca mais foi vista. Nunca mais se soube também, e seus nomes foram adicionados à gigantesca lista de presos políticos desaparecidos no Brasil durante o regime militar.

A chegada da Representação da Camarilla

Em 1968, uma mensagem dos justicars relatando os problemas na Baixada Santista chegou ao Círculo Secreto, em Viena. Imediatamente e em um ato inédito, Rafael de Corazón veio ao Brasil, junto com o Justicar Malkavian e o Justicar Brujah. Mas vieram sem avisar as forças de Salazar e cia., pois eles queriam tirar suas próprias conclusões antes de apontarem os dedos injustamente. Desse modo, assim que chegaram, preferiram deixar que os Nosferatu locais percebessem sua presença e exigiram uma reunião com Ueshiba, Vincent e os demais membros dos aliados. A reunião aconteceu e durou quase até o amanhecer. Sem darem um parecer, Rafael e seus companheiros apenas disseram que iriam escutar também o lado dos outros Justicars e só depois iriam decidir quem tinha razão.

 

Como demonstração de boa vontade e honestidade, Ueshiba, Vincent e os demais libertaram o justicar Ventrue, Macabeu, que estava em torpor desde que Vincent tinha dado cabo dele. Quando perguntados sobre como detiveram um justicar, todos apontaram para Vincent, que apenas disse: "Não tive trabalho". Claro que isso chamou a atenção de Rafael, que se sentia um pouco incomodado com a facilidade com que um Brujah quase desconhecido derrotou um vampiro daquele porte.

Na noite seguinte, Rafael e os outros se mostraram para Salazar e seus companheiros. Uma reunião, desta vez com eles, aconteceu. Rafael e os seus dois acompanhantes justicars ouviram o que tinham a dizer. E mais uma vez foram embora, sem darem um veredicto. Apenas marcaram com ambos os lados uma reunião para dali a uma semana, onde iriam definir o rumo da cidade.

E uma semana depois, os dois lados estavam ali, em peso. A trégua estava sendo respeitada. Foi então que decidiram dividir a cena do poder na cidade, pois ambos os lados tinham certa culpa e certa razão. Antes que dividissem o poder, estabeleceram que todos os justicars iriam embora com Rafael de Corazón, para que os habitantes cainitas pudessem fazer valer as leis da seita.

Dessa forma, os cargos ficaram desse jeito:

Príncipe: Edmundo Campos, Toreador
Senescal: Demétrius, Tremere
Primogen Brujah: Baltazar Gonçalves
Primogen Gangrel: Magnus Gildenlöw
Primogen Malkavian: Tormento de Gaia
Primogen Nosferatu: Lafaiete Pontes
Primogen Toreador: Vivianne McCallion
Primogen Tremere: Mathilda Albuquerque
Primogen Ventrue: Armênio Mendes
Xerife: Kurt Harris, Gangrel
Algoz: Vincent Rousseau, Brujah
Guardião do Elysium:
Verônica Medeiros, Ventrue
Chefe das Harpias: Douglas Pereira, Malkavian

Já o grupo chamado Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse foram destituídos de qualquer cargo de autoridade, sendo colocados de lado. Claro que eles odiaram, pois agora não tinham muito o que fazer e eram membros de clãs distintos e estavam presos uns aos outros por laço de sangue e um laço mágico secreto. Além do mais, Morte, Tremere líder do grupo, foi expulso de seu clã, tornando-se um Caitiff.

Além disso, Rafael e os justicars determinaram que a presença dos Assamitas na região era um convite à desordem e ao banho de sangue e que eles não iriam tomar providências quanto a isso, sendo o primeiro assunto a ser resolvido pelo novo principado da Baixada Santista.

Imediatamente, raivoso quanto às ações dos Assamitas, o príncipe Edmundo decretou que qualquer Assamita presente nos domínios do principado era alvo de caçada de sangue, sendo libera a Diablerie no caso de um cainita capturar um sarraceno. Os Assamitas se esconderam o mais rápido possível, prometendo vingança mais uma vez.

No momento, a situação dos clãs tinha ficado assim: Os Brujah, Gangrel, Nosferatu tinham se tornado fortes aliados. Os Toreador entraram numa disputa interna, pois metade apoiava os Brujah, Nosferatu e Gangrel, enquanto a outra metade apoiava a idéia de um equilíbrio entre os antigos aliados e os antigos rebeldes, alegando que era o momento para o término de disputas mesquinhas.

 

Os Malkavians estavam sendo odiados pelos Brujah, Gangrel, Toreador e Nosferatu. Já os Tremere só tinha aliados do lado dos Malkavian, pois os Ventrue, mesmo tendo sido aliados deles contra inimigos em comum, agora voltavam a tentar disputar com o resto o domínio da região. E como são bizarros, os Malkavians também viam simpatia nos Ventrue, ficando em cima do muro entre os feiticeiros e os Sangue Azul. E os Caitiff, bem... tiveram seus planos de terem domínios próprios frustrados devido às determinações de Rafael de Corazón e dos justicars. Para piorar, os Brujah, seus aliados naturais e históricos, estavam com raiva dos sem-clã devido ao partido que tomaram durante a guerra civil. E por incrível que pareça, apenas os Malkavians ousavam/suportavam interagir com eles.

Também fora respeitado por Rafael o esquema único da cidade de revezamento de principado, continuando a vigorar perante eles.


escrito em Monday 25 February 2008 01:45

A HISTÓRIA VAMPÍRICA NO BRASIL

(com foco na Baixada Santista) - Parte V-final

O renascimento do A Máscara

Era 1976. Nenhum membro da família Katsumoto havia sido encontrado até o momento e desse modo, o príncipe decretou que o casarão permaneceria fechado. Descontentes com a decisão, os Tremere organizaram mais de uma expedição à parte arruinada que fora o A Máscara, à procura dos itens pertencentes ao museu de Adriana.

Nenhuma das expedições rendeu frutos. Alguns afirmam que alguns homens-onça também estiveram vasculhando o local na época, mas são apenas rumores. Somente no começo da década de oitenta o A Máscara iniciou seu renascimento. O espanhol Samuel Torres adquiriu o terreno onde estava situado o antigo bar. Metade da construção havia sido destruída pelo incêndio anos atrás, mas boa parte do prédio podia ser reaproveitada. Samuel passou a comandar uma enorme reforma e ampliação das dependências do A Máscara. As partes que haviam resistido ao incêndio foram restauradas, para resgatar o esplendor da arquitetura colonial outrora ali presente. Na chamada "parte nova" foi erguido um prédio de quatro andares, projetado por um dos mais vanguardistas arquitetos da época.

Jornais como "O Estado de São Paulo" e o "Jornal da Tarde" – e mesmo alguns Toreador – descreveram a construção como "uma insanidade arquitetônica projetada por algum louco de mau gosto". Até então, os vampiros não se mostravam tão interessados na reocupação do A Máscara, vendo-o apenas como uma extravagância de um jovem milionário. Em 23 de julho de 1985, a "Folha de São Paulo" e o jornal local "A Tribuna" divulgaram que Samuel Torres pretendia estabelecer sua construção como a mais nova e sofisticada casa noturna da Baixada Santista. Mas o que atraiu a atenção dos cainitas foi o novo nome que o lugar receberia: Laço de Sangue.

Até o momento, ninguém desconfiava que Samuel pudesse ser um vampiro. No mês seguinte, em agosto, o milionário convidou todos os vampiros influentes da região para uma reservada festa de inauguração. Lá ele apresentou-se ao príncipe como pertencendo ao clã Ventrue. Explicou que, a partir daquele momento, o Laço de Sangue seria o centro de diversões dos membros da Família; um lugar onde os vampiros poderiam se encontrar com seus semelhantes sem medo de represálias. A idéia foi muito bem recebida. Logo o Laço de Sangue passou a ser um dos lugares mais freqüentados da cidade. Toda a primigênie e o próprio príncipe compareciam regularmente, fazendo da casa noturna seu terreno para negócios e reuniões referentes aos assuntos da Família.

Aos poucos os mortais também se acostumaram a freqüentar a casa noturna, abrindo mão de lugares mais tradicionais em prol do novo ponto. Por causa disso, bandas emergentes da época, como Legião Urbana, Titãs, Engenheiros do Hawaii, Nenhum de Nós, Capital Inicial, Ira, Inimigos do Rei, Kid Abelha, Paralamas do Sucesso, Gang 90, Blitz e outras passaram por lá e, algumas, mais de uma vez.

Tudo ia bem até a festa de comemoração dos cinco anos da inauguração da Laço de Sangue. Como era de costume, toda a alta sociedade vampírica compareceu. Quanto todos menos esperavam, cerca de trinta vampiros saíram da multidão e começaram a encurralar cada membro da primigênie. Eram membros do Sabá. Mais da metade dos vampiros presentes na festa encontrou a Morte Final antes que o príncipe e a primigênie sequer notassem a cilada. Para a multidão de mortais presentes no local, aquela havia sido uma noite comum. Aqueles que viram alguma coisa tiveram suas recordações apagadas pelos membros do Sabá.

Após o incidente, o príncipe começou a desconfiar da verdadeira natureza de Samuel Torres. Suspeitava que o espanhol estava por trás de tudo e era líder do Sabá. Apesar da desconfiança, Edmundo guardou seus pensamentos para si; boa parte dos anarquistas Caitiff também havia sido executada na casa noturna naquela noite e para acrescentar, alguns dos vampiros assassinados eram desafetos do príncipe. Uma vez que o príncipe não podia fazer nada contra Samuel, o Laço de Sangue permaneceu aberto. Como não restaram corpos dos vampiros assassinados, a população mortal jamais soube do que aconteceu realmente naquela noite.

Depois desse incidente, os vampiros passaram a evitar o Laço de Sangue, que acabou sendo freqüentado em sua maioria por mortais – com exceção de alguns anarquistas Caitiff sobreviventes. Aos poucos, o número de anarquistas aumentou. Surgiram suspeitas de que Samuel era um líder anarquista, prestes a declarar Santos e região como um Estado Livre. Os vampiros mais influentes cobravam do príncipe uma ação mais emergente em relação ao Laço de Sangue.

Antes que qualquer providência fosse tomada, um outro acontecimento acabou mudando os rumos do antigo Café do Broto. Em 1992, um homem misterioso chamado Osmar chegou à cidade e foi direto falar com Samuel. Até hoje não se sabe o que foi dito na conversa; o fato é que no dia seguinte, o Laço de Sangue foi fechado e Samuel abandonou a Baixada Santista.

Uma semana depois, espalhou-se o boato que uma vampira chamada Verônica havia comprado o lugar, com a intenção de reformar e reabrir o estabelecimento. Verônica apresentou-se ao príncipe como uma pintora Toreador, mas pouco fez além disso. Praticamente nada se sabe a respeito dela, de onde veio e o que pretende.

O antigo Laço de Sangue passou por uma ampliação que durou um ano. Em maio de 1993 a casa noturna A Máscara era aberta ao público pela segunda vez. A partir daí, não houve praticamente nenhuma divulgação da reabertura do local, provocando uma "seleção natural" dos freqüentadores: só vai ao A Máscara quem já conhece algum cliente, ou quem já sabe o que irá encontrar. Não existe muito empenho na divulgação, e o lugar ficou conhecido apenas por "propaganda boca-a-boca". Mesmo assim, o movimento é grande, mantendo um fluxo intenso de freqüentadores.

Com o local do A Máscara meio obscuro, começaram a valer novamente os antigos Elysiuns do começo do governo de Edmundo (ver a lista novamente mais acima), sendo locais de reunião dos vampiros da Camarilla uma vez mais.

E surge Anarquia

Dois anos depois, em 1995, durante uma reunião regular dos vampiros locais, uma nova presença se fez notar: uma Brujah apresentou-se como a líder e responsável pelo crescimento dos Caitiffs alguns anos atrás, alegando que já estava na cidade fazia um tempo, apenas se organizando. Ela não dizia seu nome, apenas sua alcunha: Anarquia.

Usando de trazes de couro pretos e uma máscara que ocultava quase que completamente seu rosto, ela alegou que estava ali para que os Caitiffs fossem respeitados e reconhecidos como clã e que mesmo os Brujah, seu clã, estavam acomodados com toda a situação da cidade. Naturalmente, todos começaram odiando-a, pois era uma desconhecida, uma forasteira na região e que ela tinha muita coragem de simplesmente querer impor coisas ao chegar. Imediatamente as forças do príncipe se puseram a capturá-la, mas isso provou-se impossível em vista da surra que ela deu no Xerife e seus ajudantes. Talvez – ninguém sabe – para sorte dela, Vincent não estava presente nesse dia.

Em menos de duas semanas, Anarquia jogou na mesa do príncipe a cabeça – e com provas - de três membros do Sabá infiltrados na cidade, mostrando a todos a incompetência dele em lidar com a ameaça da seita rival. Para piorar tudo, jogou também na mesa mais provas de dois membros ilustres da região que tinham cometido Diablerie. Anarquia estava começando a incomodar o principado e a ganhar alguns admiradores nos clãs Brujah, Gangrel e Nosferatu.

Imediatamente, para a situação não piorar, Anarquia foi considerada inimiga do principado e instaurada uma Caçada de Sangue em cima dela que seria mantida até segunda ordem. Acrescentou também que se caso fossem encontrada provas de que algum membro a estivesse ajudando, a pena seria a Morte Final. Alguns viram isso como um princípio de fraqueza do príncipe. Desse modo, não se sabe até hoje se ela está agindo sozinha, se os Caitiff ainda estão do lado dela ou o que. O fato é que ela continua andando por aí e incomodando os poderosos da região de tempos em tempos.

Em 1998, o xerife e o Chefe das Harpias desapareceram. O que parecia ser um caso isolado a princípio, mostrou-se ser algo maior quando durante uma festa do principado para reforçar as alianças do governo local três dos membros da primigênie, respectivamente os primogens Brujah, Gangrel e Toreador foram mortos ao irem embora do local, sendo que a notícia da morte deles só foi ser divulgada três noites depois. Até hoje ninguém sabe o que aconteceu direito. Alguns pensaram que fosse o Sabá ou os Anarquistas, mas até hoje não há sequer qualquer pista sobre o assunto.

Novos primogens foram empossados rapidamente em circunstância das necessidades, sendo eles: Marcus Damien, Gangrel Eric Mabius, Brujah Alejandro Murieta, Toreador. Imediatamente após os novos primogens serem empossados, uma reunião foi marcada para dali a uma semana, sendo que os clãs deveriam se reunir um dia antes para decidirem que rumos seus primogens queriam que fossem discutidos.

O dia do Banho de Sangue

Incrivelmente, uma série de atentados foi realizada no mesmo dia, durante as reuniões de cada clã. Os Ventrue foram atacados pelos Caitiff - ao lado dos Assamitas, contratados por eles para atacar os Sangue-azuis - e sua líder, Anarquia. Os Brujah sofreram nas mãos de caçadores de vampiros que até então ninguém sabia da existência na região e nem quem eram. Os Gangrel foram alvo dos homens-onça, enquanto os Tremere tiveram uma feia batalha contra os magos. Os Nosferatu e os Malkavians estavam desaparecidos e os Toreador tiveram metade de seus membros da cidade mortos durante um ataque de membros do Sabá.

 

Nenhum outro lugar registrou tamanha ação sofrida por uma cidade vampírica, a não ser a destruição de Cartago milhares de anos atrás. Em apenas uma noite, quase metade dos vampiros existentes na região encontrou a Morte Final.

Não havia nem tempo para investigar os motivos de tal ataque e se todos aqueles seres estavam planejando tudo junto, mas era improvável, pois os homens-onça jamais ficariam do lado da Camarilla, quanto menos ainda do Sabá. E com certeza caçadores jamais se juntariam ao Sabá também. Os magos também quase nunca tinham conexões com quaisquer outros seres além deles mesmos e os Caitiff pareciam os únicos com um real motivo para os ataques.

Rejeitados pela Camarilla, Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse sumiram durante os ataques, não ajudando ninguém. Até hoje esse dia é conhecido como O Banho de Sangue e ninguém sabe de quem foi sua autoria.

Inexplicavelmente, sensei Ueshiba foi o único membro a não sofrer ataques.

Imediatamente os sobreviventes resolveram se juntar, colocando as diferenças de lado e sob a liderança de Edmundo, precisavam investigar e se reorganizarem. Uma aliança sem precedentes foi feita, pois o domínio da região estava por um fio. Edmundo readmitiu Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse para o cargo de Xerife – já que o quase recém empossado membro que ocupava o cargo havia sido morto durante o Banho de Sangue – e pagou um preço ainda maior – com uma razoável quantia de sangue de Edmundo e de todos os outros aliados dele - para os Assamitas mudarem de lado. Os sarracenos não aceitaram e disseram que só o fariam com o preço adicional de terem terras para eles e que sua presença fosse admitida perante o príncipe e a primigênie. Não vendo outra saída, Edmundo e os outros relutantemente aceitaram.

Ao terem os Assamitas ao seu lado, descobriram que o Sabá era o responsável por todos os ataques, pois tinham alimentado os outros seres com detalhes precisos de refúgios e hábitos de quase todos os membros da cidade. A questão agora era saber como o Sabá tinha descoberto tanto sobre eles. A única explicação era que havia um traidor entre os membros de alto escalão da sociedade cainita.

Dois dias depois, uma reunião envolvendo todos iria acontecer, para desenvolver uma estratégia de contra ataque contra todos aqueles inimigos. Para a surpresa de todos, os Assamitas não compareceram. Já imaginando que tivessem sido traídos, todos foram embora sem a reunião começar e mudaram o local e a data.

 

Para surpresa de todos, no dia seguinte, ficaram sabendo que todos os Assamitas haviam sido exterminados. Imediatamente pensaram que se tratava se uma represália dos outros seres sobrenaturais. Porém, apesar das pistas não indicarem a identidade de quem fez aquilo, tudo apontava para um autor apenas. Cada vez mais suspeitava-se de que havia um grande líder Sabá infiltrado entre eles. Não tendo mais como adiar a investigação da identidade dele antes de formatar qualquer plano de contra-ataque, todos os membros aliados de Edmundo – e o próprio príncipe também – estavam sendo investigados e interrogados ali mesmo.

Para surpresa de todos, um Ventrue, vendo que iria ser desmascarado, tentou fugir, em vão. Cercado, foi combatido por todos ali, detido e interrogado. Ela era o grande líder do Sabá na região e apenas isso foi descoberto. Sem pensar duas vezes, os Tremere, através de rituais e outros poderes taumatúrgicos conseguiram arrancar algumas informações valiosas para que finalmente um contra-ataque pudesse ser organizado.

Rapidamente, sete membros do Sabá, dois magos, um homem-onça, onze anarquistas e quatro caçadores foram exterminados durante um final de semana.

Depois disso, os Nosferatu reapareceram, achando que seria mais seguro. Acusados de covardia, os Ratos de Esgoto estavam sentindo o ressentimento dos outros clãs na pele. Ainda assim, sem muita escolha, era melhor tê-los do lado do que contra. Dessa forma, os Nosferatu foram mais uma força para ajudar na sobrevivência. Questionados sobre os Malkavians, tudo o que sabiam era que o clã dos loucos também havia sofrido um severo ataque, mas que não sabiam por parte de quem e se haviam sobrevivido, mas que investigações sobre isso estavam em andamento.

A primeira providência após o ressurgimento dos Nosferatu foi o príncipe ordenar que cada clã aliado pudesse mexer seus pauzinhos na sociedade mortal para que qualquer lugar suspeito de ser um refúgio inimigo fosse averiguado. Os Hortos de Santos e São Vicente foram fechados alegando falta de segurança, lojas esotéricas e outras do gênero tiveram seus alvarás caçados por fraudulentos mandados sob – que ironia – a acusação de fraude, casas de shows alternativas e estúdios de gravação foram alvo de fechamento por outras acusações e mais alguns outros estabelecimentos receberam a visita da polícia federal, civil e militar. Entretanto, ninguém foi pêgo, sendo detidos apenas mortais. Porém, os inimigos deram mostra de terem sentido a perseguição, pois imediatamente recuaram e deram um tempo.

Em um ato de coragem, os Gangrel procuraram os homens-onça para saber porque o pacto de não-interferência foi quebrado. Eles disseram que uma deles estava desaparecida e que tinham provas de que havia sido capturada por um vampiro, mas não sabiam quem era. Cansados de terem que lidar com a inconstância dos vampiros, resolveram que era hora de serem exterminados de uma vez por todas. Quando achavam que uma guerra definitiva iria começar contra não só os homens-onça, mas todos aqueles inimigos, Ueshiba secretamente se reuniu com os líderes de cada um deles, conversando com todos. Após cinco horas de conversa, conseguiu uma trégua com os metamorfos, os magos e os Caitiff.

Já os caçadores e o Sabá não quiseram saber de diplomacia. Para os caçadores, vampiro bom era vampiro morto. Já o Sabá queria o domínio total da região. Ao menos restava o consolo de que os caçadores e os membros do Sabá se matassem no meio do caminho. Era uma esperança vã, mas não impossível. Com a cidade mais segura, os membros puderam ir e vir tranqüilamente uma vez mais. E uma vez mais os grandes senhores vampíricos da região deviam para Ueshiba.

Quase um mês depois, os Malkavianos sobreviventes reapareceram, trazendo membros de outros clãs vindos de fora da cidade como proteção. Alegaram que até hoje não sabem o que ou quem os atingiu. Como uma explicação coerente e com sentido é pedir demais para os loucos, relutantemente a primigênie aceitou a versão deles. Já era 2002 quando tudo isso terminou.

O misterioso anjo da guarda

Surpreendentemente, nos meses seguintes, os Sabá tentaram realizar vários ataques, mas a Camarilla era sempre avisada com antecedência dos planos do Sabá por alguém desconhecido. Uma pasta surgia do nada na mesa de um membro influente, um bilhete aparecia dentro do carro de outro vampiro e por aí as coisas foram acontecendo. O autor ou autores dos avisos ainda são desconhecidos, mas fizeram com que o Sabá sofresse inúmeras e sucessivas derrotas nas mãos da Camarilla. Isso fez com que a Camarilla se fortalecesse cada vez mais ao longo do tempo, chegando até o ponto de o Sabá ter que recuar estrategicamente por um tempo.

Já os caçadores, desde 2002 que faziam ataques esporádicos, mas importantes contra os vampiros. Ainda não se sabe aonde se escondem, como se organizam e quem são os caçadores, mas todos acham que é apenas uma questão de tempo para que eles possam ser descobertos e exterminados. No final de 2005 o governo de Edmundo chegava ao fim. Um governo marcado por combates, traições, discussões e revanchismos. Era a hora de novas eleições segundo a legislação vampírica vigente.

As últimas eleições

Os membros da região se reuniam uma vez mais para decidir quem seria o governante entre eles. Após muito debate entre os clãs, surgiram os candidatos da vez:

Demétrius, Tremere
Armênio Mendes, Ventrue
Edmundo Campos, Toreador (tentando a reeleição)
Lafaiete Pontes, Nosferatu
Eric Mabius, Brujah

Dessa vez as eleições ocorreram normalmente, tendo cada candidato apenas uma noite para convencer todos os membros da cidade de que ele era a melhor pessoa para o cargo.

À meia-noite daquele dia 23 de novembro de 2005, Lafaiete Pontes havia sido escolhido como o novo príncipe. Demétrius mais uma vez amargou uma derrota. Sua imagem era arranhada demais devido a atos passados, mesmo que tivesse ajudado na sobrevivência dos vampiros nos últimos anos.

Pontes indicou outro Nosferatu, Hugo Gomes, como o novo primogen Nosferatu no lugar dele. De resto, resolveu manter os mesmos cargos para as mesmas pessoas, para facilitar a transição de poder.

Após ser cumprimentado e reverenciado por todos ali presentes pela conquista, a primeira coisa importante que Lafaiete fez foi implantar um local secreto de pesquisas para os vampiros, contendo uma enorme biblioteca com livros raros e contemporâneos, computadores com internet à disposição de todos para pesquisas, além de uma lista de contatos de todos da região e de alguns importantes vampiros de outros países.

 

A idéia era tornar a comunicação e os meios de sobrevivência dos vampiros mais fortes, para que pudessem também repelir mais facilmente os inimigos da Camarilla na região. A iniciativa foi aprovada com louvor e uma nova era se instalava no local. Com o tempo, cada clã pôde fortalecer suas bases de poder e continuar sua existência. Desse modo, os domínios ficaram assim:

BRUJAH
Instituições:
Crime organizado
Polícia civil
Polícia militar
Bairros:
Marapé (Santos)
Vila Belmiro (Santos)
Encruzilhada(Santos)
Areia Branca (Santos)
José Menino (Santos)
Jardim Paraíso (São Vicente)
Jardim Independência (São Vicente)
Parque São Vicente (São Vicente)
Vila Margarida (São Vicente)
Parque Bitarú (São Vicente)
Humaitá (São Vicente)

GANGREL
Instituições:
Polícia rodoviária
Polícia florestal
Sociedade protetora dos animais
Centros de zoonoses
Morros

Bairros:

Vila São Jorge (Santos e São Vicente)
Jardim Castelo (Santos)
Santa Maria (Santos)
Bom Retiro (Santos)
Jardim Rádio Clube (Santos)
Caneleira (Santos)
Monte Serrat (Santos)
Vila Nova (Santos)
Cidade Náutica (São Vicente)
Esplanada dos Berreiros (São Vicente)
Vila Matteo Bei (São Vicente)
Japuí (São Vicente)
Parque das Bandeiras (São Vicente)
Vila Ema (São Vicente)

MALKAVIANS
Nada

NOSFERATU
Instituições:
Porto de Santos
Bibliotecas municipais
Provedoras de internet
Sabesp
Rodoviária de Santos
Rodoviária de São Vicente
Bairros:
São Manoel (Santos)
Chico de Paula (Santos)
Valongo (Santos)
Macuco (Santos)
Estuário (Santos)

TOREADOR
Instituições:
Escolas de arte
Galerias
Centros culturais
Casas de shows
Bairros:
Campo Grande (Santos)
Gonzaga (Santos)
Boqueirão (Santos)

TREMERE
Instituições:
Universidades (menos a Unisantos, inexplicavelmente)
Templos maçônicos
Hospitais da região
Bairros:

Aparecida (Santos)
Itararé (São Vicente)
Ponta da Praia (Santos – divide com os Ventrue)

VENTRUE
Instituições:
Empresas de importação/exportação
Empresas do ramo imobiliário
Empresas do ramo de construção civil
Jornais e TVs
Prefeituras de Santos e São Vicente.
Bairros:
Ponta da Praia (Santos – divide com os Tremere)
Embaré (Santos)
Centro (Santos)
Centro (São Vicente)
Catiapoã (São Vicente)
Jóquei Clube (São Vicente)

Atualmente, o situação da região encontra-se da seguinte forma:

Santos – Camarilla

São Vicente – Camarilla

Cubatão – Camarilla (onde apenas os Nosferatu se atrevem a ir e são obrigados a enviar relatórias da situação da cidade regularmente)

Praia Grande - ?

Guarujá – Estado Livre (geralmente anarquistas são encontrados por lá)


FIM


escrito em Sunday 13 April 2008 21:27

A HISTÓRIA VAMPÍRICA NO BRASIL

(com foco na Baixada Santista) - Boatos

Aqui vão os boatos iniciais de Santos By Night (jogo de mesa, não é live), para que os jogadores já tenham alguma idéia do que os espera no início da campanha.

1 - Ninguém sabe porque a Camarilla não consegue se estabelecer em Praia Grande e ninguém sabe quem (e se há alguém) domina a cidade.

2 - O Toreador Ukyo Ueshiba não é um vampiro.

3 - Anarquia não é uma vampira.

4 - Dizem que o Nosferatu Bacharel Cosme Fernandes não encontrou a Morte Final, estando em torpor em algum lugar por aí.

5 - Dizem que a nova versão do A Máscara abriga mais do que aparenta.

6 - Alguns sustentam a teoria de que os Tremere são incapazes de dominar a Unisantos devido à alta incidência de pessoas da reitoria que possuem Fé Verdadeira.

7 - Os homens-onça teriam encontrado apenas uma pequena parte dos objetos do museu de Adriana Katsumoto quando ela era a dona do A Máscara antes de desaparecer. O paradeiro do restante das peças ainda é desconhecido.

8 - Algumas das peças do museu do antigo A Máscara eram objetos mágicos, sendo alguns capazes de repelir até os metamorfos.

9 - O Ventrue líder do Sabá capturado anos atrás era um mero testa-de-ferro do verdadeiro líder Sabá na região, cuja pessoa ainda estaria infiltrada entre os membros mais antigos.

10 - Ueshiba é o líder Sabá.

11 - Vincent seria um ex-Assamita, expulso de seu clã no sudeste europeu, tornando-se um Caitiff durante um bom tempo. Mais tarde, ele teria sido adotado por um antigo e poderoso Brujah europeu como pupilo, já morto durante um ataque Sabá na Espanha.

12 - Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse se converteram ao Sabá como vingança contra o principado da Camarilla e estariam ajudando a planejar o maior ataque Sabá de todos.

13 - Ninguém sabe qual Ventrue manipula as prefeituras de Santos e São Vicente, mas há suspeitas de que seja Armênio Mendes.

14 - Há um cainita na região que domina Disciplinas jamais vistas antes ou pouco documentadas.

15 - Ueshiba é cria da antidiluviana Toreador, Arikel.

16 - Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse são ligados por uma maldição que os mantém unidos, onde todos eles devem se proteger e não deixar nenhum deles encontrar a Morte Final. A razão, ninguém sabe.

17 - Os Assamitas não foram exterminados, apenas deram um tempo mais uma vez.

18 - O cainita com poderes estranhos mora em Praia Grande.

19 - O Sabá foi até o antigo A Máscara e recuperou os artefatos que os Balam não acharam.

20 - Os caçadores de vampiros estão preparando um ataque final contra os vampiros. Esse seria o motivo de estarem quase quietos, fazendo ataques esporádicos, em longos espaços de tempo, ou seja, com muito menor frequência do que antes.

21 - O antigo príncipe de São Paulo, o Gangrel Hector Estevez, está na cidade a fim de se vingar da morte de sua cria, o ex-príncipe Juan Castañedo, séculos atrás.

22 - Na verdade, os Malkavians estão fazendo segredo: eles possuiriam sim seus domínios e influências, mas todos desconhecidos da grande sociedade cainita.

23 - Os Ventrue estão prestes a dar um golpe para retomar o Porto de Santos das mãos dos Nosferatu.

24 - Os caçadores de vampiros atuais são membros sobrevivente da Orbis Lumina, totalmente reestruturados.

25 - Alexandria, o centro de informações criado pelo príncipe Lafaiete seria apenas um plano dos Nosferatu para descobrirem mais facilmente os objetivos de cada um dos vampiros da cidade. Com esse centro, os Nosferatu teriam acesso, através de uma secreta e intrincada rede de informações, a tudo o que os outros vampiros buscam.

26 - Tormento de Gaia não é um Malkavian, mas na verdade um mago infiltrado na sociedade vampírica.

27 - Existe um vampiro na região pertencente a uma rara e quase desconhecida linhagem.

28 - O Malkavian Bingo seria na verdade um Ravnos disfarçado de Malkavian, sendo que os loucos sabem disso, mas como a brincadeira está boa demais, eles deixam.

29 - Quem atacou os Malkavians anos atrás durante o Dia do Banho de Sangue teria sido Seguidores de Set, habilmente escondidos na região. Os Malkavians teriam descoberto a presença deles por aqui e as Cobras teriam aproveitado a oportunidade do ataque em massa que iria ocorrer para dar um jeito nos loucos.

30 - Os Nosferatu e os Brujah tem um acordo secreto envolvendo o crime organizado e contrabando no Porto de Santos.

31 - Os artefatos do antigo A Máscara ainda estariam lá, mas enterrados debaixo da versão atual desse clube noturno.

32 - Membros do Sabá teriam sido vistos no A Máscara recentemente.

33 - Anarquia estaria reunindo um dossiê com os podres dos vampiros poderosos na região para entregar aos mais neófitos, de modo que eles possam tomar o poder.

34 - Tormento de Gaia não é um vampiro e sim um caçador de vampiros disfarçado no meio da sociedade imortal.

35 - Um vampiro teria encontrado todos os artefatos do A Máscara e estaria prestes a fazer um leilão.

36 - Um vampiro estaria de posse de um membro de quase todos os clãs e linhagens existentes, um metamorfo, uma aparição, um mago, uma fada e um demônio. A intenção seria a tortura e lavagem cerebral para a obtenção de poderes relacionados a todas essas criaturas.

37 - Lafaiete, o atual príncipe, seria uma marionete nas mãos do Sabá, pois quase não se ouviu falar muito dele antes de ser eleito ao cargo em questão.

38 - Já faz um bom tempo que não há notícias dos Balam - metamorfos onça - e nem os Gangrel os tem achado. Não que a presença deles faça os vampiros sentirem falta, mas por que do nada eles sumiram?

39 - Um vampiro teria escondido desde a época da colonização vários baús de diamantes.

40 - Andreas Von Richter não seria um Toreador. Alguns baseiam-se no fato de, ultimamente ele estar envolvido em pesquisas relacionadas à anatomia vampírica e metamorfa.


E o autor do texto continuou desenvolvendo personagens e outros aspectos do jogo, que podem ser conferidos no site Baixada Santista by Night.

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