Em
1962, foi publicado em Sorocaba/SP este livro de 200 páginas (exemplar no acervo do historiador santista Waldir Rueda), composto e impresso nas
Oficinas Gráficas da Editora Cupolo Ltda., da capital paulista (ortografia atualizada nesta transcrição):
Pequeno histórico da Mayrink-Santos
Meus serviços prestados a essa linha entre Mayrink e Samaritá
Antonio Francisco Gaspar
Linha Mayrink a Santos
Nesta data, 21 de novembro de 1961, eu Antônio Francisco Gaspar, ferroviário aposentado da Estrada de
Ferro Sorocabana, ao completar 70 anos de idade, inicio este meu modesto trabalho sobre a linha Mayrink a Santos, que servirá de subsídio para
um histórico completo desse ramal.
Não é um labor de envergadura que vou narrar sobre essa sublime arrancada, levada
a efeito por abalizados e competentes engenheiros brasileiros, que souberam apresentar aos pósteros uma das mais maravilhosas estradas de ferro
do Estado de São Paulo, Brasil.
Desde fins do século passado (N.E.: século XIX),
essa grandiosa obra vinha sendo tentada por saudosos e aptos colaboradores do progresso de nossa Pátria: levar ao porto de Santos mais uma via
férrea.
Falando sobre o atual ramal da Sorocabana em rumo ao porto e cidade de Santos,
vamos, nesta resumida narrativa, começar pelos primeiros projetos havidos sobre esse tão almejado intento, planejado também por homens de valor
de outros tempos e que não puderam realizá-los.
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Imagem reproduzida do livro, com a legenda:
Descrição do meu ex-libris:
Baltazar Fernandes, fundador de Sorocaba, cidade em que eu resido
Maylasky, fundador da Estrada de Ferro Sorocabana, onde trabalhei.
Alicate e chave de fenda, expressão de minha profissão (eletricista). O trem de
ferro. Obra de Maylasky. Instalador de linhas telegráficas e aparelhos, minha ocupação. Livro, minha obra nas horas de descanso. Pena e tinta,
emblema do escritor dentro de um pergaminho aberto. Louros, símbolo de glória. Lema: "Na estrada o meu trabalho e também as minhas letras".
(Desenho de Ettore Marangoni).
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Apresentação
Quando publiquei em 1930 o livro Histórico da
Fundação da E.F. Sorocabana, a revista mensal Ilustração Nossa Estrada teve a gentileza de publicar em suas páginas, no seu número
correspondente ao mês de abril desse ano, bibliografia, apreciando esse meu modesto trabalho sobre a fundação da estrada de ferro Sorocabana.
Transcrevo, hoje, para este meu novo e despretensioso livro: Pequeno Histórico da
Mayrink-Santos, essa mui criteriosa apreciação ao meu livro:
"Histórico do Início, Fundação, Construção e
Inauguração da E. F. Sorocabana (1870-1875), por Antônio Francisco Gaspar.
"Temos sobre a mesa esse livro interessantíssimo para os ferroviários da Sorocabana, e
que o autor dedicou ao digno sr. dr. diretor da Estrada.
"É um curioso e útil manancial de tudo quanto se prende ao título que encima esta
coluna; o autor, com perseverança, amor à Estrada e bastante inteligência, reuniu num grosso volume os dados mais valiosos sobre Maylasky - o
fundador da Sorocabana - causas dessa fundação, inauguração dos trabalhos, os primeiros materiais rodantes e de tração, os engenheiros que primeiro
trabalharam nessa formidável obra que é hoje a Sorocabana, os seus relatórios, o pessoal primitivo, a construção do trecho Sorocaba - Ipanema, seu
custo, notas curiosas etc.
"O livro acha-se enriquecido de muitas fotogravuras e mapas, e a impressão é
magnífica. A linguagem clara, ao alcance de todos, como devem realmente ser trabalhos dessa natureza destinados à leitura desde o mais elevado até o
mais humilde funcionário ferroviário. Além do valor próprio do livro, um outro ressalta, incontestável e nobre, nesse empreendimento. É que o autor
- funcionário modesto - com uma pertinácia e um valor admirável, conseguiu produzir um livro útil e precioso, elevando-se assim no conceito de todos
os filhos da Sorocabana e provocando, da parte de todos, a mais profunda admiração.
"Possuir um exemplar desse livro é um dever de todos os ferroviários desta Estrada,
não somente pelo valor intrínseco da obra, mas, ao mesmo passo, como preito de homenagem a este velho servidor da Sorocabana que, em suas poucas
horas de lazer, soube produzir um livro - um livro, cousa que muitos poucos conseguem fazer e, estes mesmos, só o alcançam com grande tenacidade e
uma formidável força de vontade.
"Efusivos e entusiásticos parabéns, portanto, da Nossa Estrada, ao esforçado
funcionário Sr. Antônio Francisco Gaspar, que dess'arte se afirmou como um dos valores reais da Sorocabana".
Atualmente, apresento mais um singelo volume de minha acanhada pena.
Espero merecer de meus antigos superiores, dos ferroviários amigos e de todos quantos
me lerem - senão grandes elogios - ao menos uma suave crítica sobre este pequeno resumo dessa grandiosa linha como o é a Mayrink-Santos.
Hoje, esses ramais ferroviários - Presidente Altino a Evangelista de Souza e
Mayrink-Santos - merecem ser historiados em uma obra de fôlego, pois, simples ferroviário que fui e que sou, não tenho a faculdade que têm os
historiadores.
Futuramente, creio que aparecerá um escritor de pulso para relatar
tudo, minuciosamente, o que ali houve durante essa década - de anos 1927 a 1937 - em que a Sorocabana empenhou todos seus recursos para levar seus
trilhos ao porto de Santos.
Veja:
Reprodução da capa do livro
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