Em
1962, foi publicado em Sorocaba/SP este livro de 200 páginas (exemplar no acervo do historiador santista Waldir Rueda), composto e impresso nas
Oficinas Gráficas da Editora Cupolo Ltda., da capital paulista (ortografia atualizada nesta transcrição):
Pequeno histórico da Mayrink-Santos
Meus serviços prestados a essa linha entre Mayrink e Samaritá
Antonio Francisco Gaspar
[...]
2ª PARTE - ESTUDOS E CONSTRUÇÃO
XXVIII - Visita oficial do sr. presidente da República
Como disse em capítulo anterior, em 26 de julho de 1938 foi a Sorocabana honrada com a
visita oficial dos exmos. srs. dr. Getúlio Vargas, presidente da República; dr. Adhemar de Barros, interventor federal em São Paulo, e exmas.
famílias, assim como a sua comitiva, às linhas da Mayrink-Santos. O acontecimento teve intensa repercussão no meio ferroviário da estrada.
O engenheiro sr. dr. Acrísio Paes Cruz, diretor da Sorocabana, os srs. chefes de
serviço e todo o pessoal da estrada receberam, festiva e desvanecidamente, tão significativa visita.
Dr. Getúlio Vargas
Imagem e legenda reproduzidas do livro
Faziam parte da luzida comitiva do dr. Getúlio Vargas, além de sua exma. senhora, dona
Darcy Vargas, e sua filha senhorita Alzira Vargas, mais as seguintes pessoas: dr. Adhemar de Barros, interventor federal em São Paulo, e exma.
senhora; general Mendonça Lima, ministro da Viação; dr. João Vital, ministro interino do Trabalho; comandante Amaral Peixoto, interventor no estado
do Rio de Janeiro; dr. Manoel Ribas, interventor do estado do Paraná; general José Pinto, chefe da Casa Militar do sr. presidente da República;
general Silva Júnior, comandante da 2ª Região Militar; dr. César Lacerda de Vergueiro, secretário da Justiça; dr. Salles Júnior, secretário da
Fazenda, que era acompanhado do sr. Uriel de Carvalho, chefe de Gabinete; dr. Guilherme Ernesto Winter, secretário da Viação e Obras Públicas; sr. e
sra. Álvaro Guião, secretário da Educação; sr. e sra. Mariano Vendel, secretário da Agricultura; capitão Cândido Bravo, representando o sr. cap.
Dalísio Mena Barreto, secretário da Segurança Pública; Osvaldo de Barros, secretário do sr. interventor e exma. esposa; capitão Armando de
Figueiredo e exma. esposa; dr. José Armando Fonseca, representando o sr. dr. Prestes Maia, prefeito de São Paulo; srs. Maximiliano Ximenez, Silvano
Vendel, cap. Ferreira Souza, representantes de diversas secretarias; cel. Antônio E. de Barros; cap. Júlio Santiago e Anísio Miranda.
Engenheiro dr. Acrísio Pais Cruz, diretor da Sorocabana; engenheiro dr. Rui Costa
Rodrigues, chefe do Departamento de Mecânica da Sorocabana; srs. Jovino Brasil, Orlando Washington de Oliveira e cap. Sebastião Machado.
Engenheiro dr. Luiz Orsini de Castro, chefe do Tráfego da Sorocabana; engenheiro dr.
Carlos Veiga, chefe do Departamento de Finanças da Sorocabana; engenheiro dr. Cândido Penteado Serra, chefe da Via Permanente da Sorocabana;
engenheiro dr. Mário Sales Souto, chefe da Construção e Obras Novas da Sorocabana; engenheiro Luiz Mendonça Júnior, chefe dos Transportes da
Sorocabana; cap. Joaquim Santiago, João de Castro Prado, drs. Samuel Ribeiro, Paulo de Carvalho, Soares Hungria, capitão Isaac, Moura Resende, Paulo
de Mota Silveira, Carlos Mc Craken, Joaquim Carneiro da Fonte e outras pessoas gradas e pessoal do trem especial.
Dr. Adhemar de Barros - 1938
Imagem e legenda reproduzidas do livro
Às 8,30 horas, em automóveis, o dr. Getúlio Vargas e essa grande comitiva, partiram de
São Paulo pela estrada de rodagem, via Santo Amaro, com destino à estação Engenheiro Marcillac, na Mayrink-Santos.
Um trem especial de luxo, composto de sete carros, locomotiva nº 243, estando o
serviço de restaurante a cargo do concessionário sr. Sebastião de Souza Areias, apresentou um magnífico cardápio e bebidas finíssimas.
Esse trem especial tinha partido de São Paulo na véspera e aguardava em Engenheiro
Marcillac o sr. dr. Getúlio Vargas e comitiva.
Após o almoço, que correu animado entre todos os presentes, e alguns discursos
proferidos com entusiasmo pela oficial visita à Mayrink-Santos, pelo dr. Getúlio Vargas, presidente da República, o trem especial partiu rumo a
Santos. A viagem foi excelente. O ilustre chefe da Nação e sua brilhante comitiva não esconderam a impressão de bem estar que lhes causava a
excursão através da serrania.
Panoramas inesperados. O oceano Atlântico ao longe... A vertigem dos abismos. A
cortina de nuvens. Numa repetição constante, a maravilha dos túneis, a beleza dos cortes, a majestade emocionante dos viadutos, pontes e pontilhões,
as águas das cachoeiras ao lado da linha, as grotas, as inumeráveis obras de arte! Os arranchamentos dos trabalhadores e as casas de madeira dos
empreiteiros. De vez em quando, surgia uma estação, onde os operários dos empreiteiros saudavam e queriam conhecer o dr. Getúlio Vargas, que
desvanecido correspondia a todos aquelas saudações entusiásticas.
A locomotiva resfolegava de espaço a espaço, suportando a composição desse
presidencial comboio que, em simples aderência, descia a Serra do Mar, orgulhosamente.
Depois de contornada a serrania, o trem especial chegou a Santos, na estação de Ana
Costa, às 14,5 horas. O povo de Santos aguardava na estação da Sorocabana a chegada do sr. presidente da República.
O sr. dr. Getúlio Vargas viajava no último carro. Imensa multidão se dirigiu para o
fim da plataforma. Todos o queriam ver. Em primeiro lugar desceu o dr. Adhemar de Barros e logo em seguida as sras. dona Leonor de Barros, Darcy
Vargas e senhorita Alzira Vargas.
Apareceu, então, à porta do carro, o dr. Getúlio Vargas, sorrindo para o povo que o
aguardava. Desceu sob delirante aclamação dos santistas, que o envolveu, tomados de real entusiasmo.
A Banda Musical do Corpo de Bombeiros executava o Hino Nacional e, no largo em
frente à estação, onde também a massa do povo era contida dificilmente pelos guardas do serviço de isolamento, estava formada uma Companhia do 6º
Batalhão da Força Pública, sob o comando do capitão Florino Corrêa Leite, assim como um piquete de cavalaria dessa unidade e os
Tiros de Guerra nºs 11 e 598.
Receberam vibrante manifestação do povo, ao mesmo tempo que lhes eram prestadas honras
militares, aos drs. Getúlio Vargas e Adhemar de Barros, quando embarcavam no carro oficial que os conduziu para a praia, onde se realizou grande
concentração trabalhista e escolar, seguida a outras homenagens à cidade de Santos.
O tráfego de passageiros da Mayrink-Santos teve, desse modo, a mais brilhante
inauguração.
Estação de Santos
Imagem e legenda reproduzidas do livro
O sr. dr. Acrísio Pais Cruz ficou tão satisfeito com a conduta cumprida por todo o
pessoal da Sorocabana que, no dia seguinte, 27, soltou a seguinte circular:
"27 de julho de 1938.
"Srs. chefes dos Departamentos de Transportes, Via Permanente, Construção:
"É com grande satisfação que vos transmito a boa impressão causada aos excursionistas
que participaram da viagem presidencial à Linha Mayrink-Santos. Pareceu-nos irrepreensível o serviço feito, em todos os seus detalhes, desde a
ornamentação dos carros até o percurso todo, inclusive a ronda do trecho percorrido.
"Tem esta por fim agradecer o concurso de todos os empregados que cooperaram para o
bom êxito da viagem, pedindo aos srs. chefes de departamento que, além de dar-lhes ciência do nosso reconhecimento, mandem gratificar, com dois dias
de serviço, os empregados que tomaram parte nos trabalhos.
"Saudações
"(a) Acrísio Pais Cruz
Diretor".
Segundo o Relatório da Estrada de Ferro Sorocabana correspondente ao ano de 1938, as
despesas com a construção da Mayrink-Santos desde o início até dezembro desse ano, montaram em 296.786:096$094 réis.
Estavam praticamente concluídos os trabalhos dessa linha, com a execução de uma das
vias dos viadutos nºs 33, 34 e 35, e das pontes nºs 12, 13 e 14. Todos os túneis estavam terminados; obras de arte; consolidação dos aterros e
cortes, mas ainda havia alguma coisa de somenos a rematar. Porém, os trens de passageiros começaram provisoriamente a trafegar entre Mayrink e
Santos, obedecendo o seguinte horário:
Partida de Mayrink, às 5,28 horas.
Chegada em Santos, às 11 horas.
Partida de Santos, às 16 horas.
Chegada em Mayrink, às 21,51 horas.
Estação de Mayrink
Imagem e legenda reproduzidas do livro
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