Em
1962, foi publicado em Sorocaba/SP este livro de 200 páginas (exemplar no acervo do historiador santista Waldir Rueda), composto e impresso nas
Oficinas Gráficas da Editora Cupolo Ltda., da capital paulista (ortografia atualizada nesta transcrição):
Pequeno histórico da Mayrink-Santos
Meus serviços prestados a essa linha entre Mayrink e Samaritá
Antonio Francisco Gaspar
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2ª PARTE - ESTUDOS E CONSTRUÇÃO
XIX - Engenheiro dr. Armando Zenesi
Admitido como engenheiro auxiliar de 1ª classe, 5ª Divisão em São Paulo, e com
exercício na 1ª Seção de Construção da linha Mayrink Santos, em 17 de abril de 1935, o dr. Armando Zenesi ocupava esse cargo no local Estaleiro,
onde o Escritório da 1ª Seção, tendo como chefe o dr. Orozimbo Soares Nogueira, ficava ao lado direito do túnel 1, lado de Samaritá.
O dr. Armando Zenesi, moço diligente e desembaraçado no serviço de engenharia, desde
sua admissão como 1º auxiliar nessa seção, muito prometia e executava a contento de seus superiores. Todos os problemas que lhe eram destinados, ele
os deslindava. Muitas sugestões nas obras novas, o dr. Zenesi deu e foram aprovadas e executadas.
Como exímio engenheiro exemplar, foi sempre distinguido nessa maravilhosa arrancada em
que todos os seus colegas estavam empenhados: levar os trilhos da Sorocabana por aqueles ínvios despenhadeiros, por onde hoje com galhardia passa a
Mayrink, Presidente Altino-Santos.
As obras prosseguiam nesse e em todos os setores da Serra e no Planalto.
O túnel 1 foi um dos túneis que mais deu trabalho para ser perfurado, devido em seu
interior haver uma nascente de água e por ser o terreno muito mole. Então foi sugerido fazer-se um verdadeiro tubo de concreto em quase todo o seu
revestimento, tanto na abóbada como no piso, onde ia ser assentada a linha. Só assim pôde ser consolidado esse túnel.
Os trens de lastro corriam somente até esse ponto.
Em um modesto chalé de madeira, bem construído, estava instalada a estação Estaleiro,
com telégrafo e telefone pois indo, até ali, o primeiro trecho - lado de Santos -, inaugurado em 1930 pelo saudoso dr. Júlio Prestes de Albuquerque,
governador de São Paulo.
Conforme meu Diário, foi a 10 de janeiro de 1936 que conheci o dr. Armando
Zenesi: de P.1, às 6 horas, de Santos a Samaritá. No trem de lastro, locomotiva 127 às 7 horas a Estaleiro. Às 8 horas eu estava no Escritório da 1ª
Seção. Nesse ano, o chefe era o dr. Francisco Camargo de Souza, dr. Armando Zenesi, Sinésio Barbosa, Ambrósio Vercesi e outros auxiliares.
Estive consertando o telefone dessa seção, que não funcionava, e trocando pilhas
secas. Almocei com esses engenheiros e às 11 horas, como nessa ocasião já dava passagem o túnel 1, fui até a ponta dos trilhos, que já chegava ao
S.5, setor do dr. Nahúl Benévolo.
Às 16 horas segui num caminhão carregado com areia ao S.13 e a pé fui até o S.16, onde
cheguei às 19 horas. Pernoitei na casinha do trabalhador da turma telegráfica sr. Francisco Américo de Oliveira. No dia seguinte segui de caminhão a
Rio dos Campos, pernoitando na residência do engenheiro dr. Orozimbo Soares Nogueira, chefe da 7ª Seção, tendo como ajudante o dr. Argeu Pinto Dias
e Mário Musa, auxiliar da seção. Em Rio dos Campos estava sendo construída a formidável obra de arte: a Ponte 5.
No dia 20 de fevereiro de 1961, o dr. Armando Zenesi, após tantos anos ter ocupado
altos cargos na Sorocabana, Mogiana e Rede Ferroviária Federal, e, em todos esses encargos, prestar relevantes serviços a São Paulo, Brasil, foi
escolhido em meio de seus colegas - como ele - de reais méritos e admiráveis valores, por s. excia. o brigadeiro Faria Lima e o governador do
Estado, dr. Carvalho Pinto, para o cargo de diretor da grande ferrovia de São Paulo - a Sorocabana.
O ilustre engenheiro dr. Hermínio Amorim Júnior, em sessão solene, ao transmitir a
direção da estrada ao dr. Armando Zenesi, disse: - "Confio e tenho razões para assim proceder, pois que conheço, e por
conhecer aprendi a estimar os valorosos servidores desta ferrovia. E, ao despedir-me, comovido e emocionado, apenas posso com meus votos de
felicidade, oferecer a todos, em retribuição, meus préstimos, na medida de minhas possibilidades. Feliz gestão, amigo Zenesi. Obrigado, colegas e
amigos da Sorocabana. Obrigado a todos". Uma salva de palmas recebeu o dr. Amorim Júnior.
O dr. Armando Zenesi agradeceu as últimas palavras do dr. Amorim, dizendo: - "Que
tinha esperanças de sucesso no alto cargo em que se investia, para o que necessitaria e esperaria o apoio e esforços de todos os ferroviários da
Sorocabana".
E, assim, chegou ao ponto culminante, o dr. Armando Zenesi: de simples engenheiro a
diretor - conforme foram Gaspar Ricardo Júnior, Mário Salles Souto, Ruy Costa Rodrigues, Acrísio Pais Cruz e outros engenheiros do grandioso
empreendimento - linha Mayrink-Santos.
Dr. Armando Zenesi - de engenheiro a diretor - 1935-1962
Imagem e legenda reproduzidas do livro
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