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*Publicado originalmente pelo editor de Novo Milênio no caderno Informática do jornal A Tribuna de Santos/SP em 3/8/1999
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 01/14/02 10:30:24
COMÉRCIO ELETRÔNICO
Quem tem medo de entrar na Web? 

Mário Persona (*)
Colaborador

Esta semana estou passando por uma crise de criatividade. A razão é simples: não tive nenhuma idéia fantástica para escrever minha coluna. Mas creio ter diagnosticado a origem do sintoma. É que depois de escrever alguns artigos que tiveram boa repercussão, comecei a achar que jamais iria conseguir fazer aquilo outra vez. Ou que qualquer coisa que eu tente escrever, alguém já escreveu.

Esse é um mal que atinge também alguns empresários que chegam à porta da Internet e não entram. Esticam o pescoço, dão uma olhada e concluem que jamais conseguirão criar, no mundo virtual, um negócio como o que já criaram no mundo real. Ou então desistem porque vêem lá dentro concorrentes de peso fazendo aquilo que planejavam fazer. Se você está se sentindo assim, nós temos algo em comum. Você com sua crise empreendedora e eu, curtindo minha crise de criatividade. Mas repare que nem por isso parei de escrever. E você não parou de ler. Por que deveria?

Rapadura - Se o seu medo é de entrar na Web por achar difícil fazer o que já conseguiu fora dela, fique certo de que realmente não conseguirá se não trabalhar duro. Você se lembra do quanto precisou trabalhar para levantar sua empresa até o patamar onde ela se encontra hoje? Não será diferente na Internet. Mas o final pode ser mais feliz do que aquele que aguarda as empresas que permanecerem à margem da revolução na economia. Lembre-se de que, apesar da rapadura ser dura, ela é doce.

O outro receio seu pode ser de não conseguir enfrentar os gigantes que estão fazendo sucesso no mundo virtual, talvez na mesma área que você pretenda atuar. Também compartilho de seus receios quando escrevo um artigo. Tem muita gente grande por aí escrevendo sobre a Web e não sirvo de páreo para eles. Mas dizem que para alguém escrever bem é preciso possuir uma destas características: dominar perfeitamente o assunto ou... ter muita cara-de-pau. Você já deve ter adivinhado em que categoria eu me enquadro. 

Portanto, nada de desânimo. Tenha em mente que o sucesso aparente dos grandes pode não significar exatamente lucro. É o que acontece com a Amazon.com. Apesar de ser um exemplo de sucesso, a livraria virtual até hoje não deu lucro. Mas será que eles estão preocupados com isso e deixaram de investir na Web? 

Não é o que parece. Além de terem entrado como sócios em outros sites de e-commerce - uma farmácia on-line e um site bom pra cachorro - a Amazon passou a vender também brinquedos e equipamentos eletrônicos. Além, é claro, dos livros, vídeos e CDs. E dos leilões.

Então você pergunta: "Mas, se os gigantes não estão ganhando dinheiro na Web, quem sou eu para querer entrar nessa?" E eu respondo com outra pergunta: "O que ELES estão fazendo na Web, e o que VOCÊ quer fazer na Web?"

Relógios - Li a história de um empresário aposentado que iniciou seu bem sucedido negócio de fabricação de vidros para relógios após descobrir que seus concorrentes, que dominavam o mercado, apresentavam uma mesma deficiência: levavam semanas para entregar os pedidos. Além disso, fabricavam para todos os tipos de relógio possíveis, aumentando consideravelmente seus custos de produção e estoque. 

Após descobrir o calcanhar de Aquiles dos gigantes, ele montou uma fábrica de vidros para relógio que fabricava para apenas meia dúzia de modelos mais vendidos, entregava em 24 horas e tinha preços mais competitivos. Logo sua fábrica quase artesanal estava lucrando muito dentro da lacuna que os grandes fabricantes não conseguiram preencher. Ele a vendeu por um bom dinheiro antes de se aposentar. 

Partindo do princípio de que a nova economia vai necessariamente mesclar o mundo real com o virtual, a questão já não é SE você irá fazer negócios on-line, mas COMO irá fazê-los. Quando você entrou no ramo que hoje atua, o único mundo de negócios que existia era o real. Não havia outro e, a menos que seu nome seja Thomas Edson e seu produto seja a primeira lâmpada, você deve ter encontrado concorrentes às pencas. Mas nem por isso desistiu de entrar no negócio, pois certamente tinha em mente um diferencial que lhe dava uma boa vantagem em relação à concorrência.

Portanto, a receita você já conhece. Agora é partir para a ação e, se for bem sucedido, não deixar de me avisar. Afinal, sua história pode ser o tema de meu próximo artigo, já que ainda não pensei no que escrever.

(*) Mário Persona é consultor, escritor e palestrante. Esta crônica faz parte dos temas apresentados em suas palestras. Edita o boletim eletrônico Crônicas de Negócios e mantém endereço próprio na Web, onde seus textos estão disponíveis.

 Veja nesta série:
     I - Abertura
      Crescimento começou com a Web
      "É uma nova revolução nos negócios"
     II - Abertura
      Duas siglas que já beneficiam os usuários
      Web tem respostas até mais rápidas
     III - Abertura
      Se minha geladeira falasse...
      Mulheres lideram no número de net-compradores (40% em nove meses)
      Shopping virtual é inaugurado em Ribeirão Preto.
     IV - Abertura
      Opus é exemplo santista de loja virtual
      Promoções e preço menor atraem clientes
      Tomorrow é exemplo de shopping digital
      Uma loja de ferramentas faz sucesso na Internet
      Automóveis usados ganham maior loja virtual da Internet brasileira
     V - Abertura
      Internet muda relação entre comerciante e cliente.
      Canais de distribuição reformulam suas práticas.
     VI - Abertura
      Custo da publicidade na Web não é o problema
      Presença na Internet é tão importante quanto dispor de telefone e fax.
      Nova economia é alicerçada na informação.
     VII - Mais de vinte motivos para a empresa se instalar na Internet
     Quem tem medo de entrar na Web?
      Banners apresentam resultados acima das expectativas