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Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 05/20/00 21:51:28
COMÉRCIO ELETRÔNICO
Nova economia é alicerçada na informação 

Mário Persona (*)
Colaborador

Com o lançamento no Brasil do livro de Kevin Kelly, "Novas Regras Para Uma Nova Economia", as sobrancelhas de muitos empresários começam a se levantar, ajudando a abrir seus olhos para uma nova realidade. O autor é também editor da revista Wired, que há alguns anos vem sendo um arauto do impacto das novas tecnologias na sociedade.

Entre outras coisas, Kelly enfatiza que, em uma sociedade alicerçada na informação, o valor está na abundância e não na escassez. A abundância aumenta as chances de associação entre informação e informação, gerando riqueza. Ao contrário do que acontece com o ouro ou pedras preciosas, nesta nova economia o valor não está tanto no material, mas na informação que se tem do material e do modo como é utilizada. É só você se esquecer do segredo para abrir seu cofre e irá entender do que estou falando.

Veja o caso da bauxita. Ela era conhecida mas não tinha muito valor até alguém descobrir o processo de fabricação do alumínio. Mas conhecer o processo sem conhecer a localização da jazida de bauxita não tinha valor algum. E morar em cima de uma jazida de bauxita sem saber o que fazer com ela, idem. Uma informação precisou beijar a sua alma gêmea para gerar riqueza. Aí o "Processo" casou-se com a "Jazida" e foram felizes para sempre. Os fabricantes de alumínio que o digam.

Pingüim – Ainda há empresários que pensam que instalar um computador na empresa é o máximo. Usar o computador hoje como indicação de que a empresa é moderna está tão na moda quanto usar um pingüim sobre a geladeira para indicar que ali tem frio. O computador é a tecnologia de ontem que deu forma à empresa de hoje, mas é a computação em rede que está moldando a empresa de amanhã. O que importa já não é a máquina, mas a que ela está conectada e como essa conexão se traduz em negócios. Na economia em rede, a empresa é mais um nó em uma imensa malha de informação. A interatividade em rede é o computador.

Logo não só os computadores, mas todas as coisas, terão chips e funcionarão em rede por meio de fios, fibra ótica, rádio ou infravermelho. Eletrodomésticos já podem acessar a Internet e enviar informações de consumo a fabricantes e distribuidores. Chips estrategicamente instalados no solo ou em plantas passam a colher e transmitir dados para os laboratórios de fabricantes de insumos agrícolas. Chips implantados no gado podem transmitir informações para os veterinários. Toda essa informação entra na rede para encontrar seus pares ideais e gerar riqueza. Isoladamente, esses chips não têm muito poder, mas o sistema que formam tem.

Nós – Imagine a possibilidade de se utilizar a informação que é gerada e transmitida por todos os sensores de umidade em pastos do planeta, cada porta automática que conta os visitantes de um shopping, cada caixa registradora que detecta dados de consumo, cada monitor hospitalar que coleta estatísticas de saúde, cada satélite meteorológico que desenha cartas do tempo, cada veículo em trânsito que transmite sua localização, cada website que recebe dados de um visitante. Pense em toda essa informação trafegando por uma malha gigantesca, encontrando seus pares em junções estratégicas e produzindo resultados. E é assim que o micro na mesa de uma empresa ou de um lar passa a fazer parte de uma gigantesca rede de neurônios.

Em uma economia de rede, cada empresa funciona como um nó, mas esse nó só tem valor quando ligado à rede - e não apenas ligado, mas interagindo nela. Quanto maior a rede e a interação da empresa que está nela, maior o valor de cada junção ativa. Chamo de junção ativa aquela empresa ou entidade que não está na Internet apenas como observadora, mas cujo processo produtivo está integrado a outras junções semelhantes na rede.

Primeiro fax – Quanto valia a primeira máquina de fax que saiu da linha de produção em 1965? Seu custo de produção pode ter sido uma fortuna, mas seu valor era igual a zero. A primeira máquina de fax não valia absolutamente nada até ser fabricada a segunda máquina de fax. E o seu valor foi crescendo à medida que iam sendo produzidas a terceira, a quarta, a quinta e assim por diante. Ao comprar um aparelho de fax hoje você está agregando à sua empresa o valor de uma rede com milhões de junções.

Agora pense no valor que é agregado a uma empresa quando esta passa a interagir em uma rede mundial. Quer saber quanto vale a sua empresa na nova economia? A resposta depende de quanto ela está interagindo em rede com outras empresas e clientes. Sua empresa é uma junção ativa na gigantesca malha de informação ou não passa de uma simples observadora ou, pior ainda, um nó isolado?

Mesmo que sua empresa já esteja na Internet para expor produtos, enviar e-mails ou navegar em busca de informação, se ela ainda não tem uma integração ativa com outras empresas é porque não enxergou o potencial da computação em rede. Mesmo que seja mais uma ilha em um verdadeiro arquipélago de empresas, ela ainda é uma ilha ao lado de outras ilhas. E como diria Jeff Daly, "dois monólogos não fazem um diálogo". O empresário que ainda não adotou uma estratégia Web ativa para seu negócio logo vai ficar falando sozinho. Se ainda estiver falando.

(*) Mário Persona é diretor de comunicação da WideSoft Sistemas Ltda., uma empresa que desenvolve sistemas para negócios na Internet.

Veja nesta série:
     I - Abertura
       Crescimento começou com a Web
       "É uma nova revolução nos negócios"
     II - Abertura
       Duas siglas que já beneficiam os usuários
       Web tem respostas até mais rápidas
     III - Abertura
      Se minha geladeira falasse...
      Mulheres lideram no número de net-compradores (40% em nove meses)
      Shopping virtual é inaugurado em Ribeirão Preto.
     IV - Abertura
      Opus é exemplo santista de loja virtual
      Promoções e preço menor atraem clientes
       Tomorrow é exemplo de shopping digital
       Uma loja de ferramentas faz sucesso na Internet
       Automóveis usados ganham maior loja virtual da Internet brasileira
     V - Abertura
       Internet muda relação entre comerciante e cliente.
       Canais de distribuição reformulam suas práticas.
     VI - Abertura
      Custo da publicidade na Web não é o problema
       Presença na Internet é tão importante quanto dispor de telefone e fax.
      Nova economia é alicerçada na informação.
     VII - Mais de vinte motivos para a empresa se instalar na Internet
      Quem tem medo de entrar na Web?
      Banners apresentam resultados acima das expectativas