COMÉRCIO
ELETRÔNICO
Nova economia é alicerçada
na informação
Mário Persona (*)
Colaborador
Com o
lançamento no Brasil do livro de Kevin Kelly, "Novas Regras Para
Uma Nova Economia", as sobrancelhas de muitos empresários começam
a se levantar, ajudando a abrir seus olhos para uma nova realidade. O autor
é também editor da revista Wired, que há alguns anos
vem sendo um arauto do impacto das novas tecnologias na sociedade.
Entre outras coisas, Kelly enfatiza
que, em uma sociedade alicerçada na informação, o
valor está na abundância e não na escassez. A abundância
aumenta as chances de associação entre informação
e informação, gerando riqueza. Ao contrário do que
acontece com o ouro ou pedras preciosas, nesta nova economia o valor não
está tanto no material, mas na informação que se tem
do material e do modo como é utilizada. É só você
se esquecer do segredo para abrir seu cofre e irá entender do que
estou falando.
Veja o caso da bauxita. Ela era conhecida
mas não tinha muito valor até alguém descobrir o processo
de fabricação do alumínio. Mas conhecer o processo
sem conhecer a localização da jazida de bauxita não
tinha valor algum. E morar em cima de uma jazida de bauxita sem saber o
que fazer com ela, idem. Uma informação precisou beijar a
sua alma gêmea para gerar riqueza. Aí o "Processo" casou-se
com a "Jazida" e foram felizes para sempre. Os fabricantes de alumínio
que o digam.
Pingüim – Ainda há
empresários que pensam que instalar um computador na empresa é
o máximo. Usar o computador hoje como indicação de
que a empresa é moderna está tão na moda quanto usar
um pingüim sobre a geladeira para indicar que ali tem frio. O computador
é a tecnologia de ontem que deu forma à empresa de hoje,
mas é a computação em rede que está moldando
a empresa de amanhã. O que importa já não é
a máquina, mas a que ela está conectada e como essa conexão
se traduz em negócios. Na economia em rede, a empresa é mais
um nó em uma imensa malha de informação. A interatividade
em rede é o computador.
Logo não só os computadores,
mas todas as coisas, terão chips e funcionarão em rede por
meio de fios, fibra ótica, rádio ou infravermelho. Eletrodomésticos
já podem acessar a Internet e enviar informações de
consumo a fabricantes e distribuidores. Chips estrategicamente instalados
no solo ou em plantas passam a colher e transmitir dados para os laboratórios
de fabricantes de insumos agrícolas. Chips implantados no gado podem
transmitir informações para os veterinários. Toda
essa informação entra na rede para encontrar seus pares ideais
e gerar riqueza. Isoladamente, esses chips não têm muito poder,
mas o sistema que formam tem.
Nós – Imagine a possibilidade
de se utilizar a informação que é gerada e transmitida
por todos os sensores de umidade em pastos do planeta, cada porta automática
que conta os visitantes de um shopping, cada caixa registradora que detecta
dados de consumo, cada monitor hospitalar que coleta estatísticas
de saúde, cada satélite meteorológico que desenha
cartas do tempo, cada veículo em trânsito que transmite sua
localização, cada website que recebe dados de um visitante.
Pense em toda essa informação trafegando por uma malha gigantesca,
encontrando seus pares em junções estratégicas e produzindo
resultados. E é assim que o micro na mesa de uma empresa ou de um
lar passa a fazer parte de uma gigantesca rede de neurônios.
Em uma economia de rede, cada empresa
funciona como um nó, mas esse nó só tem valor quando
ligado à rede - e não apenas ligado, mas interagindo nela.
Quanto maior a rede e a interação da empresa que está
nela, maior o valor de cada junção ativa. Chamo de junção
ativa aquela empresa ou entidade que não está na Internet
apenas como observadora, mas cujo processo produtivo está integrado
a outras junções semelhantes na rede.
Primeiro fax – Quanto valia
a primeira máquina de fax que saiu da linha de produção
em 1965? Seu custo de produção pode ter sido uma fortuna,
mas seu valor era igual a zero. A primeira máquina de fax não
valia absolutamente nada até ser fabricada a segunda máquina
de fax. E o seu valor foi crescendo à medida que iam sendo produzidas
a terceira, a quarta, a quinta e assim por diante. Ao comprar um aparelho
de fax hoje você está agregando à sua empresa o valor
de uma rede com milhões de junções.
Agora pense no valor que é
agregado a uma empresa quando esta passa a interagir em uma rede mundial.
Quer saber quanto vale a sua empresa na nova economia? A resposta depende
de quanto ela está interagindo em rede com outras empresas e clientes.
Sua empresa é uma junção ativa na gigantesca malha
de informação ou não passa de uma simples observadora
ou, pior ainda, um nó isolado?
Mesmo que sua empresa já esteja
na Internet para expor produtos, enviar e-mails ou navegar em busca de
informação, se ela ainda não tem uma integração
ativa com outras empresas é porque não enxergou o potencial
da computação em rede. Mesmo que seja mais uma ilha em um
verdadeiro arquipélago de empresas, ela ainda é uma ilha
ao lado de outras ilhas. E como diria Jeff Daly, "dois monólogos
não fazem um diálogo". O empresário que ainda não
adotou uma estratégia Web ativa para seu negócio logo vai
ficar falando sozinho. Se ainda estiver falando.
(*) Mário
Persona é diretor de comunicação da WideSoft
Sistemas Ltda., uma empresa que desenvolve sistemas para negócios
na Internet.
Veja nesta série:
I -
Abertura
Crescimento começou com a Web
"É uma nova revolução nos negócios"
II -
Abertura
Duas siglas que já beneficiam os usuários
Web tem respostas até mais rápidas
III
- Abertura
Se minha geladeira falasse...
Mulheres lideram no número de net-compradores
(40% em nove meses)
Shopping virtual é inaugurado em Ribeirão
Preto.
IV -
Abertura
Opus é exemplo santista de loja virtual
Promoções e preço menor atraem
clientes
Tomorrow é exemplo de shopping digital
Uma loja de ferramentas faz sucesso na Internet
Automóveis usados ganham maior loja virtual
da Internet brasileira
V -
Abertura
Internet muda relação entre comerciante
e cliente.
Canais de distribuição reformulam
suas práticas.
VI -
Abertura
Custo da publicidade na Web não é
o problema
Presença na Internet é tão
importante quanto dispor de telefone e fax.
Nova economia é alicerçada na informação.
VII
-
Mais de vinte motivos para a empresa se instalar
na Internet
Quem tem medo de entrar na Web?
Banners apresentam resultados acima das expectativas |