COMÉRCIO
ELETRÔNICO
Comércio eletrônico
já é uma realidade - III
Carlos Pimentel Mendes
Colaborador
Uma das
grandes produtoras de computadores do mundo, a Dell
é um sucesso de vendas, comercializando os equipamentos exclusivamente
pela Internet. Produtores nacionais como a Itautec
permitem que o comprador personalize a configuração do equipamento
a ser adquirido, montando as partes de forma interativa na Web. Depois
da NCR lançar um forno microondas que acessa a rede mundial de computadores,
também a Electrolux comparece com uma geladeira plugada na rede.
É indiscutível o sucesso
obtido pela Receita Federal com seu programa de Imposto de Renda pela Internet,
usado pela grande maioria dos internautas (58% no ano passado, antes mesmo
da grande popularização do serviço verificada neste
ano). Dos internautas brasileiros, 28% já reduziram o tempo que
passam diante da televisão e 51% usam serviços de home banking.
E mais e mais internautas copiam músicas pela Internet, no formato
de áudio MP3, e saem pela cidade ouvindo essas gravações,
em players portáteis.
São facetas diferentes de
um mesmo fenômeno: uma drástica mudança no comportamento
das pessoas, face à revolução causada pela Internet
- que apenas começou. Quem não se adaptar a essas mudanças,
será rapidamente engolido, e isso vale especialmente para as empresas
que comercializam bens e serviços.
Começamos esta série
destacando números que mostram o crescimento internacional da Internet,
tanto em número de usuários como em seu uso para negócios,
como um gráfico da empresa de pesquisas Nua Internet Surveys sobre
as vendas geradas pela Internet de 1996 a 2002. A linha do crescimento,
que até este ano se mostrava ligeiramente ascendente, repentinamente
se empina e fica praticamente vertical: de US$ 73,9 bilhões em vendas
no ano passado, deve passar este ano para US$ 180 bilhões, US$ 377
bilhões no próximo ano, dobrando em 2001 para US$ 717 bilhões
e chegando em 2002 a US$ 1 trilhão 234 bilhões, 16 vezes
mais que o total do ano passado.
Só esse número, mais
do que atiçar a cobiça, deveria ser alerta para todo empresário,
de que uma radical mudança está ocorrendo em todo o mundo.
Quem simplesmente esperar para ver que bicho vai dar, será simplesmente
engolido pelo bicho, antes mesmo de saber de onde ele está vindo.
É por isso que estamos abrindo
esse debate: não dá para apenas esperar, é preciso
que cada empresa comercial invista na Internet já, para começar
a marcar sua presença no espaço cibernético e aprender
como as coisas funcionam. Neste momento, em que todos estão começando,
os inevitáveis erros de avaliação que se comete quando
se inicia algo novo ainda podem ser perdoados pelo mercado e corrigidos.
Mas, como o mercado praticamente
dobra de tamanho a cada ano, um erro cometido no próximo ano significa
pelo menos o dobro do prejuízo que tal falha causaria agora. Assim,
mesmo que não se espere lucro imediato e possa haver mesmo algum
prejuízo, já é consenso na elite empresarial de que
a Internet é uma realidade que não pode mais ser desprezada.
O tempo é agora.
Brasil -
A última pesquisa elaborada pelo serviço de buscas Cadê?
e pelo instituto de pesquisas Ibope data de agosto passado e pode ser consultada
na Internet partindo-se da página do Comitê
Gestor da Internet-Brasil. Vale recordar que, embora sejam os últimos
números disponíveis, provavelmente já estão
bastante superados, pois este é um dos países onde a Internet
mais cresce no mundo. Lembre-se, também, de que todo esse quadro
foi montado em menos de quatro anos, que é o tempo em que foi liberado
o acesso comercial à Internet no Brasil.
Por aquela pesquisa, dos brasileiros
que usam computador,7% estão conectados à Internet, o que
significa existirem mais de 2,5 milhões de internautas já
em agosto passado. Um indicador do crescimento previsto é a ansiedade
como 33% dos entrevistados que não tinham acesso à rede pretendiam
obtê-lo. Dos usuários, 46% acessam a rede todos os dias, e
em 66% dos lares pesquisados há pelo menos dois internautas, crescendo
também significativamente a proporção dos domicílios
com três internautas. "A 3ª pesquisa Internet Brasil detectou
que o maior número de acessos se encontra na faixa etária
de 15 a 24 anos, entre os que trabalham, têm escolaridade superior
e pertencem às classes A e B", cita a pesquisa, mostrando um grande
nicho de mercado que as empresas não podem se dar ao luxo de desprezar.
"A cada pesquisa - prossegue o relatório
-, os internautas se mostram mais disponíveis para compras online.
Em 1997, um percentual de 19% declarou ter feito compras virtuais. Já
em 1998, esse número chegou a 24% do total. Quase a metade dos entrevistados
disse que estaria disposta a pagar por serviços e informações,
especialmente por notícias (21%) e informações sobre
assuntos específicos (17%)."
Mostrando dados que, mais uma vez,
devem servir de alerta ao comércio, a pesquisa indica: "A Internet
tem perfil qualificado, sendo acessada por 18% de executivos e empresários.
Mais da metade dos pesquisados têm renda familiar acima de 20 salários
mínimos, sinalizando o topo da pirâmide social, mas há
uma tendência à popularização. O principal grupo
de internautas possui secundário completo. A língua inglesa
é falada por 55%, especialmente pelos mais jovens."
Comenta o especialista Mário
Persona que, "seja no comércio business-to-consummer, ou
business-to-business,
a revolução da Internet nos negócios só não
está sendo percebida pelas empresas que ainda não acordaram
para a realidade. Como já disse alguém, será impossível
uma empresa que trabalha hoje com os meios de ontem permanecer no negócio
amanhã."
Veja nesta série:
I -
Abertura
Crescimento começou com a Web
"É uma nova revolução nos negócios"
II -
Abertura
Duas siglas que já beneficiam os usuários
Web tem respostas até mais rápidas
III
- Abertura
Se minha geladeira falasse...
Mulheres lideram no número de net-compradores
(40% em nove meses)
Shopping virtual é inaugurado em Ribeirão
Preto.
IV -
Abertura
Opus é exemplo santista de loja virtual
Promoções e preço menor atraem
clientes
Tomorrow é exemplo de shopping digital
Uma loja de ferramentas faz sucesso na Internet
Automóveis usados ganham maior loja virtual
da Internet brasileira
V -
Abertura
Internet muda relação entre comerciante
e cliente.
Canais de distribuição reformulam
suas práticas.
VI -
Abertura
Custo da publicidade na Web não é
o problema
Presença na Internet é tão
importante quanto dispor de telefone e fax.
Nova economia é alicerçada na informação.
VII
-
Mais de vinte motivos para a empresa se instalar
na Internet
Quem tem medo de entrar na Web? |