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*Publicado originalmente pelo editor de Novo Milênio no caderno Informática do jornal A Tribuna de Santos/SP em 27/7/1999
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 05/20/00 21:53:50
COMÉRCIO ELETRÔNICO
Comércio eletrônico já é uma realidade - VI

Mas ainda precisa ser melhor compreendido pelos próprios publicitários

Carlos Pimentel Mendes
Editor

Disponível comercialmente no Brasil há apenas quatro anos, a Internet ainda é vista com algumas restrições por muitos publicitários, que não perceberam todas as possibilidades que esse veículo oferece como mídia para seus clientes. O tamanho da Internet e a própria forma de veiculação publicitária na Web estão mudando rapidamente, e ainda faltam estatísticas mais aprofundadas e atualizadas como as disponíveis para outros meios de comunicação, o que cria dificuldades adicionais para a percepção desse potencial. É preciso aprender e reaprender constantemente, revisar sempre os conceitos, para se manter atualizado. É por isso que o presidente para o Litoral Paulista da Associação dos Profissionais de Propaganda (APP), Fernando Montanha, está planejando realizar em breve um seminário sobre publicidade na Internet, dirigido aos publicitários.

Ele observa que, por não dominarem essa nova ferramenta, muitos publicitários da região ainda não sabem ou não se empenham em demonstrar aos clientes as vantagens da Internet como mídia. Os donos de empresas também geralmente não analisaram esse potencial de mercado, muitos até nem sabem o que é Internet (exceto os que possuem filhos internautas).

Por sua vez, empresários da região que se mantêm atualizados com as tendências de mercado se queixam de que publicitários e até mesmo criadores de material para Internet não compreendem as necessidades do comércio (quesitos de segurança nas transações eletrônicas ou a necessidade de resposta imediata à consulta feita pelo cliente, por exemplo) e desconhecem muitos dos recursos já disponíveis para o setor. Ou seja, o empresário é que tem de procurar as soluções para os problemas surgidos na construção e manutenção das páginas Web, tarefa que pela lógica deveria estar a cargo dos especialistas em desenvolvimento dessas páginas.

Potencial inexplorado - Mesmo em relação à publicidade, há muitas alternativas inéditas. Nos Estados Unidos, as empresas se dispõem a dar um computador de presente ao internauta em troca de parte da tela do monitor ser ocupada por publicidade. A sofisticação da idéia chega ao ponto de a empresa oferecer no pacote um monitor de 17 polegadas, de forma que, descontado o espaço publicitário, reste uma tela livre para o usuário eqüivalente à de um monitor de 14 polegadas.

Outra alternativa que vem ganhando força no exterior é o provedor de acesso dar o computador a quem assinar um contrato se comprometendo a usar seus serviços por um mínimo de três anos. Com isso, é conquistada toda aquela parcela do público que só não usa a Internet por não ter condições financeiras de comprar um computador (no Brasil, o único entrave à criação dessas possibilidades é o custo do computador, ainda longe da média de US$ 400, que é o custo de um computador básico nos Estados Unidos).

Relação nova - Para completar o quadro, trata-se de uma forma totalmente nova de relacionamento das empresas com os clientes, o que gera problemas a serem resolvidos. A tradicional cultura do tangível (documento em papel, certificação em cartório, fita de vídeo, cópia do anúncio) conflita com os novos métodos digitais.

Há o problema da prova legal: por exemplo, a ficha de cadastro precisa ser assinada pelo cliente, o que dificulta disponibilizá-la on-line para que o cliente a preencha via Internet e tenha seu crédito aprovado. Existem alternativas, mas que ainda não se firmaram como padrão no mercado, e assim são pouco conhecidas, em alguns casos trabalhosas de implantar, como no caso da certificação digital.

Fazer com que o cliente em potencial se desloque até a loja para preencher um cadastro, ainda que apenas na primeira vez, implica em perder boa parte do potencial de vendas da Internet. Simplificar esses controles, entretanto, significa correr um grande risco de calotes: o vendedor não tem como conversar com o comprador e analisar se ele é quem diz ser, enfim, observar seu comportamento, como faz ao atendê-lo no balcão da loja.

Além de tudo, a mídia na Internet só funciona satisfatoriamente se as respostas forem rápidas: a velocidade nas interações empresa/cliente é outra, muito maior. Uma consulta feita por e-mail precisa ser respondida em poucas horas, enquanto antes a mesma consulta, por carta, poderia demorar dias ou semanas. Isso significa criar toda uma estrutura especializada (equipamentos, programas de computador e pessoas) para lidar com a Internet.

 Veja nesta série:
     I - Abertura
       Crescimento começou com a Web
       "É uma nova revolução nos negócios"
     II - Abertura
       Duas siglas que já beneficiam os usuários
       Web tem respostas até mais rápidas
     III - Abertura
      Se minha geladeira falasse...
      Mulheres lideram no número de net-compradores (40% em nove meses)
      Shopping virtual é inaugurado em Ribeirão Preto.
     IV - Abertura
      Opus é exemplo santista de loja virtual
      Promoções e preço menor atraem clientes
       Tomorrow é exemplo de shopping digital
       Uma loja de ferramentas faz sucesso na Internet
       Automóveis usados ganham maior loja virtual da Internet brasileira
     V - Abertura
       Internet muda relação entre comerciante e cliente.
       Canais de distribuição reformulam suas práticas.
     VI - Abertura
      Custo da publicidade na Web não é o problema
       Presença na Internet é tão importante quanto dispor de telefone e fax.
      Nova economia é alicerçada na informação.
     VII - Mais de vinte motivos para a empresa se instalar na Internet
      Quem tem medo de entrar na Web?
      Banners apresentam resultados acima das expectativas