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Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 07/03/01 22:40:40
Diário de Bordo (Recife-Manaus no navio Bianca
Do Capibaribe ao Amazonas

Carlos Pimentel Mendes (*)

Em agosto de 1990, o editor de Novo Milênio fez uma viagem de Recife a Manaus a bordo de um navio de cabotagem (navegação costeira) nacional, o Bianca, da armadora Aliança. Na época, não havia Internet, o sistema de comunicações marítimas Inmarsat (recém-criado, em 1/2/1982) estava começando a ser instalado nos navios nacionais, o uso obrigatório do código Morse ainda não tinha sido abolido, os primeiros computadores eram colocados a bordo das embarcações, era mínima a integração entre os equipamentos de um navio. O navegador por satélite começava a substituir antigas práticas para a determinação da posição do navio no mar, como o sextante e o radiogoniômetro. 

Os portos brasileiros eram administrados por empresas controladas de Brasília pela Portobrás, era grande o questionamento sobre a redefinição do trabalho portuário avulso nos portos - que levaria, menos de três anos depois, à edição da Lei de Modernização dos Portos (lei 8.630/93). A navegação de cabotagem para o transporte de carga geral, depois de uma época áurea nos anos 50 e meados da década de 60, tinha praticamente desaparecido, com os navios irracionalmente substituídos por caminhões, numa inversão decorrente da política rodoviarista iniciada trinta anos antes pelo pelo presidente Juscelino Kubitscheck. 

Diante de uma matriz de transportes absurda do ponto de vista do consumo de combustíveis (desde 1973 o Brasil enfrentava a crise do petróleo, mas continuava privilegiando o transporte rodoviário, em lugar de diminuir os custos usando o modo marítimo), alguns empresários tentavam reiniciar a navegação de cabotagem no Brasil. Uma das tentativas mais importantes foi a da Aliança, com navios como o Bianca e o Ana Luísa. Enfrentando todo tipo de problemas, desde as vinculações já estabelecidas entre as empresas rodoviárias e as indústrias, até a burocracia portuária e os problemas relativos a uma travessia marítima. E essa história é agora relembrada nesta série de matérias Diário de Bordo:
 

01 - Introdução: a aventura da cabotagem
02 - Deixando Recife
03 - Em alto mar
04 - Gônio, Racon e Morse
05 - Um falso pedido de socorro
06 - Segurança da navegação
07 - Perigo: foz de rio
08 - O traffic list
09 - O rio briga com o mar
10 - Entre o azul e o negro...
11 - Quer apito
12 - Prático a bordo
13 - Cracas, morcegos e computador
14 - As cidades do rio
15 - Garganta profunda
16 - Os cunhados e os pescadores
17 - "Existe essa estação?"
18 - Encontro das águas
19 - Atracando em Manaus
20 - Lista de tripulantes do Bianca
21 - Glossário de termos técnicos
O navio Bianca, durante atracação no porto de Santos (foto: divulgação)
(*) O editor de Novo Milênio fez esta viagem quando atuava como jornalista responsável pelo caderno semanal Marinha Mercante, publicado com o jornal O Estado de São Paulo. Esta matéria foi escrita a bordo do navio e publicada em 4 de setembro de 1990.