Diário de Bordo (Recife-Manaus
no navio Bianca) [18] Do Capibaribe ao Amazonas
Encontro das águas
Carlos Pimentel Mendes (*)
Após
esta cidade (N.E.:Itacoatiara, vide capítulo anterior), o próximo
registro importante no diário de bordo é a chegada a Manaus,
às 7 horas do dia seguinte. De madrugada, é pouco visível
o encontro das águas dos rios Negro (que justificam o nome do rio)
e Solimões (amareladas), formando o Amazonas.
As águas do rio Negro têm
essa cor devido à decomposição de matéria vegetal,
ácidos
húmicos, de fórmula química ainda desconhecida. Uma
das propriedades dessa matéria em suspensão, nas águas,
é conter substâncias químicas que, segundo alguns observadores,
inibem a reprodução de insetos, principalmente o carapanã,
nome pelo qual é conhecida na região a muriçoca ou
o mosquito. Tal fenômeno livra os habitantes das margens desse rio
dos incômodos insetos, o que já não ocorre nos rios
de água clara, como o Amazonas.
As águas dos rios Negro e
Solimões não se misturam, correndo paralelamente por alguns
quilômetrros, formando o chamado "Encontro das Águas". Acredita-se
que isso ocorra pela diferença da densidade das águas e também
pela diferença das correntes, pois nesse ponto as águas do
rio Negro ficam aparentemente represadas pelo paredão líquido
de águas amareladas, até se diluírem e desaparecerem
em meio ao volume maior das águas barrentas... |