Diário de Bordo (Recife-Manaus
no navio Bianca) [13] Do Capibaribe ao Amazonas
Cracas, morcegos e computador
Carlos Pimentel Mendes (*)
Bem no
interior do rio, ainda é sentida a força das marés.
E os marinheiros contam que uma das vantagens de navegar em água
doce é que as cracas - que aderem ao casco durante a viagem marítima,
prejudicando a aerodinâmica e reduzindo a velocidade (pelo maior
atrito com a água) morrem com a permanência de vários
dias em água doce, e desgrudam. Assim, diminui muito a necessidade
de limpeza do casco.
Às 20h00, o Bianca passa
entre as ilhas Grande de Gurupá e Aruans, e 27 minutos depois tem
a boreste a foz do rio Jacuí. Morcegos, desorientados com o radar
do navio, aproximam-se mas logo se afastam.
Problema: três conteineres frigoríficos
diesel-elétricos embarcados em Recife estão baixando a temperatura
interna além do previsto. O eletricista e o mecânico de bordo
têm trabalho extra, para consertar o circuito. Caso não consigam
(conseguiram...), será um problema para o seguro...
Os conteineres reefer possuem
um disco giratório que registra todas as temperaturas da carga que
contêm, durante a viagem. Dispõem também de um mostrador
digital luminoso que informa a temperatura, e lâmpadas que indicam
o funcionamento do motor. É função dos eletricistas
de bordo monitorar seguidamente esses mostradores, para detectar e tentar
corrigir as anormalidades, de forma a manter a carga dentro das especificações
fornecidas pelos clientes.
Existem também as fainas de
manutenção dos equipamentos de bordo, hoje facilitadas com
o uso do computador do navio, que controla os períodos de revisão,
emite listas de checagem de peças com detalhes sobre como trocar
ou fazer a manutenção de cada peça. Cálculo
de estabilidade do navio, disposição da carga nos porões,
são outras atividades executadas com auxílio desse computador.
|