Diário de Bordo (Recife-Manaus
no navio Bianca) [3] Do Capibaribe ao Amazonas
Em alto mar
Carlos Pimentel Mendes (*)
Às
22h40, já fora dos molhes, o prático se despede e os rebocadores
retornam ao porto. Os práticos são especializados nos portos
em que atuam, conhecendo em detalhes os locais onde a navegação
é segura, para que o navio não encalhe em bancos de areia
ou colida com rochas submersas, por exemplo.
Durante a passagem pelos molhes, o oficial
de náutica já começa a a aferir os instrumentos de
navegação, para que indiquem a posição exata
onde o navio se encontra: os molhes, os faróis e as bóias,
devidamente assinalados nas cartas náuticas, fornecem os parâmetros
de aferição. O computador conhecido como Satellite Navigator
(navegador por satélite) começa a ser abastecido de informações
sobre velocidade do navio, correnteza, rumo seguido pela embarcação
etc.
Às 23h07, distante 3,2 milhas
dos molhes do Recife, o timoneiro já pode descansar: é acionado
o piloto automático, na direção de 30 graus a boreste
(30 graus verdadeiros). Pouco antes, às 22h50, o navio deixou de
usar o óleo diesel, que permite manobras mais rápidas, e
passou para o óleo pesado (fuel oil), que é mais econômico
e dá maior rendimento em viagem. Além disso, a embarcação
passa a navegar com apenas uma máquina de leme (nas manobras em
porto, para evitar problemas com eventual falha, são usadas as duas,
mas em alto-mar seu uso é alternado a cada 24 horas).
A velocidade é de 14 nós,
porque nesse trecho da costa não há ventos ou correnteza
favoráveis, de popa (no caso, do Sul para o Norte). Existe a bordo
o Atlas de Cartas-piloto do Oceano Atlântico, um atlas específico
que indica o sentido das correntezas e a direção dos ventos,
força do vento dominante e da correnteza. Com ele, pode ser planejada
a rota mais rápida e econômica, como na região Nordeste,
entre Macau e Fortaleza, onde se ganha até 2 nós (duas milhas
náuticas por hora) além da propulsão do navio, na
direção Leste-Oeste. |