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Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 07/03/01 22:48:00
Diário de Bordo (Recife-Manaus no navio Bianca) [15]
Do Capibaribe ao Amazonas

Garganta profunda

Carlos Pimentel Mendes (*)

No rio Amazonas, tudo é superlativo. Enquanto em portos de mar, como Santos, Rio de Janeiro, Vitória, Recife, gasta-se uma fortuna em dragagem para ganhar mais um metro de profundidade, e um porto com 13 metros é considerado excelente, no rio-mar esses números chegam a ser ridículos na comparação. 

Habitações nas margens do rio Negro, em foto de 30/7/1986
Principalmente nos trechos em que o rio tem menor largura, são encontradas profundidades incríveis para um rio: 80, 90, 100, 110 metros. Defronte a Parintins, 91 metros registrados pela Marinha, pela "média das alturas mínimas excepcionais". Ou seja, cerca de 100 metros, se adicionarmos os quase nove metros de altura do rio ainda em cheia. Defronte à igreja de Óbidos, a carta náutica 4-0104-A registra profundidade de 94 metros no rio. E a carta náutica 4.105-A registra 100 metros de profundidade na posição 57º32'W e 2º23'S, defronte à ilha Beiju-Açu ou Ilha do Albano.
Habitações nas margens do rio Negro, em foto de 30/7/1986
Explicam os práticos do Rio que Óbidos é conhecida aliás como "a garganta do rio Amazonas", pois entre as duas margens a distância é de 1.700 metros, menos de uma milha náutica (que equivale a 1.852 m). Há outros trechos de pouca largura, mas nesses existe mais de uma opção de passagem, enquanto em Óbidos só existe a passagem defronte à cidade.
Cidade à margem do rio Amazonas
Cidade à margem do rio Amazonas
(*) O editor de Novo Milênio fez esta viagem quando atuava como jornalista responsável pelo caderno semanal Marinha Mercante, publicado com o jornal O Estado de São Paulo. Esta matéria foi escrita a bordo do navio e publicada em 4 de setembro de 1990.