Diário de Bordo (Recife-Manaus
no navio Bianca) Termos técnicos utilizados
Carlos Pimentel Mendes (*)
Este
glossário não constava na matéria original, publicada
em um semanário especializado em transportes, cujos leitores conheciam
bem a terminologia utilizada. Tempos diferentes, público diferente,
tornam necessárias algumas explicações sobre os termos
utilizados:
Bacia de evolução
- área junto a um porto que os navios utilizam para manobras diversas,
como o giro de 180 graus que reposiciona o navio com a proa (frente) para
o canal de acesso ao mar.
Bombordo - Lado esquerdo do
navio, visto por quem está dentro dele e de frente para a proa.
Contrário de boreste.
Boreste - Lado direito do
navio, para quem está dentro dele e de frente para a proa desse
navio. Nos navios, normalmente, é o lado usado para a atracação
ao cais e pelo qual passam as mercadorias embarcadas e desembarcadas, existindo
ainda nesse lado a escada que permite o acesso das pessoas a bordo. Também
conhecido como estibordo. Contrário de bombordo.
Cábrea - guindaste
flutuante, auto-propulsionado ou movido mediante reboque, disponível
em vários portos para auxiliar as operações de embarque
e desembarque de navios, ou em casos de remoção de equipamentos.
Cabeçote - equipamento
do cais ao qual são amarrados os cabos que mantêm o navio
fixo no local de atracação.
Cabotagem - navegação
ao longo da costa, geralmente ligando portos de um mesmo país ou
de países vizinhos (quando é chamada de grande cabotagem)
Conteiner - cofre de carga,
em formatos e tamanhos internacionalmente padronizados, que facilita e
agiliza a movimentação de mercadorias, já que pode
ser transportado por navios, caminhões, trens, chatas etc. Além
disso, permite proteger as mercadorias de intempéries e outros problemas
inerentes ao transporte. Dois tamanhos-padrão básicos dos
conteineres são 20 e 40 pés de comprimento, o que dá
origem a duas unidades de medida relacionadas ao número de conteineres
num navio, num depósito ou em movimentação: TEU (Twenty
feet Equivalent Unity - unidade equivalente a 20 pés) e FEU (unidade
equivalente a 40 pés). 1 FEU corresponde a 2 TEU, portanto.
Faina - tarefa, serviço
Gônio (radiogoniômetro)
- Aparelho receptor de rádio que indica a direção
em graus
em que a estação transmissora é melhor sintonizada.
Sintonizando-se duas estações de localização
conhecida e situadas em pontos diferentes, pode-se assim, por um processo
de triangulação, determinar aproximadamente a posição
em que se está, que será o terceiro vértice de um
triângulo formado pelas emissoras, com seus graus de angulação.
Livros náuticos indicam as principais emissoras e sua localização
geográfica, que serve de base para o cálculo matemático,
que indica inclusive a distância entre a sede das emissoras e o ponto
em que foram captadas. O aparelho funciona como um sistema-reserva para
se determinar o posicionamento de uma embarcação ou aeronave,
caso falhem os demais.
Luz de navegação
- Todas as embarcações utilizam à noite um código
de luzes que permite aos pilotos dos outros barcos e navios identificar
em que sentido estão navegando: a boreste deve estar acesa uma luz
verde e a bombordo uma luz vermelha. Se apenas a luz verde é visível,
significa portanto que a embarcação sinalizada está
cruzando da esquerda para a direita; se apenas a luz vermelha, está
em sentido contrário. Se a luz verde é vista à esquerda
e a vermelha à direita, cuidado: a embarcação avistada
está se aproximando, em rota de colisão com a sua. Devido
à disposição dessas luminárias, não
serão avistadas se a embarcação, ao contrário,
estiver com a popa apontada para quem a avista, afastando-se portanto.
Miha náutica ou marítima
- medida que eqüivale a 1.852 metros.
Molhe - quebra-mar, aglomerado
de rochas construído para proteger uma instalação
náutica-portuária da violência das ondas
Nó - medida de velocidade,
correspondendo ao percurso calculado em milhas por hora (um nó é
o mesmo que uma milha por hora).
Passadiço - ponte de
comando, local de onde é pilotada a embarcação
Popa/proa - Partes traseira
(popa) e dianteira (proa) de uma embarcação
Prático - marítimo
que conhece amplamente um determinado trecho de navegação
e é chamado a bordo do navio para orientar a navegação,
evitando perigos como bancos de areia, águas rasas, escolhos e restos
de embarcações naufragadas etc.
Racon - Sistema que envia
sinais codificados especialmente destinados à captação
por equipamentos de radar. Esses sinais normalmente são algumas
letras em código orse, identificadoras de uma estação
transmissora em terra, que piscam na tela do radar. Como o radar informa
a distância em que se encontra a estação e sua posição,
o navegador pode consultar a carta náutica que assinala essa estação
e assim determinar a posição da embarcação.
O sistema é usado tanto em navegação marítima
como na aérea.
Rebocador - embarcação
pequena (para ter agilidade de manobra) e com motores de grande potência,
utilizada para rebocar, empurrar e puxar os navios em manobras mais delicadas,
como a da atracação/desatracação. Os navios
geralmente usam um combustível mais pesado, o fuel oil, de menor
custo porém inadequado a motores de manobra que exigem combustível
mais refinado para propiciar resposta rápida aos comandos. Assim,
são empregados os rebocadores, que além disso podem auxiliar
no giro do navio (volta de 180 graus sobre o próprio eixo vertical,
geralmente executada nos portos) e no caso de falha em motores do navio.
Os navios mais modernos possuem motores auxiliares (bow thrusters) que
usam óleo diesel e permitem em certos casos a dispensa do emprego
dos rebocadores.
Rumo * graus - Considerado
zero grau como o Norte Geográfico, a indicação de
rumo do navio pode ser considerada como se ele estivesse navegando do centro
para a borda da bússola, na direção do grau referido
marcada na escala ao redor do instrumento. 90 graus é Leste, 180
graus é Sul, 270 graus é Oeste, sendo consideradas também
todas as posições intermediárias.
SD-14 - classe de navios mercantes
para transporte de carga geral e com alguma capacidade para conteineres,
construídos em grande escala pelos estaleiros brasileiros durante
os anos 1970/1985, durante os planos plurianuais de construção
naval definidos pelo governo federal.
Serviço Móvel Marítimo
- Rede de estações de radiocomunicação situadas
ao longo do litoral brasileiro que fazem a interface entre a rede telefônica
terrestre e os diversos sistemas de radiocomunicação usados
nos navios. Além disso, retransmite aos navios boletins meteorológicos,
comunicados Aviso aos Navegantes, sobre problemas com faróis e bóias,
acidentes no mar e exercícios de tiro naval.
Telégrafo de bordo
- equipamento eletro-mecânico com um terminal no passadiço
e outro na sala de máquinas do navio. Uma chave acionada no passadiço
para apontar uma das instruções nele indicadas provoca o
acionamento de uma chave correspondente na sala de máquinas, transmitindo
a instrução desejada pelo piloto ou comandante do navio (máquinas
paradas, toda a força a frente, toda a força a ré
etc.).
Vigias das cabines - pequenas
janelas em formato geralmente redondo, dotadas de vidros grossos e sistema
de travamento estanque, que impeça a entrada na cabine da água
das ondas.
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