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Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 07/03/01 22:49:44
Diário de Bordo (Recife-Manaus no navio Bianca) [19]
Do Capibaribe ao Amazonas

Atracando em Manaus

Carlos Pimentel Mendes (*)

Embora chegando às 7 horas a Manaus, meia hora após a passagem pelo "Encontro das Águas", e apesar de ter solicitado rebocador para as 7h30 com bastante antecedência, o Bianca é obrigado a fundear defronte à ilha Xiborena às 7h30, cinco minutos depois de passar para o uso do óleo diesel (como já explicado, destinado às manobras que exigem mais agilidade dos motores). Às 7h52, é largado ferro de bombordo, na barra de Manaus.

Cais flutuante do Roadway, no porto de Manaus, em foto de  17/1/1982
O rebocador Porto Alegre, pertencente ao porto, foi requisitado para às 7 horas desatracar os navios Agios Flasios e Frota Marabá, atendidos pela agência Mundial, que ficou retendo o rebocador, apesar dos mangotes às 8 horas ainda estarem ligados a um dos navios, que continuava recebendo carga. A custo, conseguiu-se a liberação do rebocador que, com atraso, às 8h43 estava a postos para iniciar a operação ("ferro em cima").
Cais flutuante do Roadway, no porto de Manaus, em foto de  15/1/1982
Na verdade, o rebocador pouco atua, o navio é que faz a atracação praticamente apenas com recursos próprios, para acostar ao paredão do terminal de conteineres, entre este e o cais flutuante. Às 9 horas, o cabo de proa é passado pela bóia de amarração, deixando que a correnteza posicione o navio na direção do cais, enquanto o rebocador, encostando por boreste, auxilia no giro do navio. Às 9h15, começa a passagem dos cabos de proa e popa peos cabeços de amarração do cais. Minutos antes, a embarcação Amazonas 85 passa de forma imprudente entre o navio e o cais.

Junto com o comandante, o imediato Valmir Nery da Costa e outros oficiais comandam as operações de atracação, orientando os demais marinheiros pelos transceptores. À distância, no meio do rio, embarcações funcionam como verdadeiros postos de combustível flutuantes. Outras servem como mercearias e lojas para a enorme população ribeirinha, que antigamente encostava seus barcos no atracadouro da Escadaria dos Remédios, e ultimamente vem utilizando o flutuante do roadway, do porto, enquanto embarcações maiores, as gaiolas, usam o flutuante das Torres, também controlado pela Administração do Porto de Manaus.

Cais flutuante do Roadway, no porto de Manaus, em foto de  17/1/1982
Às 9h30, depois de exatos seis dias e meio de viagem desde Recife, o navio está atracado ao porto de Manaus. Antes disso, para adiantar serviço, os ganchos dos guindastes de bordo já haviam sido desengatados dos prendedores de segurança do convés, estão prontos para iniciar a descarga. O Bianca vai deixar 17 conteineres de 40 pés (FEU) e 82 de 20 pés de comprimento (TEU) comuns (dry) e 17 TEU frigoríficos, procedentes de Santos, onde também foram embarcadas 41 t de carga geral (dois tratores e 12 automóveis), mais 25 t de tubos descarregados no Recife. Do Rio de Janeiro, serão descarregados 6 FEU e 82 TEU dry, 7 TEU reefer e 223 t de carga geral (10 automóveis e 200 t de trilhos-estaca). De Recife, procedem 3 conteineres de 20 pés reefer e 84 TEU para carga seca (dry).
Manaus, com nível baixo do rio, tendo em primeiro plano o recém-criado terminal de conteineres e o flutuante Roadway (foto: divulgação)
Termina a viagem 33 northbound do Bianca, conforme os registros de bordo. Mas, como a vida não pára, o exato momento do término de uma viagem é também o início de outra. A carga já está preparada no porto de Manaus, como também em Itacoatiara, onde o navio escala a seguir, e em outros portos. Amanhã (N.E.: devido ao intervalo decorrido entre o preparo do texto a bordo e a sua publicação em capítulos no jornal), o Bianca chega a Santos...
Por-do-sol na área do Encontro das Águas dos rios Negro e Solimões, em 30/7/1986. A fumaça é da antiga Refinaria de Manaus.
(*) O editor de Novo Milênio fez esta viagem quando atuava como jornalista responsável pelo caderno semanal Marinha Mercante, publicado com o jornal O Estado de São Paulo. Esta matéria foi escrita a bordo do navio e publicada em 4 de setembro de 1990.