Diário de Bordo (Recife-Manaus
no navio Bianca) [19] Do Capibaribe ao Amazonas
Atracando em Manaus
Carlos Pimentel Mendes (*)
Embora
chegando às 7 horas a Manaus, meia hora após a passagem pelo
"Encontro das Águas", e apesar de ter solicitado rebocador para
as 7h30 com bastante antecedência, o Bianca é obrigado
a fundear defronte à ilha Xiborena às 7h30, cinco minutos
depois de passar para o uso do óleo diesel (como já explicado,
destinado às manobras que exigem mais agilidade dos motores). Às
7h52, é largado ferro de bombordo, na barra de Manaus.
O rebocador Porto Alegre, pertencente
ao porto, foi requisitado para às 7 horas desatracar os navios Agios
Flasios e Frota Marabá, atendidos pela agência
Mundial, que ficou retendo o rebocador, apesar dos mangotes às 8
horas ainda estarem ligados a um dos navios, que continuava recebendo carga.
A custo, conseguiu-se a liberação do rebocador que, com atraso,
às 8h43 estava a postos para iniciar a operação ("ferro
em cima").
Na verdade, o rebocador pouco atua,
o navio é que faz a atracação praticamente apenas
com recursos próprios, para acostar ao paredão do terminal
de conteineres, entre este e o cais flutuante. Às 9 horas, o cabo
de proa é passado pela bóia de amarração, deixando
que a correnteza posicione o navio na direção do cais, enquanto
o rebocador, encostando por boreste, auxilia no giro do navio. Às
9h15, começa a passagem dos cabos de proa e popa peos cabeços
de amarração do cais. Minutos antes, a embarcação
Amazonas
85 passa de forma imprudente entre o navio e o cais.
Junto com o comandante, o imediato
Valmir Nery da Costa e outros oficiais comandam as operações
de atracação, orientando os demais marinheiros pelos transceptores.
À distância, no meio do rio, embarcações funcionam
como verdadeiros postos de combustível flutuantes. Outras servem
como mercearias e lojas para a enorme população ribeirinha,
que antigamente encostava seus barcos no atracadouro da Escadaria dos Remédios,
e ultimamente vem utilizando o flutuante do roadway, do porto, enquanto
embarcações maiores, as gaiolas, usam o flutuante
das Torres, também controlado pela Administração do
Porto de Manaus.
Às 9h30, depois de exatos seis
dias e meio de viagem desde Recife, o navio está atracado ao porto
de Manaus. Antes disso, para adiantar serviço, os ganchos dos guindastes
de bordo já haviam sido desengatados dos prendedores de segurança
do convés, estão prontos para iniciar a descarga. O Bianca
vai deixar 17 conteineres de 40 pés (FEU) e 82 de 20 pés
de comprimento (TEU) comuns (dry) e 17 TEU frigoríficos,
procedentes de Santos, onde também foram embarcadas 41 t de carga
geral (dois tratores e 12 automóveis), mais 25 t de tubos descarregados
no Recife. Do Rio de Janeiro, serão descarregados 6 FEU e 82 TEU
dry, 7 TEU reefer e 223 t de carga geral (10 automóveis
e 200 t de trilhos-estaca). De Recife, procedem 3 conteineres de 20 pés
reefer e 84 TEU para carga seca (dry).
Termina a viagem 33 northbound
do Bianca, conforme os registros de bordo. Mas, como a vida não
pára, o exato momento do término de uma viagem é também
o início de outra. A carga já está preparada no porto
de Manaus, como também em Itacoatiara, onde o navio escala a seguir,
e em outros portos. Amanhã (N.E.: devido ao intervalo decorrido
entre o preparo do texto a bordo e a sua publicação em capítulos
no jornal), o Bianca chega a Santos...
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