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Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 07/03/01 22:45:18
Diário de Bordo (Recife-Manaus no navio Bianca) [6]
Do Capibaribe ao Amazonas

Segurança da navegação

Carlos Pimentel Mendes (*)

Nos últimos anos, conforme determinação da Internacional Maritime Organization (IMO). em todos os navios mercantes é feito a cada mês um adestramento sobre procedimentos de combate a incêndio e abandono da embarcação. Todos os marinheiros, inclusive o comandante, participam. Tipos de incêndios e de extintores, as instalações fixas para combate a incêndios nos porões e na casa de máquinas e a forma de operá-las, o equipamento detetor de fumaça, roupas de amianto e máscaras de oxigênio, bem como procedimentos de abandono, são demonstrados e analisados.

Adestrameno de segurança a bordo do navio Bianca, com os oficiais instrutores a bordo de uma das baleeiras
O navio conta com duas baleeiras (uma a bombordo e outra a boreste) e mais a balsa inflável. Cada tripulante tem seu lugar designado para determinada baleeira salva-vidas, mas cada uma delas pode receber toda a tripulação com folga (até 45 pessoas), e contém água e ração salva-vidas prevista inicialmente para seis dias (variando para mais se o número de náufragos for menor). No caso de abandono do navio, o oficial de radiocomunicações levará consigo um transceptor de balsa, com gerador movido a manivela, e outro tripulante levará bateria e lâmpada.

Além disso, ao deixar o posto, o oficial de comunicações ativará um transmissor de SOS que informa automaticamente o prefixo do navio e as coordenadas do local onde se encontra, em Morse, até acabarem as baterias.

A maioria dos navios já possui um receptor de fonia e telegrafia que dispara um alarme, caso receba alguma comunicação em determinada freqüência internacionalmente usada para as mensagens de socorro. Assim, mesmo que não Adestrameno de segurança a bordo do navio Bianca: todos devem participaresteja ninguém na escuta, a tripulação dos navios próximos será alertada por esse alarme.

Existem também, apenas para citar, sinais luminosos e de bandeiras, sinais de fumaça e um pó que é jogado no mar pelos náufragos para formar uma mancha que facilita sua localicação. Nas baleeiras (uma com motor e outra com remos e vela), há também material de pesca e de primeiros-socorros, cartas de correntes marinhas e de ventos e uma agulha magnética iluminada.

A qualquer momento (geralmente depois da faina do dia, para não atrapalhar), a campainha de emergência soa com uma série de toques curtos e um toque longo: sinal de abndonar o navio. Todos devem pegar seus salva-vidas e cobertores, executar as fainas de emergência e seguir para as baleeiras. O teste termina aí: por motivos de segurança, as baleeiras não são arriadas, embora na escala em Manaus deva ser feito um teste de arriamento, já com o navio parado no porto.

(*) O editor de Novo Milênio fez esta viagem quando atuava como jornalista responsável pelo caderno semanal Marinha Mercante, publicado com o jornal O Estado de São Paulo. Esta matéria foi escrita a bordo do navio e publicada em 28 de agosto de 1990.