REFERÊNCIAS:
[1]
ABREU, Alzira Alves de; GOMES, Ângela de Castro; Oliveira, Lucia Lippi. Conversa com Carlo Ginzburg.
Estudos Históricos. Rio de Janeiro, vol. 3, nº 6, 1990, pp. 254-263.
[2]
GINZBURG, Carlo. O queijo e os vermes: o cotidiano e as idéias de um moleiro perseguido pela
Inquisição. São Paulo: Companhia das Letras, 1987 (1976).
[3] GINZBURG, Carlo. Micro-história: duas
ou três coisas que sei a respeito. In: O fio e os rastros: verdadeiro, falso, fictício. São Paulo: Companhia das Letras, 2007
(2006).
[4] GINZBURG, Carlo. O fio e os rastros:
verdadeiro, falso, fictício. São Paulo: Companhia das Letras, 2007 (2006), p. 11.
[5] HOBSBAWN, Eric J. A história de baixo
para cima. In: Sobre história. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
[6] SILVA, Fernando Teixeira da. Operários
sem Patrões: os trabalhadores de Santos no entreguerras. Campinas: Editora da Unicamp, 2003, p. 23.
[7] GINZBURG, Carlo. De A. Warburg a E. H.
Gombrich: Notas sobre um problema de método. In: Mitos, emblemas, sinais: morfologia e história. São Paulo: Companhia das Letras,
1989 (1986).
[8] Em entrevista, Roger Chartier declarou o
seguinte sobre a história do livro: "... o sentido de um texto depende também da forma material como ele se apresentou aos seis leitores originais e
ao seu autor. Por meio dela podemos compreender como e porque foi manuseado, lido e interpretado por aqueles de seu tempo". COLOMBO, Sylvia. O
universal particular.Folha de S. Paulo: MAIS! 08/01/2006, p. 8. Ver também CHARTIER, Roger e ROCHE, Daniel. O livro: uma mudança de
perspectiva. In: LE GOFF, Jacques e NORA, Pierre (diretores). História: novos objetos. Tradução de Terezinha Marinho. Rio de
Janeiro: Livraria Francisco Alves Editora S.A., 1976 (1974).
[9] LE GOFF, Jacques. As mentalidades.
In: LE GOFF, Jacques e NORA, Pierre (diretores). Op. cit., p. 71.
[10] A expressão "documento literário" foi
sugerida pela professora Maria Luiza Tucci Carneiro, durante a qualificação desta pesquisa.
[11] LIMA BARRETO. Correspondência.
Tomo II. Prefácios de Antônio Noronha Santos (Tomo I) e B. Quadros (Tomo II). Editora Brasiliense, São Paulo, 1956.
[12] Ficha funcional da Santa Casa de
Santos. Cópia anexa a RAMOS PESTANA, Sonia Maria. Santos na obra 'Navios Iluminados' de Ranulfo Prata.
Monografia de Pós-Graduação lato-sensu (orientação da professora Maria Aparecida Franco Pereira). Santos: Departamento de História
da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade Católica de Santos, 1990.
[13] Lima Barreto datou a sua em 3/1/1921.
As assinadas por Prata trazem as datas 14/1/1921, 13/3/1921, 16/3/1921, 29/3/1921, 16/6/1921
[14] O mesmo perfil lamenta estar "truncada"
a correspondência e informa que foram extraviadas cartas enviadas por Lima Barreto.
[15] A dissertação adotou a grafia do nome
do autor com o dígrafo "ph" pois é assim que o nome de Prata é grafado nas quatro edições do romance Navios Iluminados em português. As
citações de seu nome feitas por outros autores serão mantidas com "f", seguidas pela indicação latina sic.
[16] LIMA BARRETO. O Triunfo. A.B.C.,
Rio, 28/09/1918. In: Impressões de leitura. Crítica. Prefácio de M. Cavalcanti Proença. São Paulo: Editora Brasiliense, 1956, pp
126-129.
[17] Vamos Ler, s/d. Apud: CARVALHO-NETO,
Paulo de. Um Lugar para Ranulfo Prata. In: Revista Interamericana de Bibliografía. Órgano de Estudios Humanisticos (Inter-American
Review of Blibliography. Journal of Humanistic Studies). Vol. XXIV, Nº 1, Enero-Marzo (January-March): Washington, DC.
Estados Unidos, 1974, p. 10. A mesma citação está em VIEIRA, monsenhor Primo. Op. cit, p. 15. Além de
algumas expressões alteradas, as duas cópias diferem na data da publicação da revista Vamos Ler. Vieira informa a data de 03/09/1918 para o
depoimento de Prata, antes mesmo, ainda que no mesmo mês, da crítica de Lima Barreto sobre o livro de estréia de Ranulpho Prata. O próprio
teor sentimental e de saudade do depoimento de Prata indica um intervalo de tempo mais longo que isso, como o indicado pelo estudo de 1974.
[18] RAMOS PESTANA, Sonia Maria. Op. Cit.,
p. 14.
[19] Carta de 3/1/1921. In: LIMA
BARRETO. Op, cit., p.244. Sobre a identificação de Lima Barreto com o litoral: SEVCENKO, pp. 241-145.
[20] LIMA BARRETO. Marginalia. Edição
digital da Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro
da Escola do Futuro da Universidade de São Paulo.
[21]
DANTAS, Paulo. Ranulfo Prata. O Tempo, s/l, 15 de abril de 1953. Apud CARVALHO-NETO,
Paulo de. Op. cit., p. 10.
[22]
VIEIRA, monsenhor Primo. Op. cit., pp. 8-9.
[23]
VIEIRA, monsenhor Primo. Op. cit., p. 9.
[24]
Ficha funcional de Ranulpho Prata na Santa Casa de Santos. In: RAMOS PESTANA, Sonia Maria. Op. cit.,
p. 118.
[25]
Necrologia. A Tribuna, Santos, 25/12/1942.
[26]
Com a consolidação do capital cafeeiro em São Paulo na segunda metade do século XIX, a hegemonia
econômica do Estado se dá por meio do eixo territorial formado por Campinas (centro de produção agrícola), São Paulo (centro distribuidor) e Santos
(centro exportador e importador). BERNARDINI, Sidnei Piochi. Os planos da cidade: as políticas de intervenção urbana em Santos – de Estevam
Fuertes a Saturnino de Brito (1892-1910). São Carlos: RiMa, Fapesp, 2006, pp 11-15. Cidade dos fluxos, Santos é a porta de entrada de bens e
capital, principalmente britânico, que garante a formação desse território econômico.
[27]
MORETTI, Franco. Atlas do romance europeu (1800-1900). Boitempo. São Paulo, 2003.
[28]
VIEIRA, monsenhor Primo. Op. Cit. O currículo de Paulo Prata, filho de
Ranulpho, aponta que a mudança ocorreu em 1924, antes porém da publicação dos dois livros. O currículo está disponível na home page da
Fundação Pio XII – Hospital do Câncer de Barretos. Internet: <http://www.hcancerbarretos.com.br/hcancer2/modules.php?name=News&file=article&sid=240>,
acessado em 3 de novembro de 2006.
[29]
PRATA, Ranulpho. Lampeão. Rio de Janeiro, Abril Editora Ltda, 1934. As citações serão de outra
edição: Lampião. São Paulo: Traço Editora, s/d, p. 17.
[30]
DOMINGUES, Marildo Pires. Op. cit., p. 65. O Instituto Histórico e Geográfico de Santos (IHGS) não
possui qualquer documento referente à passagem de Prata pela instituição.
[31]
CANCLINI, Néstor García. Culturas Híbridas: Estratégias para Entrar e Sair da Modernidade. São
Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2000 (1ª edição: 1997). No ensaio Contradições Latino-americanas: Modernismo sem Modernização?
Canclini caracteriza duas ondas de modernização na América Latina. A primeira, entre o final do século XIX e o início do XX, impulsionada pelas
oligarquias progressistas, e a segunda, localizada entre as décadas de 1920 e 1930, caracterizada pela expansão do capitalismo, e pela "ascensão
democratizadora dos setores médios e liberais". Apesar disso, a modernização é um processo que não se completou: "Modernização com expansão restrita
do mercado, democratização para minorias, renovação das idéias mas com baixa eficácia nos processos sociais. Os desajustes entre modernismo e
modernização são úteis às classes dominantes para preservar sua hegemonia, e às vezes para não ter que se preocupar em justificá-la, para ser
simplesmente classes dominantes", p. 69.
[32]
BERNARDINI, Sidney Piochi. Os planos da cidade: as políticas de intervenção urbana em Santos – de
Estevam Fuertes a Saturnino de Brito (1892-1910). São Carlos: RiMa, Fapesp, 2006, principalmente o Capítulo 1, Consolidação do grande capital
cafeeiro e planejamento territorial paulista, no qual o autor descreve o eixo formado por Campinas, São Paulo e Santos, respectivamente, centro
produtor, centro distribuidor e centro exportador do café.
[33]
GINZBURG, Carlo. Tolerência e comércio – Auerbach lê Voltaire.
In: O fio e os rastros: verdadeiro, falso, fictício. São Paulo: Companhia das Letras, 2007
[34]
PRATA, Ranulpho. O Triunfo. Rio de Janeiro, Abril Editora Ltda.: 1918. A ortografia foi
atualizada na citação.
[35] PRATA, Ranulpho. O lírio na
torrente. Rio de Janeiro, Abril Editora Ltda: 1925. A frase "Para juiz lá está Deus" reforça a concepção resignada do drama humano na obra de
Ranulpho Prata.
[36]
PRATA, Ranulpho. Dentro da vida. Rio de Janeiro, Abril Editora Ltda: 1922.
[37]
As citações de Navios Iluminados serão indicadas pelas inicias do romance em letras maiúsculas,
separadas por vírgula do número da página, tendo como referência a quarta edição, de 1996.
[38]
A entrevista publicada originalmente na revista Vamos Ler foi reeditada em O Diário, de Santos, em 08
de agosto de 1943. In: RAMOS PESTANA, Sonia Maria. Op. cit., 166.
[39]
A Tribuna, 30/09/1927. In: RAMOS PESTANA. Op. cit., p. 121.
[40]
Ambulatório Graffrée e Guinle. A Tribuna, 13/05/1930. p. 2. In:
<http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0260x.htm>.
[41]
A Tribuna, junho de 1927. In: RAMOS PESTANA. Op. cit., p. 122 e A Tribuna. Indicador
Profissional. Santos, 1º/1/1938 e 2/1/1938.
[42]
Termo usado pelo narrador para descrever os personagens com tuberculose.
[43]
A Tribuna. Indicador Profissional, 1º e 2 de janeiro de 1938, p. 14. Em 20 anúncios da cópia
página de indicadores profissionais de 1927, além de Prata, outros três médicos também informam clinicar em hospitais ou outras instituições; nos 15
registros da página copiada de 1937, apenas Prata não informa apenas a clínica no consultório. In: RAMOS PESTANA. Op. cit., pp.
121-122.
[44]
Vamos Ler, janeiro de 1940. In: O Diário, s/d. In: RAMOS PESTANA. Op. cit., p. 164. O perfil de
VIEIRA, monsenhor Primo. Op. cit., p. 13 também traz a mesmo parágrafo, com a diferença da omissão do trecho "Quer
saber de uma coisa?... Gostaria de não ser escritor. Gostaria sinceramente de poder viver uma vida exclusivamente física. Mas, é sina da gente
declaração". A nota informativa de Primo Vieira traz a seguinte informação: "'Vamos Ler', 4/1/42".
[45]
SILVEIRA BUENO. Ranulpho Prata. In: PRATA, Ranulpho. Navios Iluminados. São
Paulo: Clube do Livro, 1946, p. 14. Além da observação clínica da realidade como matéria-prima para a escrita ficcional, Prata também produziu
literatura médica, uma monografia, O valor da radiografia no esqueleto e no diagnóstico da sífilis congênita, lembra Primo Vieira.
[46]
CARRERAS i VERDAGUER, Carles. Curso de Geografia e Literatura da pós-graduação do Departamento de
Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Aula de 24 de abril de 2003. Na virada de século, ainda
conforme o professor, os textos produzidos por esses humanistas apontaram os caminhos para os estudos das condições demográficas
[47]
GINZBURG, Carlo. Sinais: Raízes de um paradigma indiciário. In: Mitos, emblemas, sinais:
morfologia e história. Companhia das Letras: São Paulo, 2007, p. 157.
[48]
HERSCHMANN, Micael M. e PEREIRA, Carlos Alberto Messeder. O imaginário moderno no Brasil. In:
HERSCHMANN, Micael M. e PEREIRA, Carlos Alberto Messeder (orgs). A invenção do Brasil Moderno: medicina, educação e engenharia nos anos 20-30.
Rio de Janeiro: Rocco, 1994, p. 13.
[49]
LAFETÁ, João Luiz. 1930: a crítica e o Modernismo. São Paulo: Editora 34; Duas Cidades, 2000
(Coleção Espírito Crítico), pp. 28-29.
[50]
BUENO, Luís. Uma História do Romance de 30. São Paulo, Editora da Universidade de São Paulo;
Campinas: Editora da Universidade de Campinas, 2006, p. 66.
[51]
A denominação "romance proletário" e informações sobre as obras literárias acima foram encontradas também na página na
internet do Centro de Documentação de História Contemporânea do Brasil da Fundação Getúlio Vargas: <http://www.cpdoc.fgv.br/nav_historia/htm/anos30-37/ev_inteest_litproletaria.htm>.
Acesso em 04 jun. 2004.
[52]
BUNEO, Luís. Op. cit., p. 159.
[53]
O episódio realmente ocorreu, mas em 1946, depois da guerra, sendo que eram dois navios espanhóis que
chegavam ao porto de Santos. Transcrição de uma reportagem de A Tribuna em Novo Milênio mostra também que a ação dos estivadores tinha
também motivos internos, como a luta por liberdade sindical. Disponível em
http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0362b.htm ,
acessado em 14/09/2007. A mudança promovida por Jorge Amado, trazendo o episódio para o período da guerra e alterando a nacionalidade do navio,
sugere uma estratégia narrativa traçada para valorizar a carga dramática do episódio e "heroicizar" a reação negativa dos estivadores.
[54] BONVICINO, Régis. Parque Industrial,
pioneiro ousado. Caderno 2. Estado de São Paulo, 18/03/2007, p. D5.
[55] Centro de Pesquisa e Documentação
História Contemporânea do Brasil da Fundação Getúlio Vargas. Anos de incerteza (1930-1937). Os intelectuais e o Estado. Disponível em: <http://www.cpdoc.fgv.br/nav_historia/htm/anos30-37/ev_inteest001.htm>.
Acesso em 4 jun. 2004.
[56] CARVALHO-NETO, Paulo de. Op. cit., p.
7.
[57] WERNECK SODRÉ, Nelson. "Livros novos.
Navios Iluminados". Correio Paulistano, 20 de fevereiro de 1938. Apud CARVALHO-NETO, Paulo de. Op. cit., p. 7.
[58] PECAUT, Daniel. "A geração dos anos
1920-40". In: Os intelectuais e a política no Brasil. s.l, Ática, 1989.
[59] Disponível em
<http://www.cpdoc.fgv.br/nav_historia/htm/biografias/ev_bio_jacksondefigueiredo.htm >,
acessado em 17/10/2007.
[60] MICELI, Sergio. Intelectuais à
brasileira. São Paulo: Companhia das Letras, 2001, p 127.
[61] SALEM. Do Centro D. Vital
à Universidade Católica. In: SCHWARTZMAN, Simon (org). Universidades e Instituições Científicas do Rio de Janeiro. Brasília: Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), 1982, pp 97-134. Internet: <http://www.schwartzman.org.br/simon/rio/tania.htm#_ftnref1>,
último acesso em 28/09/2007.
[62] TRISTÃO DE ATHAYDE. Estudos
literários. Vol 1>. Rio de Janeiro: Aguilar, 1966, p. 34. Apud LAFETÁ, João Luiz. 1930: a crítica e o Modernismo. São Paulo: Duas
Cidades; Editora 34, 2000, pp 80-81.
[63] PRIMO VIEIRA, monsenhor. Op. cit.,
p. 11.
[64] PABLO NERUDA. Santos Revisitado
(1927-1967). In: A Barcarola. Tradução de Olga Savary. Porto Alegre: L&PM, 2007, p. 130.
[65] VIEIRA, monsenhor Primo.
Ranulpho Prata, quase esquecido. In: Revista da Universidade Católica de São Paulo. Volume XXIII – Dezembro de 1961 – Março de 1962 –
Fascículos 40-41. Páginas 21-49. Há cópias do texto na biblioteca da Academia Santista de Letras e no Centro de Documentação da Baixada Santista, da
Universidade Católica de Santos.
[66] Vários Autores. Jackson de
Figueiredo (1891-1928) – In Memoriam. Rio de Janeiro: Edição do Centro D. Vital, 1929.
[67] FIGUEIREDO, Jackson de.
Carta a um jovem romancista. A Notícia, Rio de Janeiro, 3 de setembro de 1918. Apud: PRIMO VIEIRA, monsenhor. Op. cit., p. 10.
[68] PRATA, Ranulpho. Anotações
do autor. Apud: VIEIRA, monsenhor Primo. Op. cit., p. 26.
[69] PRATA, Ranulpho. Servidão
e grandeza da doença. Boletim da Associação dos Médicos de Santos. Volume I, 1940. Apud: DOMINGUES, Marildo Pires. Médicos literatos
de Santos. Santos: edição do autor, 1980, p. 64. O nome da conferência está na introdução de Paulo Dantas a uma edição sem data de Lampião
da Traço Editora.
[70] PRATA, Ranulpho. Op. Cit.
Apud: VIEIRA, monsenhor Primo. Op. cit., pp. 11-12. A manifestação da doença como oportunidade de praticar os valores cristãos está também em
Dentro da vida.
[71] Prontuário 27395,
sintetizado por TAVARES, Rodrigo Rodrigues. O porto vermelho: a maré revolucionária (1930-1951). Módulo VI - Comunistas. Coleção Inventário
DEOPS, São Paulo, Arquivo do Estado/Imprensa Oficial: 2001.
[72] PERICÁS, Luiz Bernardo. "José
Carlos Mariátegui e o marxismo". In: MARIÁTEGUI, José Carlos. Do sonho às coisas: retratos subversivos. Tradução, organização e
introdução de Luiz Bernardo Pericás. São Paulo, Boitempo, 2005.
[73]
Martins Fontes é também a figura histórica em que se baseia Adelto Gonçalves na construção do médico e poeta
que é o personagem principal do romance Barcelona Brasileira.
[74] PRATA, Ranulpho. Op. cit., p. 21.
[75] Na resenha sobre o
relançamento de Parque Industrial, Bonvicino lembra que Patrícia Galvão assinou o romance com o pseudônimo Mara Lobo para evitar atritos com
o Partido Comunista, ao qual era filiada.
[76] Sobre o realismo: "Na
literatura moderna [século XIX], qualquer personagem, seja qual for o seu caráter ou posição social, qualquer acontecimento, fabuloso, político ou
limitadamente caseiro, pode ser tratado pela arte imitativa de forma séria, problemática e trágica, e isto geralmente acontece. AEUERBACH, Erich.
Mimesis: a representação da realidade na literatura ocidental. São Paulo: Perspectiva, 2007 (1946), p. 27.
[77] Sobre o realismo: "Na
literatura moderna [século XIX], qualquer personagem, seja qual for o seu caráter ou posição social, qualquer acontecimento, fabuloso, político ou
limitadamente caseiro, pode ser tratado pela arte imitativa de forma séria, problemática e trágica, e isto geralmente acontece. AEUERBACH. Erich.
Mimesis: a representação da realidade na literatura ocidental. São Paulo: Perspectiva, 2007 (1946), p. 27.
[78] AURBACH, Eric. Op. cit., p. 11.
Mais à frente (pp. 61-62), Auerbach mostra como a Paixão de Cristo age como matriz dos relatos do quotidiano e da decadência física na literatura
ocidental: "Que o Rei dos Reis tenha sido escarnecido, cuspido, açoitado e pregado na cruz, como um criminoso comum, - este relato aniquila
totalmente, tão logo domina a consciência dos homens, a estética da separação dos estilos [extremamente separados na literatura da antigüidade].
Produz um novo estilo elevado, que não despreza absolutamente o quotidiano, e que incorpora em si o realismo sensorial, até o feio, o indigno, o
fisicamente baixo...".
[79] BUENO, Luis. Uma história do
romance de 30. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo; Campinas: Editora da Unicamp, 2006, p. 494.
[80] BUENO, Luis. Op. cit.,
p. 494.
[81] BUENO, Luis. Op. cit., p.
496.
[82] Uma interessante especulação seria
imaginar se Ranulpho Prata e Graciliano Ramos leram os livros um do outro ou até se mantinham algum contato mais estreito já que no espaço de um ano
publicariam suas principais obras pela mesma editora, a José Olympio.
[83] BUENO, Luis. Op. cit.,
p. 497. Auerbach, op. cit., p. 36, por sua vez, caracteriza o movimento pendular como outra contribuição do cristianismo à literatura ocidental e a
uma outra concepção trágica, na qual a fé substitui o destino.
[84] BUENO, Luis. Op. cit.,
p. 503. Na pesquisa para esta dissertação, foram encontradas quatro edições, que serão listadas mais na seção seguinte, além de uma tradução de
Navios Iluminados para o espanhol publicada em 1940 e uma em braile, também em espanhol, publicada pela Biblioteca Argentina para Cegos em 1971
(<http://www.bac.org.ar/servicios/braille/index.php?genero=NOVELAS >).
[85] PRIMO VIEIRA, monsenhor.
Op. cit..
[86] Cópias dos textos jornalísticos sobre
Navios Iluminados foram obtidas em PESTANA, Sonia Maria Ramos. Santos na obra "Navios Iluminados" de Ranulpho Prata. Monografia de
pós-graduação lato-sensu, com orientação da professora Maria Aparecida Franco Pereira. Santos: Departamento de História da Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras da Universidade Católica de Santos.
[87] Um exemplo desse embate é o artigo da
revista Klaxon em que Mário de Andrade ataca a poesia parnasiana de Martins Fontes.
[88] CARVALHO-NETO, Paulo. Op. cit., p. 25
et passim e PRIMO VIEIRA, monsenhor. Op. cit., pp. 30-31. Os dois autores também fornecem listas de resenhas e artigos sobre os demais livros do
autor.
[89] Os dois autores datam esta resenha de 4
de janeiro de 1934, três anos antes da publicação do romance. O correto é 1938 como se verifica no arquivo de A Tribuna.
[90] Paulo Dantas é o autor também do
prefácio a uma edição de Lampião publicada na década de 50 pela Piratininga. Ali ele conta ter sido encontrado um exemplar da primeira edição do
livro dentro da bolsa de Lampião, com anotações feitas pelo próprio "biografado", no dia em que ele foi morto. Uma edição mais recente de Lampião,
sem data, da Traço Editora, também traz o prefácio e uma nota conclusiva de Paulo Dantas.
[91] CHARTIER, Roger e ROCHE, Daniel. O
livro: uma mudança de perspectiva. In: LE GOFF, Jacques e NORA, Pierre (org). História: Novos Problemas, Novas Abordagens. Novos Objetos (em três
volumes). Rio de Janeiro; Livraria Francisco Alves Editora, 1976.
[92] SEVCENKO, Nicolau. Op. cit., p. 117.
[93] No capítulo 3 veremos como o
memorialista Nelson Salasar Marques compara a ocupação do Macuco entre as décadas de 20 e 30 do século XX à expansão ao oeste nos Estados Unidos,
espaço mítico da formação daquele país.
[94] GARAY, Benjamín de. A Manera de
Prefacio. In: PRATA, Ranulfo. Vapores Iluminados. Buenos Aires, Argentina: Editorial Claridad, 1940, p. 5. Trecho traduzido pelo autor da
dissertação.
[95]
GARAY, Benjamín de. Op. cit., p. 6.
[96]
GARAY, Benjamín de. Op. cit., pp. 6-7.
[97]
GARAY, Benjamín de. Op. cit., pp. 7-8.
[98]
Em texto publicado originalmente no Diário Oficial do Estado de Alagoas em 27 de outubro de 1992,
Pedro Moacir conta que Garay costumava se corresponder com Graciliano Ramos pedindo ao autor histórias regionais para serem publicadas em periódicos
argentinos. Em 1937, um ano antes da publicação de Vidas Secas, Graciliano Ramos envia 11 cartas ao tradutor argentino. Disponível em <http://www.geocities.com/gracilianoramos/origens.htm>.
Acessado em 15 de novembro de 2007.
[99]
Em 1954, Afonso Schmidt faria elogios ao conteúdo histórico do documentário de Ranulpho Prata
publicado em 1934: "Que eu saiba, o livro do escritor sergipano é o primeiro e o melhor documentário sobre aquele cangaceiro"... "Disso resultou uma
obra que, com certeza, não desaparecerá da literatura brasileira. Daqui a muito tempo, quando os sábios, os historiadores e os artistas se voltarem
para essa aventura medieval no primeiro quartel de nosso século, irão inspirar-se no documento honesto de Ranulfo (sic) Prata". "Quando Ranulfo
(sic) Prata escreveu o precioso documentário, os olhos dos estudiosos ainda não tinham pousado sobre Virgulino Ferreira. Ele ainda não era
histórico, contentava-se em ser fenômeno. Foi depois deste livro escrito em 1933 que os etnólogos e sociólogos tomaram Lampião como objeto de
estudo". In: CARVALHO-NETO, Paulo de. Op. cit.,p. 24.
[100]
SILVEIRA BUENO. Op. cit., p. 13.
[101]
SILVEIRA BUENO. Op. cit., pp. 13-14.
[102]
SILVEIRA BUENO. Op. cit., p. 14.
[103]
SILVEIRA BUENO. Op. cit., p. 15.
[104]
Ver nota 61.
[105]
CLUBE DO LIVRO. Nota explicativa. In:
PRATA, Ranulpho. Dentro da vida. São Paulo: Clube do Livro, 1953.
[106]
PRATA, Ranulpho. Navios Iluminados. 3 ed. Coleção Contemporânea. Rio de Janeiro: Edições O
Cruzeiro, 1959.
[107]
ARROIO, Leonardo. "Navios Iluminados", história triste. Folha da Manhã, 1960. In:
RAMOS PESTANA, Sonia Maria.
[108]
PRATA, Ranulpho. Navios Iluminados. 3ª edição. Coleção Brasilis. São Paulo-Santos: Scritta/Página
Aberta e Prefeitura Municipal de Santos, 1996.
[109]
É desta época a criação da CLT, do 13º e das férias remuneradas.
[110]
TAVARES, Rodrigo Rodrigues. Op. cit., 45 et passim.
[111]
Disponível em <http://www.nese.unisanta.br/download/serviços/decada-transf.pdf>.
[112]
PRATA, Ranulpho. Op. cit.
[113] SILVA, Fernando Teixeira da.
A carga e a culpa. Os operários das Docas de Santos: Direitos e Cultura de Solidariedade 1937-1968. São Paulo: Editora Hucitec; Santos:
Prefeitura Municipal de Santos, 1995; HONORATO, Cezar. O polvo e o porto. A Cia. Docas de Santos (1888-1914). São Paulo: Editora Hucitec;
Santos: Prefeitura Municipal de Santos, 1996; LANNA, Ana Lúcia Duarte. Uma cidade na transição. Santos: 1870-1913. São Paulo: Editora Hucitec;
Santos: Prefeitura Municipal de Santos, 1996.
[114]
ROLDÃO MENDES ROSA. Poemas do não e da noite. São Paulo: Editora Hucitec; Santos: Prefeitura Municipal
de Santos, 1995, p. 44.
[115]
GONÇALVES, Alcindo. Lutas e sonhos: cultura política e hegemonia progressista em Santos (1945-1962). São Paulo: Editora da
Universidade Estadual Paulista; Santos: Prefeitura Municipal de Santos, 1995; GITAHY, Maria Lucia Caira. Ventos do mar: trabalhadores do porto,
movimento operário e cultura urbana. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista; Santos: Prefeitura Municipal de Santos, 1992.
[116]
LANNA, Ana Lúcia Duarte. Op. Cit., p. 128.
[117] SILVA. Fernando Teixeira da.
Op. Cit., p. 22.
[118]
GITAHY, Maria Lucia Caira. Op. Cit.,p. 169.
[119]
Carlo Ginzburg comenta que a ausência de documentos é um problema comum aos estudos que tenham como objeto as classes populares, em muitos
dos quais o historiador pode encontrar informações na literatura ou nas tradições dos povos, cuja cultura, lembra Carlo Ginzburg, até hoje é
"predominantemente oral". Mesmo assim, ele ressalta que "não é preciso exagerar quando se fala em filtros e intermediários deformadores. O fato de
uma fonte não ser 'objetiva' (mas nem mesmo um inventário é 'objetivo') não significa que seja inutilizável. Uma crônica hostil pode fornecer
testemunhos preciosos sobre o comportamento de uma comunidade camponesa em revolta". GINZBURG, Carlo. O queijo e os vermes. O cotidiano e as
idéias de um moleiro perseguido pela inquisição. São Paulo: Companhia das Letras. 3ª edição, 2004.
[120]
LOPES, Álvaro Augusto. "Navios Iluminados" – Livraria José Olympio, Rio de Janeiro, 1937. A Tribuna, 04/01/1938, p. 08.
[121]
AMARAL, Rubens. Navios Iluminados. Folha da Manhã, 13/03/1938 Apud RAMOS PESTANA, Sonia Maria. Op. cit. pág. 135.
[122]
SILVA, Jair. Navios Iluminados. Folha de Minas, 25/03/1938.
[123]
ANDRADE, Narciso de. Adelto Gonçalves ou a paixão pela literatura. AT Especial, caderno semanal de A Tribuna, 19/11/1993, p. 9.
O primeiro livro reunindo poesias de Narciso de Andrade, Poesia Sempre, foi publicado apenas em 2006, pela Editora Unisanta, da Universidade
Santa Cecília, após quase 50 anos de fazer poético.
[124]
Em literatura, explica a Enciclopédia e Dicionário Ilustrado Koogan/Houaiss, ciclo se refere a obras agrupadas em torno de um fato ou de um
personagem.
[125]
MORETTI, Franco. Atlas do romance europeu. São Paulo: Boitempo, 2003, p. 119.
[126] Em entrevista realizada em
agosto de 2005, Adelto Gonçalves confirmou que o protagonista do romance é baseado em Martins Fontes, médico anarquista e poeta. Em Navios
Iluminados, o dr. Luciano, que atende José Severino no pavilhão de tuberculosos da Santa Casa, é traçado com o mesmo perfil, ainda que em poucas
páginas, em tom de homenagem. Note-se que o romance de Prata é dedicado a Martins Fontes, morto em 1937, dois anos antes de sua publicação. Sobre os
personagens baseados
em Marins Fontes ver ATANES PEREIRA, Alessandro Alberto. Martins Fontes,
de autor a personagem, PortoGente, 25 de julho de 2005. Disponível em
<http://www.portogente.com.br/texto.php?cod=2951&sec=83>.
Último acesso em 22 de setembro de 2007.
[127]
Um esboço dessa análise foi realizado em ATANES PEREIRA, Alessandro Alberto. Literatura
do porto ou da cidade?. PortoGente, 08 de maio de 2007. Disponível em <http://www.portogente.com.br/texto.php?cod=8758&sec=83>.
Acessado em 14/12/2007.
[128]
ATANES PEREIRA, Alessandro Alberto. O porto dos pequenos expedientes. PortoGente, 17 de janeiro de 2006. Disponível em <http://www.portogente.com.br/texto.php?cod=3546&sec=83>.
Último acesso em 22 de setembro de 2007.
[129] Em 2001, durante o funeral do
governador Mário Covas no cemitério do Paquetá, a prefeitura levantou tapumes em frente aos prédios mais próximos ao cemitério para que os
participantes do cortejo não presenciassem os cortiços que ainda estão por lá.
[130]
SILVA, Fernando Teixeira da. Op. cit., p. 137.
[131]
SILVA, Maurício. O cruel realismo do cais do porto. Leopoldianum. Vol. XX, nº 56. Santos: Editora Leopoldianum, s/d.
[132]
Para além dos romances, o porto de Santos já foi tratado na poesia por nomes como Rui Ribeiro Couto, Pablo Neruda, Elizabeth Bishop e Blaise
Cendrars, além do já citado Roldão Mendes Rosa e dos contemporâneos Alberto Martins e Narciso de Andrade. Se
contarmos os relatos de viajantes, podemos enumerar ainda Rudyard Kipling, Claude Levi-Strauss, José Vasconcelos e até Le Corbusier, que desenhou a
baía de Santos na escala da viagem que fez a Buenos Aires.
[133] Ranulpho Prata nasceu em 04 de
maior de 1896. MENEZES, Raimundo de. Dicionário Literário Brasileiro Ilustrado. Volume IV. São Paulo: Instituto Nacional do Livro;
Edições Saraiva, 1969.
[134]
A primeira edição de O Triunfo foi consultada na Biblioteca da Sociedade Humanitária dos Empregados do Comércio de Santos, onde se
encontram ainda edições de A longa estrada (1925) e de Lampião (1934) que, junto com Navios Iluminados, completam a
bibliografia do escritor.
[135]
Vamos ler, s/d. Republicada em O Diário, 08/09/1943. In: RAMOS PESTANA, Op. cit., p. 165.
[136]
Nas décadas de 1920 e 1930 o porto de Santos já havia se consolidado como o mais importante do país devido aos investimentos em
infra-estrutura realizados durante os 50 anos que antecederam esse período, entre eles a construção da Ferrovia Santos-Jundiaí (1867) e a
transformação das pontes e trapiches no cais unificado (1892), conta HONORATO, Cezar. O polvo e o porto. A Cia Docas de Santos (1888-1914). A
consolidação do porto também permitiria a chegada de braços para o epicentro dessas transformações: as fazendas de São Paulo, fonte hegemônica da
modernização conservadora brasileira nos moldes da "modernização sem modernidade" das grandes cidades da América Latina, na análise de Nestor García
Canclini.
[137] PRATA, Ranulpho. Navios
Iluminados. Op. cit., pp 43 e 158.
[138]
HARDMAN, Francisco Foot. Antigos modernistas. In: NOVAES, Adauto (org). Tempo e História. São Paulo; Secretaria
Municipal de Cultura/Companhia das Letras, s.d.
[139]
SEVCENKO, Nicolau. Literatura como Missão. Tensões Sociais e Criação Cultural na Primeira República. 2ª edição, revista e ampliada.
São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
[140]
ATANES PEREIRA, Alessandro Alberto. De Barcelona para Barcelona. PortoGente, 7 de março
de 2006. Disponível em <http://www.portogente.com.br/texto.php?cod=3704&sec=83>.
Acessado em 15/11/2007.
[141]
O internacionalismo operário se reflete também na obra literária do escritor estadunidense John dos Passos. Em seu romance 1919,
publicado em 1932, os personagens são jovens – na maior parte de esquerda e pacifistas – que se engajam durante a Primeira Guerra Mundial em
serviços como a Cruz Vermelha, representações políticas, o jornalismo ou a burocracia administrativa. O espaço desse engajamento é aquele formado
pelo circuito de viagens entre os portos do Mar Mediterrâneo e os da costa atlântica da América, um território desde o fim do século XIX disputado
com o imperialismo, e, logo depois, pelas ideologias totalitárias.
[142]
O conceito de máquinas narrativas aplica-se ao desenvolvimento dos enredos literários, assemelham-se aos "gêneros estabelecidos, que são como
rios em que a gente entra". FIGUEIRAS, Mauricio Montiel. Letras mestiças. Entrevista com Ricardo Piglia. Folha de S. Paulo, Mais!,
15/06/2003, pp. 4-7. Na literatura que tem o porto de Santos como tema é de se notar a coincidência narrativa de três poemas que mostram a chegada
ao cais. Blaise Cendrars e Elizabeth Bishop deram o mesmo nome a suas peças, Chegada em Santos, enquanto Pablo Neruda escreveu Santos
revisitada, nome próximo ao usado pelos outros dois artistas e que revela ainda o reencontro com o cais santista. O encadeamento dos três poemas
(de forma geral: vista da terra, descrição da paisagem, comentário sobre o trânsito do porto e desembarque) sugere o espaço portuário como uma
máquina narrativa.
[143]
PREFEITURA MUNICIPAL DE SANTOS. Recenseamento da Cidade e Município de Santos em 31 de dezembro de 1913. Santos: 1914.
[144]
GITAHY, Maria Lucia Caira. Op. Cit., p. 121.
[145]
TAVARES, Rodrigo Rodrigues. A "Moscouzinha" brasileira: cenários e personagens do cotidiano operário de Santos (1930-1954). São Paulo:
Associação Editorial Humanitas e Fapesp, 2007. O censo de 1934, encontrado pelo pesquisador em um boletim do Departamento Estadual de Estatística,
mostrava que 26,4% da população santista, de 142.059 pessoas, era formada por estrangeiros.
[146]
TAVARES, Rodrigo Rodrigues. Op. cit., p. 57.
[147]
Para uma amostra da variedade de configurações de trabalhadores portuários em cidades como Nova York, Nova Orleans, São Pedro e São Francisco
(Estados Unidos); Saint John (Canadá); Londres, Havre, Roterdam e Hamburgo SILVA, Fernando Teixeira da. Op. cit., pp. 131-134. Apesar das
diferenças são configurações condicionadas pela "base tecnológica da indústria marítima, que comporta três componentes fundamentais: diferentes
tipos de cargas transportadas, com enorme diversidade de pesos, medidas e condições de acondicionamento no interior das embarcações; variada
dimensão, capacidade, desenho e estado de conservação dos navios; instrumentos de trabalho necessários para a movimentação de mercadorias. Na medida
em que cargas e dimensões dos navios não são padronizadas, há especificidades que afetam o modo com que as mercadorias devem ser carregadas e
acondicionadas. Verifica-se, assim, uma variada gama de qualificação e estratificação ocupacional que não nos permite falar em profissionalmente
homogênea e indiferenciada, supostamente ao abrigo de tensões, rivalidades e setorialismos nos interior dos grupos de trabalhadores".
[148]
GITAHY, Maria Lucia Caira. Op. cit., p. 105.
[149] Por imaginário, ficamos aqui com
a definição de Berthold Zilly, tradutor de Os sertões para o alemão, em promovida pelo Centro de Estudos Latino-americanos Ángel Rama entre 9
e 13 de setembro de 1991: "conjunto de idéias ou imagens, portanto uma realidade sui generis, mais ou menos autônoma, convincente, até talvez
fascinante, de certa perfeição e coerência, e, de qualquer forma, não arbitrária, que apela para as expectativas emocionais e intelectuais do homem,
ou, pelo menos, de um grupo social". Sua conferência, A Guerra de Canudos e o Imaginário da Sociedade Sertaneja em Os Sertões, de Euclides da
Cunha: da Crônica à Ficção, bem como as demais proferidas no seminário internacional foram reunidas em CHIAPPINI, Ligia e AGUIAR, Flávio Wolf de
(orgs). Literatura e História na América Latina. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1993.
[150]
MARTINS, Alberto. Em torno da cidade (fragmento). In: Cais. São Paulo: Editora 34, 2002.
[151] "E aí está realmente a questão:
num espaço novo, precisamos de um 'desenho semântico' de nosso entorno [...] e apenas as metáforas sabem como fazê-lo. Apenas as metáforas,
quero dizer, podem ao mesmo tempo expressar o desconhecido que devemos enfrentar e, contudo, contê-lo". MORETTI, Franco. Op. cit., p. 57.
[152] A passagem é extremamente rica
em imagens metafóricas ainda porque a saudade que o personagem sofre aperta-lhe o mesmo peito que seria atacado também pela tuberculose.
[153]
LANNA, Ana Lúcia Duarte. Op. cit., p. 26. A imagem para "fora dos quartéis" veio da leitura de Lanna. Sobre as mudanças urbanas de
Santos ver também: ANDRADE, Wilma Therezinha Fernandes de. Op. cit.
[154]
LANNA, Ana Lúcia Duarte. Op. cit., p. 51 et passim. A fonte sobre população (p. 50) é Zélia Cardoso de Mello & Flávio A.
M. Saes, "Características dos núcleos urbanos em São Paulo". In: Revista de Estudos Econômicos 15(2), maio/agosto de 1985. São Paulo, IPE,
1985. O número acumulado de mortes entre 1890 e 1900 são de: Maria Alice Rosa Ribeiro. História sem fim... um inventário da saúde pública. São
Paulo 1880-1930. Tese de doutorado, IE, Unicamp, Campinas, 1991, p. 51.
[155]
Recenseamento da Cidade e Município de Santos em 31 de dezembro de 1913. Santos: Prefeitura Municipal de Santos, 1914.
[156]
O Ministério da Viação e Obras Públicas aprovou a construção pelo decreto nº 6.961, assinado pelo presidente Affonso Augusto Moreira Penna em
21/05/1908. Fonte: Ministério da Viação e Obras Públicas. Portos do Brasil. Lei, decretos, contractos e mais actos officiaes sobre os portos do
Brasil, com annotações e noticia resumida dos estudos, projectos, concessões e obras de melhoramentos nelles executados de 1905 a 1911. Rio de
Janeiro: Imprensa Nacional, 1912.
[157]
ÁLVARO, Guilherme. A Campanha Sanitária em Santos; São Paulo, 1919. Trecho citado em LANNA, Ana Lúcia Duarte. "A transformação urbana:
Santos 1870-1920". In: Revista USP (mar./mai. 1989); São Paulo: Coordenadoria de Comunicação Social da Universidade de São Paulo, 1989.
[158]
Centenário dos canais: a obra de Saturnino de Brito. Palestra da Profª Drª Wilma
Therezinha Fernandes de Andrade, proferida em 25 de agosto de 2005 na CEV (Comissão Especial de Vereadores) criada para as comemorações da passagem
do centenário da inauguração do primeiro dos canais de drenagem, transcrita em <http://www.canaisdesantos.com.br/historia.htm>,
ao lado do texto, uma tabela traz a data de inauguração de cada um dos 9 canais do projeto da Comissão de Saneamento.
[159]
Informações prestadas à Câmara pelo Prefeito Municipal. Sr. Belmiro Ribeiro, em 1913, sobre a referida planta. In: SATURNINO DE BRITO,
Francisco Rodrigues. A Planta de Santos. 1915, p. 187: Belmiro Ribeiro escreve: "conhecedores do plano de melhoramentos, (os proprietários)
passaram a exigir preços fabulosos pelos terrenos, até então de pequeno valor". No próprio ofício em que oferece a planta, de 31/12/1910, Saturnino
mostra preocupação com a recepção do projeto e pede ao poder municipal que impeça nas Posturas Municipais punições aos que retirarem as marcas,
feitas com "ferro e cimento" nos terrenos.
[160]
Francisco Saturnino de Brito. Op. cit.
[161]
Fonte: A Tribuna, 05/08/1928. Disponível em <http://www.novomilenio.inf.br/santos/mapa34.htm>,
acessado em 10/06/2006.
[162]
O recenseamento municipal publicado em 1914 traz alguns dos outros edifícios construídos no eixo das ruas XV de Novembro e Santo Antônio:
Associação Comercial de Santos, London Bank, River Plate Bank, Banco do Commercio e Industria de São Paulo, Brasilianisch Banck, Banco Francês do
Brasil, Banco Espanhol del Rio de La Plata, Banco Ítalo-Belga, Banco Transatlantico Alemão, Banco Agricola de São Paulo (os nomes repetem a grafia
original).
[163]
A imagem está disponível em <http://www.novomilenio.inf.br/santos/mapa09.htm>,
última visualização 08/06/2006. A Planta Oficial da Cidade de 1920 foi desenhada também por Saturnino de Brito; sua imagem digital disponível (<http://www.novomilenio.inf.br/santos/mapa29.htm>)
não é legível. O site informa que as imagens foram feitas a partir dos originais da coleção de Eduardo Curvello Rocha.
[164] Prefeitura Municipal de Santos.
Op. cit.
[165] IBGE. Município de Santos. Área,
população e posição. s/l: IBGE, 1949.
[166]
LANNA, Ana Lúcia Duarte, Op. cit., p. 55.
[167]
HONORATO, Cezar. Op. cit., p. 110.
[168]
Sobre os chalés: CALDATO, Gino. Chalé de Madeira – a moradia popular de Santos. In: BLAY, Eva Alterman e outros. A luta pelo espaço.
Petrópolis: Vozes, 1979.
[169]
Prefeitura Municipal de Santos. Op. cit., p. 95.
[170]
Nelson Salasar Marques. Imagens de um mundo submerso. In: A Tribuna, 28/10/1989, p. 18.
[171]
Secretaria do Estado da Agricultura, Indústria e Comércio. Município de Santos. Mapoteca da
Biblioteca de Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Localização: S48.
[172]
GITAHY, Maria Lucia Caira. Op. cit., p. 131, baseado no Recenseamento da cidade e do município de Santos, de 1913.
[173]
SILVA. Fernando Teixeira da. Op. cit., p. 16.
[174]
Esse emaranhado de ações concentradas na escala do bairro permite à pesquisa, por meio das técnicas de aproximação da micro-história, traçar
o perfil portuário do Macuco, em contraste com os demais bairros da cidade.
[175]
A idéia de inabilidade vem de análises sobre dois outros personagens nordestinos migrantes, Macabéa e Fabiano, protagonistas de A hora da
estrela (1977), de Clarice Lispector, e de Vidas secas (1938), de Graciliano Ramos. Fonte: Alfredo Bosi. Sobre Vidas Secas e Suzi Frankl Sperber.
Jovem com ferrugem. In: SCHARZ, Roberto (org). Os Pobres na Literatura Brasileira. São Paulo: Brasiliense, 1983.
[176]
Anúncio digitalizado de um exemplar de Flamma, revista mensal publicada em Santos a partir de 1921 por mais de três décadas. Flamma, janeiro
de 1937, ano XVI, nº 01.
[177]
PREFEITURA MUNICIPAL DE SANTOS. Recenseamento da Cidade e Município de Santos em 31 de dezembro de 1913. Santos: 1914.
[178]
GITAHY, Maria Lucia Caira. Op. Cit., p. 107.
[179]
MUNIZ JR, J. Organizações e repartições do Porto de Santos. Santos: Edição do autor, 1988.
[180]
IBGE. Op. cit.
[181] Resolução do Conselho Nacional
do Trabalho, de 06 de janeiro de 1941, sobre o inquérito administrativo que o estivador Aldemar Carlos Costa responde por abandono de emprego, traz
trechos do depoimento do empregado em que demonstra interesse em permanecer na turma de estivadores 44 porque a turma D, para onde fora transferido,
"não costuma executar serviços extraordinários e como tem várias contas para pagar e sua família seja numerosa, os salários que viria a perceber
(sic) na turma D, seriam insuficientes para as suas despesas". Fonte: Companhia Docas de Santos. Legislação Relativa ao Porto de Santos. 1938-1942.
Volume II. (compilada por A. Moreira Filho). Rio de Janeiro: Baptista & Cia Editores, 1943.
[182]
TAVARES, Rodrigo Rodrigues. O porto vermelho: a maré revolucionária (1930-1951). Inventário DEOPS, Módulo IV - Comunistas. São Paulo: Arquivo
do Estado e Imprensa Oficial, 2001 (p. 17). Além de uma análise da mitificação de Santos como cidade vermelha, o estudo traz centenas de prontuários
do DOPS relativos a trabalhadores, sindicatos e instituições de Santos entre as datas do título do livro. Há citação inclusive de Ranulpho Prata
como 1º secretário da Sociedade Amigos do Dr. Martins Fontes.
[183]
GONÇALVES, Alcindo. Lutas e sonhos: cultura e hegemonia progressista em Santos (1945-1962). São Paulo-Santos: Editora da Universidade
Estadual Paulista e Prefeitura Municipal de Santos. 1995 (p. 75).
[184]
GITAHY, Maria Lucia Caira. Op. Cit., p. 108.
[185]
SILVA, Fernando Teixeira da. Op. Cit., p. 190.
[186]
TAVARES, Rodrigo Rodrigues. Op. Cit., p. 142.
[187] GINZBURG, Carlo. Decifrar um
espaço em branco. In: Relações de força. São Paulo: Companhia das Letras, 2002 (p. 113).
[188] O trecho é uma transcrição do
Boletim do Departamento Estadual do Trabalho. Ano I, nº 04, 3º trimestre, 1912. In: GITAHY, Maria Lucia Caira. Op. Cit., p. 169.
[189]
BLUME, Luiz Henrique dos Santos. O "Porto Maldito": modernização, epidemias e moradia da população pobre em Santos no final do século XIX.
In: FENELON, Déa Ribeiro (org).
Pesquisa em História 1: Cidades. São Paulo: Editora Olho d´Água, 1999 (pp. 130, 133 e 140).
[190]
FRANCO, Jaime. A Beneficência. Memória Histórica da Sociedade de Beneficência e contribuição para a história de Santos. Santos: edição do
autor, 1951. Pneumologista a serviço da Beneficência no momento do relatório, é praticamente impossível que Ranulpho Prata não tinha conhecimento
desses números. Vale ainda lembrar que Franco e Prata eram amigos, como atesta a dedicatória de Prata a Franco no exemplar da primeira edição de
Navios Iluminados do acervo da Academia Santista de Letras.
[191] MORETTI, Franco. Op. cit., p.
110.
[192] PRIMO VIEIRA, monsenhor. Op.
cit., p. 10. Prata e Fontes, continua o autor, ao lado de dois outros médicos, Guilherme Gonçalves e Santos Silva, formavam na Beneficência
Portuguesa o que "alguns chamavam de 'Pequena Academia'".
[193]
Home page da Academia Sergipana de Letras. Seção Fundadores. Acessado em
http://www.infonet.com.br/asl/fundadores.htm>. A Academia Sergipana
de Letras foi criada em 1º de junho de 1929, com a participação de Ranulpho Prata. A academia substituiria a Hora Literária, instituição recreativa
fundada em 01º de abril de 1919. NASCIMENTO, José Anderson. A Academia Sergipana de Letras. Acessado em <http://www.infonet.com.br/asl/apresentacao_down.htm>.
Último acesso em 29/09/07.
[194]
GITAHY, Maria Lucia Caira. Op. Cit., p. 108.
[195] SILVA, Fernando Teixeira da.
Operários sem patrões, p. 194.
[196]
SILVA, Fernando Teixeira da. Op. cit., p. 196. O autor se informou sobre o contrato por meio das reportagens publicadas pelo Diário da Manhã
em 26, 27 e 28 de abril.
[197]
A diferença entre marco temporal da ficção e da publicação do livro é explorada também por Carlo Ginzburg a partir de O vermelho e o negro,
de Stendhal, publicado em França no mesmo ano da Revolução de 1830. Apesar de em agosto e novembro daquele ano haver indícios (correção de provas e
fatos inseridos na narrativa) de que o romance ainda estava sendo escrito (ao menos finalizado), o autor escreveu na Advertência à primeira edição
que a obra havia sido escrita em 1827 e, posteriormente, em auto-resenha publicada na revista L'Antologia em 1832, dera como 1829 o período de
redação, ambas as datas com o intuito de fazer do romance "uma representação pontual da sociedade francesa sob a Restauração". Apesar de Stendhal
ter manipulado de forma consciente o tempo da escrita em torno do marco histórico e ainda que não se pode verificar as intenções de Ranulpho Prata
quanto à periodização do romance, os marcos da história dos trabalhadores do porto de Santos permitem escovar a "contrapelo" a relação entre o tempo
da narrativa e a data de publicação do romance. GINZBURG, Carlo. A áspera verdade – Um desafio de Stendhal aos historiadores. In: Op. cit., p. 174
et passim.
[198]
Rodrigo Rodrigues Tavares escreve em A Moscouzinha Brasileira... que na década de 30 a imagem da categoria dos estivadores ainda estava em
construção. Já Fernando Teixeira da Silva, em sua história dos trabalhadores de Santos, apresenta como nas primeiras três décadas do século XX,
principalmente as duas primeiras, a categoria melhor organizada e que mais tinha condições de reivindicações no meio operário era a dos
trabalhadores da construção civil, de caráter anarco-sindicalista. É com a ascendência comunista a partir da segunda metade de década de 20 que os
estivadores assumem a hegemonia no movimento operário santista.
[199]
Para tratar as intenções do autor, o historiador italiano prescreve as teses sobre história de Walter Benjamin: "
Ler os testemunhos históricos a contrapelo, como Walter Benjamin sugeria, contra as intenções de quem os produziu – embora, naturalmente, deva-se
levar em conta essas intenções – significa supor que todo texto inclui elementos incontrolados. Isso vale também para os textos literários que
pretendem se constituir numa realidade autônoma. Até neles se insinua algo de opaco, comparável às percepções que o olhar registra sem entender,
como o olho impassível de uma máquina fotográfica [...] Essas zonas opacas são alguns dos rastros que um texto (qualquer texto) deixa atrás de si".
In: GINZBURG, Carlo. Op. cit., p. 13.
[200]
MARTINS, Alberto. A história dos ossos. São Paulo: Editora 34, 2005. |