Quarta-feira, 13 de
Setembro de 2006, 08:22
BONDE
Negócios com a Ásia
Rafael Motta
Da Reportagem
As tratativas para que o Município receba mais um bonde
para sua linha turística chegaram à Ásia. A Administração mantém contatos com as prefeituras de Nagasaki (Japão) e Ningbo (China) — cidades-irmãs de
Santos — visando a cessão de um veículo para o circuito do Centro Histórico, cuja ampliação começou nesta semana.
Também está previsto que, ainda neste mês, um engenheiro da Prefeitura viaje para
Turim, na Itália, com a qual se negocia que um ou dois bondes sejam cedidos. Um deles, fora de uso, passará por avaliação técnica antes de ser
doado.
Outro bonde italiano deverá ser desativado em 2007, devido à renovação da frota. O
chefe de Gabinete da Prefeitura, Luiz Dias Guimarães, confirmou que esse veículo poderá chegar à Cidade em um ano.
Atualmente, há três bondes em circulação: dois santistas (um aberto e outro fechado,
do tipo camarão) e um vindo da cidade do Porto, em Portugal (também fechado).
Outros dois, também portugueses e fechados, estão na garagem da Companhia de
Engenharia de Tráfego (CET), em início de restauração. Deverão começar a circular quando for concluída a ampliação da linha turística, dos atuais
1.700 para 5 mil metros — o que o secretário de Obras e Serviços Públicos e vice-prefeito, Antônio Carlos Silva Gonçalves, espera ocorrer em oito
meses.
Na segunda-feira, a Construtora e Pavimentadora Latina começou a trabalhar na
ampliação da linha turística do bonde. O projeto é avaliado em R$ 7 milhões 85 mil.
O prefeito João Paulo Tavares Papa, Antônio Carlos Gonçalves e o presidente da CET,
Rogério Crantschaninov, vistoriaram ontem os serviços, na Praça Correia de Melo. O asfalto, no trecho onde serão implantados os trilhos para os
bondes, começou a ser quebrado nas proximidades do ponto de embarque e desembarque do bonde funicular do Monte Serrat, no
sopé do morro.
Os bondes seguirão o fluxo do trânsito na maior parte do circuito. A exceção, no novo
trecho, é a circulação pela Rua Bittencourt, entre a Avenida Senador Feijó e a Rua Brás Cubas, na qual os bondes andarão
no contrafluxo e para os quais haverá uma faixa exclusiva e separada do tráfego de automóveis — semelhante à existente na Rua Cidade de Toledo,
lateral ao Paço Municipal.
Na Rua General Câmara (exceto na região entre as praças
Mauá e Rui Barbosa, já integrada ao atual trajeto), por exemplo, haverá necessidade de
rebaixar o nível da via, com a retirada dos paralelepípedos hoje cobertos por asfalto.
Mais estações - Estações de embarque e descida de passageiros serão construídas
próximo ao sopé do Monte Serrat, à Catedral (a Rua Marrey Júnior, lateral, será transformada em bulevar), ao
Outeiro de Santa Catarina e ao Santuário do Valongo. A da Praça Mauá permanecerá ativa.
Segundo Papa, a variedade de estações permitirá aos passageiros que embarquem onde
preferirem e façam o percurso parcial ou completamente. A tarifa, que deverá ser reajustada, ainda não teve valor definido. "Será o necessário para
manter o custo dos serviços".
Extensão - A CET já iniciou os estudos relativos à planejada extensão do
percurso dos bondes, entre as praças Mauá (Centro) e Independência (Gonzaga).
Um dos itens considerados será a interferência no trânsito de veículos, que o prefeito calcula como "quase nula".
"O bonde andará pela esquerda (da Avenida Ana Costa, nos
dois sentidos), e a linha de trólebus, à direita. Os carros continuarão a ter três faixas de tráfego, e a freqüência do bonde será muito baixa",
avaliou Papa, ao lembrar que os bondes percorrerão trajeto idêntico ao dos carros da Linha 20.
Como revelou a A Tribuna em agosto, Papa espera conseguir um bonde da
Prefeitura de São Francisco (EUA), cidade conhecida pelo uso desses veículos no transporte público e para fins turísticos.
Mas, como a minuta do acordo feita pela administração norte-americana não prevê a
doação, e, sim, uma forma de cessão na qual ela poderia pedir o bonde de volta a qualquer tempo, o prefeito fará uma contraproposta.
"É uma exigência pesada, haveria custos altos de seguro, transporte e, depois de
restaurar o bonde, a Prefeitura gastaria com sua devolução". Papa vai sugerir a doação do bonde ou, pelo menos, a assinatura de um contrato de
comodato com prazo predeterminado.
À parte de um eventual acordo com esse município, a Prefeitura avaliará outras formas
de financiamento do projeto, além de verba do Departamento de Apoio ao Desenvolvimento das Estâncias (Dade). Cogita-se que empresas custeiem parte
das obras, mediante parcerias público-privadas (PPPs).
Balanço - Mais de meio milhão de pessoas andaram nos bondes do Centro Histórico
desde o começo de seu funcionamento, que no dia 23 completará seis anos. Neste ano, até domingo último, passearam de bonde 78.205 pessoas, segundo a
CET. Desde o primeiro dia de operação, foram 529.703 viajantes.
Serviço — A linha turística funciona de terça-feira a domingo, das 11 às 17
horas, com embarque na Praça Mauá. Passagem: R$ 0,50 e gratuita para menores de 5 e maiores de 65 anos |