Mais antigo edifício particular de Santos, situado na atual
Rua Frei Gaspar, 6 (ao lado da Bolsa do Café, num canto do Largo Senador Vergueiro), este prédio
pertenceu à firma brasileira Hard Rand Exportadora e Importadora S.A. até 1970 e foi reformado várias vezes, mantendo sem grandes alterações os seus
traços arquitetônicos. O prédio também foi conhecido como
Palacete Mauá. Nele aconteceu o maior baile santista do século XIX, no carnaval de 1882:
Foto: Poliantéia Santista, de Fernando Martins Lichti, vol. 3, Ed.Caudex Ltda.,
S.Vicente/SP, 1996
O imóvel foi destacado em matéria do jornal santista A Tribuna, em 25 de
julho de 2005, nas edições impressa e eletrônica:
Segunda-feira, 25 de Julho de 2005, 08:47
PATRIMÔNIO
Casarão do Centro preserva riqueza histórica da Cidade
Imóvel de 1818 é a construção particular mais antiga de Santos, mas mantém arquitetura
Da Reportagem
O
Centro Histórico merece esta definição. No número 6 da Rua Frei Gaspar, local que abrigou nos últimos dias o Festival Caros
Amigos, encontra-se o casarão particular mais antigo de Santos. Mas, na correria do dia-a-dia, a maioria das pessoas não tem tempo para conhecer
a história desta rica construção arquitetônica da Cidade.
Este imóvel foi erguido em 1818 e já teve várias denominações. Ficou conhecido por um
período como Palacete Mauá ou Casarão da Tuiuti. A casa passou por várias reformas, no entanto, mesmo com 187 anos, manteve as linhas
arquitetônicas. O local tem 3 mil metros quadrados de terreno e 4.587 metros quadrados de área construída.
O casarão serviu de moradia para o coronel José Antônio Vieira de Carvalho, governador
da Fortaleza de Itapema e de outras fortificações locais. Ele também foi vereador, juiz e presidente da Câmara
Municipal.
Com o tempo, no prédio, instalaram-se várias empresas, até mesmo o Banco Mauá,
conforme a historiadora e doutora-assistente do Centro de Ciências da Educação da UniSantos, Wilma Therezinha Fernandes de Andrade, que colheu
informações na obra do historiador Costa e Silva Sobrinho.
"Um grande acontecimento no casarão foi o casamento de uma das filhas do coronel, Ana
Zeferina Vieira de Carvalho, com Barnabé Francisco Vaz de Carvalhais, que aconteceu no dia 4 de março de 1822, quando foi realizada uma requintada
festa. O coronel, e então proprietário, morreu dez meses depois da cerimônia".
Em 1887, o casarão foi ocupado pela Hard Hand Exportadora e Importadora S/A, empresa
nova-iorquina que foi nacionalizada em 1965. Uma grande firma exportadora de café, de acordo com o atual proprietário e acionista majoritário, Júlio
Pereira Júnior.
O proprietário adquiriu o imóvel há 36 anos. Ele recebeu A Tribuna em um
escritório mantido na parte térrea do casarão. "Algumas vezes, a casa é cedida para eventos, como já foi para a Casa Natal, Fundo Social de
Solidariedade (FSS) e, agora, para o Festival Caros Amigos. Aqui já serviu até como set de filmagem da minissérie Um
Só Coração, da Rede Globo", destacou.
Futuro incerto - As cessões, segundo o proprietário, vêm de encontro ao
processo de revitalização do Centro Histórico, mas ele declara que não tem projetos definidos para o casarão, como outras festas ou fins comerciais.
"Estou na expectativa da construção da Avenida Perimetral, da definição do Projeto Alegra Centro e do fortalecimento econômico de Santos".
De acordo com o presidente do Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Santos (Condepasa),
Bechara Abdalla Pestana Neves, o casarão não é tombado, mas tem nível dois de proteção.
Estrutura - Na parte térrea, há quatro salões, sendo três cobertos e um
descoberto, um galpão fechado e duas áreas descobertas. No andar superior do prédio, há dois salões que servem tanto para recepções, como podem ser
adaptados para escritórios.
A casa mantém o antigo aspecto de solar com o pátio do Largo Senador Vergueiro cercado
de grades. Na frente, há seis balcões com grades de ferro, na parte de cima, e mais seis janelas gradeadas na parte de baixo. O excesso de aberturas
e de janelas era um recurso arquitetônico da época, utilizado para produzir correntes de ar e combater o calor.
E há ainda uma curiosidade: na parte externa, atrás do prédio, existe uma caixa-forte,
como se fosse um quarto medindo aproximadamente quatro por quatro metros, toda revestida de aço, à prova de balas. Quando o local funcionava como
banco, documentos eram guardados, assim como ouro, dinheiro e valores. Internamente, há uma escada que vai para o subterrâneo e uma outra leva ao
subsolo. Há um pequeno corredor que interliga o prédio.
"O proprietário tem o mérito de ter mantido o prédio por muitos anos e ter consciência
do patrimônio arquitetônico. A conservação dele é uma coisa consciente", afirma a historiadora Wilma Therezinha.
Casa já foi moradia de coronel, sede de empresas
e recentemente recebeu o Festival Caros Amigos
Foto: Carlos Nogueira, publicada com a matéria
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