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SANTOS DE ANTIGAMENTE
Casarão de Frontaria Azulejada (1)
Construído em 1865, este sobrado azulejado da Rua do Comércio 92 a 98 foi tombado pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN) e pelo Condephaat por sua importância para a memória nacional. Este edifício funcionou como residência, armazém e escritório da Casa de Comércio Ferreira Netto & Cia.:

Casa de Frontaria Azulejada, foto do início do século XX. Imagem: 'Poliantéia Santista'

Casa de Frontaria Azulejada, no início do século XX
Foto: Poliantéia Santista

Relatam Francisco Martins dos Santos e Fernando Martins Lichti, em sua
História de Santos/Poliantéia Santista (volume II, página 170, Santos/SP, 1986), que "esta firma comercial começou a funcionar em 1855, tendo como sócio do Comendador Netto, Luís Antônio da Silva Guimarães. Em sessão da Câmara Municipal de Santos de 18/2/1863, Ferreira Netto apresentou a planta da casa que pretendia construir na Rua Santo Antônio, atual Rua do Comércio. No mesmo ano, conseguiu a concessão de um trapiche no Porto do Bispo, nos fundos do terreno de sua casa.

Casarão, em 2001
Foto: Tadeu Nascimento (Assecom/Prefeitura Municipal de Santos)
Foto em 2001, por Tadeu Nascimento (Assecom/Prefeitura Municipal de Santos)"Sob o impulso da exportação cafeeira, a cidade desenvolveu-se a partir de meados do século XIX, ou seja, logo após sua elevação à categoria de cidade (a 26/1/1839). O edifício expressa assim todo um contexto, a importância do setor terciário no desenvolvimento das forças econômicas locais e nacionais. Construído de pedra, com pisos e forros de madeira e paredes internas do tipo francesa, o sobrado apresentava a planta simétrica em 'U', com fachada de influência neoclássica, azulejada após a morte do Comendador Netto, pelo sócio Luís Guimarães.

"Esta fachada é definida por 4 pilastras cujo intercolúnio é subdividido em 3 vãos de arco pleno em cantaria, no pavimento superior, guarnecidos por balcões de ferro. Na parte central do pavimento térreo o acesso é feito por um único vão, arrematado na altura da platibanda por um frontão clássico triangular. A residência, no pavimento superior, continha várias salas e quartos, o que pressupõe que o comendador recebia inúmeros hóspedes, para tratar de assuntos comerciais, visto que habitava no sobrado apenas o casal."

1865 - O casarão, "que ia até o porto, seguia o estilo neoclássico, característico do Segundo Império, com arcos romanos e gradis de ferro atestando a Revolução Industrial na Arquitetura. Possui um terraço azulejado nos fundos e vestígios da senzala dos escravos na parte térrea", registraram por sua vez as pesquisadoras Angela Maria G. Frigerio, Wilma Therezinha F. de Andrade e Yza Fava de Oliveira, na obra Santos - Um Encontro com a História e a Geografia (página 119, Gráfica A Tribuna, Santos/SP, 1992).

"Na fachada, a data 1865, mandada colocar por seu construtor e primeiro proprietário, o Comendador Manoel Joaquim Ferreira Neto. Tombada pelo SPHAN, pertence à Prefeitura Municipal de Santos, que a desapropriou para possibilitar sua restauração conforme promessa do SPHAN. É uma joia arquitetônica da cidade", complementam as pesquisadoras.

Foto em 2001, por Tadeu Nascimento (Assecom/Prefeitura Municipal de Santos)

Casarão, em 2001
Foto: Tadeu Nascimento (Assecom/Prefeitura Municipal de Santos)

O antigo jornal Cidade de Santos registrou, na edição de 9 de agosto de 1985:

Impasse em torno do Casarão

"Se o proprietário do imóvel realmente não concordar com o valor, terá que ser depositado em juízo, abrindo-se um processo de expropriação judicial. Mas isso seria extremamente negativo, já que enquanto estiver pendente a questão, o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN) não poderá começar a agir. Por isso, apelo para a sensibilidade deste cidadão". O pronunciamento é do futuro secretário de Cultura do município, Tanah Corrêa, a respeito do impasse na expropriação do casarão de frontaria azulejada, localizado à rua do Comércio, 92.

Ele ressaltou que esta é a primeira vez que a Prefeitura de Santos se dispõe a aplicar uma vultosa quantia - atualmente superior a Cr$ 600 milhões - na preservação de um bem cultural da cidade. "Talvez este não seja o valor comercial do imóvel, que poderia virar um depósito de caminhões. Mas não é esta a questão: é o valor venal, visando manter um patrimônio extremamente importante de Santos", acrescentou Tanah.

O dono do prédio é Francisco de Barros Mello, e a Prefeitura continuará procurando um acordo amigável. Caso não seja possível, partirá para o processo judicial. O município precisou realizar uma suplementação orçamentária para dispor dos recursos. A avaliação foi feita pela Secretaria de Obras e Serviços Públicos, e estipulado em 12.233.279 ORTNs. O decreto declarando-o de utilidade pública tem o número 171, assinado há poucos meses. O proprietário nunca se preocupou na manutenção do imóvel, que servia de depósito de adubo, apesar de tombado pelo Patrimônio Histórico.

O casarão, em janeiro de 2005
Foto: Assecom/Prefeitura Municipal de Santos

 

O casarão, em 2006
Foto: SinalTur/Agência Metropolitana (Agem)

Planta do século XIX para a construção desse casarão
Imagem: Fundação Arquivo e Memória de Santos (FAMS), referência 6.737

 

Planta do primeiro pavimento, pelo construtor Antonio Domingues Pinto & Cia., encomendada em 1933 pela proprietária Olga da Silva Sampaio
Imagem: Fundação Arquivo e Memória de Santos (FAMS), referência 8.061

 

Planta do segundo pavimento (cópia em Ferro-prussiato em escala 1:100/1:50, registro 8.062)
Imagem: página 99 do livro Memória da Arquitetura de Santos no Papel - II, editado pela Fundação Arquivo e Memória de Santos (Fams) em 2010, sob coordenação de Nelson Santos Dias

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