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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - ENSINO
A educação... e as antigas escolas (2)

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Tradicionais colégios, que muito santista recorda com saudade, independentemente de serem públicos ou particulares, marcados por professores que se destacaram na Cidade, e por eventos que também fizeram história. No Almanaque de Santos 1971 (de Olao Rodrigues, editado por Ariel Editora e Publicidade, Santos/SP, 1971), foi relatado:
 


O Grupo Escolar "Dr. Cesário Bastos" foi a maior escola construída pelo Estado, em Santos, no início do século XX. Sempre manteve alto padrão de disciplina e de ensino. Entre seus diretores, destacaram-se os professores Luiz Damasco Pena e Armando Bellegarde
Foto: Poliantéia Santista, Fernando Martins Lichti, 1996, S. Vicente/SP

Colégios que se destacaram no campo do Ensino

Embora não assinalando todas as escolas que funcionaram no Município, ao feitio estatístico, pois não há qualquer registro ordenado nesse sentido, o Almanaque de Santos aponta muitas delas que se tornaram tradicionais e por cujas classes, ilustrando-se, passaram gerações e gerações de santistas de nascimento e de adoção.

Por volta de 1870, por exemplo, funcionava o Colégio Alemão do qual era diretor J. L. Schwench, e professor o alemão Guilherme Délius, fundador da Revista Comercial, o primeiro jornal que circulou em Santos, em 1849. Guilherme Délius deixou o colégio em 11 de dezembro de 1872. Em 1883, o Colégio Alemão localizava-se na Rua Amador Bueno n. 28, com cursos primário e secundário para ambos os sexos, dirigido então por Max Hat, substituído por Emílio Oscar Fischer.

A Escola do Povo, fundada em 9 de setembro de 1878 por Antônio Manuel Fernandes em sua residência, na casa n. 11 do Largo da Coroação, foi na época um dos grandes estabelecimentos de Ensino. Secretariada por Joaquim Fernandes Pacheco, essa escola vinculou-se à nossa história por ter sido nela instalada a gloriosa Sociedade Humanitária dos Empregados no Comércio, em 12 de outubro de 1879.

No Convento de Santo Antônio funcionava o Colégio N. S. do Perpétuo Socorro, do qual era diretora D. Mariana Rosina Hamberger, de nacionalidade austríaca, que veio a ser presidenta do Apostolado do Sagrado Coração de Jesus e uma das criadoras do Santuário do Sagrado Coração de Jesus, erguido na Rua da Constituição, em terreno adquirido de Manuel Augusto Alfaia Rodrigues e sua mulher, por 12 contos de réis. Esse templo, como se sabe, abalado em seus alicerces pela explosão do Gasômetro, no dia 9 de janeiro de 1967, foi demolido no ano seguinte, cuidando-se de construir um outro, de linhas ultramodernas, na Ponta da Praia.

O Colégio N. S. do Perpétuo Socorro, entre outros, tinha como professores Jorge Behn e Canuto Thorman; no ensino da Música, os Srs. Henrique Paulo da Trindade, Jerônimo Álvares Lôbo, Luís Arlindo da Trindade, Teodoro Sulzer, Manuel Joaquim da Silva e Aníbal Carravaglia.

Contava a Cidade em 1885 duas escolas públicas, com seis cadeiras: três para o sexo masculino e três para o feminino, ocupadas respectivamente pelos professores Joaquim Carneiro da Silva Braga, Tobias Jardim Martins da Silva, Aprígio Carlos de Macedo, D. Gabriela Augusta da Rocha Guimarães, D. Ermelinda Rosa de Toledo e D. Joana Francisca Machado de Macedo. Na Barra havia uma escola, com duas cadeiras regidas pelos professores Daniel Teotônio Ferreira e D. Justina Arouche do Espírito Santo.

Em 1º de outubro de 1885, Júlio Ribeiro, o grande filólogo e gramático, autor de A Carne, Padre Belchior de Pontes e Uma Polêmica Célebre, fundou um externato que recebeu seu nome e funcionou em dependências do palacete do Barão de Embaré, na Rua Xavier da Silveira. Júlio Ribeiro, que morreu em Santos em 1º de novembro de 1890 e está sepultado no Cemitério do Paquetá, foi republicano histórico, jornalista, lente de Retórica do Instrução Secundário, de São Paulo; lente de Latim do Curso Anexo da Faculdade de Direito de São Paulo, por concurso; professor em várias cidades do Interior, um dos maiores conhecedores do vernáculo, tendo publicado Traços Gerais da Linguística e Gramática Portuguesa.

No Largo do Carmo n. 7, o Professor Canuto Thorman dirigia o Colégio Santista.
João de Carvalho Anta, reputado mestre, era proprietário e professor do Colégio N. S. do Monte Serrate, no Convento do Carmo.

Na Escola Santo Antônio, seu diretor, Padre Francisco Gonçalves Barroso, lecionava Português, Francês, Latim, Inglês, Alemão e Italiano, além de Geografia, Aritmética, História e Piano. Foi fundada em 15 de outubro de 1884.

Advogado e promotor público, o Dr. José Emílio Ribeiro Campos fundou em 16 de maio de 1881 o Colégio Nacional, na Rua do Rosário n. 143 (hoje João Pessoa), para ambos os sexos. Era também diretora sua esposa, d. Alzira A. Pereira Campos, ocupando o cargo de vice-diretor o Bacharel Joaquim A. de Camargo, e o de secretário, o Sr. Campos Júnior.

Na Rua General Câmara n. 54 ficava o Colégio S. Luís, dirigido por Caetano Nunes do Amaral Siqueira. Aliás, esse colégio também funcionou no n. 209 dessa mesma rua sob a mesma direção.

Em 13 de junho de 1886, o grande abolicionista e republicano Antônio Silva Jardim fundou a Escola José Bonifácio, da qual eram professores os srs. Dr. Americano Freire, Tarquínio Silva, Carlos Afonseca e Dr. Lôbo Viana.


Turma de alunos de uma escola municipal que existiu na Rua Conselheiro João Alfredo, no Macuco, em 1934. Foto é do acervo de Emília de Barros Pinho, de 82 anos de idade em 2006
Foto: seção Imagem do Passado do jornal santista A Tribuna, de 3 de fevereiro de 2006

Escola de tradição em Santos foi a Sociedade Auxiliadora da Instrução, que em 1900, em concorrida assembléia geral, teve seu estatuto e regulamento aprovados e empossada a primeira diretoria, integrada pelos Srs. Jorge de Sá Rocha, Ato Macuco Borges, Eduardo Machado, Lúcio Loiola, Artur Tomás Coelho, Dr. Antônio S. de Azevedo Júnior, Antônio Arruda Mendes, Antônio Benedito de Oliveira e Benedito Pinheiro.

Em 1903, ou no dia 1º de agosto, outra conceituada e tradicional instituição de Ensino, o Liceu Feminino Santista, passou a funcionar no prédio da Sociedade Auxiliadora da Instrução. Em fase anterior, em 7 de setembro de 1883, a Auxiliadora, que estava na Rua Santo Antônio n. 56 e era secretariada por F. P. Machado Reis, inaugurava as aulas de Desenho Linear para pessoas livres, e de primeiras letras para escravos. E fazia anunciar que nenhum escravo seria admitido em aula sem autorização, por escrito, do seu senhor!

Colégio bem antigo, o Externato Azurara, que se situava na Rua do Rosário (hoje João Pessoa) n. 8, em sobrado, com cursos primário e secundário, também no período da noite; era dirigido por José de Azurara e Joseph Michelet. Pertenceram ao corpo docente José Joaquim Mondim, Canuto Thorman, Dr. João Carvalhal, Pedro Liausu, Jerônimo Lôbo e Benedito Calixto.

Havia ainda a Escola João de Deus, onde Alberto Veiga lecionava.

Com a valedora coadjuvação da Associação Comercial de Santos, o Ginásio Luso-Brasileiro, dirigido pelo velho mestre Antônio M. Guerreiro, como internato, semi-internato e externato, dispunha de curso ginasial e estava estabelecido na Avenida Conselheiro Nébias n. 309. Pertenceram ao corpo docente: Dr. Gervásio Bonavides, Porfírio Antônio Couto Guerreiro, José Maria Gonçalves, Dr. Aníbal Rapôso do Amaral e D. Evangelina Bezerra.

Eis mais casas de Ensino que hoje não mais subsistem, entre tantas outras: Casa de N. S. das Lágrimas, Instituto Educacional (antigo Instituto Guiomar), Colégio Catunda, Educandário Paulista (fundado em 1938), Colégio Anjo da Guarda, Externato Lameira, Colégio Cruz e Sousa, Externato S. Benedito e Escola Santa Luzia.

Casa tradicional também em Santos foi o Externato Santa Cruz, fundado em 2 de julho de 1908 pelo Professor Francisco Russo da Silveira, seu diretor até o fechamento, quando se transferiu ele para São Paulo. Diplomou-se pelo conceituado estabelecimento grande número de jovens que ainda hoje exercem postos no Comércio, na Administração, nas Profissões Liberais e no Jornalismo. O Prof. Francisco Russo da Silveira, em avançada idade, faleceu em junho de 1970, na Capital, logo depois do passamento de Alzemiro Balio, seu ex-aluno, amigo e protetor.

Em 5 de julho de 1912, a antiga Academia de Comércio de Santos transformou-se em Escola de Comércio José Bonifácio, por deliberação da Câmara Municipal. Ainda hoje, na Avenida Conselheiro Nébias, esse tradicional estabelecimento de Ensino está em plena atividade, sob a denominação de Associação Instrutiva José Bonifácio.

Casas de Ensino que se tornaram tradicionais e funcionam em nossos dias são inúmeras e, entre elas, as seguintes: Liceu Feminino Santista, Colégio Coração de Maria, Liceu São Paulo, fundado em 25 de janeiro de 1927; Colégio Santista, agora aberto também ao sexo feminino; Colégio do Carmo, Instituto Profissional D. Escolástica Rosa, Colégio São José, Colégio Stella Maris, Colégio Tarquínio Silva e Liceu Coelho Neto.

Entre as escolas públicas, assinalamos o Grupo Escolar Cesário Bastos e o Grupo Escolar Barnabé, dos quais foram diretores, respectivamente, os Professores Antônio Primo Ferreira e Carlos Escobar.


Escola Carlos Barlet, em foto de 1902
Foto de José Marques Pereira, publicada na página 12 da edição de janeiro de 1902 da Revista da Semana, do Rio de Janeiro (acervo Sociedade Humanitária dos Empregados no Comércio - SHEC)

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