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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS -
ENSINO
A educação... e as antigas escolas (4-a)
Tradicionais colégios, que muito santista recorda com
saudade, independentemente de serem públicos ou particulares, marcados por professores que se destacaram na Cidade, e por eventos que também fizeram
história. No Almanaque de Santos 1971 (de Olao Rodrigues, editado por Ariel Editora e Publicidade, Santos/SP, 1971), foi relatado:
Fachada do colégio, na Av. Rangel Pestana, cerca de 1950
Imagem: folheto de divulgação da escola, acervo de António Mendes, de Praia Grande/SP
Os grandes colégios de Santos na atualidade
É imensa a rede escolar do Município, em todos os graus.
Só a Prefeitura mantém 11 Grupos Escolares, 1 Escola de Comércio e 4 Parques Infantis, além de outras unidades pré-primárias, Escolas Isoladas e
cursos. O Estado também dispõe de vários estabelecimentos, preponderando os particulares e até mesmo os clandestinos.
Neste capítulo vamos registrar resumidamente o histórico de oito tradicionais casas de
Ensino da Cidade, das que ministram cursos Ginasial, Científico, Técnico de Contabilidade, Normal e Técnico-Industrial, deixando-se para outro
número uma dezena de estabelecimentos particulares que também engrandecem o Ensino de Santos.
Logo da escola, em publicação de 1971
Imagem: revista do jubileu de ouro da Escola Santo Inácio,
novembro/1971, Santos/SP
Colégio Tarquínio Silva - Fundado em 25 de março de 1922 pelo prof. João
Dalledone, já em 30 de junho do mesmo ano obteve registro na Diretoria Geral da Instrução Pública do Estado de S. Paulo, sob o n. 121, recebendo a
denominação de Curso Noturno Comercial e Diurno de Preparatórios e a de Ginásio Tarquínio Silva, em 1925.
Três anos depois, ou em 1º de julho de 1928, recebeu a inspeção federal para seus
cursos, incorporado no mesmo ano à Inspetoria dos Tiros de Guerra, segundo a E.I.M. n. 254.
Em 28 de março de 1934, o Tarquínio Silva mudou de proprietário, assumindo a direção o
prof. José Oliveira Lopes, que lhe deu novos métodos de ensino e alentado ciclo técnico-administrativo. Foi-lhe concedido em 29 de março de 1939
inspeção preliminar no curso ginasial, por despacho ministerial fundado no art. 52 do decreto n. 21.241, de 4 de abril de 1932; em janeiro de 1945,
obteve inspeção do curso ginasial noturno, iniciando cinco anos depois o curso científico, autorizado pelo Ministério da Educação e cultura, pela
Portaria n. 8, de 12 de janeiro de 1950.
Uma das 15 salas destinadas às aulas (60 m²), na Av. Rangel Pestana, cerca de 1950.
"Todas elas são: amplas, arejadas, bem iluminadas, cômodas, limpas"
Imagem: folheto de divulgação da escola, acervo de António Mendes, de Praia Grande/SP
Expandindo a série de matérias professadas por estabelecimento de tendência
progressista, o Tarquínio Silva criou em 1962 o Curso Técnico de Contabilidade Diurno.
A grande obra do prof. José Oliveira Lopes foi a construção do edifício próprio na
Avenida Rangel Pestana n. 99, de sugestivo porte arquitetônico, que entendeu necessário para oferecer maior conforto ao discipulado, que crescia de
ano para ano, ao invés do que se observava no prédio primitivo, de n. 37 da Rua Sete de Setembro.
O prof. José Oliveira Lopes foi grande diretor, já como planejador e executor de
processos que visavam ao aprimoramento do Ensino, já como orientador seguro e inteligente de métodos administrativos.
Faleceu em 4 de março de 1961. Sucedeu-o na direção do conceituado estabelecimento de
ensino seu filho, Dr. José Roberto Doubek Lopes, que se impõe ao respeito e admiração dos corpos docente e discente.
Detalhe do corredor do 2º pavimento, exclusivo para salas de aulas,
na Av. Rangel Pestana, cerca de 1950
Imagem: folheto de divulgação da escola, acervo de António Mendes, de Praia Grande/SP
Atualmente, o Tarquínio Silva ministra os seguintes cursos diurnos e noturnos:
Ginasial - tradicional, vocacional e experimental; Científico - Engenharia e Medicina; Normal; Técnico de Contabilidade e Técnico de Administração
de Empresas. Mantém uma unidade na Avenida Ana Costa, 430, com estes cursos: Maternal, Jardim da Infância, Pré-Primário e Primário Experimental.
O patrono do colégio é Tarquínio Silva, o grande maranhense de Viana, onde nasceu em
16 de dezembro de 1825 e faleceu em Santos, de mal cardíaco, em 27 de julho de 1925. Casado com d. Maria Ramos de Almeida, na cidade de Campinas,
iniciou o professorado em S. Paulo, no colégio dirigido pelo Dr. Augusto Freitas Guimarães da Silva, em 1873. Lecionou no Liceu Feminino Santista,
desde a fundação; na Sociedade Humanitária dos Empregados no Comércio, durante quase 20 anos; na Escola Alemã e na Escola José Bonifácio, fundada
por Silva Jardim, além de outras casas de Ensino. Foi mestre, entre tantos outros, de homens que se tornaram consagrados no mundo literário,
parlamentar, forense e administrativo, como Martins Fontes, Abraão Ribeiro, Samuel Ribeiro, Paulo Gonçalves, Galeão Coutinho e Antônio Ezequiel
Feliciano da Silva.
Morreu como nascera: pobre. Deixou, contudo, seu nome aureolado, na vida pedagógica de
Santos, de talento, honradez e humildade.
Todos o respeitavam e estimavam. Em 20 de dezembro de 1923, sem que nada pedisse, como
era de seu feitio, 208 ex-alunos do "Mestre dos Mestres", em soberba demonstração de solidariedade e gratidão, cotizando-se, apuraram o numerário
necessário para levantar o gravame que pesava sobre o prédio em que residia.
Adotando-o como patrono, o Colégio Tarquínio Silva reverencia pelo
tempo afora a memória de um dos maiores educadores que engrandeceram o Ensino santense.
Turma da 4ª série do Colégio Tarquínio Silva, em 1954, tendo ao fundo o Morro do
Jabaquara
Foto do acervo de Daisy Maria Simões Serrachioli,
publicada na seção Imagem do Passado, do jornal santista A Tribuna, em
12/11/2004, página A-6
A foto de 1961 mostra os formandos e professores do 3º ano do curso Técnico em Contabilidade do
Colégio Tarquínio Silva, na Avenida Rangel Pestana, onde posteriormente funcionou a Aelis, sucedida pela Universidade Monte Serrat (Unimonte)
Foto do acervo de Wanderley Gomes Bello, publicada na seção Foto do Passado, do jornal
santista A Tribuna, em 13 de março de 2009, página A-13
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Um poema para o professor
Em sua edição de 19 de outubro de 1952, na página 21 (2º caderno), o jornal santista A Tribuna
estampou este poema:
O Tarquínio dos nossos tempos
(A propósito das solenidades comemorativas
do 1º centenário do nascimento do ilustre
preceptor patrício - professor Tarquínio Silva).
Com o tempo sempre a andar, que um século anuncia,
de vida tão preciosa, ainda hoje aqui fulgura
a luz, que se transmite à geração futura,
para as almas em flor, servindo-lhes de guia.
Do mestre já imortal, o espírito, na altura
que, através das lições, constantes, se irradia,
chama nossa atenção, dia para dia,
tal o exemplo do bem, que sempre, assim, perdura.
Dos Tarquínios, se vinda, até nós, se derrama,
da ilustre Roma antiga, a imorredoura fama,
de outro Tarquínio, a glória expõe-se à nossa vista.
Suplantando o poder da velha ciência etrusca,
na escola do seu tempo, o educador só busca
o que com a lei do ensino apenas se conquista.
Santos, 15 de setembro de 1952.
(É autor deste belo soneto um ilustre professor, hoje
aposentado, e que pede não se mencione o seu nome)
Imagem: reprodução do poema na sua publicação original em A Tribuna de 19/10/1952
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Escola mista, mas nem tanto
Embora recebesse alunos dos sexos masculino e feminino, o Tarquínio Silva separava
rigorosamente os dois grupos, como explica em um folheto divulgado por volta de 1950, "Alguns informes sobre as modernas instalações do Tarquínio
Silva":
"As escadarias e os corredores largos dão movimento fácil aos 550 alunos de cada período,
sem prejuízo da disciplina e ordem que devem reinar no recinto de um educandário.
"O Departamento Feminino goza de um carinho particular. O Estabelecimento é misto, mas só
quanto ao horário, pois, classes, áreas cobertas, entradas e saídas, recreios etc., são completamente separados das instalações do Departamento
Masculino."
Planta do 3º pavimento, reservado ao sexo feminino
Imagem: folheto de divulgação da escola, acervo de António Mendes, de Praia Grande/SP
Completa o folheto: "As boas instalações tornam o ensino mais eficiente.
"A Educação compreende...:
"...a DISCIPLINA - Individual e coletiva, adquirem-se na juventude. Indispensável para o
progresso nos estudos hoje e manutenção das boas relações sociais amanhã.
"...a MORAL - Coluna mestra para a formação do caráter de todo e qualquer indivíduo.
"...o ESTUDO - Completando a parte educativa da Disciplina e da Moral, cabe, com
especialidade às Escolas, o desenvolvimento intelectual da mocidade.
"Por educar assim é que o TARQUÍNIO SILVA alcançou o bom conceito de que hoje goza".
"CORPO DOCENTE - que, zeloso, coopera pelo aprimoramento da mocidade confiada a este
educandário: Abílio Fernandes Serra Jr., Agenor de Andrade, Aguinaldo Ferreira de Paiva, Antonio Coelho de Oliveira, dr. Antonio Navarro de Andrade,
contador Beno de Carvalho, dr. Bernardo M. Almstedt, Dr. Carlos Raposo da Camara; Dalva Fernandes Greco, Denise Calheiros, Diniz Martins, Ernesto La
Scala, dr. Ezequiel Varella, Francisca do Prado Pires, Frederico Greco, Guiomar Zwerner, contador João Baptista, João Vicente Mattiy, contador Joél
Corrêa de Souza, dr. Jonas Moreira Salles, José Oliveira Lopes, Judith Doubek Lopes, Maria Antonieta Teixeira, Maria C. Abreu Lima, Maria de Lourdes
Costa, Maria Rogner, Nair Vianna Serra, Octávio De Cesare, Paulo Arruda Penteado, Rubens Marçal, Sylvio Viegas de Campos, dr. Sylvio Guerra,
contador Victor Florentino, Waldemar Corrêa, Yvonne F. Pagliaci.
"DIRETORIA - José Oliveira Lopes, diretor geral; Frederico Greco, sub-diretor; padre Geraldo
Borowski, diretor espiritual; Paulo de Arruda Penteado, sub-diretor; Maria C. Abreu Lima, sub-diretora.
"SCIENTIA OMNIA FIUNT".
TARQUÍNIO - A foto é de 1961 e mostra alunos da antiga 4ª série do tradicional Colégio Tarquínio
Silva. O professor que aparece à esquerda é Elny Alves de Camargo, um dos fomentadores do handebol no Brasil. A imagem é do acervo de Ricardo Bagby
Costa, que também aparece na foto
Foto
publicada em 20 de julho de 2007 na seção Imagem do passado do jornal santista A
Tribuna
Escola Tarquínio Silva
Anúncio publicado no jornal Cidade de Santos em 20 de fevereiro
de 1965 - página 5
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