As diferentes políticas traçadas para o desenvolvimento econômico brasileiro, através
dos tempos, determinaram o tipo de intervenção humana no meio-ambiente e suas conseqüências.
A política de expansão da pecuária e da agricultura voltada para a exportação com base em monoculturas, uso de
fertilizantes e pesticidas levou à devastação e degradação de ecossistemas em todo o Território Nacional.
Expulsou os pequenos agricultores que migraram para as cidades, promovendo um rápido
crescimento da população urbana, com o surgimento de submoradias.
A política de incentivos e a implantação de indústrias petroquímicas concentradas em
grandes pólos próximos aos portos nunca mostrou preocupação com medidas de segurança em relação ao meio-ambiente e com a saúde dos trabalhadores e
da população em suas proximidades.
A Baixada Santista sofre todas as conseqüências dessas políticas.
Hoje, os municípios e seus cidadãos podem e devem influir nessas políticas nacionais,
mas, acima de tudo, têm o dever de implantar políticas próprias para seus territórios, visando proteger o meio-ambiente e garantir a qualidade de
vida.
Quais as diretrizes que defendemos para o desenvolvimento de Santos?
O turismo pode ser uma opção para que tenhamos uma economia que não degrade o
ambiente.
O município deve influir nas atividades portuárias?
Como combinar boas condições de moradia e de vida com essas diretrizes?
Qual a organização de sociedade que defendemos?
Uma das primeiras medidas adotadas pela Administração Democrática Popular foi elaborar
um plano diretor, que é um estudo que norteia o crescimento da cidade nos próximos anos.
O último plano é de 1968 e se baseava numa cidade como ela deveria ser. O plano atual
começa a pensar na cidade que existe e como a partir destes dados pode propor metas para serem atingidas nos próximos anos. A idéia de ambiente veio
se juntar aos estudos que acabaram por dar forma às ações que a prefeitura está desenvolvendo.
Os principais temas deste plano são:
que toda a
população tenha acesso a condições dignas de moradia, saúde, educação, transportes, entre outros;
encaminhar
soluções para favelas, cortiços e moradias em situações de risco;
otimizar o uso
da infra-estrutura urbana instalada;
recuperação de
áreas degradadas;
proteção da
sociedade organizada no processo de planejamento e fiscalização dos programas municipais, através de conselhos eleitos.
Um dos grandes avanços é a criação das Zonas de Especial Interesse Social (Zeis), que
visa fixar a população de baixa renda que ocupa, geralmente, as áreas insalubres ou de risco, diminuindo a pressão sobre as áreas não urbanizadas.
Assim como procura a negociação com proprietários que possuam imóveis pertencentes à memória santista e que, quando recuperados, não precisam pagar
o IPTU, durante um ano ou mais, dependendo da obra.
A lei que criou a APA também é uma forma de propor soluções.
ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL SANTOS/CONTINENTE
Esta área do município é formada pela Mata Atlântica, restingas e mangues.
Uma população de 1.500 pessoas ocupa pequenos bairros numa área com o tamanho de dez
cidades de Santos, se contarmos só a ilha.
Existem locais de onde se retiram areia, brita e terra, uma fazenda de búfalos,
plantações, assim como locais históricos.
A criação da APA, por lei municipal, teve como meta buscar exatamente aquilo que se
pretende discutir, uma outra forma de ocupação e utilização que não agrida o ambiente.
Durante muito tempo alimentou-se a idéia de que essa área seria a região natural para
a expansão da cidade, onde poderiam se instalar novas indústrias e habitações, a continuação do porto, sem levar em conta os pesados investimentos
para se construir na área, pois as condições ambientais não são favoráveis.
Assim, a visão que prevalece hoje é o uso sem prejuízo do ambiente. Para tanto, foram
criadas zonas, a partir da realidade local, procurando reduzir os problemas existentes. Inclui-se nesse zoneamento a proteção e recuperação de áreas
naturais de mata e manguezais.
Até agora repetimos inúmeras vezes que o crescimento da cidade e seu desenvolvimento
agrediram o ambiente, gerando condições ruins de moradia, trabalho, saúde e lazer, entre outros temas fundamentais para nossa vida.
Devemos ter claro que Santos não parou de crescer. O que precisamos buscar é uma forma
de crescer que não comprometa ainda mais nosso futuro e isto não significa somente a atuação da administração pública, mas de toda a sociedade.
Mas que futuro é este?
À primeira vista, pode parecer bastante simples. Um futuro não muito distante em que
tenhamos água de boa qualidade e em quantidade para beber, que os esgotos não poluam rios e o mar, que nossa casa seja digna, que fique num local
agradável, que as indústrias não coloquem em risco nossas vidas.
ÁREAS VERDES
O Departamento de Áreas Verdes (Depave) tem como meta o resgate do contato da
população santista com a vegetação nativa. Para tanto, tem reproduzido e introduzido nos jardins públicos, praças e na arborização de ruas, espécies
da região.
Um exemplo é o ajardinamento sobre o emissário submarino, que é uma transição entre o
jardim da praia e a vegetação natural da Ilha de Urubuqueçaba.
Alem de serem adaptadas às condições naturais do município, as espécies nativas podem
contribuir para a diversificação da fauna, diminuindo a reprodução de transmissores de doenças, por exemplo, os ratos, pombas e insetos. Em um
município cuja atividade turística tem grande repercussão, como o de Santos, um jardim bem concebido constitui um atrativo em si. O uso intenso de
arbustos restringe a visualização do todo e favorece uma utilização inadequada, como por exemplo a submoradia.
A arborização urbana e as áreas verdes na cidade de Santos são problemáticas já a
partir das condições naturais, como o solo pobre, os encharcamentos freqüentes, a interferência da maresia e a incidência de
ventos fortes, canalizados pelas construções. Também ocasionam problemas para as condições de iluminação e segurança.
O clima quente e chuvoso da Baixada colabora para um crescimento acelerado das
plantas, aumentando a necessidade de poda, corte de grama e outros cuidados, especialmente nos períodos de verão.
Árvores de grande porte e de rápido crescimento foram largamente utilizadas na
arborização de ruas, acarretando um alto índice de quedas por ventanias, interferências com a fiação, levantamento de passeios e prejuízo das
canalizações de esgoto e drenagem. A poda e a substituição desse tipo de árvores tem sido priorizada. A substituição se dá obedecendo a critérios de
adequação de espécies às situações de largura de calçada, área livre, altura e tipo de fiação etc....
Para a obtenção de dados e um planejamento adequado do crescimento das áreas verdes e
arborização urbana, realiza-se cadastramento das áreas verdes e cadastramento da arborização urbana, através de convênio entre Depave e Prodesan.
TURISMO
O turismo possui um potencial diversificado que inclui praias, ilhas, ecoturismo nas
áreas aquáticas e na Mata Atlântica e um valioso patrimônio histórico.
A Baixada Santista constitui um dos pólos turísticos mais importantes do País,
representando a terceira atividade econômica da região, o que exige ações e iniciativas específicas a fim de que os impactos gerados não causem
conseqüências danosas ao ambiente.
Os problemas críticos são os custos e o aumento concentrado de várias demandas, tais
como: uma maior utilização e uso inadequado da infra-estrutura disponível; maior consumo de água; maior produção de lixo e esgoto e
congestionamentos no trânsito, principalmente nas temporadas. Cabe destacar que não são cobradas taxas específicas deste uso turístico.
As atividades são as mais diversificadas, envolvendo:
turistas que
mantêm casas e apartamentos para temporada;
"turistas de
um dia " que procuram as praias nos fins de semana e feriados;
turistas
internacionais via porto de Santos.
Santos tem qualidades para desenvolver atividades de ecoturismo,
principalmente na área continental. O ecoturismo é uma alternativa para conservação da área, o que é motivo de atração turística ao local. Esta
atividade econômica exige gerenciamento, fiscalização e disciplinamento, através da educação e conscientização ambientais.
A perspectiva de se criar, de forma ordenada, um local de visitação ecológica em uma
área que dista cerca de 100 km da maior metrópole da América do Sul e considerada pela ONU uma das últimas reservas da biosfera do planeta (Mata
Atlântica), gera uma nova alternativa de lazer aos turistas.
Outra área que deverá ser explorada é o Centro Histórico de Santos. Conta com um dos
mais importantes conjuntos arquitetônicos da época do café, além de igrejas do período colonial,
todos pertencentes à memória da cidade. No final da década de 80, e nesta (N.E.: década 1990/99),
com incentivos da Prefeitura, criou-se um plano de recuperação do Centro, iniciativa que pode ser percebida em alguns
restauros, como o Outeiro de Santa Catarina, a Casa Azulejada, os casarões
da rua XV de Novembro, e em breve do Teatro Coliseu.
Tendo em vista a importância do turismo, sua otimização, recuperação e expansão de forma compatível com o
ambiente, a Prefeitura tem implantado uma série de programas: início
da recuperação da balneabilidade das praias, com bons resultados no verão de 92 e melhorando ainda mais em 93, quando as praias foram
classificadas como excelentes para banho de mar, viabilizando a retomada do fluxo de turistas.
convênio entre a Prefeitura, Codesp e
iniciativa privada, para a transformação de um antigo armazém frigorífico em terminal marítimo de passageiros e a construção de um centro de
lazer, junto ao Terminal Pesqueiro de Santos.
em relação ao turismo de um dia, é
feito cadastramento e a fiscalização de entrada de ônibus de excursão. Existem dois postos de recepção, nos quais se orientam as pessoas quanto
à utilização da infra-estrutura oferecida, embora ainda não se tenha atingido plenamente os objetivos.
em 1994, iniciou-se o projeto de
gerenciamento ambiental das áreas com potencial ecoturístico.
"Programa de Olho na Praia", para
informar e orientar os banhistas na conservação da praia e equipamentos da orla;
o Município conta com postos de
informação e guarda municipal para o atendimento e orientação dos turistas. |
PORTO
Uma das principais questões que dizem respeito ao desenvolvimento da cidade é o
funcionamento do Porto e seu crescimento. Em 1992, o Porto completou 100 anos de existência. Com mais de 12 km
de cais, é o maior e mais importante porto da América Latina. São 56 pontos de atracação e 84 armazéns, que geram 20 mil empregos diretos e 20 mil
empregos indiretos.
Sendo geradora de grande quantidade de empregos e revertendo para a municipalidade em
significativa quantidade de recursos através de impostos, a atividade portuária transfere para a cidade um ônus muito grande. Disputa espaço físico,
coloca em risco a segurança da população e exige do poder público muitos investimentos na estrutura urbana.
A atividade retroportuária, por se encontrar em áreas quase sempre incompatíveis com o
zoneamento urbano ou em áreas permitidas por lei, mas densamente populosas, é causadora de enormes transtornos à população, gerando poluição
ambiental, em especial poluição sonora; danos às propriedades públicas e particulares; além de graves problemas de trânsito.
Quanto ao armazenamento, o problema mais encontrado é a falta de recuo no empilhamento
de contêineres junto às divisas com imóveis residenciais e armazenamento de cargas perigosas no perímetro urbano, sem obedecer às normas de
segurança.
Quanto ao transporte, os problemas que mais se observa são o tráfego de cargas
perigosas que não é controlado e o estacionamento de caminhões em locais não permitidos, causando incômodos aos moradores das áreas com concentração
de pátios.
Hoje, o porto movimenta 30 milhões de toneladas de carga por ano e 60% do movimento
nacional de contêineres são realizados aqui.
Espera-se para o ano 2000 que se movimente 60 milhões de toneladas de carga ao ano e
que passe por aqui 1 milhão de contêineres.
Já vimos anteriormente que o Porto é uma das grandes fontes de poluição do município.
O que queremos discutir são quais os locais para onde o porto poderá expandir sem trazer prejuízos a outras áreas, como a do continente por exemplo,
além de encaminhar soluções para a poluição e transtornos causados por suas atividades.
Em fase de modernização e ampliação, o Porto está recebendo dinheiro, na ordem de 1 bilhão de dólares, entre
recursos públicos e privados. Quatro áreas do porto serão as primeiras atendidas com esta verba:
Ampliação do
Terminal de Conteineres (Tecon), para poder movimentar os 1
milhão de conteineres que estão previstos para o ano 2000;
Expansão do Terminal de Fertilizantes
(Tefer);
Ampliação
e recuperação do cais do Valongo-Paquetá;
Implantação do regime de 24 horas de
trabalho. |
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