O saneamento ambiental representa uma atitude diante da vida. Desde a época em que vivia
nas cavernas, o homem teve que enfrentar o problema do lixo, de guardar água e comida.
Com o crescimento das cidades, estes problemas aumentaram. Os rios, que antes serviam como fontes de águas,
acabaram servindo para despejo de lixo e esgoto, provocando muitas doenças e mortes.
As pessoas não sabiam que estavam morrendo por causa da água poluída. Com a descoberta
dos microorganismos, foi possível começar a estudar formas de tratar a água e o esgoto.
Mas, hoje, mesmo com os avanços nesta área, grande parte da população no Brasil
continua morrendo por não ter água tratada, rede coletora de esgoto e tratamento destes esgotos e do lixo.
A situação é grave. No Brasil, qualquer rio que passe por uma cidade com mais de
cinqüenta mil habitantes é poluído. Beber água destes rios significa ficar doente. Banhos em rios e lagoas com um certo tipo de caramujo contaminado
podem transmitir barriga d'água. Águas de enchente podem transmitir a leptospirose.
Para se ter uma idéia do que isso significa no Brasil:
1 criança
morre de diarréia a cada 24 minutos;
40 milhões de
pessoas sofrem de barriga d'água;
80% dos leitos
dos hospitais são ocupados por pacientes que têm doenças transmitidas pela água.
Em Santos, em 1993, dentre as doenças transmitidas pela água, tivemos, por exemplo:
1.539
diarréias notificadas pelos serviços municipais;
340 casos
suspeitos de cólera;
189 casos de
hepatite;
139 casos de
barriga d'água, um dos quais infectado em Santos.
Tivemos também 5 mortes causadas por parasitoses e 322 por doenças respiratórias,
também demonstrando a influência do ambiente sobre a saúde humana.
A presença de agentes causadores de doenças, não só na água, como no solo, ar e
alimentos, está relacionada com a falta de saneamento ambiental.
O saneamento é definido como o conjunto de serviços e ações que visam garantir a
proteção e a melhoria das condições ambientais e de saúde pública.
Os serviços são:
abastecimento
e controle da qualidade da água potável;
coleta,
tratamento e destino do esgoto;
coleta,
tratamento e destino do lixo.
controle das
enchentes através da drenagem das águas da chuva;
controle das
diferentes formas de poluição;
proteção aos
mananciais (nascentes dos rios);
controle da
presença de agentes causadores de doenças em alimentos;
controle de
moscas, mosquitos, baratas, ratos etc.;
controle e
vigilância epidemiológica de doenças transmissíveis;
controle das
condições sanitárias das habitações e locais de trabalho.
Para que estes serviços sejam garantidos é necessário que existam ações que definam
uma política de saneamento, visando:
trabalho
conjunto das áreas de saúde, habitação, meio-ambiente, desenvolvimento urbano, cultura, educação, entre outras;
ação conjunta dos
governos federais, estaduais e municipais para as obras de saneamento;
busca da
participação da sociedade nas questões de saneamento e ambiente;
acesso de toda a
população aos serviços de saneamento;
que as
prefeituras se organizem para prestar serviços de saneamento ou contratem quem os faça, desempenhando o papel de autoridade sanitária local;
dar condições
para que se estudem formas para aumentar e melhorar os serviços de saneamento.
Porcentagem da população atendida por água e esgoto
na Baixada Santista
|
Município |
Esgoto * |
Esgoto ** |
Água * |
Santos |
89% |
80% |
100% |
Guarujá (sede) |
60% |
50% |
99% |
Praia Grande |
21% |
10% |
99% |
São Vicente |
46% |
21% |
95% |
Itanhaém |
10% |
17% |
- |
Peruíbe |
10% |
10% |
- |
Cubatão |
10% |
10% |
95% |
Bertioga |
0% |
5% |
42% |
Mongaguá |
0% |
5% |
99% |
* Fonte Sabesp
** Fonte Semam
|
Serviços de Saneamento
ÁGUA
A água é um dos primeiros elementos do meio-ambiente a sofrer perda da qualidade. É
utilizada para abastecimento humano, produção de energia, irrigação, transporte, recreação etc...
Devido às necessidades da Região Metropolitana de S. Paulo, vários rios tiveram seus
cursos alterados e como conseqüência temos uma convivência com poluição e a falta de água. Na Baixada Santista exportamos água e importamos esgoto.
Santos, São Vicente e
Cubatão recebem uma mistura de águas do Rio Cubatão e Represa Billings,
a qual recebe as águas poluídas do rio Tietê e da Região Metropolitana de S. Paulo.
As águas captadas para tratamento recebem resíduos de mineração, lama da estação de
tratamento, lixo químico, esgotos domésticos e industriais contendo metais pesados, pesticidas e coliformes fecais. Tais resíduos tornam os índices
de cor, turbidez e de algumas substâncias químicas fora dos padrões admitidos pela legislação. Estas águas recebem um
tratamento convencional.
A qualidade da água consumida é controlada tendo como base padrões estabelecidos para
o Brasil como um todo. Como forma de termos garantia de sua qualidade, é imprescindível que haja proteção das
fontes de água para abastecimento, além de análises da água bruta e da água tratada específicas para a região.
Gerenciamento das águas - Gerenciamento das águas é o conjunto de ações que
visa planejar, disciplinar e solucionar os usos das águas, seja para consumo humano, industrial, lazer etc...
A partir da Constituição Estadual de 1989 e da Lei 7663/91 ficamos na esperança de uma
política para as águas que fosse democrática, descentralizada e participativa em sua gestão, com a participação da sociedade.
Foram criados grupos de gestão por bacias hidrográficas. Na Baixada Santista, no
entanto, o grupo não foi instalado e é necessário que se defenda os interesses coletivos locais protegendo nossas águas e realizando uma política de
abastecimento de água de boa qualidade, em quantidade suficiente e com tarifas compatíveis.
ESGOTO
O primeiro sistema de esgotos em Santos foi projetado por
Saturnino de Brito, no início deste século (N.E.: século XX), para uma população de
150.000 pessoas. Com o crescimento da cidade e a explosão turística a partir de 1950, este sistema não pode mais atender as necessidades da
população.
Nos anos 70 o sistema foi ampliado. Os bairros da Ponta da Praia e da orla foram
integrados por rede coletora; no entanto, cerca de 110 mil pessoas não contam com o serviço de coleta de esgotos.
O esgoto das casas vai para a rede coletora principal e através de interceptores é
encaminhado à Estação de Pré-Condicionamento (EPC), onde são retirados os materiais sólidos. A parte líquida restante é lançada no mar a 4 km da
costa, pelo emissário submarino. Na Baixada Santista há grande deficiência de coleta e tratamento de esgotos (Veja quadro no alto
da página).
DRENAGEM
O sistema de drenagem em Santos foi projetado por Saturnino de
Brito, para escoamento das águas superficiais e das chuvas, totalmente separado do sistema de esgoto.
Este sistema é composto pelos canais a céu aberto que atravessam a cidade e pelas
galerias subterrâneas. Para a limpeza dos canais e controlar o nível das águas, existem as comportas. Quando a maré está alta as comportas ficam
abertas, deixando o mar entrar, fechando no seu ponto máximo. Quando o mar baixa, as comportas são abertas novamente, deixando a água voltar para o
mar.
Com o passar do tempo, as comportas foram deixadas sem cuidados, até serem
desativadas. Como o sistema de esgotos não acompanhou o crescimento urbano e o aumento populacional, surgiram muitas ligações irregulares na rede de
drenagem, poluindo os canais e conseqüentemente o mar.
A Prefeitura coleta 120 toneladas/mês de lixo
limpo.
Santos é a única cidade da Baixada Santista que faz esse trabalho
LIXO
A Baixada Santista, com uma população de 1 milhão e 120 mil moradores fixos em 6
municípios (N.E.: considerados aqui apenas Santos, São Vicente, Guarujá, Cubatão, Bertioga e Praia Grande, excluídos os
mais distantes - Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe), produz diariamente:
900
toneladas de lixo doméstico, fora da temporada;
13.300
toneladas de lixo industrial, sendo 90% de Cubatão;
9 toneladas de
lixo séptico, vindo dos hospitais, clínicas, laboratórios e farmácias;
270 toneladas
de lixo reciclável, embora seja coletado apenas em Santos.
(Fonte: Semam/1994).
O lixo domiciliar destes municípios é coletado por empresas mistas ou pelas próprias
prefeituras e é destinado a lixões, na maioria dos casos, ou a aterros sanitários.
O grande problema é o destino que se dá a cada tipo de lixo produzido.
A maior parte do lixo doméstico e parte do lixo industrial vai para os lixões,
depositados a céu aberto. Para piorar, alguns estão situados próximos a corpos d'água e manguezais. As prefeituras estão enfrentando enormes
dificuldades para encontrar áreas adequadas para o recolhimento do lixo produzido.
Para a maior parte do lixo industrial não há controle seguro dos resíduos produzidos e
depositados. A deposição se dá de forma desordenada e até clandestina, em locais desconhecidos ou em terrenos das próprias empresas. Inclua-se
material tóxico nesta situação.
O lixo industrial geralmente acaba indo para depósitos irregulares, que se espalham da
Praia Grande até Bertioga, contaminando água, solo, plantações, animais e o homem.
O lixo hospitalar ou séptico deve ser queimado em incineradores, mas isto só acontece
em Guarujá e Cubatão; Santos e o Hospital São José, em São Vicente, sob intervenção da Prefeitura, mandam seu lixo séptico para ser incinerado em
São Paulo e os outros municípios não fazem separação.
Os lixões representam a pior forma de destino, pois o lixo é depositado a céu
aberto. O lixo vai se acumulando, causando mau cheiro permanente, lugar próprio para baratas, moscas e ratos. O liquido negro que sai do lixão,
o chorume, polui o solo e a água. Os gases que se formam podem causar incêndios e explosões. Além do que, atraem catadores que ficam expostos a
doenças e acidentes.
Nos aterros sanitários existe um sistema para captar o chorume e gases produzidos, o
lixo é colocado em camadas, coberto por terra e depois compactado por tratores.
O problema, tanto dos lixões como dos aterros sanitários, é que após algum
tempo não cabe mais lixo na área e é preciso procurar outros locais, o que não é muito fácil. Daí, a grande importância da coleta seletiva e da
reciclagem, que colaboram para diminuição do volume de lixo, prolongando a vida útil dessas áreas.
O lixo da Baixada tem como destino:
lixão
da Alemoa/Santos (utilizado desde 1972, quase não cabe mais lixo);
lixão de
Sambaiatuba/São Vicente (não cabe mais lixo);
lixão do
Jardim Aprazível/Praia Grande;
aterro sanitário
do Guarujá;
aterro sanitário
de Cubatão;
lixão do
sítio dos Vergara (área de litígio Santos e Bertioga).
A quantidade de sujeira jogada nos canais é
grande
e dificulta o escoamento das águas da rede de drenagem
|