RESCALDO
Tempestade derrubou 300 árvores em Santos
Mais de 100 casas destelhadas, 300 árvores caídas e dois feridos que seguem
internados na Santa Casa de Misericórdia de Santos. Ontem, moradores e autoridades da Cidade puderam avaliar os estragos da tempestade que atingiu a
Baixada Santista na tarde de quarta-feira.
Na Rua Pérsio de Queiroz Filho, na
Encruzilhada, duas árvores caíram e travaram a passagem de veículos. Trabalhos de remoção seguem hoje
Foto: Carlos Nogueira, publicada com a
matéria
TEMPESTADE TROPICAL
Cidade contabiliza prejuízos
Órgãos públicos se mobilizam para liberação de vias, retirada de entulhos e
recuperação de postes
Tatiana Lopes
Da Redação
Desempregada, mãe de
cinco filhos pequenos e sem um lar, Marcela Cristina de Oliveira não sabe nem por onde recomeçar. As telhas do barraco onde mora com a família, no
Morro Santa Maria, em Santos, foram arrancadas durante o temporal que atingiu cidades da Baixada Santista na tarde de quarta-feira. A Defesa Civil
recebeu 11 comunicados de casas destelhadas - entre as cerca de 300, no total -, mas estima que mais de 100 tenham sido atingidas pelos ventos,
principalmente nos morros e nos bairros da Zona Noroeste.
No momento do ocorrido, Marcela estava na policlínica do bairro. "Tinha levado minha
filha mais nova, de dois meses, a uma consulta médica. Quando cheguei em casa, não tinha mais telhado", disse ela, ainda bastante abalada.
O marido, Davilson Luiz Marques Tavares, também desempregado, havia ficado em casa
com as outras crianças. "As telhas começaram a voar e as crianças, apavoradas, só choravam".
Marcela contou que uma das telhas quase caiu em cima do filho de 1 ano e meio, que
estava dormindo no quarto, na hora da chuva. "Se não fosse o mais velho a tirá-lo de lá, ele poderia estar morto agora".
Sem abrigo e sem dinheiro, a família teve que dormir na casa de um vizinho. "Mas esta
noite (ontem) não sei para onde vamos, pois ele vai abrigar outras pessoas. A única parte da casa que ficou com telha foi o banheiro. Se alguém
puder doar as telhas...", pediu a dona-de-casa.
Para piorar a situação, o barraco ficou sem água. Segundo a Sabesp, a estação de
bombeamento do Reservatório Cruzeiro foi danificada pelas chuvas e ventos, interrompendo o abastecimento nos morros Nova
Cintra, Saboó, Pacheco, Santa Maria,
Bufo, Penha e São Bento. Ainda de acordo com a estatal, no final da tarde de ontem o
fornecimento de água já estava normalizado.
Ajuda |
Estamos cuidando das questões públicas e coletivas.
As individuais terão que ser analisadas caso a caso" |
Márcio Lara, secretário de Governo, ao ser questionado sobre se a Prefeitura ajudaria as
famílias que tiveram suas casas destelhadas |
Carros destruídos - Na Rua Espírito Santo, ontem pela manhã, o guincho da
seguradora fazia a remoção do veículo do projetista Miguel Blanco, atingido por uma árvore durante o temporal. "Trabalho no Centro, mas vim pegar um
documento em casa, na hora do almoço. Estacionei o carro na minha rua e, assim que entrei, começou a chover".
O projetista decidiu esperar um pouco, até que a chuva parasse. "Quando percebi que
caía granizo, sai para tirar o carro de lá e estacioná-lo na garagem. Não queria que riscasse a pintura. Cheguei tarde. Ele já estava debaixo de uma
árvore".
Blanco disse que os vizinhos já haviam acionado a Ouvidoria Municipal por três vezes
para remover aquela árvore. "Tudo aconteceu muito rápido. Eu podia estar lá dentro", disse o projetista, ainda sem ter certeza se o seguro cobriria
os prejuízos em seu Celta.
Inconformado, Djalma Franco, dono de uma confecção de uniforme, que foi atingida por
uma árvore e um poste, ainda não sabia qual seria seu prejuízo.
Ele contou que encaminhou um ofício à Prefeitura, em 1998, alertando a Administração
Municipal sobre o risco de queda daquela mesma árvore, mas nunca recebeu uma resposta. "Na hora da ventania, escutamos um barulho muito forte. A
casa até tremeu quando a árvore tombou, levando junto o poste. Todo mundo se assustou. Por sorte, ninguém foi atingido", disse o proprietário da
fábrica, que passou a noite no local com medo de que a calha do telhado quebrasse e derrubasse água no interior do imóvel, danificando o maquinário
e os computadores da confecção.
Em um estacionamento na Rua João Pessoa, em frente ao Poupatempo, no centro, dois
carros foram atingidos por parte do muro do estabelecimento. "Temos seguro, mas ele não cobre esse tipo de avaria", disse Anderson Santana de
Oliveira, manobrista do local. Ele e outros funcionários passaram a noite de quarta limpando o estacionamento e retirando telhas.
Marcela Cristina, com os filhos, teve o
barraco em que mora, no Morro Santa Maria, destelhado
Foto: Carlos Nogueira, publicada com a
matéria
Defesa Civil registra dois deslizamentos
De acordo com o coordenador da Defesa Civil de Santos, Émerson Marçal, foram
registrados dois deslizamentos, nos morros Penha e Caneleira.
Durante todo o dia de ontem, três equipes do órgão percorreram os morros para
verificar ocorrências. "Muito barro caiu, mas sem conseqüências graves. Nenhuma casa foi interditada e ninguém ficou ferido nos morros".
Segundo Marçal, estavam previstas pancadas de chuva para a tarde de quarta-feira, mas
a Defesa Civil não tinha recebido nenhum aviso ou previsão sobre as rajadas de vento que chegaram a 90 quilômetros por hora. "Nessa época do ano são
comuns as chuvas de verão no final do dia. Mas houve uma convergência de duas massas de ar frio que se concentraram na Baixada Santista e provocaram
chuva de granizo. Só que os ventos não estavam previstos, por isso não pudemos alertar a população".
O coordenador da Defesa Civil informou que comunicou à Companhia de Engenharia de
Tráfego (CET) sobre a possibilidade de chuva, a fim de alertar o órgão para se preparar para possíveis danos em semáforos e problemas no trânsito.
Na quarta-feira, a Defesa Civil registrou 56 milímetros de chuva em Santos. "Esse,
geralmente, é o volume de toda uma semana. Em meia hora foram 52 milímetros".
Recuperação - Conforme o secretário municipal de Governo, Márcio Lara, 220
funcionários da Prefeitura e da CET trabalharam na recuperação dos estragos.
Seis estruturas, sendo duas torres de comunicação, além de seis placas e painéis,
também foram danificadas pelas chuvas, de acordo com Lara.
No Valongo, todo o material das partes das ruínas do antigo Casarão que desabaram foi
acondicionado no próprio terreno, pois serão restauradas durante a construção do futuro Museu Pelé.
Os trabalhos em toda a Cidade prosseguem hoje.
Número |
15
cruzamentos estavam ontem com problemas nos
semáforos |
|
Ventania derrubou 300 árvores
Suzana Fonseca
Da Redação
Cerca de 300 árvores caíram sobre a rede de energia elétrica de Santos durante o
temporal ocorrido na tarde de quarta-feira. Quinze postes foram atingidos e cerca de cinco quilômetros de fios tiveram de ser substituídos, deixando
cerca de 100 mil pessoas sem luz nos bairros e morros. De acordo com a CPFL Piratininga, a energia elétrica foi totalmente restabelecida às 2 horas
de ontem.
Os ventos de até 90 quilômetros por hora também danificaram semáforos e placas de
sinalização. Conforme a engenheira agrônoma do Departamento de Parques e Áreas Verdes da Secretaria de Meio-Ambiente (Semam), Gisela Aparecida
Rodrigues Álvares, foram registradas 123 ocorrências envolvendo quedas de árvores e galhos. A chuva e os fortes ventos atingiram as zonas Leste e
Noroeste e a Região Central.
Na Zona Leste, os principais bairros atingidos foram Campo Grande, Marapé,
Encruzilhada, Vila Mathias e Centro. Na Zona Noroeste, segundo Gisela, foram mais atingidos os bairros
Areia Branca, Chico de Paula, Saboó, Jardim
Santa Maria e Jardim Bom Retiro.
"A Secretaria de Meio-Ambiente está trabalhando na desobstrução das vias e na
retirada de galhos e de troncos caídos sobre muros e telhados", informou Gisela.
Trânsito - Até a tarde de ontem, conforme a Companhia de Engenharia de Tráfego
(CET), em 15 cruzamentos de Santos os semáforos estavam com problemas e, por conta disso, agentes da CET coordenavam o trânsito - na quarta-feira,
após o temporal, 51 equipamentos ficaram danificados.
Quarenta operadores da CET e 19 pessoas da equipe de sinalização trabalharam, durante
todo o dia, nas ruas e avenidas, a fim de solucionar os danos causados pela chuva e os fortes ventos da tarde de quarta-feira. Os trabalhos
seguiriam até que todos os problemas fossem resolvidos.
De acordo com a CET, cinco pontos da Cidade estavam com as vias obstruídas devido à
queda de árvores - Gonçalves Ledo com João Carvalhal; Napoleão Laureano com Canal 1; Manoel Tourinho com Xavier Pinheiro; Rua B, próximo à caixa
d'água, no Morro São Bento; Barão de Ramalho com José André Sacramento.
Cenas marcaram moradores
Por toda a Cidade, na manhã de ontem, moradores ainda relembravam as cenas
presenciadas durante e após o temporal da tarde de quarta-feira.
"O vento passou muito forte. Parecia um mini-tufão", relatou Lincoln Castro Jeremias,
morador do Campo Grande. "Minha mãe, que mora aqui perto, ficou sem luz até as 22 horas".
"Cinco horas da tarde, fechei a loja", contou o comerciante José Shinzato. "Não tinha
luz, ninguém na rua e estava tudo escuro".
"Nasci aqui em Santos, há 60 anos, e nunca vi isso", assegurou Julilda Cunha, ainda
impressionada com o vendaval e com a árvore que caíra em frente à loja na qual trabalha. "Uma moça que estava passando entrou aqui tremendo".
Sem opção |
"Cinco horas da tarde, fechei a loja. Não tinha
luz, ninguém na rua e estava tudo escuro" |
José Shinzato,
comerciante |
Moto-serra - Em alguns bairros, os moradores passaram a manhã ouvindo o
barulho da moto-serra. Na Rua Espírito Santo, no Campo Grande, enquanto assistia ao trabalho de uma das equipes da Prefeitura, Elcana da Silva Bueno
reclamava de uma árvore em frente à sua casa, na altura do nº 75. "Já pedi para arrancarem. A Prefeitura devia cuidar dessa parte".
Na calçada, Aníbal Joaquim Vedor, morador de um prédio no nº 76 da Espírito Santo,
criticava a Secretaria de Meio-Ambiente. "Pedimos várias vezes para arrancarem essa árvore. Há uns três anos estamos pedindo e já abrimos cinco
processos", falava, apontando o ingazeiro que caíra sobre um Fiesta. "Eles podaram todas (as árvores da rua), menos essa. A sorte deles é que não
machucou ninguém".
No Marapé, quatro árvores em seqüência caíram na Avenida
Pinheiro Machado (Canal 1), na altura da Rua João Carvalhal Filho. Uma delas, de acordo com um morador, tombou na manhã de ontem.
Com o carro atravessado na rua e preso entre dois ingazeiros que caíram na Pérsio de
Queiroz Filho, na Encruzilhada, Regiane Giannini não sabia o que fazer. Por pouco o veículo não fora destruído.
"Liguei na CET para saber quando eles iam tirar as árvores.
A moça disse que não tinha previsão, que a prioridade são as vias de acesso. E que se meu carro estiver estacionado irregularmente, quando eles
vierem, eu vou ser multada", contou. "Não tenho como tirar o carro daí".
Waldemar foi resgatado pelos bombeiros e levado para a Santa Casa, onde permanece internado
Foto: Irandy Ribas, em 14/1/2009, publicada
com a matéria
DESABAFO
Sobreviventes falam sobre desmoronamento
Sorveteiro pensou que não conseguiria sobreviver
Samuel Rodrigues
Da Redação
"Hoje, apesar dos meus 66
anos, sinto que tenho um dia de idade. É o primeiro dia da minha vida". Este é o desabafo emocionado de quem encarou a morte de frente. O autor é o
sorveteiro Waldemar José do Nascimento, sobrevivente do desmoronamento de parte do Armazém XII (12 externo), onde funciona o Terminal Pérola, do
Grupo Rodrimar, no Porto de Santos. Alguém que tem um sobrenome adequado para o momento que vive.
Com afundamento no crânio e fratura na perna esquerda, Waldemar está sob os cuidados
da equipe médica da Santa Casa da Misericórdia de Santos, em um quarto na ala 2B. Ele é uma das duas vítimas que permanecem internadas após o pior
dos acidentes provocados pelos ventos de até 90 quilômetros por hora que atingiram a região na quarta-feira.
A outra é o auxiliar de serviços gerais Ismael Silverino dos Ramos, que está na
enfermaria da Santa Casa, na ala 2G. Waldemar e Ismael estão conscientes e com quadro estável.
Waldemar tem sete enteados e é casado há 20 anos com Sônia Batista Saraiva. Ambos
moram no Jardim Praia Grande, em Mongaguá. "Eu estou até agora alterada. Sou hipertensa e a minha pressão
subiu quando me ligaram contando o que tinha acontecido", disse Sônia, que visitava o marido na manhã de ontem, junto com o filho Sidney.
Lúcido e falante, apesar dos ferimentos e das dores, Waldemar relatou todo o
ocorrido, desde o momento em que os ventos começaram.
Desespero |
"Achei que se demorasse mais dez minutos para o
socorro chegar eu não ia sobreviver" |
Waldemar José do Nascimento |
Desabamento - "Eu estava vendendo sorvete onde sempre fico, ao lado do Pérola.
Saí para comprar gelo e voltei. A chuva e o vento já estavam fortes, então eu encostei o carrinho na parede do armazém, pensando em ficar ali até a
chuva passar. Havia um caminhãozinho bem em frente e o vento não chegava tão forte. Nunca pensei que a parede fosse desabar. Caiu devagarinho, mas
eu tentei sair dali e não consegui. Ela foi me empurrando e me deixou com uma perna presa e a cabeça prensada no caminhão".
Desespero - "Quando percebi que estava embaixo de tudo aquilo, pensei que não
conseguiria mais sair dali. Achei que se demorasse mais dez minutos para o socorro chegar eu não ia sobreviver. Continuava com a cabeça e a perna
presas e o pior é que eu não via ninguém".
"Comecei a bater com um tijolo no tanque de diesel do caminhão para fazer barulho e
consegui atrair alguém. Eles vieram e começaram a tirar as pedras. O resgate chegou logo".
Ismael - O auxiliar de serviços gerais Ismael Silverino dos Ramos, a outra
vítima, está com dificuldades para falar. Sua mulher, Rosemeire Jacinto dos Santos, e sua mãe, Antonia, acompanham o tratamento. Ele é pai de quatro
filhos, com idades entre 1 e 8 anos, e mora em Santos, no São Manoel.
"Ele trabalha para uma empresa que presta serviço no cais. Estava só de passagem e
foi atingido. Ficamos muito assustadas quando soubemos", disse Rosemeire. Ismael tem ferimentos espalhados pelo corpo, inclusive na cabeça. Seu
quadro é estável, mas, por enquanto, não há previsão de alta médica.
Apoio - O diretor de Operações do Terminal Pérola, Nelson de Andrade, explicou
que a empresa está dando todo o apoio às duas vítimas que permanecem sob cuidados médicos na Santa Casa e suas famílias. "Estamos arcando com todo
sos custos, com tratamento particular, se possível. A ordem dada ao hospital é para colocar os dois pacientes em quartos".
No entanto, no final da tarde de ontem, o serviço de atendimento da Santa Casa
relatou, por telefone, que Ismael permanece internado com outros três pacientes, pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
O Pérola informou a A Tribuna os nomes das outras três pessoas atendidas e
liberadas na última quarta-feira. São eles: Marcelo da Silva Guimarães, Francisco José de Oliveira (entrevistado pela Reportagem na edição de ontem)
e Antonio César de Carvalho.
Ontem, houve um desencontro de informações a respeito do total de atendidos. Enquanto
a Santa Casa, o Pérola e a Prefeitura de Santos apontavam cinco pessoas, o Corpo de Bombeiros informou que seis foram retiradas dos escombros. No
entanto, o nome dessa possível sexta vítima não foi apresentado.
Moradores passaram o dia tentando recuperar pertences deixados nos casebres danificados pelo
vendaval
Foto: Nirley Sena, publicada com a matéria
Prainha vive um dia de desolação
Marcelo Luís e Anderson Firmino
Da Redação
Vigas caídas sobre a maré, barracos destelhados e semblantes de medo e tristeza. No núcleo
Prainha, em Vicente de Carvalho, Guarujá, moradores passaram o dia de ontem contando os prejuízos e tentando salvar móveis e objetos que foram
danificados ou perdidos por causa do temporal. Uma espécie de mutirão foi formado pela comunidade para ajudar as pessoas prejudicadas com a
ventania.
No local, sete barracos sofreram perda total, dez foram danificados parcialmente e 30 pessoas
ficaram alojadas em casas de familiares ou amigos. O pintor José Fernando Pinheiro, que mora há sete meses no bairro, perdeu tudo. Ele teve o
barraco onde morava com a esposa destruído. "Tudo o que tinha eu investi aqui. O vento acabou com tudo. Parecia um furacão".
José Fernando contou que conseguiu salvar apenas o botijão de gás e a geladeira. "Estava
trabalhando quando me avisaram que o meu barraco tinha desabado. Agora, vamos começar do zero", disse ele, enquanto recolhia objetos do meio dos
destroços.
A dona-de-casa Érika Rosana Juliana dos Santos não conteve a emoção e chorou ao ver a sua moradia
parcialmente destruída. O barraco onde ela morava foi destelhado e corre o risco de desabar. "Eu ainda estou pagando os móveis que perdi. Um técnico
da Defesa Civil disse que não há condições de ficar aqui. Eu dormi na casa da minha mãe". Segundo a moradora, ela gastou nos últimos anos cerca de
R$ 7 mil em melhorias na moradia. "Tudo o que eu tinha estava aqui", disse Érika, entre lágrimas.
Já a auxiliar de limpeza Tânia Alves disse que por pouco não foi atingida pelas telhas que
desabaram. "Foi muito rápido. Não deu chance nem de correr". A dona-de-casa Elisângela da Conceição machucou a perna esquerda na hora do desespero.
"As telhas da casa do vizinho caíram em cima do meu barraco. Saí correndo com os meus filhos, mas a tábua arrebentou e fiquei com a perna presa. As
pessoas tiveram de cortar a madeira para me ajudar".
A prefeita Maria Antonieta de Brito comentou a situação da Prainha. "Estamos nos esforçando para
melhor atender essa comunidade. Graças a Deus foram ocorrências sem mortes. Crianças e adultos foram prontamente acolhidos pela Defesa Social,
regionais e Assistência Social. Estamos estudando uma ação de retomada da construção das moradias, porque essas pessoas não podem ficar
desamparadas".
Desaparecido - O banhista que caiu no mar quando tentava fugir do temporal na última
quarta-feira, em Guarujá, não havia sido localizado e nem mesmo identificado até a noite de ontem. Na ocasião, ele estava no Morro do Maluf e
escorregou nas pedras. As equipes de resgate fizeram busca na área, com ajuda de um helicóptero da Polícia Militar, porém sem sucesso.
Érika não conteve o choro ao ver que o barraco corre risco de desabar
Foto: Nirley Sena, publicada com a matéria
Defesa Civil registrou 16 ocorrências em SV
Os ventos de 90 quilômetros por hora também causaram problemas em São Vicente. De acordo com
balanço oficial divulgado na tarde de ontem pela Prefeitura, a Defesa Civil registrou 16 ocorrências na tarde de quarta-feira.
O órgão atendeu a 15 chamados de árvores caídas. O trecho mais crítico foi a Linha Vermelha, onde
uma árvore chegou a atingir o canal de drenagem. Além disso, uma casa foi destelhada e um veículo danificado. A quantidade de avarias, porém, deve
ser maior, já que muitas pessoas podem não ter mantido contato com a Defesa Civil.
Ontem, equipes da Prefeitura deram seqüência aos trabalhos de corte e remoção das árvores.
Número |
15
chamados foram sobre árvores caídas, segundo dados
oficiais |
|
Moradora da Vila Melo, a dona-de-casa Janete Ferreira dos Santos ficou bastante
assustada com a força dos ventos. "Eu nunca vi algo assim. Parecia que tudo ia desabar".
As equipes da Defesa Civil continuam acompanhando os boletins meteorológicos e
monitorando as áreas de risco existentes na Cidade.
Galhos de árvores caíram no canal de drenagem da Linha Vermelha
Foto: Paulo Freitas, publicada com a matéria
TEMPESTADE TROPICAL
O temporal e as suas conseqüências nos registros fotográficos
dos leitores
O fenômeno, considerado atípico em função da ocorrência de granizo, deixou
marcas em toda a região
O violento temporal
ocorrido na última quarta-feira deixou um rastro de destruição em Santos e em toda a Baixada Santista. Foram pouco mais de 15 minutos de chuva
intensa e ventos que sopraram a 90 km por hora, deixando a população assustada.
Residências destelhadas; barracos destruídos; famílias ilhadas; árvores tombadas
sobre carros bloqueando ruas e avenidas; placas de trânsito e de propaganda lançadas à distância; alagamentos por toda a parte; semáforos apagados;
trânsito caótico.
Essas cenas de destruição, estampadas nas páginas de A Tribuna de ontem e de
hoje, também foram registradas por internautas de vários pontos de Santos.
As fotos que ilustram esta página foram enviadas para o
fotoleitor@atribunajornal.com.br. Elas mostram um pouco dos estragos causados pelo temporal
durante poucos minutos de uma tarde em que a Cidade e região foram vítimas da fúria da natureza.
A Avenida Pinheiro Machado (Canal 1) perdeu árvores de grande porte, derrubadas pelo vento
Foto: Franz Edmund, publicada com a matéria
A paisagem da tarde ensolarada foi rapidamente modificada pela névoa originada da forte chuva
Foto: Carlos Gama, publicada com a matéria
O proprietário do Ford Ka teve sorte, pois o carro não foi atingido pela árvore, na Rua Tolentino
Filgueiras
Foto: Fernando Montanha, publicada com a
matéria
A esquina da Avenida Washington Luiz com a Rua Almeida de Moraes ficou alagada, afetando o
trânsito
Foto: Sérvulo da rocha Silva, publicada com
a matéria
Atingido por um galho de árvore, o carro estacionado na Rua Tomé de Souza ficou bastante avariado
Foto: Gilberto Moraes Júnior, publicada com
a matéria
A queda de árvores bloqueou a Rua Pérsio de Queiroz Filho, provocando transtornos aos motoristas
Foto: Sérgio Arikawa, publicada com a
matéria
A força dos ventos fez cair a cobertura metálica no pátio da Transportadora Cortês
Foto: Alexandre Simões, publicada com a
matéria
A torre de telefonia celular foi derrubada, assustando os moradores de um prédio na Rua Guedes
Coelho
Foto: Adriana Cruz, publicada com a matéria |