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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - PORTO DO CAFÉ
O auge do café e o início do porto santista (8)

Em 1967, o contêiner nem era citado. Mas o primeiro tinha chegado em 1966
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Em sua primeira edição, no dia 1º de julho de 1967, o jornal Cidade de Santos (grupo Folha de São Paulo - exemplar no acervo do historiador Waldir Rueda), publicou esta matéria:
 


Foto publicada com a matéria. Cor acrescentada por Novo Milênio

Três anos contam uma história

Um bonde chamado "PTB", o da linha 19, pode ser bem desconfortável, mas ainda é o melhor para quem quer conhecer o porto mais de perto e ter uma idéia do que ele representa economicamente.

Entre outras coisas, há um cais de inflamáveis que em 1966 recebeu 8 milhões de toneladas de petróleo; 139,9 km de linha férrea e 59 armazéns, nos quais se movimentaram e estocaram quase 14 milhões de toneladas de todo tipo de mercadoria no mesmo período.

O rápido passeio de "PTB" não chega para ver tudo de um porto que viveu 75 anos antes de ser o que é. Trabalhadores que ali estão há mais de 10 anos ainda não o conhecem inteiramente.

Velho e sempre novo - Braz Cubas foi quem viu os inconvenientes da atracação de navios na desembocadura do rio Santo Amaro e resolveu construir um novo porto, lá por 1630 (N.E.: o ano correto é 1532). Adquiriu de Pascoal Fernandes e Domingos Pires uma área de mata virgem na parte oriental do rio São Jerônimo, que compreendia o outeiro de Santa Catarina. Ali passaram a atracar os navios de alto mar e as canoas procedentes dos rios Santo Amaro e Bertioga. O intercâmbio humano se iniciava, pois os tripulantes dos barcos, bons marinheiros, mal pisavam no solo dirigiam-se a Santos e São Vicente pela estrada aberta pelos antigos donos da terra, através do outeiro onde hoje está o mosteiro de São Bento.


Foto publicada com a matéria. Cor acrescentada por Novo Milênio

Três datas marcam bem a vida do porto: a fundação de Santos por Braz Cubas em 1545; a ligação ferroviária da Baixada com o Planalto, em 1867; a inauguração do primeiro trecho de cais acostável, em 1892.

A primeira autorização para a exploração comercial do porto de Santos foi dada à companhia do conde de Estrela e de Francisco Praxedes de Almeida Pertence, pelo governo imperial, em 1870. Os concessionários não conseguiram realizar as obras contratuais e, após duas prorrogações de prazo, a autorização foi cassada. O sucessor da companhia foi o governo provincial de São Paulo, que não pôde dar prosseguimento à obra.

Uma nova concessão foi outorgada a 12 de julho de 1888, pelo decreto 9.979, assinado pela princesa regente e referendado pelo paulista Antonio da Silva Prado. O diploma autorizava Gaffrée, Guinle & Cia. a explorar comercialmente o porto. Mas o curto prazo para execução de obras que o contrato previa e os pesados encargos financeiros que dele resultavam obrigaram Gaffrée, Guinle & Cia. a transformar-se em sociedade anônima, que, no dia 14 de novembro de 1892, passou a chamar-se Companhia Docas de Santos. A nova empresa inaugurou a 2 de fevereiro de 1892 o primeiro trecho de cais acostável, com extensão de 260 metros, obra pioneira no Brasil.

O tempo ajuda - O porto de Santos é geográfica e atmosfericamente privilegiado, protegido que está dos freqüentes ventos de Este e Sudoeste, vindos pela extremidade Sul da ilha de Santo Amaro e Este de São Vicente. Os ventos que sopram de Noroeste, com alguma intensidade, são raros e de curta duração, e as águas tranqüilas oferecem abrigo seguro.

O acesso é feito por um canal que até janeiro de 1964 tinha 9 m de profundidade e agora tem 13,5, em águas com largura mínima de 1,20, que permitem a entrada de navios com até 9 m de calado. O canal estende-se da Fortaleza Velha da Barra até a extremidade do cais do Macuco, com cerca de 4.600 m de comprimento e largura que varia de 300 a 700 m. Seis torres de concreto armado são balizas que garantem segurança aos navios.

As correntes marítimas, no porto de Santos, atingem às vezes velocidade de 3 milhas na vazante, com amplitude de 2,80 m.

Os ventos mais constantes assim se distribuem: calmaria, 53,6%; Este, 14,1%, Sueste, 10,6%, Sudoeste, 7,1%, Sul, 6,6%; Nordeste, 3,6%; de outros quadrantes, 4,4%.

A média da temperatura observada nos últimos vinte anos é de 22,8 graus centígrados; a umidade relativa do ar é de 83,3%; e a média pluviométrica (precipitação de chuva) observada de 1939 a 1957 foi de 179,5 mm. Nesse mesmo período, a variação de pressão atmosférica foi de 761,9 mm. O mar está sempre calmo e a visibilidade alcança em média 7.800 m.

Os navios que ganham o porto são manobrados por práticos entre quatro bóias iluminadas na barra, seis no estuário e ainda três bóias cegas e um radio-farol. A bacia de evolução compreende a ilha de Santo Amaro, a ilha do Barnabé e o cais do Paquetá, um triângulo que tem base de 1,5 km e altura de 2,2.

Para que serve o cais - Os 8.147,15 m de cais têm várias profundidades, de acordo com os fins. Um trecho de 322,4 m destina-se a pequenas embarcações de tráfego local e tem profundidade de 5 m. Ao transporte de cabotagem reservam-se 1.023,27 m, com a profundidade de 7 m, enquanto o de longo curso tem 4.105,69 m, com profundidades que variam de 7 a 11 metros. Aos granéis destinam-se 2.228,79 m com profundidades que vão de 7 a 11 metros. Neste item tanto se incluem os granéis líquidos quanto os sólidos. Os grandes petroleiros, que são os mais pesados barcos que aportam em Santos, têm 567 metros de cais com 13 de profundidade.

Em cereal não se mexe - Uma rede de 31 armazéns internos e 28 externos soma 744.771 metros cúbicos disponíveis (o empilhamento é feito até 4 m de altura). A área construída totaliza 300.324 m².

O cais do Saboó tem 24 mil m² para movimentação de mercadorias sólidas a granel, operadas por meio de guindastes e linhas férreas. Entre os armazéns da faixa há pátios internos cobertos com a área total de 42.420 m²; os pátios destinados a volumes e carga pesada são três e somam 38.040 m², grande parte servida por guindastes e linhas férreas.

Os cereais são armazenados em silos com espaço para 30 mil t e deixam os porões quase sem interferência humana; sugadores retiram deles entre 120 e 150 t por hora. O armazém frigorífico pode conservar 250 t de carne ou 40 mil caixas de frutas, num espaço de 3.221 m².

Corrosivos e inflamáveis são guardados em dois armazéns na ilha do Barnabé, com área total de 3 mil m², e dois galpões na Alamoa, com 2.371 m². Para os explosivos há ainda um pequeno depósito junto ao mar, com 67 m². Os tanques para armazenar combustíveis espalham-se pela ilha do Barnabé, cais do Saboó, Alamoa e Valongo e podem receber 433.067 m³ de petróleo e seus produtos.


Foto publicada com a matéria. Cor acrescentada por Novo Milênio

Toneladas, de lá para cá - Ao todo, 44 guindastes pneumáticos, com capacidades que vão de 1 a 10 toneladas, 149 guindastes elétricos capazes de movimentar de 1,5 a 30 toneladas, 28 guindastes sobre lagartas, 304 empilhadeiras, 4 monta-cargas e 74 carrinhos elétricos. São esses os principais equipamentos de carga e descarga geral do porto.

Também há 11 aparelhos pneumáticos para descarregar trigo, que é conduzido por esteiras ao silo do porto ou aos moinhos que se localizam junto à faixa portuária. Também o sal é levado por esteiras diretamente ao depósito. O milho em sacos vai em correias dos três armazéns externos que a ele são destinados até a boca do porão do navio. O embarque do cereal a granel é feito diretamente de caminhões e vagões para o navio, por meio de sugadores e esteiras.

São 35 locomotivas, 436 vagões, 56 caminhões, 52 cavalos-mecânicos e 14 tratores com 173 reboques para os serviços portuários. A movimentação dos vagões em operação de carga e descarga é feita ainda por 49 tratores pneumáticos.

De água e incêndio - O equipamento flutuante da Cia. Docas compõe-se de 3 rebocadores, 12 lanchas, 3 dragas, 12 batelões, duas cábreas (guindastes flutuantes que retiram cargas de grande tonelagem dos porões e as conduzem a qualquer ponto do cais), 21 flutuantes (para embarque e desembarque de passageiros, principalmente), 3 barcas-tanque para abastecimento de navios ao largo, numerosas chatas e ferry-boats que conduzem vagões e caminhões entre a ilha do Barnabé e Santos.

Oleodutos, um complexo de prevenção e combate a incêndios, usina elétrica própria, aparelhagem telefônica para ligações com navios atracados, rede de água também própria são algumas das outras instalações do porto, que ainda vai crescer na direção da foz do rio Casqueiro e da barra e que irá atravessar o estuário, com a construção de cais na outra margem.

É claro que o "PTB" não vai mostrar tudo isso a quem quiser conhecer o porto. Mas pode dar uma boa idéia.

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