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ROTA DE OURO E PRATA - ARMADORAS
Royal Mail Steam Packet (RMSP)

SUMÁRIO

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4º Período - de 1932 a 1945:

O quarto período histórico da RMSP foi caracterizado por dois grandes acontecimentos, um interno e outro externo à empresa. A data de 1932, iniciando este período, não foi, tal como todas as outras, escolhida por acaso. Ela, de fato, marca o princípio de uma nova era nos negócios e evolução desta tradicional armadora, que já era nesse ano praticamente centenária, tendo sido fundada em 1839.

Em 1832 chegou ao fim o reinado de lorde Kylsant, ou seja, de Owen Phillips, que, durante 30 anos, havia governado os destinos da Royal Mail. Nessas três décadas, Phillips e seus associados conseguiram construir um verdadeiro império na área de shipping (navegação), adquirindo o controle de outras companhias marítimas, formando, deste modo, um conglomerado sob a égide da RMSP, a principal do grupo.


O inglês Kenneth Denton Shoesmith (1890-1939) pintou muitos dos cartões postais da armadora. Aqui, navio da RMSP escala no Rio de Janeiro 

As empresas adquiridas ou controladas por Lord Kylsant foram:

1906 - Orient Royal Mail Line (serviços para o Oriente e Austrália), até 1909.

1907 - Shire Line Steamers (em sociedade com Thos & Brocklebank).

1908 - Forward Line (serviço Londres, Gibraltar, Marrocos, Madeira e Canárias).

1912 - Elder Dempster.

1913 - Nelson Line e Nelson Steam Nav. Co.

1914 - RMSP Meat Transports (serviço de carga refrigerada para o Rio da Prata).

1919 - David MacIver, Sons & Co.

1927 - White Star Line (serviço de passageiros no Atlântico Norte, proprietária do desaparecido Titanic).

Com a grave crise econômica mundial, ocorrida a partir da quebra da Bolsa de Nova Iorque, em finais de 1929, e até 1931, os negócios do Grupo Kylsant entraram em declínio.

Os problemas financeiros decorrentes de tal situação forçaram a liquidação das antigas estruturas jurídicas, obrigando à reconstrução do grupo em uma nova entidade, a Royal Mail Lines Ltd.

Este novo conglomerado formou-se oficialmente em agosto de 1932, sob nova direção, presidida por lorde Essendon e engobando todos os navios da dissolvida RMSP, da Nelson Line, da David MacIver e da RMSP Meat Transp.

Passaram para as cores da Royal Mail Lines (RML) os cinco transatlânticos mistos da série Highland (como o Highland Chieftain e o Highland Patriot) e todos os navios cargueiros das empresas David MacIver e da RMSP Meat Transp.


O Drina, em cartão postal da Royal Mail Lines, começou a operar em julho de 1943
e alojava apenas 12 passageiros

Guerra - A frota da RML passou, então, a ser integrada por 10 navios de passageiros e 37 cargueiros. A maioria desses navios encontrava-se sob o controle da armadora em 3 de setembro de 1939, quando eclodiu na Europa o conflito que originaria a Segunda Guerra Mundial.

A guerra de 1939-1945 foi o segundo grande acontecimento da história da armadora para este quarto período. Ela teria conseqüências extremamente nefastas para a RML, que perdeu, por razões bélicas, nada menos do que 17 unidades, de um total de 31 navios que eram seus antes do início do conflito.

Todos os navios de passageiros da série A foram requisitados pelo governo britânico para serem utilizados, ou como cruzadores auxiliares armados (AMC na sigla em inglês), ou como navios-transporte de tropas (troop carriers), ou como navios-hospital.

Dos cinco transatlânticos mistos da série Highland, um - o Highland Patriot - foi perdido logo no primeiro ano da guerra, os outros quatro realizaram serviços alternados, seja como cargueiros (carregando carne platina), seja como troop carriers.

Foi, porém, a frota de cargueiros da RML a que mais sofreu as conseqüências, pois nada menos do que 16 unidades foram perdidas e, dentre estas, 13 em conseqüência de ataques perpetrados por submarinos alemães.

A este número deve-se acrescentar também o Pampas, aprestado (concluído) em 1940 e afundado em março de 1942, no Porto de Malta, após violento ataque aéreo contra a cidade.


O Asturias no cais do armazém 16 do porto de Santos
Foto:  J.C. Rossini

É necessário também assinalar que, durante o quase seis anos de guerra, a Royal Mail procedeu a construção de 12 novas unidades, já em previsão das perdas que inevitavelmente ocorreriam. Surgiram assim os oito cargueiros da série P e os quatro navios mistos da série D de 1942.

Após o término da guerra, em 1945, a Royal Mail encontrou-se, portanto, com os cinco transatlânticos de passageiros (dos quais só o Andes era de construção recente), oito navios mistos, quatro de grande capacidade e quatro de capacidade intermediária e tão somente 11 cargueiros.

Navios do Royal Mail em 1/9/1939:

Navio

Tipo

Ano de Construção

TAB

Perdido na II Guerra Mundial

Alcantara Passag.

1926

22.209 

-- 

Almanzora Passag.

1915

15.551 

-- 

Andes Passag.

1939

-- 

Asturias Passag..

1925

25.689 

-- 

Atlantis Cruz.

1913

15.135

-- 

Highland Brigade Misto

1929

 14.134

-- 

Highland Chieftain Misto

1929

 14.135

--

Highland Monarch Misto

1928

 14.139

--

Highland Patriot Misto

1932

 14.172

1940-T (U-38)

Highland Princes Misto

1930

 14.133

1940-A (mina)

Araby Cargueiro

1923

 4.936

1940-T (U-509)

Brittany Cargueiro

1928

 4.772

1940-T (U-123)

Culebra Cargueiro

1919

 3.044

1942-A (U-123)

Gascony Cargueiro

1925

 4.716

--

Lochavon Cargueiro

1938

 9.205

1939-T  (U-45)

Lochgoil Cargueiro

1924

 9.419

1943-A (avião)

LochMonar Cargueiro

1924

 9.412

--

Lombardy Cargueiro

1921

 3.379

-- 

Nagara Cargueiro

1919

 8.791

1943-T (U-404)

Nalon Cargueiro

1915

 7.222

1940-A (avião)

Narenta Cargueiro

1920

 8.266

-- 

Nariva Cargueiro

1920

 8.714

1943-A (U-91)

Natia Cargueiro

1920

 8.715

1940-A (Thor)

Navasota Cargueiro

1917

 8.795

1939-T (U-47)

Nebraska Cargueiro

1920

 1.261

1944-T (U-843)

Nela Cargueiro

1916

 7.221

--

Sabor Cargueiro

1920

 5.212

1943-T (U-506)

Sambre Cargueiro

1919

 5.260

1940-T (U-34)

Sarthe Cargueiro

1920

5.271

1942-T (U-68)

Siris Cargueiro

1919

5.242

1942-T (U-201)

Comme Cargueiro

1919

5.265

1942-T-(U-108)

TAB = Tonelagem de Arqueação Bruta
* Navio não realizou a viagem inaugural na Rota e Ouro e Prata
Perdido na II Guerra: quando é o caso, ano, [T]orpedeado ou [A]fundado

Artigo publicado no jornal A Tribuna de Santos em 27/2, 5, 12, 19 e 26/3 e 2/4/2000

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