Recriação em line-art digital de detalhe do monumento aos revolucionários
constitucionalistas de 1932, da Praça José Bonifácio. Soldados voluntários de Santos em combate
Foto: reprodução parcial da página 23
Capítulo II - Os tempos de chumbo
A criação do Sindicato, a longa travessia do Estado Novo e as primeiras conquistas da luta
"Eram caminhões bonde autobondes anúncios luminosos relógios faróis motocicletas
telefones gorjetas postes chaminés... Eram máquinas e tudo na cidade era só máquina"
A vertiginosa linguagem do escritor e poeta Mário de Andrade, dispensando vírgulas no início dos anos
30, era um flagrante de um país que mudava e das novas exigências de uma vida que se chamava de "moderna". A década começava com a Revolução de
Vargas, e bem pouco ainda se sabia sobre o que esperar daquela reviravolta política.
Dois anos depois, em 1932, rebenta a Revolução Constitucionalista, que opõe os
paulistas ao governo central, primeiro sinal de um período turbulento que se estenderia até o final da 2ª Guerra Mundial.
Naquela época de chumbo, o que começou com um golpe de estado terminaria com a volta para casa dos
soldados dos campos da Itália. "O espião janta conosco", resumiria o poeta Carlos Drummond de Andrade, sobre
o que se passou entre um fato e outro.
Foi neste tempo complexo que surgiu, de fato, nosso Sindicato. "Arrepiado", sabe-se lá por que
motivo, era o apelido do dono do bar que havia na esquina das ruas João Guerra e João Alfredo, bem perto de uma das entradas para o cais. Era ali
que se reuniam os interessados em retomar as tentativas de juntar a classe que, por caminhos diversos, haviam fracassado no passado. Muita conversa
e reclamação, idéias de união abrindo caminho no emaranhado.
Recessão brava decorrente da mudança do poder em 30, vale dizer, pouco dinheiro no bolso de quem
trabalhava, somada aos novos ares de um certo incentivo à organização - evidentemente controlada - das classes assalariadas, foi o tiro de partida.
Nada ficou mais fácil nos anos seguintes, com a guerra civil. A defesa do mercado de trabalho era vital, mais que nunca.
No final de 32, aquele ano marcado por tantos dissabores paulistas, sentidos mesmo pelos que nada
compreendiam da natureza dúbia da luta fratricida, que foi feita a primeira reunião, fundando o Syndicato dos Conferentes e Consertadores de Carga e
Descarga do Porto de Santos. Dia 18 de dezembro.
Antonio Carneiro e Manoel Gomes Duque eram dois portugueses, veteranos do Arrepiado, caixeiros
profundamente irritados com a exploração a que eram submetidos e - especialmente - com a escolha para os serviços de gente desconhecida na
profissão. Eram os amigos dos encarregados, os recomendados por guardas aduaneiros, os que levavam pedidos "muito especiais" de altos
empregados da Cia. Docas - era uma verdadeira invasão em prejuízo dos que corriam cais atrás de serviço havia tantos anos.
Carneiro, por esses tempos, andava desgostoso com os rumos da categoria. Fora-lhe especialmente
dolorosa a extinção da Sociedade dos Caixeiros, pela qual dera boa parte de seus anos de vida e que lhe custara tantos boicotes e dificuldades. Sua
liderança era reconhecida, mas os golpes lhe pesavam demais.
Mas foi fortuito, antes de mais nada, o que passou no dia 14 de novembro daquele ano, véspera do 43º
aniversário da República. Estavam os dois no escritório da Docas no Paquetá, por volta das 16 horas, quando seriam engajados caixeiros para o
serviço de conferência em cinco vapores da Theodor Wille, uma das maiores agências da época. Trabalhariam vinte e dois no
total.
O encarregado Porfírio de Oliveira, "parado lá feito um cacique", escalou quatorze homens da categoria
e os oito restantes foram apadrinhados da alfândega e do escritório da Docas. Carneiro e Duque ficaram de fora, espumando de uma raiva sem tamanho,
que foram tentar aplacar no Café Ferro, na Rua João Otávio. Foi lá que compraram duas folhas de papel almaço para montar um abaixo-assinado para a
fundação de um sindicato de conferentes e consertadores, formando uma espécie de comissão organizadora. "O nosso 15 de novembro, meu amigo, começa é
agora".
Três dias depois reuniam 49 assinaturas, número exato de participantes da primeira reunião, no domingo
seguinte, nos altos do prédio de nº 7 da Rua João Guerra, onde ficava o Esporte Club Guarany e também - é claro - um café, que tinha o nome de
Rodney, no térreo.
Foi ali mesmo, no dia 18 de dezembro, que fizeram a assembléia de fundação e elegeram a primeira
diretoria da nova entidade. Também ali, no dia 4 de janeiro de 1933, se faz a posse solene.
Depois de calados os canhões na Europa, o mundo está cansado de horrores. A destruição é uma
herança pesada (bico-de-pena de Pagé)
Imagem publicada com o texto
A primeira reivindicação tirada no dia 16 de março de 1933 foi de um aumento de 15 para 20$000 e 25%
nos extraordinários. Para tratar do assunto, lá se foram Carneiro e Duque, de agência em agência, até animados com a possibilidade do sucesso da
empreitada. Tudo apenas boa conversa e promessas vãs. A 11 de maio, o presidente do Centro de Navegação Transatlântica, mister Mannigton,
representando o patronato, deu um redondo não às pretensões do nascente sindicato.
Que fazer então? A proposta de greve na assembléia foi decidida em votação secreta. Aprovada por 30
votos contra 24. Estava ali, de novo e inapelável, a velha divisão entre gangs e lixas grossas, cada qual com seus interesses. Um
mensalista de agência, neste tempo, tirava seus 400$000, o dobro de um lixa grossa que conseguisse - o que era raro, muito raro - trabalhar
15 dias no mês.
Um ponto chave da greve era o Avelona Star, o maior navio
frigorífico do mundo em sua época. Para lá foi o piquete dos inevitáveis Carneiro e Duque, mais Hercilio Mello e José Cordeiro Macedo. Notificado o
encarregado Antonio Silvério sobre as pretensões dos conferentes, levaram pela cara que não se precisava deles: já estavam no local os empregados
dos escritórios da Blue Star Lines e a Cia. Frigorífica de Santos, "mais que suficientes". A frase foi dita de boca cheia, defronte de mister
Mannigton, que aprovou cada letra.
Foi por volta de 1h30 que Duque encontrou Manoel Novita, o Novita, e Antonio André Carrijó, o
Navalhada, estivadores sobre os quais não se precisa dizer mais nada. Foi através deles que se conseguiu a adesão fundamental para o
movimento. Agora, com o apoio da estiva, não tinha mais jeito.
Ênio Sarmenha Lapage era o representante em Santos do Ministério do Trabalho, que se dirigiu ao local
da parede, com a seguinte orientação do capitão dos Portos, comandante Esculápio César de Paiva: "Resolva tudo com os rapazes;
o pedido deles é justo e humano; proponho uma reunião com os empregadores e, se falhar, farei uma mesa-redonda na Capitania".
Foi na sede do Centro de Navegação Transatlântica, na Praça Mauá, que os
representantes dos patrões, Froelich, McCardel e Simões, depois de três horas de bate-boca com Carneiro, Duque, Mello e Macedo, acabaram cedendo.
Mannigton quase comeu seu cachimbo e o pessoal pôde comemorar a primeira vitória da organização sindical.
Mas nem tudo são flores, naturalmente. Muito longe ainda se estava de superar o antigo conflito
interno, gangs versus lixas, e o sindicato sequer tinha ainda seu reconhecimento oficial. Naquele primeiro embate, várias coisas
ficaram claras, talvez excessivamente claras para uma entidade que estava apenas começando.
Na assembléia de 11 de maio, por exemplo, surgem propostas de que mensalistas "não deveriam se
manifestar" sobre o assunto, no caso o cumprimento da tabela do sindicato ou do Centro de Navegação, "já que não estão sujeitos a este tipo de
pagamento". São rebatidas pelo presidente Agostinho Souza Castro, que invoca a igualdade entre mensalistas e diaristas prevista nos estatutos. Mas a
assembléia nega validade em seguida a um estranho voto "por procuração" de treze associados, apresentado por David Raphael Augusto Correia, um dos
fundadores, a favor da tabela do Centro de Navegação. Trocas de acusações, burburinho, confusão. Exemplo da situação: o Centro de Navegação pagaria
o conferente, nas continuações, 7$500, enquanto os estivadores, na mesma situação, ganhavam 9$400.
No dia 18, nova assembléia, com a questão já resolvida pela greve. A troca de acusações continua. E,
mais uma vez, é exposta nossa fragilidade: Mister Graant, da Dickinson, jogara pesado ameaçando de demissão o próprio presidente Agostinho,
que era seu empregado, se este continuasse no Sindicato.
Ênio Lapage, que além de representante do Ministério do Trabalho era presidente da Liga dos Empregados
do Comércio, fora muito ovacionado por seu apoio aos conferentes na primeira luta da categoria - ao ter seu nome citado em um voto de louvor,
declin-o, coerente, aos estivadores, "estes sim que fizeram a maior pressão". Pois é este mesmo Lapage que se dispõe a questionar judicialmente a
demissão do presidente, caso concretizada.
Mas a necessidade objetiva fala mais alto e, menos de seis meses depois de eleito, lá se vai o
presidente: pede demissão. É substituído, por aclamação, por Alberto Alves dos Santos, mensalista da Blue Star Line, membro do Conselho Fiscal.
Curioso que a elevação do vice-presidente, Ribeiro Xisto, como seria de se esperar, pelo menos no que se tem em atas, sequer foi cogitada.
A categoria, como se vê, continuava dividida e fraca.
Poucos dos conferentes mais conscientes, fossem gangs ou lixas grossas, tinham dúvidas
de que estava na distribuição do trabalho a razão da divisão e dos atritos permanentes. E desde o princípio do século se levantava a questão do
rodízio, que democratizaria a relação interna da categoria e dela com o empresariado.
Não é de estranhar, portanto, que no dia 12 de outubro daquele ano de 33, menos de um ano depois da
fundação do sindicato, o assunto fosse motivo de uma assembléia específica. Cinqüenta e sete pessoas estão presentes e mais uma vez fica demonstrado
quem é quem naqueles primeiros dias do sindicato: a proposta do rodízio na distribuição do trabalho é estrepitosamente derrotada, uma surra de 54 a
3. Entre os três solitários, curiosamente, está o próprio presidente, Alberto Alves dos Santos.
No final do ano é empossado Faustino Blanco, que havia derrotado José Antonio Fernandes. Mas em março
de 34, três meses depois, a situação se inverte rigorosamente. Blanco se demite, com boa parte da diretoria, e o sindicato fica nas mãos de uma
Junta Diretora, presidida por Fernandes, por dez dias, até nova eleição. Naquela assembléia do dia 2, de tão momentosos eventos, o tema seguinte da
pauta não poderia ser outro: a questão do rodízio, de novo, causa tal confusão que a assembléia é suspensa.
Retomada no dia 4, João Bento de Souza prossegue na leitura de seu projeto, o mesmo que no ano
anterior fora rigorosamente surrado. Apanha de novo, mas desta vez de 38 a 24. As gangs estão assustadas pelo aperto súbito e um dos inimigos
mais aguerridos do rodízio, Aguinaldo Serrão, faz uma proposta radical: quer que a mesa da assembléia não mais possa receber pedidos para
implantação do rodízio. Claro que não foi aceita. Era ilegal. Mas os sinais estavam claros, bem acima do horizonte.
A chapa eleita em dezembro de 34, liderada por Ítalo Humberto Trucci, não enfrentou menos problemas.
Já de longe vinha uma questão aparentemente menor, a do pagamento da mensalidade. Aparentemente apenas. Havia recomendações para que só trabalhasse
no cais quem fosse associado e para ter essa condição, ficava claro, só quitando a mensalidade. Em tempos de vacas magras, pouco trabalho, poucos
navios, muitos atrasavam. Nas assembléias era uma guerra.
Pois bem, no dia da posse daquela nova diretoria, estava lá Nestor Bittencourt, pedindo a impugnação
de tudo, posse, eleição, o diabo. Havia pilhado membros da diretoria eleita em atraso com o sindicato. O alvoroço foi grande e a solução encontrada
foi a de anular a eleição, nomeando-se uma Junta Administrativa, até que fosse aprovada a reforma dos estatutos, que estavam no Ministério do
Trabalho. A Junta foi firmada, com algumas exceções, pelos próprios membros da diretoria cassada. Uma bela pizza, aquela confusão de dezembro de 34.
Os conflitos se sucedem, trocando-se a direção da Junta por duas vezes, uma para Alberto Alves dos
Santos, em agosto de 35, outra para José Antonio Fernandes, em dezembro do mesmo ano. Na eleição de 1936, com a vitória de Alberto Alves dos Santos,
esperava-se novos tempos, menos atribulados. Mas qual! Cinco meses depois, a 2 de maio de 37, é deposto o presidente e assume seu vice, o mesmo
Nestor Bittencourt, o polêmico de tantas encrencas e lutas, desde antes da fundação.
Mais importante que tudo, naquele momento confuso, é o fato de que, pela primeira vez, um lixa
grossa chegara à presidência.
Aquele ano, como se sabe, é de uma virada. O País está conturbado, fala-se de golpe de estado pelos
cantos, pelas ruas, nos bares. O rádio é o veículo dos discursos de Getúlio, ouvidos tão atentamente quanto as canções do astro Chico Alves; o samba
Camisa Listrada, Araci de Almeida ao microfone, é o sucesso do momento, que não deixa esquecer uma morte que abalou o país: Noel Rosa
embarcou naquele ano para a dimensão da história e da lenda.
Fala-se de guerra na Europa, pelo que se vê no "jornal da tela" dos cinemas que se afirmam, trazendo
modismos e maquiagens. Lá está Gardel, que ainda hoje "canta cada vez mejor", apresentando-se no Miramar, casa de
diversões da Conselheiro Nébias que justificava o slogan "ainda que chova". A 10 de novembro, num golpe de braço,
Getúlio instala o Estado Novo.
Pois foi naquele ano de tanta ação, os conferentes dirigidos pelos lixas grossas, que sai a
malfadada Carta Sindical. Estava, por fim, consolidada a entidade, mesmo que não resolvidos seus problemas internos.
Bittencourt, como de se esperar, é inimigo mortal dos privilégios das agências a uns poucos, mas é
atabalhoado para lidar com a situação. Ao mesmo tempo que prospera na categoria a idéia de uma distribuição mais eqüitativa do trabalho, Nestor, o
polêmico, consegue brigar com boa parte do movimento sindical e arranja contra si um grande front interno. Isso não impede que seja
reconduzido à presidência, agora eleito, no extemporâneo pleito de 16 de agosto de 37.
Como prossegue o combate de gangs e lixas grossas (ou seriam agora lixas e
gangs, pela ordem?), Bittencourt acaba sendo substituído por uma Junta Governativa - mais uma - em 8 de julho de 38, comandada por Manoel Bento
de Souza. Em dezembro daquele ano, dia 15, nova eleição, e - surpresa -, elege-se Agostinho Souza Castro, o primeiro presidente, aquele que se
mandou frente à pressão da agência.
Nestor Bittencourt não era de desistir facilmente. Lá vem ele de volta, em 1940, dia 6 de abril, como
presidente de uma Junta Governativa. Ele é a própria expressão dos conflitos internos neste período e é deles que resulta, pela primeira vez, uma
intervenção no sindicato, a única ocupada por pessoa estranha à categoria.
No dia 16 de abril, por ordem do governo federal, assume Bento Pontes, agente e Santos do Instituto
dos Comerciários e sabe-se lá do que mais. São os tempos mais duros do onipresente Departamento de Ordem Política e Social e do poderoso
Departamento de Imprensa e Propaganda.
Para ajudá-lo, Bento traz um membro do Partido Comunista Brasileiro, Vitório Martorelli - naqueles
tempos confusos do início da guerra, mais que trocados, os sinais chegavam a estar invertidos.
A intervenção fora articulada, entre outros, pelo então deputado federal Antonio Feliciano, que chega
a solicitar ao Ministério do Trabalho, oficialmente, a continuidade da intervenção.
Em 1941, dia 2 de dezembro, renuncia o secretário-geral, Adalberto Rodrigues Teixeira, e Bento Pontes
convida para o cargo o conferente Remo Petrarchi, que será um nome fundamental no período que se seguirá. É o início de sua ascensão.
Dias depois, com uma viagem de Pontes ao Rio de Janeiro, Petrarchi, no exercício da presidência,
protesta contra a nomeação de dez conferentes, pela Delegacia do Trabalho Marítimo, "contrárias aos estatutos", o que era outra questão pendente já
de bom tempo. Acabaram sendo aceitos. Era preciso juntar mais forças para enfrentar o problema de forma decidida.
Continuam sendo discutidas, sempre de forma mais e mais acaloradas, as questões do rodízio e do
pagamento, "que deveria ser feito pelo sindicato".
Quando João Bento de Souza é eleito em junho de 1943, com o fim da intervenção, a situação do cais é
extremamente grave. Pior ainda que durante a revolução de 32, a guerra que já envolve toda a Europa deixa portos vazios, aqui e em toda parte.
Bento de Souza, eterno defensor do sistema de rodízio desde os primeiros tempos da categoria, verga-se
às dificuldades do momento. Embora ainda defendendo um novo sistema, a diretoria tem preocupações mais prementes.
Uma delas refere-se, de novo, à mensalidade. Os atrasos somam-se às centenas em tempos de tão pouco
trabalho. A direção decide "reabilitar" os devedores mediante pagamento de 50% do débito. Mas a época é cruel como a própria guerra e acaba sendo
aprovada, também, a norma de que só associados quites poderão trabalhar no cais. Quem, por um motivo ou outro, não tinha sequer a quantia para pagar
metade da dívida, perdeu até mesmo o direito de trabalhar.
No dia 17 de março de 45, nove dias depois da rendição da Alemanha - e o anúncio de um novo tempo,
mesmo com a guerra prosseguindo no Pacífico -, a eleição para o sindicato parecia indicar que se poderia respirar outros ares também por aqui.
Já se falava em redemocratização do País, que vivia em situação incompatível com o momento histórico:
como poderiam tropas da ditadura brasileira terem ajudado a restabelecer a democracia na Europa e retornarem vitoriosas à pátria sob o Estado Novo?
Mas nem tudo era tão simples. A eleição leva à presidência, mais uma vez, o polêmico Nestor lixa
grossa Bittencourt. Tumulto completo. Sua escolha não é sequer acatada. Há denúncias de manipulações, de fraudes, de parte a parte. Complicações
que se tornam insustentáveis, mantendo-se no cargo, por vias transversas, o ex-presidente João Bento de Souza.
Mas, mesmo João Bento, de tanto tempo de lutas, acaba renunciando, entregando o cargo em agosto, em
meio ao enorme burburinho político nacional, ao secretário-geral Joaquim Augusto de Oliveira, que assume no dia 23.
Joaquim é ligado ao Partido Comunista e, se até a poucos meses, em plena luta anti-nazista, eram todos
aliados, com a paz que se fizera fora dado o pontapé inicial do que se convencionou chamar guerra fria.
Desconfianças crescentes, em meio à implementação de uma política francamente ligada às organizações
comunistas, anunciavam que, se os tempos de chumbo ficavam definitivamente para trás, o período que se avizinhava não seria, ainda, de muita paz.
Ata de posse solene da primeira diretoria do Sindicato, um documento histórico
Imagens: reproduções, publicadas com o
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