Clique aqui para voltar à página inicialhttp://www.novomilenio.inf.br/santos/h0090d.htm
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 10/01/11 16:59:34
Clique na imagem para voltar à página principal
HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - Comércio do café
Histórias do comércio do café (3)

Leva para a página anterior
Na edição especial comemorativa do primeiro centenário de elevação de Santos à categoria de cidade, em 26 de janeiro de 1939 (exemplar no acervo do historiador Waldir Rueda), o jornal santista A Tribuna publicava:
 


Busto de Theodor Wille, existente no gabinete do chefe da firma Theodor Wille & Cia.
em São Paulo, sr. Ernesto Diederichsen
Foto reproduzida da publicação

Há quase um século

Theodor Wille embarcava diretamente para a Europa a primeira saca de café paulista!

Em janeiro de 1892, faleceu em 1892 em Hamburgo (Alemanha) o adiantado comerciante Theodor Wille, chefe da importante firma Wille, Schmillinski e Cia., da praça do Rio de Janeiro, e da Theodor Wille e Cia., de Santos e da Capital, sendo que a mesma firma era estabelecida com loja de fazendas e armarinhos por atacado, no prédio situado no largo do Ouvidor, esquina da Rua José Bonifácio nº 2.

O mesmo comerciante Theodor Wille residiu no Brasil por muitos anos, sempre cercado da estima e da consideração gerais, graças às suas belas qualidades de espírito e de coração. Amigo que era, e dos mais sinceros, do Brasil e dos brasileiros, Theodor Wille jamais deixou de socorrer os deserdados e desprotegidos, sendo essa sua norma de ação, reveladora de um coração nobilíssimo, seguida pelos seus sucessores, constituindo uma das mais belas e gloriosas tradições dos chefes da firma Theodor Wille nos dias atuais.

Em 1844, Theodor Wille fundou em Santos a sua importante e acreditada casa comercial, que leva a glória imorredoura de exportar para a Europa a primeira saca de café da então Província de São Paulo, que veio hoje a ser o empório desta cultura.

Por carta patente do Governo Imperial de 5 de dezembro de 1844, foi Theodor Wille confirmado no cargo de vice-cônsul da Prússia no porto de Santos, havendo o marechal Manoel da Fonseca Lima e Silva, então presidente da Província, cumprido a referida carta-patente, expedindo, em data de 12 de junho de 1845, as competentes participações às respectivas autoridades para que o reconhecessem como tal e o deixassem servir no mesmo cargo na forma ordenada pelo referido Governo Imperial.

A história de Theodor Wille foi resgatada pelo jornal santista A Tribuna, em sua edição de 24 de julho de 2011 (página C-5):

Operários de obra cuidam da torre do futuro prédio da Atento que ainda conta com nome de Theodor Wille

Foto: Vanessa Rodrigues

Theodor Wille, o imigrante alemão que fundou seu império em Santos

Ele fundou a TWI, ganhou dinheiro e voltou para o seu país para erguer uma gigante do mundo dos negócios

Marcelo Santos

Da Redação

De sua sede em Frankfurt e filiais em Dubai e Suíça, a multinacional TWI administra seus negócios de logística e commodities na Europa, Ásia e Oriente Médio. Entre as várias atividades, a empresa alemã é uma das companhias que faturam com a invasão americana no Iraque, fornecendo alimentos para as tropas no país. Mas a TWI, há muito tempo, teve um pé em Santos. Aliás, ela nasceu por aqui.

Em seu site, a TWI informa discretamente que ela surgiu em 1844 na América do Sul como exportadora de alimentos. E só. Na verdade, a multinacional surgiu em Santos há exatos 167 anos.

Por aqui cresceu e deu tanto dinheiro ao fundador Theodor Wille que o mesmo voltou para sua terra de origem, Hamburgo. Lá ele criou seu império no setor de comércio exterior, de alimentos e de imóveis, que resultaram na atual TWI (Theodor Wille Intertrade).

Desde seu começo em Santos, a TWI tem uma história de sucesso. Theodor Wille era um imigrante alemão de apenas 20 anos quando começou a comercializar café em 1938 (N.E.: correto é 1838). Ele percebeu que as fazendas estavam se espalhando pelo Estado (na época a produção se concentrava no interior do Rio e depois Vale do Paraíba) e entrou para a história do grão: foi o primeiro a exportar uma saca de café paulista.

Em 1844 fundou sua exportadora de café em Santos, que 100 anos depois construiria na Rua Visconde São Leopoldo, no Centro, o prédio que abrigará a operadora de call center Atento. No alto do imóvel, permanece o nome Armazéns Gerais Theodor Wille – funcionários da obra não souberam informar se ele será apagado.

Mas Theodor, bem sucedido, e que rapidamente se tornou vice-cônsul da Prússia (antigo reino alemão) em São Paulo, ficou com saudade da terra natal e voltou para Hamburgo em 1847. Segundo matérias antigas de A Tribuna e documentos levantados pelo site Novo Milênio, que resgata a história de Santos, ele ficou tão rico que freqüentemente fazia doações para construção de escolas, museus, praças e cursos para trabalhadores de indústrias. Também ajudou a Universidade de Kiel, fundada em 1665 como Academia Christiana Albertina, e patrocinou no Brasil o terreno do campus da USP em Ribeirão Preto.

Profissionais do setor de café não sabem quando a empresa parou de trabalhar no setor em Santos – provavelmente isso ocorreu após a Segunda Guerra. Atualmente, o negócio com as tropas americanas adquiriu tal aproximação que ela apóia a Fundação Adm Snyder, um soldado norte-americano que morreu aos 26 anos em Bayji, no Iraque.

Valorizada

A restauração do antigo prédio da Theodor Wille, que será ocupado pela Atento, e a movimentação de até 2 mil funcionários, trouxe uma expectativa de aquecimento na região logo após a Praça dos Andradas com Rua João Pessoa. O m² da área, que antes do investimento era de R$ 2 mil, já é exigido a R$ 3.500 por quem tem imóveis próximos, alguns deles mal conservados.

O prédio, antes da reforma, foi utilizado pela antiga rede de eletrodomésticos Domus e por uma empresa para armazenamento de cargas não-tóxicas. Segundo um empresário vizinho, a reforma é bem-vinda não só pela valorização da área, mas pela eliminação de ratos. "Você não imagina quantos ratos saíram de lá quando começou a reforma".

Parceira e algoz do Rei do Café

Enquanto Theodor Wille exportava café, outro imigrante alemão, Franz Schmidt, enriquecia plantando o grão no Interior. Ficou tão rico que virou o Rei do Café.

Schmidt conheceu o café aos 8 anos, em 1858, na fazenda do senador Nicolau Vergueiro (o filho José Vergueiro foi vereador em Santos) próxima a Limeira. Aos 23 se casou com Albertine, uma cubatense de origem alemã, e aos 29 se tornou corretor de café da Theodor Wille – em 1879 uma grande companhia com prédios imponentes em Santos, Rio e Hamburgo.

Após a abolição, Schmidt,um escravocrata convicto segundo relatos históricos, tomou posse da Fazenda Monte Alegre (atual campus da USP de Ribeirão Preto) – o dono não pagou a dívida.

O fazendeiro ficou mais poderoso, mas a Theodor Wille ainda dava as cartas. No início do século 20 foi ela quem fez o projeto de financiamento do Convênio de Taubaté, com o qual o governo comprava o excedente de café para equilibrar os preços.

Schmidt morreu em 1924, mas não viu o fim de seu império. Logo veio a quebra da Bolsa de Nova Iorque e a Theodor Wille cruzou com os negócios dos Schmidt. Os herdeiros entregaram terras no interior para pagar dívidas. A Theodor decidiu lotear essas fazendas, vendendo-as em pequenas propriedades. Surgia então a atual Votuporanga.

Leva para a página seguinte da série