HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS
Santos e Canudos, em estreita ligação
A cidade de Santos tem muitas ligações
diretas com os episódios do sertão nordestino que constituíram a chamada Guerra de Canudos. Conforme registrou a Cartilha
da História de Santos, de Olao Rodrigues (1980, Santos/SP, pág. 101): "No dia 25
de outubro de 1897 aportou a Santos o cruzador Andrada, a cujo bordo viajaram os soldados paulistas que tomaram parte na Guerra dos Canudos. No
dia seguinte, seguiram para a Capital em composição férrea especial. A recepção em Santos, aos vencedores das tropas de Antônio Conselheiro, foi muito
fria. O jornal Tribuna do Povo, dirigido por Olímpio Lima, comentou que os bravos soldados paulistas desfilaram pelas ruas de Santos como se
desfilassem por terra estranha...".
Os soldados foram recebidos em Santos pelo intendente Antonio José
Malheiros Júnior, e relata o Diario de Santos que a recepção foi muito fria, parecendo que "eles passavam por terra estranha". O português
Henrique Marques Pereira foi militar da Força Policial do Estado do Pará, tendo como capitão lutado em Canudos; mais tarde,
foi revisor no jornal santista A Tribuna.
Também nasceu em Santos o general Affonso Pinto de Oliveira, que em
1896 seguiu para Canudos, comandando o 38º Batalhão de Infantaria, como parte da 3ª Expedição Militar, para combater os jagunços de Antonio Conselheiro.
O Largo do Rosário já teve o nome de Praça Moreira césar, em homenagem a esse "soldado-heroi, que tombou no interior do sertão baiano, durante a guerra
civil que o Brasil sustentou com os jagunços chefiados por Antonio Conselheiro", no dizer do historiador A. Passos Sobrinho, em
artigo de 1944.
Destaque-se o fato de que o grande cronista de Canudos, o escritor Euclides da Cunha, pouco
depois de publicar (em 1902) a sua principal obra, Os Sertões, esteve em Santos em maio de 1903, "e
ficou hospedado na residência de Vicente de Carvalho, amigos íntimos que eram. E admiradores recíprocos. Basta lembrar que Euclides prefaciou o livro
que imortalizou Vicente - Poemas e Canções", como lembra Olao Rodrigues na página 93 de seu livro.
Olao completa, nessa mesma página: "Como
se sabe, o autor de Os Sertões era engenheiro. E, funcionário público, foi (N. E.: em 1905)
designado para o cargo de chefe da Repartição Sanitária de Santos. E aqui ficou morando. Sucede que permaneceu pouco tempo exercendo o cargo.
Despediu-se dos amigos e foi à redação de A Tribuna com o mesmo propósito. Segundo noticiou o jornal de Olímpio Lima na edição de 19 de setembro
de 1904, Euclides da Cunha mostrava-se satisfeito com a nova incumbência que lhe davam, qual seja a de 'integralizar no mapa do território nacional a
região amazônica com a sua extensão, história, fauna e flora'. Afinal, anos depois decidiu ir à cidade de Piedade
(N. E.: na verdade, Piedade é um bairro do Rio de Janeiro)
certificar-se de caso de honra conjugal. Ao saltar do trem, foi baleado mortalmente por um cadete que mantinha relações com sua esposa. Morreu a 15 de
agosto de 1909".
Veja: |
[01]
Notícias de Canudos, no jornal Diario de Santos |
[02]
Centenário de Canudos, numa nova visão dos acontecimentos |
[03]
Toninho conta Canudos |
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Imagem: reprodução parcial da pagina 1 do Diario de
Santos de 8/7/1897, cedida a Novo Milênio em 8/2012 pelo acervo da família do jornalista Paulo Matos |
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