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HISTÓRIAS E LENDAS DE CUBATÃO - FABRIL
O fim das antigas casas da Vila Fabril? (2)

Ali viveu o primeiro prefeito e existem ainda sambaquis do tempo dos índios
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Tratores entraram em cena, nos primeiros dias de 2004, e demoliram inúmeras casas que compunham a Vila Fabril, apesar dos protestos de pessoas e entidades interessadas na preservação desse patrimônio histórico cubatense. Nessa vila industrial morou inclusive o primeiro prefeito do município, cuja casa estava entre as demolidas. E, nas proximidades, estava a casa de Afonso Schmidt e sambaquis famosos, visitados até pelo imperador D. Pedro II. A preservação da vila começou quase um ano depois. Registro desse trabalho foi feito pelo jornal santista A Tribuna em 6 de fevereiro de 2005 (um domingo de Carnaval):
 


Construído no início do século passado, o conjunto de casas faz parte da história do Município
Foto: Luigi Bongiovanni, publicada com a matéria

FABRIL

Tombamento garante a preservação de vila

Há quem diga que o local foi palco dos melhores carnavais da cidade

Da Sucursal

Há 50 anos, o Bloco dos Cabeções fazia a fama das vilas Fabril e da Usina Henry Borden. Oferecia o melhor do carnaval de Cubatão - uma tradição importada de Bom Jesus do Pirapora pelo irmão de Raul Santana Leite (ex-presidente da Câmara e também do bloco), que fazia lembrar os imensos bonecos nordestinos da Loura do Cemitério de Bezerros, em Pernambuco.

Os foliões saíam da vila e iam até Santos cantando "Vem ver, minha gente, vem ver, o nosso bloco como vai brilhar, vem ver o Bloco da Folia". Era o auge dos bons tempos da Vila Fabril da Companhia Santista de Papel, segundo explica o ex-vereador Romeu Magalhães, saudoso do carnaval dos tempos em que era dirigente do Comercial Santista Futebol Clube. "Muita gente também sente saudades. Havia uma tradição: a gente desfilava e depois parava na casa do prefeito, na Avenida Joaquim Miguel Couto. O Abel Tenório (prefeito da época) nos recebia como reis".

Os bons tempos de uma Cubatão pequena, bem organizada, em que todos se conheciam, parecem condenados aos livros de lembranças, às fotos amareladas. Mas, exatamente nesta semana que antecedeu o Carnaval, um historiador tomou a iniciativa de, pelo menos, preservar parte do que restou desse tempo de fausto social.

Biblioteca - O professor Welington Ribeiro Borges, presidente do recém-criado Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico de Cubatão (Condepac), acaba de decretar o tombamento da Vila Operária da Companhia Santista de Papel. E, também, do prédio da Biblioteca Municipal, na Avenida Nove de Abril, que foi sede da Prefeitura nas décadas e 50, 60 e parte da 70.

Nas casas da Fabril viviam os foliões dos Cabeções; na Prefeitura, Abel Tenório protagonizou na mesma época algumas das estórias mais saborosas da política do passado cubatense. Dizem os funcionários mais antigos que Abel (tragicamente assassinado em 1965) (N.E.: correto é 23 de maio de 1964) colocava de castigo nos corredores centrais os funcionários graduados que faziam alguma coisa que não lhe agradava.

O tombamento das casas da Companhia Santista de Papel, mais antiga indústria de Cubatão, acontece poucos meses depois de a empresa ter sido vendida ao grupo Votorantim Celulose e Papel S.A. - Suzano Bahia Sul Papel e Celulose S.A., pela Ripasa. Fundada em 1918, a Santista, como é popularmente conhecida, está encravada na região do início da subida da serra pela Via Anchieta. Além de ser uma das mais antigas produtoras de papel no País, ostenta ainda os restos de um patrimônio cultural e histórico de importância para o Município, composta por uma das últimas vilas operárias ainda existentes na região.

LEMBRANÇA

"O auge da Vila Fabril, que girava em torno da fábrica, 
foi entre 1950 e 1962. Era o centro geográfico da Cidade"

Romeu Magalhães
ex-vereador

Casas - Romeu Magalhães, ex-funcionário da fábrica, elogiou a iniciativa do Condepac, pois, quando era vereador, reivindicou a preservação desse patrimônio cultural.

Muito antes do pólo industrial de Cubatão ganhar fama por causa da Refinaria Presidente Bernardes, da Cosipa e das fábricas de fertilizantes, a Companhia Santista de Papel foi "a grande fábrica" do Município, segundo Welington Ribeiro Borges. Os empreendedores ergueram uma vila operária, com 161 casas, no melhor estilo inglês: área comercial própria, igreja, escola, clube e cinema.

Romeu: "O auge da Vila Fabril, que girava em torno da fábrica, foi entre 1950 e 1962. Era o centro geográfico da Cidade. Moravam na vila cerca de 500 pessoas, com água própria vinda da serrra e um imenso parque florestal, com eucaliptos e bambus do reino, plantados para fazer celulose".

Grande parte das casas foi demolida. Hoje, restam apenas 55 moradias, mais a igreja, creche, alojamento e o parque infantil. Na próxima semana, Borges reúne-se com dirigentes da empresa para estudar o máximo aproveitamento desse patrimônio e preservar aquilo que for do interesse comum da empresa e da Cidade, para que restem lembranças dessa vila.

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