O imenso polo industrial oferece atualmente mais de 30 mil empregos diretos e indiretos
Foto: José Moraes, in jornal A Tribuna, 9/4/1998, caderno especial Cubatão 49 anos
ECONOMIA
Vocação industrial surgiu há 103 anos
Município é considerado pelo Ciesp como uma permanente fábrica de oportunidades
Convencionou-se que os verdadeiros povoadores de Cubatão foram ilhéus trazidos dos Açores para povoar a sesmaria e torná-la produtiva, e não apenas um ponto de
passagem. Mas, a história parece confirmar o lema que o diretor regional do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Roberto Gozzi, descobriu nas entrelinhas dos fatos. "Na realidade, Cubatão foi e sempre será uma fábrica de
oportunidades".
Um censo tornado público em 1819 apontava a existência de apenas 93 pessoas morando em Cubatão (41 homens e 40 mulheres livres, 11 escravos e apenas uma escrava), constituindo 23 famílias ou
fogos, como era costume se chamar na época as unidades familiares.
Hoje, mais de 120 mil pessoas moram em Cubatão e o seu polo industrial gera mais de 30 mil empregos diretos e indiretos, conforme Gozzi.
Mas, no início do século XIX, o censo apontava que desses 23 chefes de família que representavam a força produtiva, seis eram agricultores, 11 comerciantes, dois carpinteiros, dois militares,
um funcionário público e um último de profissão não declarada.
Cinco manoéis - Esse censo levou as autoridades a pensar numa forma de atrair novos colonos e, por isso, em 7 de janeiro de 1819, foram expedidas pelo triunvirato
que governava a Capitania de São Paulo cartas de sesmarias em favor de Manoel Antonio Machado, Manoel Espínola Bittencourt, Manoel do Conde, Manoel Raposo e Manoel Correia. Esses colonos ficaram conhecidos pela alcunha dos cinco manoéis.
Além de pouso de tropas de burros e ponto de passagem, Cubatão também se dedicou à agricultura e chegou a ser um centro produtor e exportador de bananas.
A primeira indústria da Cidade surgiu em decorrência dessa exploração agrícola: a Curtidora Marx (1895), mais tarde conhecida como Costa Muniz Indústria e Comércio, fundada por imigrantes
alemães como uma curtidora de couros que aproveitava o tanino extraído das bananeiras (N.E.: 1895 marca o surgimento dos primeiros curtumes. A Curtidora Marx foi fundada em 1912).
Os recursos obtidos por agricultores da região do Planalto e exportadores de café pelo Porto de Santos levaram a investimentos na industrialização e à construção das primeiras fábricas
brasileiras, no começo do século XX.
Em Cubatão, foi construída, em 1916, a Companhia Anilinas e Produtos Químicos do Brasil, ocupando terrenos onde hoje está instalada a Cidade da Criança ou o
Parque Anilinas.
Santista - A fábrica da Companhia Santista de Papel surgiu na sequencia. Embora as duas principais unidades tenham encerrado suas atividades, derrotadas pela
concorrência externa, a terceira continua aberta até hoje, pertencendo ao Grupo Ripasa. Foi, juntamente com a Usina Henry Borden, da Light, uma das duas únicas empresas a implantar um conjunto residencial para os seus
trabalhadores. Essas moradias ainda existem.
Esses empreendimentos assentaram-se na Cidade em razão das proximidades com o Porto de Santos, água em abundância representada pelo Rio Cubatão, e uma área florestal
de grande porte, com madeira para queima nas caldeiras de geração de vapor e energia, e trechos prontos para plantio e experiências para obtenção de celulose, que era então toda importada da Finlândia.
Antigo operário nascido na Vila Fabril da própria Santista, o vereador Romeu Magalhães ainda se recorda das tentativas dos diretores da Santista plantarem eucaliptos e cana-de-índia para
produzir a celulose necessária à produção de papel. O sonho desses empreendedores era mais arrojado: construíram uma estrada de ferro própria, uma hidrelétrica e uma represa, pretendendo canalizar o Rio Cubatão para facilitar o transporte, até a
fábrica, dessa massa vegetal, de onde seria extraída a celulose. |