Trabalhadores destróem as casas que estão desocupadas
Foto de Dojival Filho, publicada com a matéria
Parte da história cubatense está sendo destruída
Prestes de completar 55 anos de emancipação, Cubatão
está perdendo uma parte importante da história da Cidade. O antigo núcleo habitacional onde moravam os trabalhadores da Companhia Santista de Papel
está sendo demolido. De acordo com o vereador Romeu Magalhães (PPS), o desinteresse do Executivo de preservar a história do Município. Segundo ele,
ao menos 12 dessas moradias foram oferecidas pela Santista de Papel à Prefeitura, que não demonstrou interesse em preservá-las.
Descaso do poder público municipal transforma patrimônio histórico em ruínas
Segundo vereador, ao menos 12 moradias da antiga área residencial dos
funcionários da Companhia Santista de Papel foram oferecidas ao Executivo
O desinteresse do Poder Executivo ao longo das décadas
em relação à comunidade e à preservação da história do Município, que completa 55 anos de emancipação em abril deste ano, contribuiu para a
destruição de um importante núcleo habitacional cubatense. É desta forma que o vereador Romeu Magalhães analisa a demolição de casas promovida pela
direção da Companhia Santista de Papel na Vila Fabril, antiga área residencial da empresa.
Diante da necessidade de ampliar espaços para a movimentação de caminhões e, segundo o
vereador Romeu Magalhães (PPS), abrir um novo acesso à fábrica, a empresa já demoliu cerca de 20% das casas onde, entre as décadas de 30 e 50 (antes
da emancipação de Cubatão) existia um núcleo mais movimentado que o próprio centro da Cidade, na época um ex-distrito rural de Santos.
De acordo com o parlamentar, parte das casas chegou a ser oferecida à Prefeitura, que
não teria demonstrado interesse em preservá-las. O núcleo, que ainda tinha 146 casas quando o município foi criado, em 1949, foi construído em
estilo inglês, nos primeiros anos do século passado. Era um dos primeiros exemplos de vilas operárias da Baixada Santista, anterior à também vila
residencial da Usina Henry Borden, erguida na década de 20.
Nascido e criado nessa vila, o ex-funcionário da fábrica, Romeu Magalhães, vem
apelando, sem sucesso, à Prefeitura para que aceite a doação de parte desses imóveis - prometida pela Ripasa - para a instalação de unidades de
atendimento ao público. Por iniciativa do vereador, pelo menos 12 das casas que a direção da fábrica pretendia demolir vinham sendo oferecidas à
Prefeitura desde 1998. Depois de um acordo assinado em 30 de junho de 2001, Romeu aguardava o início das obras de adequação dos prédios por parte do
Executivo. "Cobrei providências do Executivo, em requerimento apresentado na Câmara. Nada foi feito".
Romeu assinala que a direção da Santista sempre mostrou interesse em ceder áreas de
preservação e casas à Prefeitura. O acordo - um contrato de comodato entre a direção da empresa e a Prefeitura - estabelecia a doação das casas de
números 123 a 128 para implantar uma unidade básica de saúde; e as de números 129 a 134 para abrigar uma escola de Ensino Fundamental.
Histórico - A Santista de Papel foi fundada no início do século XX (começou a
operar em 1918), sendo uma das fábricas papeleiras mais antigas do País. Com equipamento modernizado e produção destinada à exportação, pertence
hoje ao conglomerado da Ripasa. No início da década de 90, a empresa começou a demolir parte das casas, à medida em que eram desocupadas pelos
operários que se aposentavam.
Trabalhadores destróem a casa do pai do primeiro prefeito de Cubatão, Francisco Cunha
Foto de Dojival Filho, publicada com a matéria
Parlamentar apresentou propostas para aproveitamento do local
Em novembro de 2002, o vereador sugeriu que fossem
também aproveitadas as casas 135 e 136 para instalar o 3º Distrito Policial, livrando a Prefeitura de pesados aluguéis pagos na Vila Nova para
instalar essa delegacia. Em setembro do ano passado, em resposta à cobrança de Magalhães, a Prefeitura informou que a passagem das áreas para o
Município estava sendo tratada em três processos administrativos. Porém, vencidos os prazos do contrato de comodato, sem nenhuma manifestação do
setor Jurídico da Prefeitura, a Santista demoliu os imóveis anteriormente oferecidos.
Como ainda restam cerca de 40 moradias, o parlamentar está "na expectativa de que o
acordo seja retomado, antes que todos os outros imóveis sejam demolidos e se perca o que resta da memória de Cubatão na Vila Fabril".
Vereador lamenta falta de iniciativa do Poder Público para resolver a questão
Foto de Dojival Filho, publicada com a matéria
Vila Fabril conserva sambaquis da época dos índios
Caminhar pela Vila Fabril, onde nasceu e trabalhou
durante muitos anos, é um passeio carregado de nostalgia para o vereador Romeu Magalhães. Percorrendo as ruas do bairro, ele recorda de um tempo em
que o local contava com ambulatório médico dia e noite; farmácia, armazém do Sesi, barbearia, parque infantil e escola. havia ainda o Cine Zeca
Machado, na Rua do cinema; quadra de basquete; a sede social e o campo de futebol do Comercial Santista Futebol Clube, que já foi presidido pelo
vereador.
A vila tinha ainda uma usina hidrelétrica própria e uma banda musical composta por
filhos de operários. E no seu interior, ainda há um bosque intocado, com sambaquis da época dos índios - tão famoso que, em
1850, foi visitado por uma figura ilustre: o imperador D. Pedro II, tendo como guia Joaquim Miguel do Couto. Hoje, está ameaçado pelo crescimento do
núcleo Pinheiro do Miranda.
Nas margens do Rio Cubatão, próximo à Ponte Preta, havia também a
casa onde, segundo os relatos, nasceu o poeta Afonso Schmidt, e que foi demolida no início da década de 90.
Local ainda abriga sambaquis dos índios que habitavam a região
Foto de Dojival Filho, publicada com a matéria
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