Instalações da Refinaria Presidente Bernardes, em foto
de 1956
Foto de Boris Kauffmann, no Guia Santista (Tourist Guide to
Santos) de 1956, Santos/SP
Petróleo
Refinaria fez surgir a Cubatão moderna
Localização estratégica da Cidade foi fundamental para consolidar o empreendimento
A terceira fase da industrialização de Cubatão começou em
1950, quando o então deputado federal Antonio Feliciano decidiu reivindicar para São Paulo, em especial a Baixada Santista, a primeira refinaria de
petróleo do País.
A Refinaria Presidente Bernardes Cubatão (RPBC) funcionaria como uma espécie de útero,
matriz do que seria o futuro pólo petroquímico do Estado de São Paulo.
A idéia de instalar uma refinaria estatal começou em 1930, quando, ao implantar o que se
convencionou chamar de Estado Novo, Getúlio Vargas pretendia desenvolver o País implantando indústrias que substituíssem a importação de
matérias-primas e manufaturados, estabelecendo a produção de bens duráveis.
Os primeiros projetos da empresa norte-americana que construiu a refinaria indicavam o
litoral do Estado do Rio de Janeiro como área mais adequada para o empreendimento.
Celso Grandis do Amaral, um dos emancipadores do Município e vereador da primeira Câmara,
guardou durante alguns dias o segredo que Feliciano lhe passara no final de 1949: "A refinaria vai ser construída no trecho de subida da Serra do
Mar".
Rodovia - Mas, a construção da Via Anchieta (concluída em 1947), entre São Paulo e
Santos, garantia o transporte entre o Porto de Santos e Cubatão. E, curiosamente, contribuiu para a decisão final do ponto de vista estratégico:
Cubatão era um local difícil de ser acessado por navios ou aviões, em caso de uma guerra. E o paredão da Serra do Mar parecia, na época, propício à
instalação de refinarias e de pontos de armazenamento de combustível.
A esse respeito há histórias curiosas e com algum fundo de verdade. Havia projetos para
construir túneis na rocha onde seria armazenado o petróleo e o combustível refinado. Na pior das hipóteses, os tanques camuflados no meio do mato
seriam alvo difícil em uma guerra.
Para quem imagina que isso não passa de fantasia, há como exemplo a Usina Henry Borden. Na
verdade, não há uma Usina Henry Borden: existem duas. Uma externa, com a tubulação à mostra e outra interna, cavada na
rocha, construída em um imenso túnel digno da imaginação de roteiristas dos filmes de James Bond. As duas geram energia independentes uma da outra.
Segurança nacional - Foi, portanto, por razões de "segurança nacional" que Cubatão
ganhou a primeira refinaria estatal do Brasil.
Efetivamente, a Comissão Nacional de Petróleo, uma espécie de embrião da futura Petrobrás,
construiu a Refinaria Presidente Bernardes Cubatão, a primeira estatal, embora não a primeira do País. Com ela, a CNP pretendia aumentar a
capacidade produtiva brasileira de 5.500 barris para 50 mil barris por dia. Cubatão passou a ser o principal fornecedor de petróleo no Brasil. Em
1975, a produção já atingia 115 mil barris por dia.
Paralelamente, foram instalados oleodutos entre o porto e Cubatão e entre a refinaria e
áreas do Planalto, subindo a serra, levando gasolina, querosene, óleo diesel e óleo bpf.
Apesar de o Porto de Santos não estar preparado para receber petroleiros de grande calado, o
petróleo vinha nesses barcos e transferiam a produção para navios de menor porte, que o traziam para Cubatão. Essa situação foi resolvida com a
construção de um terminal marítimo em São Sebastião, onde as águas eram mais profundas e permitiam a atracação de embarcações de maior calado. Em
1969, a Petrobrás concluiu as obras de um oleoduto de 120 km de extensão entre o Porto de São Sebastião e Cubatão, trazendo esse óleo cru
desembarcado por petroleiros de grande calado.
A RPBC foi a primeira refinaria de petróleo do Brasil
Foto: José Moraes, in jornal A Tribuna, 9/4/1998, caderno especial Cubatão 49
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