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HISTÓRIAS E LENDAS DE CUBATÃO
Ponte coberta marcava o entreposto

Única na região com essa característica, uma ponte coberta sobre o rio Cubatão assinalava o local onde as tropas descansavam, em suas idas e vindas pelo Caminho do Mar, como foi contado no suplemento especial comemorativo do 49º aniversário de Cubatão, publicado com o jornal santista A Tribuna em 9 de abril de 1998, (N. E.: note-se que a Calçada do Lorena surgiu em 1792; em 1827 foi feito o aterrado que prolongou esse caminho. Mantido o texto original):

No início, povoado foi usado como entreposto

Importância da economia foi observada já no século XVI

(...)
A importância econômica de Cubatão manifestou-se desde a época da colonização. No final do século XVI já havia um pequeno porto no Rio Cubatão (no charco do Largo do Sapo, onde hoje fica a Praça Coronel Joaquim Montenegro, em frente à Companhia Brasileira de Estireno). O povoado era um ponto de passagem ou pouso de tropas e tropeiros que descansavam da jornada de subida e descida da íngreme Serra do Mar. Na primeira fase, o povoado foi usado como entreposto de exportação dos produtos agrícolas (açúcar, café e banana) e de transporte da importação dirigida ao Planalto e chegada, através desse local, ao Porto de Santos.

Posteriormente, construiu-se uma ponte de madeira, coberta, sobre o rio, e com auxílio de mulas e braços de escravos, o aterrado que interligaria na direção de Santos (e que constituiria mais tarde o traçado das atuais avenidas Nove de Abril, Tancredo Neves e Via Bandeirantes).

São evocações desse período as pinturas de Wasth Rodrigues nos azulejos assentados nos monumentos da Estrada Velha do Caminho do Mar, principalmente no Arco de Lorena e no Pouso de Paranapiacaba.


Quadro pintado em 1922 por Benedito Calixto mostra como seria Cubatão em 1826, 
vendo-se a ponte coberta
Tela conservada no Museu Paulista, em São Paulo/SP

Mulas levavam ouro, diamante e café

Movimento rumo ao Planalto possibilitou a construção da Calçada do Lorena, em 1827

Caracterizada pela exportação dos recursos naturais, a época colonial, em Cubatão, é dividida em ciclos: açúcar, ouro, diamantes e café. Entre 1550 e 1700 predominou o primeiro, suplantado pela descoberta de ouro nas Minas Gerais.

Por Cubatão passaram bandeirantes que procuravam escravizar índios; escravos trazidos em navios negreiros e mulas carregadas de açúcar, mercadorias, ouro, diamantes e café.

A ponte coberta, em detalhe da tela de Calixto

A construção de uma ponte sobre o Rio Cubatão permitiu a instalação de algumas casas do lado direito do rio, ao redor do Morro do Pito (muito citado nas memórias de Afonso Schmidt, maior escritor que Cubatão conheceu, nascido nas proximidades da Refinaria, neto de Henrique Broken, um alemão enterrado no Cemitério de Cubatão).

O Morro do Pito Aceso é hoje uma pequena elevação situada entre o Hospital Ana Costa e a sede da Cetesb, dominando a área onde o Governo do Estado e a Prefeitura vão construir o prédio da Escola Politécnica da USP.

Lorena - A menos de um quilômetro dessa elevação, os jesuítas - que adquiriram de um casal de lusitanos a Fazenda Geral de Cubatão - ergueram a capelinha de Nossa Senhora da Lapa, padroeira da Cidade, que existiu até 1780 ou 1790, cujas ruínas foram demolidas para dar espaço à atual Matriz de Nossa Senhora da Lapa.

O movimento de tropas de mulas entre Santos e São Paulo de Piratininga acabou por levar o governo lusitano a abrir uma estrada, em 1827, na Serra de Cubatão: a Calçada do Lorena.

A construção da Calçada do Lorena reduziu as distâncias, aumentou esse tráfego e fez crescer a importância da alfândega que os jesuítas instalaram na Fazenda Geral a partir da área hoje dominada pela Avenida Nove de Abril, Largo Coronel Joaquim Montenegro e Morro do Pito, regiões às margens do Rio Cubatão.

O florescimento do café e a exportação da produção do Planalto, descendo a serra, passando por Cubatão e alcançando o Porto de Santos, provocou investimentos dos agricultores, exportadores e governos, que resultaram na abertura e pavimentação do Caminho do Mar ou Estrada da Maioridade.


Nesta ilustração estadunidense vê-se a ponte coberta em Cubatão, o caminho em ziguezague do Lorena e a antiga estrada em ascensão praticamente reta que foi o Caminho do Padre José
Ilustração do livro Brazil and the Brazilians (Kidder e Fletcher, 1866, Philadelphia/EUA)

Texto incluído na obra Antologia Cubatense, selecionada e organizada pela professora Wilma Therezinha Fernandes de Andrade e publicada em 1975 pela Prefeitura Municipal de Cubatão, na página 199:

Cubatão por volta de 1870

MARQUES, Manuel Eufrázio de Azevedo. Apontamentos Históricos, Geográficos e Noticiosos da Província de São Paulo até 1876. 2 tomos. São Paulo, Livraria Martins Editora S.A., 1954, Tomo I, p. 208

"Cubatão (anteriormente Porto de Santa Cruz) - Pequena povoação existente na fralda da serra de Paranapiacaba, na antiga estrada entre Santos e a capital, da qual fica ao Sul, à margem do rio que lhe dá o nome, em terrenos concedidos a Pedro de Góis e Francisco Pinto por Martim Afonso de Souza, quando esteve em S. Vicente.

Posteriormente, os jesuítas o foram obtendo parcialmente, já por doações, já por compra, já finalmente por demandas, até que se acharam exclusivos possuidores. De então em diante fizeram por muitos anos monopólios das passagens de pessoas e cargas, que transitavam de Santos a São Paulo e vice-versa. Com a extinção da Companhia de Jesus e incorporação de seus bens ao Estado, foram estas terras invadidas por intrusos e alguns foreiros.

Neste lugar acha-se (1) estabelecida uma barreira para cobrança de taxas de passagens pertencente à fazenda provincial; dista da Capital 10 léguas ou 55,5 quilômetros e de Santos, a cujo município pertence, 2 léguas ou 11,1 quilômetros. Em um próprio pertencente à fazenda nacional, que aí existe, há uma capela em que se celebram os ofícios divinos. A população orça por 2.000 almas. Tem duas escolas públicas de primeiras letras para ambos os sexos.

A receita da Taxa da Barreira no ano financeiro de 1869-1870 foi de 7:610$650.

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(1) Cubatão - Nome que os indígenas davam aos portos de mar morto nas fraldas das Serras e Montes".

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