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HISTÓRIAS E LENDAS DE CUBATÃO
A bomba e o dirigível

Entre as duas guerras mundiais da primeira metade do século XX, Cubatão passou por algumas situações que virariam lenda, se não existissem as fotos para comprovar, ou os depoimentos de quem viu acontecer. Como a bomba na Revolução de 1932 ou a passagem do dirigível alemão Zeppelin - episódios lembrados no suplemento especial comemorativo do 44º aniversário de Cubatão, publicado com o jornal santista A Tribuna em 9 de abril de 1993:


Arnaldo é o penúltimo, da esquerda para a direita, na foto histórica,
com Armando Cunha ao centro 
Foto: reprodução, in jornal A Tribuna, 9/4/1993, caderno especial Cubatão 44 anos

No dia em que caiu uma bomba em Cubatão

Arnaldo Costa olha com nostalgia a foto da primeira Câmara de Cubatão, tendo ao centro o primeiro prefeito da Cidade, Armando Cunha, há exatos 43 anos (N.E.: em 1950), na festa do primeiro aniversário da emancipação.

Está na ponta da foto, entre Mayr Godói e Olavo Pimenta. Naquela época não podia imaginar que o novo município chegasse a manter em seu território 24 indústrias de base, dentre elas a primeira refinaria estatal do País e uma siderúrgica de porte internacional.

"Era uma cidade pacata, com sítios de banana. Mas já tinha mais indústrias que Santos. Eu morava no bairro da Olaria, perto do curtume Costa Muniz, que pertenceu ao pai do paisagista Burle Marx. Também tínhamos a Usina Henry Borden, a Santista de Papel e a Companhia Anilinas", conta.

Costa foi vereador eleito com 24 votos, dirigia o PSP juntamente com Mayr Godói, e transformou-se também no primeiro funcionário da Câmara, que se reuniu no prédio do Grupo Escolar Júlio Conceição, e, posteriormente, no prédio hoje pertencente à Transportes Rodoviários Colonial.

Bomba - "Cubatão era bem melhor do que hoje, um oásis, com rios, cachoeiras, matas e uma comunidade muito unida, com festas tradicionais. Só tinha um problema: o pessoal deixava jogar aqui o lixo de Santos, que servia de adubo. Deu muita doença, muita malária por causa disso. O Mayr Godói apresentou um projeto na Câmara, acabamos com o lixo".

O vereador Arnaldo Costa lembra de muitos fatos pitorescos de Cubatão: "Durante a Revolução de 32, os aviões amarelinhos jogaram uma bomba para tentar atingir a Usina Henry Borden, que caiu próximo ao morro onde hoje ficam as instalações da Sabesp".

Lírios - Durante a guerra de 39 a 45, o País passou por uma crise que atingiu a Companhia Anilinas e a Santista de Papel. "A Santista ficou sem matéria-prima, e chegou a fazer celulose de lírios do campo, abundantes em Cubatão. Mas o Curtume Costa Muniz prosperou, fazendo cintos de couro para os soldados", assinalou.

A autonomia aconteceu em 1949, por força de uma solução natural: "Cubatão já estava muito desenvolvido, tinha mais indústrias que Santos. A Prefeitura daquela Cidade arrecadava muito e não devolvia nada, não introduzia nenhum benefício".

Arnaldo Costa exibe exemplares do jornal O Liberal, dirigido por uma figura notável de Cubatão, o jornalista, escritor e músico Edístio Rebouças Filho (autor do Hino a Cubatão). Por um artigo nesse exemplar (número 14, ano II), sabe-se que, no primeiro ano de governo, Armando Cunha contou com uma renda orçamentária de Cr$ 249 mil, prevista pela Prefeitura de Santos. Mas terminou o ano com superávit, Cr$ 400 mil, "mostrando que as possibilidades cubatenses eram efetivamente uma garantia para o futuro", assinalou Edístio.


Dirigível Zepelin sobrevoa a Cia. Anilinas, em Cubatão,  na década de 1930
e é fotografado por Gustavo Roebbelen
Foto: Gustavo Roebbelen, cedida a Novo Milênio por Arlindo Ferreira

E passou o Zepelin

É uma pena que Antônio Simões de Almeida e Edístio Rebouças Filho não possam mais reeditar O Liberal, um jornal fundado em 1952, com pitorescas crônicas da vida de uma Cidade pacata que se assustava com a construção de um império industrial. Cioso da história de Cubatão, Antônio Simões de Almeida relembraria uma deliciosa aventura do impetuoso e mulherengo Pedro I. Em tão curta passagem por Cubatão (nos dias 5 e 7 de setembro de 1822, na vinda e no retorno), Pedro, então príncipe regente, ainda teve tempo para espiar as mulheres e se apaixonar.

Conta Simões: "Nessa viagem, o príncipe conheceu, em Cubatão, Maria do Couto, de 25 anos de idade, dizem que mulher de rara beleza, esposa de Francisco do Couto. Enamorando-se dela, pretendeu levá-la para a Corte, sendo repelido em suas pretensões amorosas".

Não menos poeta, Edístio cantou nos versos do Hino a Cubatão, a princesa das serras e o ouro negro da Refinaria.

Mais de 40 anos depois, a nostalgia toma conta dos velhos cubatenses, cujos filhos se misturaram a mineiros e nordestinos - que hoje constituem a maioria da população. São a segunda fase da história do Município: a da construção da Rodovia dos Imigrantes, e os remanescentes da implantação do pólo, na década de 1960.

Érica Roebbelen dos Santos, filha de Gustavo Roebbelen, ajudou a montar a exposição que, de 5 a 7 de abril (N.E.: de 1993), mostrou fotos antigas de Cubatão, na Escola Estadual Professor José da Costa.

Uma das fotos retrata a passagem do Zepelin (uma espécie de balão que transportava passageiros e cargas) sobre a fábrica da Companhia Anilinas. Outra, exibe a mãe, Neide, passeando de bicicleta com o filho Rolando, um ambientalista local, pela estrada de terra que seria a Via Anchieta.

Na Prefeitura, Ana Lúcia Passarelli, que cultiva o hábito da música antiga, também organizou uma mostra fotográfica no saguão do Paço Municipal, na qualidade de diretora de Turismo e Cultura.

Lúcia é filha da portuguesa Maria Cecília, madeirense casada com José Oswaldo, descendente de italianos que foram cultivar café em Itobi, interior paulista, no início do século XX. José Osvaldo é prefeito pela terceira vez, um recorde ainda imbatível. Antes dele, só Armando Cunha, já falecido, Nei Serra e Luiz Camargo da Fonseca e SIla, um médico pioneiro da construção da Via Anchieta, foram prefeitos mais de uma vez.

Passarelli foi cobrador de ônibus, chefe de escritório na Viação Cubatão, professor, advogado, diretor de escola e depois de faculdade. mas ainda mantém o jeito caipira.

Também não escondem as raízes: João Ivaniel de França Abreu e Manoel Ubirajara Pinheiro Machado. Ivaniel veio do Nordeste, em pau-de-arara, direto para a Vila Parisi, de onde saiu para ser vereador e presidente da Câmara. E Ubirajara, ex-empregado da Refinaria, engenheiro, administrador, advogado, cultiva ao extremo a origem nordestina. A exemplo do tio, ex-vereador, já morto (Francisco Eleutério Pinheiro), usa o chapéu de couro como símbolo. São notáveis exemplos da mescla que construiu Cubatão.


Ponte de arco sobre o Rio Cubatão, na Via Anchieta, vergada
Foto: reprodução, in jornal A Tribuna, 9/4/1993, caderno especial Cubatão 44 anos

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