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Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 09/19/01 03:03:36
TERROR NOS EUA
Continuam os comentários sobre os atentados 

Os atentados nos Estados Unidos ocorridos no dia 11/9/2001 continuam repercutindo nos meios de comunicação, especialmente na Interenet. Em seu programa na Rede Globo de Televisão e rádio CBN, o apresentador Jô Soares entrevistou na noite de 18/9/2001 o vidente Landi Sobral Jr., de Balneário Camboriú/SC, que afirmou ser o responsável pelos atentados não o milionário saudita Osama Bin Laden, mas o líder iraqueano Saddan Hussein: 
 

Na foto mostrada no Programa do Jô, segundo o vidente, aparece a imagem de Saddan Hussein
Nesta imagem, a fumaça mostraria uma figura feminina Jô Soares entrevistou o vidente catarinense no seu programa de 18/9/2001 na Rede Globo de Televisão

O vidente afirmou ter provas disso, a partir de fotos do incêndio que se seguiu ao choque dos aviões com o prédio do World Trade Center (WTC) em New York. No momento em que um dos prédios desmorona, aparece no ponto da ruptura uma imagem que o vidente afirma ser de Saddan Hussein. Já a imagem que internautas dizem ser demoníaca, ele afirmou ser uma figura feminina.

No detalhe da capa, as torres do World Trade CenterDisco - Outra imagem bastante comentada na Internet é a da capa do CD "Live Scenes From New York", do grupo musical Dream Theater, que A capa do disco: uma grande coincidênciaestava sendo lançado no mesmo dia da tragédia, chegando a ser vendido a fãs que fizeram pedidos antecipados pela Internet, além de ser colocado em algumas lojas de discos norte-americanas. 

A capa apresentava imagens dos integrantes do conjunto, tendo ao centro a maçã que simboliza a Big Apple (NewYork), enroscada em arame farpado e em chamas, junto com a estátua da Liberdade e as torres gêmeas do WTC. Em álbum anterior, "Images & Words", aparecia no lugar da fruta um coração que virou símbolo da banda. O disco foi retirado das prateleiras até que a gravadora Elektra decida como vai proceder no caso.

Mensagens - Também está sendo distribuída por correio eletrônico a mensagem:
 

Assunto: Inocentes

Havia inocentes nos prédios do World Trade Center.

Havia inocentes dentro dos aviões.

Havia inocentes no caminho da bomba de Hiroshima.

Havia inocentes no caminho da bomba de Nagasaki

Havia inocentes no caminho das balas de metralhadora do Vietnã.

Havia inocentes no caminho das balas, granadas e morteiros do Laos, do Camboja, da Coréia, das ilhas Malvinas, no Iraque, nas aldeias Palestinas...

Há inocentes no meio do caminho do embargo econômico imposto à Cuba.

Haverá inocentes no caminho da retaliação americana. Crianças morrerão antes que possam ao menos sonhar com um mundo sem guerras. 

Os Estados Unidos se preparam para massacrar o agressor, esquecendo-se de que inúmeras vezes já fizeram esse papel, sempre sob os aplausos do mundo ocidental. Pela primeira vez perceberam o que é a guerra dentro de casa.

Sentiram na pele as chamas das explosões e asfixiaram-se com a fumaça da violência. É muito fácil aplaudir governantes que jogam bombas no quintal dos outros, é muito fácil manter o espírito beligerante dessa forma.

Ao invés de preparar um contra-ataque os americanos deveriam parar e enterrar seus mortos, reconstruir suas cidades, readquirir sua paz e  finalmente, refletir sobre o seu comportamento ante o resto do mundo, dos povos, das raças das culturas.

Sempre haverá inocentes querendo apenas viver em paz. Inocentes que não são intolerantes. Inocentes que aceitam diferenças. Inocentes que estarão no caminho de alguma bala, alguma bomba, alguma guerra apenas querendo viver.

Este texto começou a circular na Internet dias depois do atentado nos EUA e foi recebido por Novo Milênio em 18/9/2001:
 

SE EU FOSSE NORTE-AMERICANO...

"Você pode esperar que o cão maltratado venha lhe lamber a mão,
mas não pode exigir que abane o rabo". - Autor desconhecido.

Solange Rech (*)
Fique claro, de pronto, que não endosso atos terroristas, qualquer que seja sua natureza e motivação. Considero um crime hediondo ceifar vidas inocentes, e me refiro a qualquer tipo de vida, não apenas humana.

Dito isso, gostaria de fazer uma reflexão sobre os recentes acontecimentos que feriram na carne o povo norte-americano, tanto pela imprevisibilidade e arrogância de seus autores quanto pela extensão dos malefícios causados.

Se eu fosse um cidadão norte-americano, pensaria mais profundamente sobre tudo isso. Pensaria, por exemplo, que deve haver uma causa de extrema e absoluta gravidade para levar alguém a abdicar da própria vida fazendo-se instrumento de um ato terrorista. Só uma pessoa desprovida de um mínimo de auto-estima aceitaria tal incumbência. Os camicases modernos passam-nos a mensagem de que há, sim, algo mais valioso do que a vida, que atende pelo nome de... dignidade. Assim como o corpo definha sem alimento, a psique humana não tem estrutura para sobreviver em estado de absoluta e permanente humilhação.

Que causas seriam capazes de arrastar o mundo a esse estágio dramático, portal limítrofe da existência, senão a injustiça intransponível, que se perpetua pelo respaldo de forças colossais, muito acima de nossa capacidade de opor resistência? Alicerçado no poderio bélico e econômico, o dominador se faz arrogante e, com o tempo, já não disfarça a insensatez.

Se eu fosse norte-americano, juro que iria me aprofundar nas causas que levam pessoas, grupos, povos a essa situação, que contraria até mesmo a lei natural de autopreservação da espécie.

Hoje, mal apagados os incêndios criminosos, choram as famílias pela perda de pessoas inocentes, cujos corpos sequer foram ainda resgatados e contados, tamanha a destruição e tantos os escombros. Chora um país, que se considerava inexpugnável, sem saber como evitar o pânico.

Eu próprio choro, no silêncio dos meus solilóquios, em solidariedade não apenas a um povo agredido, mas à vida humana banalizada. De certa forma, choramos todos nós. Mas confesso que eu também choro, diariamente, pelas mortes, vindas dos vários continentes, ocasionadas pela opressão e pela desconsideração dos poderosos. As lágrimas correm, salgadas, pelas vidas de palestinos ceifadas em holocausto, tão inocentes quanto são os norte-americanos sacrificados por fanáticos. Meu pranto surge, e em vão tento contê-lo, quando vejo o mundo do dinheiro e da tecnologia virar as costas para a África, dizimada por guerras insufladas pelos mercadores de armas, pela fome e pelo flagelo da AIDS, havendo já países que estão a sepultar seus mortos aidéticos em valas comuns, pois o dia é curto para cerimoniais isolados.

Entristece-me sentir que essas vidas não são lamentadas pelo chamado mundo cristão e ocidental, como se o ser humano fosse graduado: gente de primeira merece ser pranteada, os demais não contam... Foi preciso que houvesse uma catástrofe no Primeiro Mundo para a estupefação geral tomar conta dos noticiosos. Nos demais casos, as pessoas ouvem os comunicados sem qualquer sobressalto e reagem como se estivessem ouvindo o resultado de uma loteria às avessas: "Não fui sorteado, está tudo bem!"

Pois, tentando ajudar a reflexão dos meus irmãos do norte, eu diria que esse absenteísmo, esse descompromisso, essa irresponsabilidade cúmplice é a principal causa do que hoje estamos a lamentar, sem entender. Está visto que a propalada globalização serve aos interesses mercadológicos americanos, já que economicamente são bem mais fortes e podem impor sua vontade. Mas, contraditoriamente, se o modelo nos põe a todos no mesmo barco, não nos aquinhoa igualmente no nível de conforto. A maior parte dos tripulantes é segregada nos porões e precisa remar para que o cidadão de primeira classe chegue seguro ao seu destino, fazendo festa. O que forma os camicases são as injustiças prolongadas, travestidas de atos legais. São gerações humilhadas, sonhos abortados, esperanças que não podem vingar. Desculpando-me pelo momento doloroso e portanto impróprio, é forçoso reconhecer que nenhum país é mais responsável pelos desassossegos mundiais do que os Estados Unidos da América. Em grande parte, é a sua política sócio-econômica que cria os assassinos e os terroristas do mundo

- quando se auto-intitulam a polícia do mundo, sem procuração legítima para tal;

- quando transformam em dólar anseios populares, como se os povos pudessem abrir mão de suas aspirações legítimas e tivessem que aderir obrigatoriamente ao "american way of life";

- quando se dizem arautos da liberdade mas respaldam ditadores, como Strossner, Habybe, Pinochet, Fujimori e tantos outros, desde que e enquanto sirvam a seus objetivos.Certo dia Robert Kennedy pensou sobre isso: "Demos medalhas a ditadores; incensamos regimes retrógrados e tornamo-nos firmemente identificados com instituições e com homens que mantinham seus países na pobreza e no medo";

- quando condenam a população cubana a privações de recursos básicos e essenciais à vida por conta de um bloqueio econômico que dura várias décadas, sendo que a razão alegada para seu estabelecimento já cessou há muitos anos. E a prepotência chega a tal ponto que terceiros países que queiram comercializar com Cuba sofrem retaliação comercial;

- quando bombardeiam sistematicamente o Iraque, alegando a defesa dos ideais de liberdade, mas viram as costas para os massacres da Chechênia, Kosovo, Timor Leste...

- quando nos acusam de pirataria na guerra de patentes, mas silenciam quando seus prepostos roubam nossos vegetais com poderes farmacológicos, para patenteá-los alhures, como qualquer terrorista o faria;

- quando, ainda no ramo das patentes, nos denunciam à OMC porque copiamos medicamentos para combater a AIDS, sem o quê muitos morreriam, numa inequívoca demonstração de que a vida vem depois (muito depois!) do dinheiro;

- quando se negam a cumprir o Tratado de Kyoto (redução dos níveis de contaminaçãoatmosférica), sendo eles os responsáveis diretos por um quarto de toda imundície que empesta o ar e compromete a vida do planeta;

- quando usam de seu poder de veto na ONU para baldar os esforços de povos subdesenvolvidos que busquem alcançar conquistas sociais.

Muitas outras razões, até mais relevantes em termos de barbárie de estado, teria eu para elencar aqui, comprobatórias da crença americana de que seguem o dito de Calígula: "Odeiem-me mas temam-me". Cito estas, ao acaso, como uma síntese do terreno propício onde germinar a semente do terrorismo. Ainda ontem, num morro do Rio, numa guerra de traficantes, crianças da favela morreram, inocentes, trucidadas por sofisticadas armas americanas, que entraram clandestinamente no país, contrabandeadas pelo conluio de mercadores internacionais e delinqüentes brasileiros. 

É possível que se diga ser nossa a culpa por não sabermos evitar o ingresso desses armamentos, o que não deixa de ser verdade. Mas, em situação análoga, o governo norte-americano invade militarmente a Colômbia, para evitar o envio de cocaína ao seu território. A lógica mostra que, se não houvesse o mercado consumidor de drogas americano, não haveria por que se preocupar com os exportadores. Sei que vão dizer que há um tratado bilateral dos dois governos. Mas é exatamente desse mundo de aparências, de faz-de-conta, que nasce a insatisfação mundial, gene formador dos marginalizados.

Não basta exterminar os rotulados, pois, mantida a política atual, outros surgirão, pipocando nos vários quadrantes da terra, num interminável suceder de violências. É vital extirpar as causas que lhe dão origem. "Cessada a causa, cessam os efeitos". Ou mantemos limpo o estábulo ou não adianta exterminar as moscas. Elas voltam, mais adaptadas ao habitat e mais resistentes a cada geração.

Atônito e preocupado, o mundo vê e ouve um presidente despreparado a fazer ameaças de que vai retaliar e que quer vingança. É pena. Vingança e justiça nunca andam juntas. Punir os responsáveis é o anseio da quase totalidade dos povos. Mas, sair por aí a detonar bombas em cima de inocentes, à guisa de vingança, será um gesto ainda mais covarde do que o perpetrado pelos bandidos que se busca punir. Nessa hipótese, o mundo dirá, como os antigos romanos: "Ave, Bush, os que vão morrer te saúdam!" Depois, é só se preparar para uma nova série de explosões e mortandade, brotada do ódio e da intolerância.

Tudo isso acontece porque, na prática, conhecimento e sabedoria não chegam a ser palavras sinônimas.

Solange Rech é escritor catarinense, residente em Florianópolis, autor, entre outros, de TROVÕES DOLENTES, PARA MATAR A NOITE, DE AMOR TAMBÉM SE
VIVE...

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