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Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 09/18/01 19:01:22
TERROR NOS EUA
Segurança x liberdade: nova briga na Internet

Enquanto, na esteira dos atentados que abalaram os Estados Unidos no dia 11/9/2001, as autoridades estadunidenses e de outros países aproveitam para Logo da agência de segurança norte-americana NSArequerer maiores poderes de vigilância sobre as telecomunicações, inclusive restringindo fortemente o direito de privacidade dos cidadãos em nome da segurança nacional, grupos de protesto estão se articulando para defender o direito do cidadão de não ter suas mensagens e conversas bisbilhotadas por outras pessoas. Já está marcado para 21/10/2001 novo Dia Internacional Contra a Invasão de Privacidade. É um protesto contra o Echelon, nome codificado do projeto secreto do governo dos Estados Unidos, que permite à sua Agência Nacional de Segurança (NSA) interceptar e monitorar todo tipo de comunicação eletrônica. Nessa data, ocorrerão várias manifestações em todo o mundo.

Na raiz desses protestos está o fato de que as informações obtidas através dessa violação de privacidade podem ser usadas para outros fins que não apenas o de vigilância e segurança: por exemplo, autoridades podem usar informações comerciais sigilosas de uma empresa para beneficiar sua concorrente, como se suspeita que ocorreu, por exemplo, no caso da venda ao Brasil de equipamentos eletrônicos uados no Sistema de Vigilância Aérea da Amazônia (Sivam).

Um relatório do Parlamento Europeu afirma que o "Echelon é um sistema global de vigilância, que se espalha por todo o mundo e tem como alvo todos os principais satélites Intelsat usados para a maioria das comunicações mundiais com telefones, Internet, correio eletrônico e faxes, que são rotineiramente interceptados pela NSA". E que "o Echelon foi concebido sobretudo para espionar governos, organizações e empresas em todos os países do mundo".

O Ministério da Defesa da França denunciou que agentes da NSA ajudaram a instalar sistemas de espionagem nos programas da Microsoft. Isto significa controle das comunicações na Internet e a transformação dos computadores, sejam eles Captura de tela da TV CNN em 17/9/2001: protestos contra violação da privacidade dos indivíduosbrasileiros, americanos ou iraquianos, em linha auxiliar do governo dos Estados Unidos. Entidades de defesa dos direitos humanos afirmam que a Microsoft conta com o apoio da NSA, inclusive financeiro. Em fins de 2000, foi também noticiado o encontro entre o criador do sistema operacional Linux e representantes da NSA, que por sua vez também teria feito pressões sobre a IBM no sentido de aceitar determinadas condições para operar com a administração norte-americana.

Uso impróprio - O grande temor das nações européias é quanto ao desvio das informações sigilosas obtidas pelo Echelon e programas assemelhados para finalidades não relacionadas à segurança nacional. Em janeiro de 1994, o primeiro-ministro francês Edouard Balladur acertou com a Arábia Saudita a assinatura de um megacontrato de fornecimento de aviões Airbus e de armamentos. Além do dinheiro oficial, haveria o barani (um ajuste extra-contrato). Segundo as denúncias, o Echelon interceptou a oferta, Washington protestou e calibrou melhor o ajuste extra-contrato, conseguindo que o contrato ficasse com a empresa estadunidense McDonnell-Douglas. 

O Brasil também não escapou da vigilância do Echelon - e novamente os franceses foram prejudicados. Quando já davam como certo o fornecimento de radares para o Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam), novo protesto de Washington, tão substancial que estremeceu as relações entre o Brasil e a França, e os franceses viram a sua Thomson-CSF ser superada pela americana Raytheon.

Devido ao sigilo, é difícil separar o folclore da realidade, em tudo o que se refere ao Echelon - que aliás não é o único projeto do gênero, embora seja o mais completo (calcula-se que abranja 95% de todas as telecomunicações de voz, som e imagem do mundo). Além da sede central em Fort Meade, nos EUA, o Echelon possui bases em Yakima (200 quilômetros a Sudoeste de Seattle) e Sugar Grove (250 quilômetros a Sudoeste de Washington). Fora dos Estados Unidos, opera no Canadá, em Morwenstow (Cornualha Britânica), Waihopai (Nova Zelândia) e Geraldton, no Oeste da Austrália. 

O Echelon possui a capacidade de decodificar e gravar mais de dois milhões de conversas políticas, industriais e pessoais por hora em qualquer lugar do planeta. Existem palavras-chave que, ao ser captadas, são encaminhadas a computadores de decodificação, denominados "dicionários Echelon". Conforme a análise preliminar feita pelos super-computadores, certos textos são encaminhados a uma grande equipe de especialistas em análise de conteúdo. 

E são palavras como as que seguem abaixo que os defensores da privacidade pedem que se utilize no dia 21/10/2001 para congestionar o Echelon: Anistia Internacional, OLP, Greenpeace, revolução, terrorismo, carta-bomba, carro-bomba, revolução, ETA, Hamas, Hizbullah, IRA. O texto não precisa ser coerente. Existem também inúmeras palavras na área econômica, mas aí cada país precisa especificar a sua. No Brasil, por exemplo, são consignados nesse dicionário termos como caixa-dois, propina, molhar a mão, Cayman e Amazônia. 

Veja mais:
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Sobre o Echelon, na Internet:
National Security Agency (NSA) e sua estranha venda de tecnologia
Vínculos do projeto Echelon
A patente US-5.418.951 do sistema de vigilância
Dossiê do jornal Le Monde (em francês)

Sobre o Echelon e outros projetos do gênero, em Novo Milênio:
Segurança na Net: paranóia?