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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - CINEMA
O cinema em Santos (13)

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Na edição especial comemorativa de seu cinqüentenário (exemplar no acervo do historiador Waldir Rueda), em 26 de março de 1944 (em plena Segunda Guerra Mundial), o jornal santista A Tribuna registrou (ortografia atualizada nesta transcrição):
 
O surto magnífico da cinematografia em Santos

As atividades da Empresa Santista de Cinemas nesse setor - Uma sólida organização que vem cumprindo à risca o seu programa de bem servir o público

No âmbito das atividades cinematográficas em Santos vem a Empresa Santista de Cinemas ocupando lugar de realce, já pelos homens capazes que a dirigem, já pela excelência das programações dos seus cinemas, com películas de marcas consagradas pela preferência do público.

Os santistas, verdade seja dita, jamais dispensaram sua sessãozinha de cinema, mormente agora, em que as temporadas teatrais escasseiam.

Ir ao cinema tornou-se, hoje em dia, a coisa mais banal deste mundo, agora tão convulsionado. Vai-se ao cinema com a mesma vontade com que um chefe de família toma democraticamente um elétrico, girando pelos pontos mais pitorescos da cidade, juntamente com sua cara-metade e respectiva prole, dando uma folgazinha às suas atribulações diárias.

A arte maravilhosa que consagrou o gênio de Lumière tem sua história em Santos. Longe vai o tempo em que a nossa cidade contava apenas com alguns cinemas acanhados, sem conforto, de arquitetura de berrante mau gosto.

Agora, os tempos são outros. Hoje temos cinemas, e dos bons, a acompanhar o progresso da terra de Braz Cubas, nos seus aspectos mais interessantes.

Para o progresso inconteste da cinematografia santista muito tem contribuído a Empresa Santista de Cinemas, que tem á sua frente, dirigindo-a com clarividência, homens da capacidade de José Burlamaqui de Andrade, Antônio de Campos Júnior, Ernesto Lacerda e André Branda, pugilo de cinematografistas dos mais dedicados, e que de longa data vêm consagrando suas atividades em prol da evolução do cinema entre nós.

Hoje, repetimos, possuímos cinemas ótimos, confortáveis, com esplêndida projeção, alguns com ar condicionado, a exemplo dos cinemas das grandes cidades.


Cine Atlântico, o cinema líder da Empresa Santista de Cinemas,
e que se ergue em pleno Gonzaga, na Praça Independência
Foto e legenda publicadas com a matéria

Aí temos, na Praça Independência, em pleno Gonzaga, o Cine Atlântico, o cinema líder da Empresa Santista de Cinemas, que a Empresa José B. de Andrade incluiu em seu circuito exibidor, tratando-se de uma feliz iniciativa da Empresa Imobiliária Bandeirante Ltda., que o fez construir pela firma técnica Duarte e Cia.

Dispõe o Cine Atlântico de instalações de ar condicionado "General Electric", o que, em nosso clima, constitui, sem dúvida, grande atração.

O mobiliário é escolhido, destacando-se as poltronas estofadas em couro. Tapeçarias finas ornamentam toda a casa, sendo de notar o trabalho realizado na importante boca de cena.

Na parte técnica está o Cine Atlântico munido de aparelhamento "Som Western Eletric Mirrophonic", assegurando o máximo em nitidez de projeção e pureza absoluta de som.

O Cine Atlântico possui 1.000 poltronas, além de 500 balcões, tornando-se essa casa de diversões, desde sua inauguração, no dia 16 de outubro de 1941, o ponto de convergência da elite santista.

A inauguração do referido cinema verificou-se com o filme Divino Tormento, com Jeanete Mac Donald e Nelson Eddy, astros da Metro Goldwyn Mayer, sendo que a renda total do espetáculo foi oferecida às diversas instituições de caridade de Santos.


O Cine Roxy, que ocupa o segundo lugar entre as casas de diversões
da Empresa Santista de Cinemas
Foto e legenda publicadas com a matéria

O Roxy, quase no fim da Avenida Ana Costa, a poucos metros do Gonzaga, é, em importância, o segundo cinema da Empresa Santista de Cinemas. Sua lotação é de 1.200 poltronas, possuindo ventilação perfeita e um aparelho moderno, com som Western. O Roxy foi inaugurado em 15 de março de 1934, com o filme Cântico dos Cânticos, da Paramount.

Animado com a preferência que o público desde logo dispensou ao Cine Roxy, o sr. A. Campos Júnior planejou e mandou executar as obras do Cine Paratodos, na Vila Matias, e destinado aos "fans" da classe modesta, verificando-se a inauguração dessa casa de diversões a 11 de janeiro de 1935, com o filme da Warner, Aí vem a Marinha.

Tempos depois, o sr. A. Campos Júnior lançava os fundamentos de uma nova casa de diversões, que veio a ser o Cine Astor, situado na Vila Nova, na Rua Sete de Setembro. Sua inauguração deu-se no dia 24 de setembro de 1935, com o filme Broadway Bill, da Columbia, com Myrna Loy e Warner Baxter.

Vem depois o Cine Paramount, com 900 poltronas e 22 camarotes. Seu som é Philips.

A seguir temos o Miramar, localizado na praia do Boqueirão, no fim da Avenida Conselheiro Nébias. É, também, um dos bons cinemas da Empresa Santista de Cinemas, possuindo 1.200 poltronas, sendo o som da Glan Filme.

Contamos, também, com o Cine Carlos Gomes, no início da Avenida Ana Costa, que veio substituir o antigo Carlos Gomes da Rua Lucas Fortunato. O Carlos Gomes moderno possui 900 poltronas e 400 balcões. Seu som é Philips.

A seguir vêm o Cine S. José, em Vila Macuco, com lotação para 1.200 pessoas, possuindo também 600 balcões.

Há, ainda, o Cine Avenida, localizado à Avenida Bernardino de Campos, no bairro do Campo Grande. Sua lotação é para 1.000 pessoas, possuindo, igualmente, 300 balcões. Nesse cinema é utilizado o Som Glan Filme.

Além do Paratodos, de caráter popular, conta a Empresa Santista de Cinemas com o Cine Santo Antônio, no bairro do Macuco.

Os cinemas da mencionada Empresa exibem, presentemente, os filmes da Metro, Paramount, Fox, RKO, Columbia e Universal.

***

Em 1932, o sr. José Burlamaqui de Andrade arrendava a Empresa Cine Teatral, que dirigiu até março de 1937, organizando, depois, a Empresa Santista de Cinemas, que existe até hoje, e que há dois anos fez fusão com a Empresa Cine Roxy, do qual é diretor o sr. Antônio Campos Júnior.

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