Imagem: reprodução da página 25 do álbum de
2000
Outeiro de Santa Catarina
Palco de tantas histórias, o Outeiro de Santa Catarina
testemunhou a presença dos índios, a chegada dos portugueses com suas caravelas, viu surgir a "Nova Povoação" e presenciou seu desenvolvimento e
transformação em "Vila do Porto de Santos", que só mais tarde se tornaria Santos.
Com as primeiras escrituras de doação e repartição de terras, em 1532, a área do
Outeiro passou a pertencer a Luiz de Góes, que juntamente com sua esposa, dona Catarina Andrade de Aguillar, construiu uma pequena capela dedicada a
Santa Catarina de Alexandria. Vem daí o nome Outeiro de Santa Catarina.
A região foi logo sendo ocupada e, em 1543, já funcionava, junto à capela, um hospital
denominado Casa da Misericórdia de Todos os Santos, nossa primeira Santa Casa.
O outeiro, essa pequena elevação, assistiu a vários ataques piratas. Em 1591,
Thomas Cavendish atacou e saqueou a Vila de Santos, destruindo a capela e jogando ao mar a imagem de Santa Catarina. por
volta de 1663, escravos do Colégio Jesuíta encontraram a pequena imagem e a entregaram ao reitor, padre Alexandre de
Gusmão, que com a ajuda do povo construiu uma nova capela, dessa vez no topo da elevação.
Do alto desse outeiro podia-se ver a cidade crescendo em direção ao Valongo, a
inauguração da Estrada de Ferro São Paulo Railway e a expansão do porto; no entanto, seus dias de glória pareciam ter
chegado ao fim. No princípio do século XIX, o outeiro começou a ser desbastado para fornecer material de aterro para a construção do porto e do
perímetro urbano da Vila. Em 1869, a Câmara Municipal autorizou o desmanche do que restou do outeiro para demarcação de ruas e quadras, desde os
Quartéis até o Paquetá.
Imagem: reprodução da página 26 do álbum de
2000
Nem tudo, porém, estava perdido. Restaram duas grandes pedras, e justamente sobre elas
o médico italiano João Éboli construiu uma bela casa acastelada. O novo morador do Outeiro de Santa Catarina estava à altura do passado de glórias
da região. Abolicionista e republicano, João Éboli participou ativamente das lutas pela abolição em Santos.
Em 1902, o Outeiro foi reconhecido pela Câmara Municipal como o marco do início do
povoamento de Santos. Mas, apesar disso, muito pouco se fez para garantir a integridade desse sítio de valor inestimável para a nossa história.
Foram anos de abandono, servindo de moradia precária para várias famílias. Quando já
estava totalmente deteriorado, o Outeiro de Santa Catarina foi tombado e, mais tarde, recuperado pela Prefeitura de Santos.
Hoje, instalada nas dependências da Casa de João Éboli, a Fundação Arquivo e Memória
de Santos resgata não só a memória da cidade de Santos, mas, sobretudo, a dignidade desse monumento que é, na verdade, uma homenagem "a essa gente
incansável em sua luta para ensinar a Liberdade e a Caridade". É esse sentimento que nos anima a manter, permanentemente, uma bandeira de Santos
hasteada no alto de nosso mirante.
CONHECER O OUTEIRO DE SANTA CATARINA E SUA HISTÓRIA, MAIS DO QUE UMA PROVA DE CULTURA,
É UMA DEMONSTRAÇÃO DE AMOR À CIDADE DE SANTOS.
Antonio Ernesto Papa
Presidente da Fundação Arquivo e memória de
Santos
Imagem: reprodução da página 27 do álbum de
2000 |