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SANTOS DE ANTIGAMENTE - PORTO/1904 - BIBLIOTECA NM
Santos e a Cia. das Docas - 1904 (G)

Tinham se passado apenas 12 anos do início das operações do portoClique na imagem para ir ao livro organizado de Santos, quando a concessionária Companhia Docas de Santos (CDS) publicou em 1904 o álbum Santos e a Cia. das Docas, com as fotos das primeiras etapas da construção desse porto. Em abril de 2000, o cartofilista Laire José Giraud preparou uma nova edição desse álbum, dentro das comemorações dos 500 anos do Descobrimento do Brasil, impressa pela Gráfica Guarani, de Santos/SP:

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Santos e a Cia. das Docas - 1904

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Imagem: reprodução da página 25 do álbum de 2000

Outeiro de Santa Catarina

Palco de tantas histórias, o Outeiro de Santa Catarina testemunhou a presença dos índios, a chegada dos portugueses com suas caravelas, viu surgir a "Nova Povoação" e presenciou seu desenvolvimento e transformação em "Vila do Porto de Santos", que só mais tarde se tornaria Santos.

Com as primeiras escrituras de doação e repartição de terras, em 1532, a área do Outeiro passou a pertencer a Luiz de Góes, que juntamente com sua esposa, dona Catarina Andrade de Aguillar, construiu uma pequena capela dedicada a Santa Catarina de Alexandria. Vem daí o nome Outeiro de Santa Catarina.

A região foi logo sendo ocupada e, em 1543, já funcionava, junto à capela, um hospital denominado Casa da Misericórdia de Todos os Santos, nossa primeira Santa Casa.

O outeiro, essa pequena elevação, assistiu a vários ataques piratas. Em 1591, Thomas Cavendish atacou e saqueou a Vila de Santos, destruindo a capela e jogando ao mar a imagem de Santa Catarina. por volta de 1663, escravos do Colégio Jesuíta encontraram a pequena imagem e a entregaram ao reitor, padre Alexandre de Gusmão, que com a ajuda do povo construiu uma nova capela, dessa vez no topo da elevação.

Do alto desse outeiro podia-se ver a cidade crescendo em direção ao Valongo, a inauguração da Estrada de Ferro São Paulo Railway e a expansão do porto; no entanto, seus dias de glória pareciam ter chegado ao fim. No princípio do século XIX, o outeiro começou a ser desbastado para fornecer material de aterro para a construção do porto e do perímetro urbano da Vila. Em 1869, a Câmara Municipal autorizou o desmanche do que restou do outeiro para demarcação de ruas e quadras, desde os Quartéis até o Paquetá.

Imagem: reprodução da página 26 do álbum de 2000

Nem tudo, porém, estava perdido. Restaram duas grandes pedras, e justamente sobre elas o médico italiano João Éboli construiu uma bela casa acastelada. O novo morador do Outeiro de Santa Catarina estava à altura do passado de glórias da região. Abolicionista e republicano, João Éboli participou ativamente das lutas pela abolição em Santos.

Em 1902, o Outeiro foi reconhecido pela Câmara Municipal como o marco do início do povoamento de Santos. Mas, apesar disso, muito pouco se fez para garantir a integridade desse sítio de valor inestimável para a nossa história.

Foram anos de abandono, servindo de moradia precária para várias famílias. Quando já estava totalmente deteriorado, o Outeiro de Santa Catarina foi tombado e, mais tarde, recuperado pela Prefeitura de Santos.

Hoje, instalada nas dependências da Casa de João Éboli, a Fundação Arquivo e Memória de Santos resgata não só a memória da cidade de Santos, mas, sobretudo, a dignidade desse monumento que é, na verdade, uma homenagem "a essa gente incansável em sua luta para ensinar a Liberdade e a Caridade". É esse sentimento que nos anima a manter, permanentemente, uma bandeira de Santos hasteada no alto de nosso mirante.

CONHECER O OUTEIRO DE SANTA CATARINA E SUA HISTÓRIA, MAIS DO QUE UMA PROVA DE CULTURA, É UMA DEMONSTRAÇÃO DE AMOR À CIDADE DE SANTOS.

Antonio Ernesto Papa

Presidente da Fundação Arquivo e memória de Santos

Imagem: reprodução da página 27 do álbum de 2000