Na Santos de 1800, era grande a rivalidade entre os
moradores da região nobre do Valongo (os "valongueiros") e os que residiam no outro lado da cidade, junto aos quartéis
(os "quarteleiros"), registrando-se então muitos episódios de confrontamento ao estilo das atuais gangues de rua.
Os Quartéis foram iniciados em 1776 e esta foto de quase um século depois (1865)
mostra o prédio do Quartel, que deu origem ao nome da região, na atual Rua Visconde do Rio Branco, junto à face Leste da
Praça Antonio Teles, em área próxima ao Outeiro de Santa Catarina (bairro do Paquetá):
O Quartel, em foto de 1865 de Militão Augusto de Azevedo
(albúmen com 11,0 x 17,3 cm – Acervo Museu Paulista)
Imagem reproduzida no livro Santos e seus Arrabaldes - Álbum de Militão Augusto de
Azevedo, de Gino Caldatto Barbosa (org.), Magma Editora Cultural, São Paulo/SP, 2004
Sobre esse local, escreveu o arquiteto Gino Caldatto Barbosa, no livro Santos e
seus Arrabaldes - Álbum de Militão Augusto de Azevedo, em 2004, baseando-se na obra de Victor Hugo Mori (Arquitetura Militar - Um Panorama
Histórico a Partir do Porto de Santos, publicada em São Paulo pela Imprensa Oficial do Estado, em 2003, páginas 189 a 199):
"Edificação correlacionada ao Forte da Vila e à Casa do
Trem Bélico, estava em atividade desde o início do século XVIII, como parte de um ambicioso plano de defesa do Porto de Santos, que pressupunha a
construção de muralhas ao redor da cidade, atalaias e um grande forte com baluartes, elaborados pelo brigadeiro João Massé, em 1714, a mando do rei
de Portugal.
"Em meados do século XIX, o quartel havia passado por reformas, identificadas no
registro de Militão pela desproporção do frontão triangular que tentava atualizar grosso modo a arquitetura colonial do edifício. Continha um
dormitório, dois quartos, prisão e cozinha - quadro incompatível coma descrição documentada por João da Costa Ferreira, engenheiro militar que, em
1801, apontou 21 cômodos no levantamento métrico que realizou. Ficou em atividade até quando a extinção do Comando Militar de Santos acarretou sua
demolição, simultânea à do Forte da Vila, em 1891".
Detalhe da foto acima permite observar a sentinela na entrada do quartel
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