Um pedaço de história no alto dos Barbosas
O Morro dos Barbosas abriga uma parte fundamental para a história de São Vicente. O
terreno onde hoje está situado um hotel abriga o espaço da primeira fazenda e vinícola do País, implantadas no início da colonização portuguesa. E
toda essa história pode ser conhecida pelo público, por meio de visitações monitoradas agendadas com a direção do Hotel Chácara do Mosteiro. O
programa começa neste mês (N.E.: 4/2004).
Foto: João Vieira, publicada com a matéria
ATRAÇÃO
Morro dos Barbosas teve a primeira fazenda e vinícola do País
História do local pode ser conhecida por meio de visitas monitoradas
Luiz Gomes Otero
Da Reportagem
Quem passa perto do Morro dos Barbosas não é capaz de
imaginar a importância histórica daquela área para a fundação da Cidade. O terreno onde hoje está situado um hotel é o local onde foi implantada a
primeira fazenda e vinícola do País, no início da colonização portuguesa. E toda essa história pode ser conhecida pelo público, por meio de
visitações monitoradas agendadas com a direção do Hotel Chácara do Mosteiro. O programa de visitação está sendo implantado a partir deste mês.
Os responsáveis pelo empreendimento fizeram questão de preservar e recuperar a antiga
construção existente no local, que abrigou o cardeal Eugênio Pacelli, que se tornaria o Papa Pio XII. Mas ainda há indícios de que o Padre José de
Anchieta também teria passado pela área conhecida como Bica do Frade, denominada assim na época da catequização indígena.
A história da propriedade começa junto com a colonização portuguesa, mais precisamente
a partir de 1502, com a chegada de Cosme Fernandes, um degredado de Portugal, que veio para o Brasil para cumprir uma pena imposta por Dom João IV.
Ele foi deixado em Cananéia e caminhou pelo litoral até chegar em São Vicente, em 1506, fixando-se na Biquinha. Segundo historiadores, Cosme
Fernandes participou ativamente do desenvolvimento da primeira Vila do País, chegando a construir um cais na área próxima à
Ponte Pênsil.
Nessa época, a área da Chácara do Mosteiro era conhecida como Outeiro do Tumiarú, onde
o bacharel Cosme Fernandes iniciou as primeiras plantações de cana-de-açúcar, abacaxi e uva.
Em 1532, chega na região Martim Afonso de Souza, vindo de
Portugal, com a missão de expulsar o bacharel de volta para Cananéia. Essa missão teve o auxílio de João Ramalho, que estava instalado em Bertioga e
participou da negociação para que não houvesse derramamento de sangue.
No ano de 1554, o Padre José de Anchieta iniciou o trabalho
de catequese dos índios, tendo feito parte desse trabalho na área da Bica do Frade.
Em 1755, a chácara inicia a plantação de café. O local onde hoje está a piscina do
hotel era reservado para a secagem dos grãos. Por volta de 1890, uma comissão de padres beneditinos conseguiu uma autorização para construir sua
casa de praia no morro, pouco acima da área da bica. Em troca, os integrantes da comissão prometeram construir um colégio para alfabetizar crianças
pobres. Em outubro de 1926, os padres já tinham a posse do terreno, por meio de um aforamento.
Papa - No dia 19 de outubro de 1934, a Chácara do Mosteiro
recebeu a visita do cardeal Eugênio Pacelli, que cinco anos mais tarde se tornaria o Papa Pio XII.
Durante o período da II Guerra Mundial, o casarão foi habitado por padres alemães, a
partir de 1939.
No período pós-guerra, depois de 1945, o casarão pertenceu ao parente de um militar,
tendo sido comprado por uma família de empresários paulistas em meados da década de 50. Nos anos seguintes abrigou as mais diversas personalidades,
como governadores de estado, presidentes da República e pessoas influentes da sociedade.
De acordo com o empresário Nery Ambrósio, era comum ver no local personalidades
conhecidas da região, como o poeta Martins Fontes e o pintor Benedicto Calixto.
Além da beleza natural, visitantes poderão conhecer as construções antigas,
que foram preservadas
Foto: João Vieira, publicada com a matéria
Casarão conserva piso importado
O antigo casarão dos padres abriga hoje um museu e uma área de conveniência para os
hóspedes do hotel. Mas ainda conserva muitos sinais da época de ouro, como o piso importado de Portugal e os detalhes das portas e janelas de
madeira.
A área da varanda, construída em madeira, chegou a ser retratada pelo pintor Benedicto
Calixto em um quadro que mostrava uma vista do Morro dos Barbosas. Há ainda uma foto, datada de 1910, de propriedade do Instituto Histórico e
Geográfico de São Vicente (IHGSV), que também revela detalhes do imóvel.
O museu mantém peças antigas encontradas durante as obras de reforma e recuperação do
prédio. Ali podem ser vistas máquinas registradoras antigas, máquinas de controle de estoque, ferros de passar roupa e máquinas manuais de costura,
entre outros objetos.
Os móveis chamam também a atenção, por causa das partes trabalhadas em madeira, em
forma de animais. Há também um baú que foi usado em viagens no início do século XX.
Quem quiser conhecer detalhes sobre a visitação monitorada pode entrar em contato pelo
telefone (N.E.: DDD 0**13) 3468-3839, em horário comercial, para obter informações sobre o
preço da entrada e os serviços oferecidos.
O grupo cultural, histórico e e turismo Ilha de Gohayo também está reunindo
interessados em conhecer a história da antiga Chácara do Mosteiro. A coordenadora do grupo, Eulâmpia Requejo Rocha, pretende formar um grupo para o
próximo domingo (N.E.: 25/4/2004). Maiores (N.E.: Mais...)
informações pelo telefone 3464-1502. |