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HISTÓRIAS E LENDAS DE S. VICENTE
Primeiros produtores de vinho e cachaça (2)

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Quando Martim Afonso chegou ao Brasil, trouxe da Ilha da Madeira as videiras que foram plantadas no Litoral Paulista, e também os primeiros engenhos para a produção de açúcar. Talvez a reunião desses dois conhecimentos - da produção do vinho e do açúcar - tenha propiciado as condições para outro pioneirismo: o da produção de cachaça.

Em São Vicente, a vila pioneira, surgiu a primeira vinícola brasileira. Essa história começou a ser recuperada na época dos festejos pelo quinto centenário do Descobrimento do Brasil, quando chegou a ser cogitada a recriação do tipo de vinho então produzido. O projeto parou por dificuldades econômicas para sua concretização, mas o local da vinícola foi restaurado e aberto a visitas monitoradas. A notícia sobre o projeto do centenário vinho foi dada pelo jornal santista A Tribuna em 13 de setembro de 1999:

DESCOBRIMENTO

Vinho dos 500 Anos deve marcar festejos

Cicade teria abrigado a primeira vinícola do Brasil

Clóvis Vasconcellos
Da Sucursal

Um vinho que marque os 500 anos de Descobrimento do Brasil, com embalagem alusiva à data, foi proposto pela Secretaria da Cultura de São Vicente, que, com base em evidências históricas, quer resgatar um fato desconhecido da maioria da população, de que a Cidade teria abrigado a primeira vinícola em terras brasileiras. Para a viabilização do projeto, que inclui a elaboração de um livro sobre a vinicultura em nossa região e a construção de uma cave (adega), a secretaria procura viabilizar parcerias com uma empresa de vinicultura e distribuidora de bebidas nacional ou estrangeira.

Segundo o secretário Amauri Alves, o livro retratará com imagens e textos, quase meio milênio de vida, de vinho e de trabalho. "Será uma edição histórica e limitada com ilustrações e pinturas em aquarela, ponto fundamental para fomentar o interesse de colecionadores e estudiosos da história da vinicultura".


Martim Afonso de Souza (em tela de Benedicto Calixto) trouxe as videiras da Ilha da Madeira 
Foto: João Vieira (reprodução), publicada com a matéria

Cave - O projeto Vinho dos 500 Anos prevê a instalação de uma cave no Horto Florestal. Por meio de parceria com uma empresa - fabricante ou distribuidora - de vinhos, a Prefeitura cederia o espaço, cabendo à empresa a construção da adega. Lá será vendido o Vinho dos 500 Anos, com espaço para degustação junto com queijos, azeitonas e uvas.

A cave terá o formato de um barril de vinho, construído em madeira, reconstituindo as antigas adegas portuguesas, com seis metros de diâmetro e oito de altura. Também inspirada nos tonéis e barris, a iluminação será composta de candelabros e spots direcionados. Ao centro, haverá um barril de vinho de 1,50 metro de largura e 2,10 metros de altura, onde o freqüentador poderá se servir diretamente do tonel.

Para o secretário Amauri Alves, a construção será "um marco comemorativo do vinho quinhentista e o resgate da história perdida, devolvendo e ampliando o sentido das primeiras realizações econômicas de nossa Cidade".

Concorrência - No ano de 1590, a uva vicejava na capitania de São Vicente. Nesse mesmo ano, uma Carta Régia, expedida pelo rei Felipe II, da Espanha (nessa época, Portugal estava sob a regência da Espanha) proibia a plantação e o cultivo de vinhas no Brasil, indicando que a Capitania de São Vicente era um centro de produção de vinhos no País. Esta referência histórica foi extraída das Memórias para a História da Capitania de São Vicente, de autoria do frei Gaspar da Madre de Deus.

Acreditava-se que essa proibição visava especificamente a Capitania, onde se produzia vinhos em quantidade e qualidade para competir, tanto no mercado nacional quanto no internacional, com os vinhos produzidos na Corte, preocupando, dessa forma, os comerciantes portugueses, que conseguiram, por parte da Coroa, a emissão da Carta de 1590.

Pela data do documento, pode-se deduzir que o plantio da uva na Capitania deve ter começado poucos anos depois do início da colonização do Brasil, com a chegada de Martim Afonso de Souza, em 1532, sendo, assim, a primeira do Brasil.

Como, na época, não existiam estradas, transporte veloz ou refrigeração que permitissem a comercialização a grandes distâncias da uva in natura, é forçoso [crer que] os vinhos e, talvez, a uva-passa, sejam os produtos que competiam com os portugueses nos mercados nacional e internacional. O clima da região, tido como impróprio para esse tipo de cultura, acabou fazendo com que as autoridades transferissem os plantios para terras mais elevadas.

Segundo fontes sobre a História do Vinho, da Confraria Amigos do Vinho do Café da Vila, as videiras foram trazidas da Ilha da Madeira para o Brasil, por Martim Afonso de Souza, e plantadas por Braz Cubas, inicialmente no Litoral Paulista e, depois, a partir de 1551, na região de Tatuapé.

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