Em 1934, Pio XII era o cardeal italiano Eugênio Pacelli
Foto: reprodução, publicada com a matéria
RELIGIÃO
Outro visitante tornou-se o pontífice Pio XII
Luiz Gomes Otero
Da Reportagem
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A segunda passagem marcante aconteceu no dia 19 de outubro de 1934, quando o cardeal italiano Eugênio Pacelli, o futuro papa Pio XII, que havia presidido o 32º
Congresso Eucarístico em Buenos Aires, na Argentina, chegou ao Porto de Santos a bordo do transatlântico Conte Grande.
Uma placa existente na antiga residência dos padres no alto do Morro dos Barbosas, em São Vicente, onde hoje se encontra instalado o Hotel Chácara do Mosteiro,
confirma a passagem do cardeal Pacelli no local.
A placa contém dizeres em latim, que informam sobre a presença do religioso na Cidade e a realização do evento na Argentina.
Em sua edição do dia 20 de outubro de 1934, A Tribuna registrou a passagem do cardeal, que foi recepcionado por alunos do Liceu Coração de Jesus e por diversas autoridades da
época. Um público numeroso se formou em frente ao Armazém 15, no momento em que atracava o transatlântico Conte Grande.
Naquela ocasião, o futuro Papa Pio XII saiu de seus aposentos do navio por volta das 15h55 e percorreu a Cidade de carro. A Igreja de Nossa Senhora do Monte Serrat foi iluminada
especialmente para marcar a passagem do religioso.
O empresário Nery Ambrósio, proprietário do Hotel Chácara do Mosteiro, está pesquisando a história do cardeal Eugênio Pacelli. "Sua família tinha ligação com o Vaticano. Ele acabou
seguindo a carreira eclesiástica, optando por trabalhar na Alemanha, apesar de ser italiano de nascimento.
Na Alemanha, Pacelli acompanhou toda a ascensão do ditador nazista Adolf Hitler. E teria escrito em muitas de suas mensagens para o Vaticano que a guerra estava prestes a se iniciar.
"Ele era uma espécie de porta-voz do Vaticano em Berlim, bem no período em que o regime nazista começava a se consolidar no Governo alemão", informou Ambrósio.
Em 1932, o então papa Pio XI começou a designar o cardeal Pacelli para missões diplomáticas, provavelmente preparando o terreno para a sua sucessão. "Ele presidiu o 32º Congresso
Eucarístico na Argentina e participou de uma série de outros eventos em várias partes do mundo. Acabou se projetando como uma liderança mundial".
Em 1939, ano do início da 2ª Guerra Mundial, Pacelli foi eleito papa, após a morte de Pio XI. Assumiu o nome de Pio XII e permaneceu na função até 1958, ano de seu falecimento.
A Tribuna registrou passagem
Foto: reprodução, publicada com a matéria
Antiga casa fica no Morro dos Barbosas
A antiga casa dos padres, situada no interior do Hotel Chácara do Mosteiro, no Morro dos Barbosas, possui detalhes interessantes, como o piso importado com desenhos da suástica, que
acabaria se tornando um símbolo do regime nazista, e um quadro pintado por Benedicto Calixto que mostra a área de varanda de madeira, que até hoje chama a atenção dos visitantes pela sua beleza.
No local foi implantada a primeira fazenda e vinícola do País, no início da colonização portuguesa. Nesta época, a área era conhecida como Outeiro do Tumiaru,
onde o então bacharel Cosme Fernandes iniciou as primeiras plantações de cana-de-açúcar, abacaxi e uva.
No ano de 1755, na chácara inicia-se a plantação de café. O local onde se encontra a piscina do hotel era reservado para secagem dos grãos. Por volta de 1890, uma comissão de padres
beneditinos conseguiu uma autorização para construir sua casa de praia no morro, pouco acima da área conhecida como Bica do Frade. Em troca, os integrantes da comissão prometeram construir um colégio para alfabetizar crianças pobres.
Em outubro de 1926, os padres já tinham a posse do terreno, por meio de um aforamento. A partir de 1939, durante a 2ª Guerra Mundial, o casarão passou a ser habitado por padres alemães.
No período pós-guerra, depois de 1945, o casarão pertenceu ao parente de um militar, tendo sido comprado por uma família de empresários paulistas em meados da década de 50.
Atualmente, o casarão abriga um museu e uma área de conveniência para os hóspedes do Hotel Chácara do Mosteiro. Detalhes como as janelas trabalhadas em madeira e os vitrais importados da
Bélgica foram preservados e restaurados pelo empresário Nery Ambrósio, proprietário do empreendimento.
Hospedagem se deu onde hoje está o Hotel Chácara do Mosteiro
Foto: Raimundo Rosa, publicada com a matéria
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