Renunciou ao mandato. O vice-presidente não assumiu, pois seu nome foi vetado pelos
ministros militares. O presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli, assumiu o poder, como substituto legal, no dia 26/8/1961, no Palácio do
Planalto, e governou o País por alguns dias.
Governo
Jânio Quadros em 1961, em registro do
Cinejornal Informativo nº 7/1961, da Agência Nacional, preservado pelo Arquivo Nacional e divulgado pelo portal oficial
Zappiens:
Título: Cinejornal Informativo n. 7/61 (1961). Resumo:
STEVENSON NO BRASIL. Emissário de Kennedy recebido pelo presidente Jânio Quadros [presente o ministro Afonso Arinos] AMPARO A AGROPECUÁRIA. O
presidente da República [Jânio Quadros] nomeia Comissão de Três [integrantes - ministros da Agricultura, da Fazenda, e o presidente do Banco do
Brasil - para a Comissão de Amparo à Produção Agropecuária; presente o ministro Romero Cabral da Costa] INCENTIVO A ARRECADAÇÃO. O presidente da
República [Jânio Quadros] chama os responsáveis no Palácio [do Planalto, em Brasília; presente o ministro Clemente Mariani] A KRUPP EM SÃO PAULO.
Cresce o parque industrial brasileiro [presentes o presidente Jânio Quadros e o governador Carvalho Pinto] 9 DE JULHO EM SÃO PAULO. O chefe do
governo [Jânio Quadros] prestigia solenidade na capital paulista [presente a primeira-dama Eloá Quadros].
Renúncia de
Jânio Quadros em 1961, em registro do
Cinejornal Informativo nº 10/1961, da Agência Nacional, preservado pelo Arquivo Nacional e divulgado pelo portal oficial
Zappiens:
Título: Cinejornal Informativo n. 10/61 (1961). Resumo:
BRASIL. REPÚBLICA PARLAMENTAR. Imagens da crise que abalou a nação. [renúncia do presidente Jânio Quadros; campanha pela legalidade comandada por
Leonel Brizola; posse de João Goulart como presidente do Brasil em regime parlamentarista e Tancredo Neves como primeiro–ministro]. SEM SOM.
Registro oficial da Biblioteca da Presidência da República:
Fonte: Arquivo Nacional
- Centro de Informação de Acervos dos Presidentes da República
Advogado, nascido em Campo Grande, estado do Mato Grosso do Sul, em 25 de
janeiro de 1917. Transferiu-se com a família para São Paulo, onde ingressou na Faculdade de Direito de São Paulo aos 18 anos, bacharelando-se em
1939. Inicia sua carreira política nesse estado.
Foi vereador (1948-1950) pelo Partido Democrata Cristão (PDC), deputado estadual
na mesma legenda e líder de sua bancada (1951-1953), prefeito de São Paulo (1953-1954) pelo PDC e pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB) e
governador desse estado (1955-1959). Elegeu-se deputado federal pelo estado do Paraná na legenda do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), em 1958,
mas não chegou a participar das sessões do Congresso, porque viajou para o exterior.
Foi eleito presidente da República, com o apoio da União Democrática Nacional
(UDN), tendo como vice o candidato da oposição João Goulart. Primeiro chefe de Estado a tomar posse em Brasília, em 31 de janeiro de 1961, renunciou
ao cargo sete meses depois, abrindo uma grave crise política no país. Candidatou-se ao governo do estado de São Paulo em 1962, mas foi derrotado.
Por ocasião do golpe militar de 1964, teve seus direitos políticos cassados por
dez anos. Dedicou-se a atividades privadas e após ter feito pronunciamentos políticos em 1968, é confinado na cidade de Corumbá-MS. Retornou à
política após a anistia e, em 1982, candidatou-se, sem sucesso, ao governo de São Paulo. Em 1985 elegeu-se prefeito de São Paulo, pelo PTB. Faleceu
na cidade de São Paulo, em 16 de fevereiro de 1992.
Período presidencial
Jânio Quadros assumiu a presidência de um país com cerca de 72 milhões de habitantes. Iniciou seu governo lançando um programa antiinflacionário,
que previa a reforma do sistema cambial, com a desvalorização do cruzeiro em 100% e a redução dos subsídios às importações de produtos como trigo e
gasolina. Tratava-se de incentivar as exportações do país, equilibrando a balança de pagamentos.
O plano foi aprovado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), credenciando o
governo à renegociação da dívida externa brasileira. Internamente, essa política teve um alto custo para a população, implicando, por exemplo, a
elevação dos preços do pão e dos transportes.
Em março, Jânio Quadros encaminhou o projeto da lei antitruste e de criação da Comissão Administrativa de Defesa Econômica, vinculada ao Ministério
da Justiça, o que foi rejeitado pelo Congresso Nacional. No princípio de agosto, o presidente anunciou a criação da Comissão Nacional de
Planejamento e a preparação do Primeiro Plano Qüinquenal, que viria substituir o Plano de Metas estabelecido na administração de Juscelino
Kubitschek.
A política externa "independente" implementada pelo governo indicava a tentativa de aproximação comercial e cultural com os diversos blocos do mundo
pós-guerra, o que provocou a desconfiança de setores e grupos internos que defendiam o alinhamento automático com os Estados Unidos. Repercutiu
negativamente, também, a condecoração, por Quadros do ministro da Economia cubano Ernesto Che Guevara, com a ordem do Cruzeiro do Sul.
No âmbito interno, o governo experimentava, ainda, a ausência de uma base política de apoio: no Congresso Nacional dominavam o PTB e o PSB, ao mesmo
tempo em que Jânio Quadros afastara-se da UDN, enfrentando a oposição cerrada do então governador do estado da Guanabara, Carlos Lacerda. Esses são
alguns dos principais fatores que teriam levado à renúncia do presidente em 25 de agosto de 1961, consumada através de documento apresentado ao
Congresso Nacional.
Com o vice-presidente João Goulart em viagem à China, esse gesto abriu uma grave
crise política, uma vez que a posse de Goulart era vetada por três ministros militares. A solução encontrada pelo Congresso, e aprovada em 3 de
setembro de 1961, foi a instauração do regime parlamentarista, que garantiria o mandato de João Goulart até 31 de janeiro de 1966.