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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - Clubes
Decadência e dificuldades (4)

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A crise econômica que atingiu a Baixada Santista na última década do século XX, com reflexos também nos primeiros anos do século XXI, também se abateu sobre a atividade clubística na cidade. Várias agremiações centenárias ou pelo menos de grande tradição passaram a enfrentar severas dificuldades financeiras, e uma das soluções encontradas foi a parceria entre clubes, debatida pelo jornal santista A Tribuna em 20 de janeiro de 2005:
 


Atlético Santista firmou parceria com o Santos F.C. em 2002, segundo o seu presidente
Foto: Carlos Marques, publicada com a matéria

SOBREVIVÊNCIA
Parcerias podem ser a saída para os clubes

A perda de associados levou a crise às agremiações, outrora vibrantes de atividades

Luigi Di Vaio
Da Reportagem

A possibilidade da fusão do Santos Futebol Clube com a Associação Atlética dos Portuários, conforme matéria publicada ontem em A Tribuna, evidenciou a saída para equacionar as finanças das agremiações da Cidade: formar parcerias é considerada a tábua de salvação para os clubes.

Porém, para o presidente do Clube Atlético Santista, Marivaldo Aggio, não basta apenas a assinatura da parceria. A agremiação que ele preside desde junho de 2003 firmou uma parceria com o próprio Santos Futebol Clube em 2002, mas que não saiu do papel.

"Lamento que o Santos não demonstre interesse em seguir com a nossa parceria", comentou ontem Aggio, ressaltando que não houve a integração dos associados do Atlético com os do Peixe. "Quando a parceria foi firmada, na gestão anterior, a idéia era de que os associados do Santos usassem nossas dependências, mediante o pagamento de uma taxa e R$ 8,00. Já o associado do Atlético não procurou o Santos porque o clube não tem nada a oferecer em termos de lazer".

Aggio ressalta que chegou a procurar o então assessor da presidência do Santos, Esmeraldo Tarquínio Neto, para agilizar a parceria, mas não houve avanço. "Posso dizer apenas que a parceria está em pleno vigor, apesar de não aparecerem interessados".

Na avaliação do presidente do Atlético, a parceria do Santos com o Portuários, se for efetivada, será benéfica para as duas agremiações, "mas pode prejudicar outros clubes".

A situação financeira do Atlético Santista ainda é problemática. Quando Aggio assumiu a presidência, contava com 128 sócios pagantes - hoje são 800. A dívida atual chega a R$ 1,3 milhão, relativa a INSS, Justiça Federal e reclamações trabalhistas. Segundo o presidente, a situação era pior.

"Assumi com 30 reclamações trabalhistas. Hoje temos apenas duas", comemora, citando que o Atlético conta hoje com apenas 22 funcionários. Para sair do vermelho, ele calcula que precisará ter quatro mil sócios - na década de 70, chegou a ter seis mil sócios titulares e, com os dependentes, quadro associativo de 20 mil pessoas.

O Atlético hoje cobra uma mensalidade de R$ 30,00 e oferece mais de 20 modalidades esportivas.


Clube teria tentado negociar com o empresário Armênio Mendes
Foto: arquivo, publicada com a matéria

Regatas pretende acabar com a categoria de sócio remido

Acabar com a categoria de sócio remido para quem entrar agora na agremiação. Esta é a idéia que o Clube de Regatas Santista tem para equacionar seu problema. Uma outra saída é tentar uma parceria - há cerca de três meses foi feito um contato com o megaempresário Armênio Mendes.

Presidente do Regatas, Aguinaldo Monteiro da Costa Fonseca desconversa quando é perguntado sobre o encontro com Armênio, que confirma ter sido procurado por dois diretores da agremiação.

O empresário diz que foi sondado para investir no terreno do Regatas. "Mas a decisão não cabe ao presidente da diretoria e ao presidente do conselho. Isso tem de passar por todo o conselho do clube", afirma.

Segundo Armênio, depois da conversa que teve com dois diretores em novembro, nada mais ocorreu. "Para qualquer parceria, eles precisam ajustar o estatuto".

Aguinaldo Fonseca diz que a única alteração no estatuto que está sendo pensada é a de eliminar a categoria de sócio remido para os novos associados. Nada altera para quem já tem esse título.

Fonseca, ele mesmo sócio remido do Regatas, tem algumas explicações para o endividamento do clube: a facilidade que o santista tem de ir à praia, os cursos oferecidos pela Prefeitura (no caso específico do Regatas, a proximidade com o Ginásio Poliesportivo Rebouças, também na Ponta da Praia) e o fim de uma época em que os clubes eram opção de lazer para toda a família.

"Eu fui criado dentro do clube. Hoje, se falo para minha filha me acompanhar, ela responde que prefere ficar na Internet", diz, revelando ainda outro fator: muitos dos novos condomínios já estão sendo erguidos com espaço para lazer, colocando à disposição dos moradores piscina, área para churrasco e até uma pequena academia.

 

Regatas já teve 4 mil sócios. Hoje tem só 200 pagantes

 

Tragédia - Além de todos estes fatores, o Regatas carrega ainda a marca de uma tragédia: o show da banda Raimundos, em 1997, que resultou na morte de oito jovens, deixando vários outros feridos.

Naquela época, o Regatas tinha quase 4 mil sócios pagantes. Hoje, amarga um quadro de apenas 200 pagantes e uma enxuta equipe de 20 funcionários.

O clube aluga o ginásio para a Prefeitura, que paga R$ 6 mil. E a esperança é fazer uma boa renovação do contrato em abril. O caixa da agremiação vai engordar um pouco graças à parceria firmada com uma empresa de telefonia, que fixará uma antena na área do Regatas.


Saldanha tentou se unir à Unisanta e ao São Paulo
Foto: Carlos Marques, publicada com a matéria

Após duas tentativas frustradas, Saldanha vai procurar clube de Pelé

O Clube de Regatas Saldanha da Gama tentou duas parcerias, mas, por enquanto, apenas bateu na trave, sem reverter em benefício para seus 5 mil associados. Vai tentar uma terceira com o clube de Pelé, o Litoral Futebol Clube.

Segundo lembra o presidente da agremiação, Ayrton Rogner Coelho, a primeira tentativa de parceria foi com a Universidade Santa Cecília (Unisanta) para organizar a equipe de natação. "Estou esperando uma resposta do Marcelo Teixeira há dois meses", disse ontem.

Coelho entende que pelo fato de Teixeira ser presidente do Santos, a provável parceria do Peixe com o Portuários não fará naufragar seu projeto - Marcelo Teixeira também é pró-reitor administrativo da Unisanta.

Em julho do ano passado, o Saldanha quase fechou uma parceria com o São Paulo Futebol Clube, mas ficou também só na tentativa. "Eu era favorável, mas os conselheiros entenderam que se o campo fosse usado com jogadores de chuteiras, estragaria o gramado".

Coelho ressalta que se a união com o São Paulo tivesse prosperado, o Saldanha passaria a ter direito na porcentagem da venda de algum jogador que fosse formado na escolinha de futebol. "De repente, só com a venda de um desses meninos pagaríamos as dívidas do clube".

A agremiação tem 2.500 sócios pagantes (150 entraram a partir de dezembro), cobra R$ 65,00 de mensalidade e oferece algumas modalidades esportivas. O sucesso tem sido as aulas de ioga, muito procuradas pelas mulheres. Também conta com uma sede náutica, que foi reformada e recebeu toboágua.

Certo de que o investimento no futebol pode salvar o Saldanha da Gama, o presidente já enviou recados a Pelé para discutir uma eventual parceria com o Litoral Futebol Clube. "Deixei alguns recados com assessores, mas vou insistir".

A idéia seria usar uma área do Saldanha como alojamento e refeitório para os jogadores do Litoral que não são da Cidade. Para tentar este gol, Ayrton Coelho se vale de seu passado: era volante e jogou com Pelé, no Santos, na década de 60.


Internacional: receita em dia e sem dívidas
Foto: Carlos Marques, publicada com a matéria

Exceção, Internacional não enfrenta problemas

O Clube Internacional de Regatas não passou pelo mesmo histórico de problemas de outras agremiações da Cidade, que enfrentaram a redução do número de associados e, conseqüentemente, redução na receita. Agrupa cerca de 15 mil pessoas, entre sócios (titulares, remidos e laureados) e atletas.

O presidente do Internacional, Raphael Sérgio Rodrigues Martins, diz que a receita é "boa". A mensalidade é de R$ 105,00 e o sócio conta com 14 modalidades esportivas (incluindo vela e pólo aquático), além de uma sede náutica.

A movimentação no Inter não se dá apenas na piscina, que recebe até mil associados em finais de semana com sol. Já é tradicional a realização do Senadinho, evento que reúne as famílias e os jovens nas noites de sexta-feira, com música e serviço de atendimento nas mesas. Este evento não é exclusivo dos sócios, os convidados (desde que apresentados pelos associados) pagam uma taxa de R$ 5,00.

"Não posso dizer que não passamos por uma crise, como os outros. Mas a superamos graças à freqüência do associado", diz Martins, que preside a agremiação há 19 dias, mas há 25 anos é diretor do Inter. O clube já teve 5 mil sócios pagantes. Hoje, cerca de 2.700 pagam a mensalidade.

O Inter não tem título à venda, explica o presidente. Quando um associado muda de cidade ou se desinteressa pode vender o título (em média cobra R$ 800,00). O clube cobra uma taxa de transferência de R$ 1.400,00, que pode ser dividida em até 20 parcelas.

"Não precisamos de parceria. Isso nunca foi cogitado internamente", comemora Raphael Martins, que é sócio remido e ex-diretor do Portuários.

O clube é administrado como uma empresa: tem 100 funcionários e não tem dívidas. "Fechamos o caixa no verde, mas sem folga".

Clube XV inaugura a nova sede em julho

Pioneiro em firmar parcerias, o Clube XV deve colocar a sua nova estrutura à disposição dos associados a partir de julho. A agremiação também enfrentou o pesadelo das dívidas, que foram sanadas graças a um acordo firmado em 1997 com uma incorporadora, que comprou o terreno, localizado em área nobre, em frente à Praia do Boqueirão.

O presidente do Clube XV, Jorge Guedes Monte Alegre Filho, lembra que a dívida superava R$ 1 milhão pela mesma razão das demais agremiações: muitos sócios remidos (900) e poucos pagantes (apenas 20, que contribuíam com R$ 40,00). "Não tínhamos receita, apenas encargos".

A matemática foi revertida com a chegada dos investidores, que estão construindo um hotel e um flat na antiga sede do clube. A agremiação está funcionando em um imóvel alugado no Gonzaga (pago pela incorporadora) e, quando o empreendimento estiver concluído, terá dois andares exclusivos para os associados.

Monte Alegre enumera o que os sócios - que antes contavam apenas com uma piscina e uma sala de carteado - vão encontrar: piano-bar, sala de TV, sala de carteado, auditório, quadra de squash, sala de musculação, piscina, hidromassagem e sauna.

O presidente lembra que foi fácil aprovar internamente a parceria com a incorporadora. "Estávamos na seguinte situação: ou aproveitávamos a parceria ou fechávamos e o clube iria para leilão".

O Clube XV, que completa em julho 136 anos, conta hoje com 1.300 associados, sendo 600 remidos. Desde que a parceria foi firmada, vem aumentando o número de pessoas querendo se tornar associadas. "Nossa idéia é não passar de dois mil associados", diz Monte Alegre, que está há dez anos presidindo o clube.

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