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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - Clubes
Decadência e dificuldades (3)

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A crise econômica que atingiu a Baixada Santista na última década do século XX, com reflexos também nos primeiros anos do século XXI, também se abateu sobre a atividade clubística na cidade. Várias agremiações centenárias ou pelo menos de grande tradição passaram a enfrentar severas dificuldades financeiras, e uma das soluções encontradas foi a fusão de dois clubes, como nesta proposta, divulgada pelo jornal A Tribuna em 19 de janeiro de 2005:
 


EXTENSÃO DA VILA - O Portuários é considerado o maior clube social da região, com 84 mil m²
Foto: Raimundo Rosa, publicada com a matéria

Santos e Portuários negociam fusão

A Associação Atlética dos Portuários deverá ser alvo de uma fusão com o Santos Futebol Clube. O tema vem sendo discutido desde novembro entre as duas agremiações. O Portuários dispõe de 84 mil metros quadrados e é considerado o maior clube social da região. Se a fusão for aceita pelos conselhos deliberativos e por assembléias gerais, um megaclube com cerca de 15 mil integrantes será criado nos próximos meses.


A fusão traz a possibilidade de garantir atividades recreativas para os associados do Peixe
(na foto, o estádio Urbano Caldeira, na Vila Belmiro)
Foto: Raimundo Rosa, publicada com a matéria

MEGACLUBE
Dois em um

Diretorias do Portuários e do Santos FC estudam a fusão de ambos. Caso a negociação se viabilize, o Alvinegro concretizará um velho sonho: passará a ser um clube poliesportivo

Lucas Tavares
Da Reportagem

Com 84 mil metros quadrados e considerado o maior clube social da região, a Associação Atlética dos Portuários deverá ser alvo de uma fusão com o Santos Futebol Clube. A transformação da área do Portuários numa extensão do Santos tem sido conversada desde novembro entre as diretorias dos dois clubes.

Se aceita pelos conselhos deliberativos e por assembléias gerais dos sócios das duas agremiações, um megaclube com cerca de 15 mil integrantes será criado nos próximos meses.

Ainda não oficial, a proposta de fusão foi apresentada à diretoria dos Portuários pelo Santos. Até agora, não se teria conversado sobre valores de uma eventual transação.

"Ainda não há nada oficial", diz José Maria Costa, que assumiu a presidência dos Portuários há um mês. "Estamos aguardando uma carta de intenções do Santos para submetê-la ao conselho deliberativo do clube".

"Uma comissão do Santos está estudando alguns documentos (do Portuários) para chegar a uma conclusão", diz Marcelo Teixeira, presidente do Santos. "Se houver uma fusão, seria realizado um sonho antigo dos santistas, o de termos um clube poliesportivo".

A fusão beneficiaria os dois clubes. Do lado do Portuários, há o interesse em equacionar dívidas antigas - cerca de R$ 1,5 milhão só com o INSS. Da parte do Santos Futebol Clube, existe a intenção de aumentar o número de campos para treinamento dos times de base de futebol.

Atualmente, como só dispõe do Centro de Treinamento (CT) Rei Pelé, as categorias inferiores do clube treinam em campos alugados - o que levou a direção do clube a iniciar os preparativos para a construção de um novo CT, no Saboó. A Associação Atlética dos Portuários supriria tal demanda por conter um campo de tamanho oficial, além de outros três de menor dimensão.

Com uma fusão, os associados do Peixe ainda teriam acesso aos mais de 20 equipamentos do Portuários (ver quadro). E a um estacionamento com capacidade para mais de mil veículos.

Na semana passada, Teixeira fez uma vistoria pelas dependências do Portuários. "Eu não sabia que lá tinha aquilo tudo", disse o presidente do Santos. "É um mundo, o Portuários".

 

Não houve conversa sobre valores

 

Parceria - Não se sabe, com certeza, se a proposta de fusão enviada por Marcelo Teixeira terá aceitação unânime dos conselheiros do Portuários. Alguns membros da diretoria acreditam, segundo apurou A Tribuna, que seria mais interessante à agremiação a formalização de uma "parceria" com o Santos. Com a parceria, o Santos pagaria valores mensais (não estimados) para usar os equipamentos dos portuários.

No entanto, na visão de José Maria Costa, a tendência mais provável é a fusão. "É o que realmente interessa", confessa. Costa, porém, avalia que o ajuntamento dos dois clubes demandaria aportes financeiros por parte do Santos.

Provavelmente, tal aporte deverá ser avaliado com base no patrimônio do Portuários, cujo valor não foi divulgado pela diretoria do clube.


Marcelo Teixeira visitou e se espantou com a grandiosidade. José Maria Costa espera por carta
Fotos: Raimundo Rosa, publicadas com a matéria (a da esquerda, de 23/12/2004)

Diretoria do Alvinegro quer saber como estão as dívidas

Antes de tomar uma posição oficial sobre a fusão com os Portuários, a comissão montada pela direção do Santos para analisar a proposta vai estudar as dívidas do clube do Marapé.

A Associação Atlética dos Portuários tem débitos com o INSS de cerca de R$ 1,5 milhão. Como todos os clubes tradicionais da Cidade, passou a enfrentar dificuldades financeiras a partir da década de 90.

 

A AAPS começou a enfrentar dificuldades nos anos 90

 

O tamanho da dívida dos Portuários - não divulgado integralmente pela direção do clube - poderia inviabilizar uma fusão. Isso porque o Santos já paga mensalmente pesadas parcelas de cerca de R$ 1,5 milhão no Refis - programa do Governo Federal de refinanciamento de dívidas previdenciárias e tributárias.

"É isso (a questão das dívidas dos Portuários) que vamos analisar. É o ponto principal", disse Marcelo Teixeira. O Santos, segundo Teixeira, tem uma situação financeira equacionada. "Em um ano e meio, vamos zerar nosso passivo", afirmou o presidente.

O segundo ponto da análise da comissão montada pela direção do Peixe é a aceitação dos associados. "Temos que ver o interesse dos associados do Santos".

Se fechada, a fusão com o Portuários não será a primeira experiência de parceria entre o Santos Futebol Clube e demais agremiações. "Temos uma parceria com o Atlético Santista, mas não houve muito interesse dos associados do Santos, que têm, digamos assim, um perfil mais voltado ao futebol".


Portuários proporciona outras atividades recreativas
Foto: Raimundo Rosa, publicada com a matéria

AAPS decidiu abrir as portas para ampliar quadro de sócios

Fundada em 1926 e, portanto, uma das agremiações mais tradicionais de Santos, a Associação Atlética dos Portuários (AAPS) sentiu a crise que passou a atingir os clubes na década de 90. De 11 mil sócios existentes na época em que havia pleno emprego no Porto de Santos, sobraram hoje cerca de 7 mil.

"As privatizações do Porto de Santos foram o grande golpe", diz José Maria Costa, atual presidente do clube. "Tivemos uma queda de cerca de 80% nas receitas".

 

Empresas privadas também podem aderir

 

Nos tempos áureos, o clube era quase exclusivamente fechado aos portuários. Na época (anos 70 e 80), a Codesp chegou a empregar mais de 10 mil trabalhadores.

Hoje, tal conceito foi revisto. O clube está aberto a qualquer associado. Por R$ 40,00 mensais, o sócio tem direito a usar todos os equipamentos da agremiação - e paga taxas baratas, se quiser tomar aulas de alguma modalidade esportiva.

Paralelamente às negociações com o Santos, o Portuários lançou uma campanha de captação de novos sócios: "Muitas pessoas da Cidade não sabem o que é o Portuários", diz a diretora de Marketing do clube, Teresa de Abreu. A campanha de atração de associados tem dois alvos: as pessoas físicas e as empresas privadas. "Com um mínimo de 100 empregados, a empresa pode se tornar sócia do clube".

O Portuários atualmente conta com cerca de 50 funcionários. E oferece várias modalidades desportivas. "Com a campanha de associados, vamos mostrar que podemos andar com as próprias pernas".


A fusão poderia equacionar as dívidas antigas do Portuários
Foto: Raimundo Rosa, publicada com a matéria

O QUE ESTÁ EM JOGO NA FUSÃO

Santos Futebol Clube

Associados: 8 mil
Patrimônio: valor não revelado
Instalações principais: Estádio Urbano Caldeira (Vila Belmiro) e o CT Rei Pelé
Dívidas: R$ 1,5 milhão de pagamentos mensais ao Refis

Associação Atlética dos Portuários

Associados: 7 mil
Patrimônio: valor não revelado
Instalações principais: cerca de 30 equipamentos, entre piscinas, quadras de tênis, campos de futebol, ginásios e salão de festa
Dívidas: R$ 1,5 milhão com o INSS (valor não é o integral)
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