Clique aqui para voltar à página inicialhttp://www.novomilenio.inf.br/santos/h0171zf.htm
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 12/30/05 10:08:16
Clique na imagem para voltar à página principal
HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - Clubes
Decadência e dificuldades (5)

Leva para a página anterior
A crise econômica que atingiu a Baixada Santista na última década do século XX, com reflexos também nos primeiros anos do século XXI, também se abateu sobre a atividade clubística na cidade. Várias agremiações centenárias ou pelo menos de grande tradição passaram a enfrentar severas dificuldades financeiras, ao ponto de ser sugerido o tombamento preventivo de suas sedes pelo Condepasa, como foi divulgado no jornal santista A Tribuna, em 6 de maio de 2005:
 


Diretores das três agremiações encaram a proposta do vereador com reserva e demonstram até alguma preocupação. Por isso devem se reunir com Fábio Nunes neste final de semana
Foto: arquivo, de 16/9/2004, publicada com a matéria

PONTA DA PRAIA
Tentativa de preservação

Para evitar demolições das sedes de três clubes (Regatas, Saldanha e Vasco) vereador Fabião pretende propor ao Condepasa o tombamento dos prédios. Ele lamenta o ocorrido com o Clube XV

Da Reportagem

Uma proposta do vereador Fábio Nunes, o Fabião (PSB) promete agitar os tradicionais clubes localizados na Ponta da Praia. O vereador pretende enviar um requerimento ao Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Santos (Condepasa) pedindo análise do valor histórico das sedes dos clubes Regatas Santista, Saldanha da Gama e Vasco da Gama, para posterior tombamento dos imóveis.

As três agremiações passam por crise financeira e a idéia de Fabião é bloquear uma possível especulação imobiliária que acabe destruindo o valor histórico das obras. "Não quero brecar investimentos na Cidade", destaca o vereador. "Só não pode acontecer algo semelhante ao ocorrido com o Clube XV (na avenida da praia com o Canal 3). Acabaram com um clube tradicional para fazer um prédio (hotel) de gosto duvidoso", ironiza.

O presidente do Condepasa, o arquiteto Bechara Abdalla Pestana Neves, lembra que no caso do Clube XV também foi pedido o tombamento. "Mas, após avaliação, os conselhos (municipal e estadual) concluíram que o pedido não se justificava", recorda.

INCÓGNITA

"O pedido pode vir de várias formas
e se referir somente à parte externa, por exemplo"

Bechara Abdalla Pestana Neves
Presidente do Condepasa

Requerimentos com o pedido de análise do tombamento dos clubes da Ponta da Praia também devem ser enviados ao Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico de São Paulo (Condephaat) e para o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

No entanto, deve haver dificuldades na negociação com os próprios clubes. Por esse motivo, Fabião adiou a apresentação do requerimento que aconteceria na sessão de ontem da Câmara, para se reunir com presidentes e diretores neste fim de semana. "O problema é que Saldanha e Vasco mudaram a diretoria recentemente (dia 1º), então vamos discutir melhor o assunto", garante o vereador.

Mas o presidente do Condepasa avisa que os clubes, mesmo com um possível tombamento, depois de várias análises e estudos, continuam com o direito de usufruir, alugar ou vender as sedes. "Não quero fazer comentários antes mesmo de receber o requerimento. Mas o pedido pode vir de várias formas e se referir somente à parte externa, por exemplo", comenta. Neste caso, anexos como ginásio ou quadras - desde que não façam parte do projeto inicial - podem ser alterados, reformados ou restaurados, após aprovação prévia dos responsáveis.


Ciente da polêmica, Fabião adiou apresentação do requerimento
Foto: Sílvio Luiz, publicada com a matéria

Dirigente do Regatas vê como o início do fim

Pode parecer apocalíptico, mas a proposta de tombamento dos clubes - aparentemente salvadora - é vista como o começo do fim pelo presidente do conselho deliberativo do Clube de Regatas Santista, Odayr Santos. "A princípio, parece-me que irão engessar os clubes, o que vai acarretar no fechamento de todos eles", projeta o presidente do conselho.

O Regatas Santista, aliás, deve ser um dos principais alvos da discussão, segundo conta o vereador Fabião. "De acordo com os arquitetos que consultei, o maior interesse deve mesmo ser em relação ao Regatas. Por seu valor histórico e arquitetônico", afirma.

O futuro obscuro, não muito diferente do presente, é pressentido em virtude de possíveis saídas estudadas pelos clubes. "O tombamento pode atrapalhar porque temos idéias de venda ou parcerias futuras (entre elas, uma com o Santos F.C.). Quem sabe até uma fusão entre os três clubes (Regatas, Saldanha e Vasco da Gama). Mas não sei se algo do gênero (tombamento) poderia nos atrapalhar", explica o presidente do conselho do Regatas.

O clube, que teve a energia elétrica cortada na última quarta-feira, não recebe regularmente o fornecimento de água e carrega dívidas enormes, além de uma sede antiga e deteriorada, segundo Santos. Assim, está sendo estudada uma fusão, "que seria a melhor alternativa. Mesmo porque está difícil conseguir um parceiro que invista no clube".

O ginásio de esportes, por exemplo, teve seu contrato de aluguel com a Prefeitura renovado esta semana.

Dos quase 4 mil sócios que tinha em 1993, quando Santos era presidente, o Regatas, hoje, tem aproximadamente 150 que pagam em dia.

Vasco: dívida - Segundo o ex-presidente do Clube de Regatas Vasco da Gama, Paulo Pimentel, que esteve no comando do clube até o último dia 30, "um possível tombamento pode até ajudar, mas é algo incerto". Motivo: o presente e o futuro do clube não são muito animadores.

O presidente Cláudio de Matheus Júnior assumiu o comando do Vasco com planos ambiciosos. "Vamos profissionalizar a administração e terceirizar as atividades, melhorando a qualidade e aumentando a oferta de modalidades esportivas".

Segundo Matheus, os parceiros deverão ajudar a valorizar o que, para ele, é o principal patrimônio do clube: seu nome, quase centenário. "Estamos trazendo uma renovação para o clube. A solução não é vender a sede aos poucos, mas valorizar nossa estrutura, trazendo sócios freqüentadores e recuperando o título familiar".

A agremiação acumula cerca de R$ 1 milhão em dívidas e um quadro de sócios pagantes que não chega a 150 (já foi de 5 mil).

Saldanha: incerteza - A situação do Clube de Regatas Saldanha da Gama também é incerta. A nova diretoria, que assumiu no último dia 1º, ainda está avaliando a situação e aguarda contato do vereador Fabião para entender melhor a proposta de tombamento.

"No entanto, pretendemos trabalhar para manter o clube e todo o patrimônio histórico, que também pertence à Cidade", afirma o vice-presidente Valmir Charleaux Blanco Esteves. o presidente Wladimir dos Santos Matos, recém-eleito, não respondeu aos contatos feitos por A Tribuna.

Leva para a página seguinte da série