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Publicado em 19 de outubro de 1992 no jornal santista A Tribuna
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 02/23/03 13:59:11
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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - CIDADE FESTIVA
A vida noturna de Santos (2)

Bandeira Jr. (*)
Colaborador

Em 7 de fevereiro de 1944 era aberto ao público o Samba-Danças - primeiro (e único) taxi-girl da Baixada Santista, pela empresa J. Andrade & Filhos, que, em 1968, inauguraria, também, no sobrado vizinho, o Lanterna Vermelha, com comunicação interna entre os dois dancings, que viriam a fechar em 1969.


O Samba-Danças, primeiro taxi-dancing, lotava todas as noites

Os cabarets Broadway e El Dorado funcionaram por alguns anos defronte aos armazéns 5 e 6 da Cia. Docas.

Fora do centro da cidade, conseguimos anotar: a loja térrea do Edifício Paulistânea (Boqueirão) foi, sucessivamente, Ciro's (do Toto), Arlequim, Bier Stube, Nicanor praiano e Nicaneca atual; Boite Banzu, no 44 da Rua Jorge Tibiriçá, decorada pelo famoso Denner e muito badalada nas crônicas sociais de Cecília Dulce, de A Tribuna; boates de inverno e de verão (jardim) do Parque Balneário Hotel; Palma de Ouro e Hi-Fi, na Avenida Floriano Peixoto; Lobo Mau, na Avenida Ana Costa; Pilequinho, no José Menino; Chão de Estrelas, no Embaré, inaugurado em 26/1/1971 pelo idealista Galvão; Chope Canal 4 (esquina da praia); Leny's Samba (ex-Dom Peixito) e Oceania, na Ponta da Praia.

No primeiro andar do Edifício Universo Palace, na Praia do José Menino, está, desde 1973, o erótico Pink Panther e, no térreo, o recém-inaugurado Granfinalle, moderno e muito confortável.

O Sambatuque Noel & Gardel, da Rua Marcílio Dias, foi aventura que não deu certo, bem como o Canecão e o Restô-Dançante Xicote, no Boqueirão; e os dancings Papillon e Clube da Saudade, ambos em dependências do Atlântico Hotel.

Nas quadras finais da Rua General Câmara e vias adjacentes, surgiram (e desapareceram) dezenas de casas noturnas como o Old Copenhagen que, rebatizado de Casablanca, teve seu apogeu em 1968, com a presença dos andróginos de Les Girls, liderados pelo artista Carlos Gil, hoje costureiro da TV Globo; Vagalume; Las Vegas (da dupla Abel-Julinho); Ile de France, que Mr. Rudolph de Montmorency transferiu do Gonzaguinha (São Vicente) para a Travessa Dona Adelina, civilizando essa via pública, antes depósito de lixo; Flamingo (ex-El Moroco), sem favor a mais quente da Boca, com a música de Elvira and His Golden Girls - o melhor conjunto feminino do Brasil -; Texas Night Club; Cassino Night Club (do Walter Moreira); Bonito, que só fervia quando as outras boates fechavam, isto é, nas primeiras horas da manhã...; Bataan; La Barca; Sweden; os gregos Hellas, Patsa, Akrópolis e Zorba; Night Club Bamako; Papa Jimmy; Seaman's House; Suomi e os bares served by girls: Porto Rico, Universal, A Tasca, Scandinávia, Hamburg, Bergen, Zanzi-Bar, Pan-American, Oslo, Tivoli, Reeperbahn, El Congo, Braço de Ouro, Lucky Strick, Charm, Pombal, Corujão, Santa Madalena, o chinês Tai Pin, Drink's 490, Amsterdan, Espeto de Ouro, o popular Restaurante Galo de Ouro e seu páteo das Messalinas. E bares musicados na primeira quadra da Rua João Guerra.

Os endereços noturnos Flórida, Simphony, Bar de Paris, A Boneca, Tropicália, Cha-Cha-Chá e Marron Glacê sobreviveram poucos meses e The Fugitive logo virou cine-pornô...

Na década de 1960, tal concentração de boates e bares (por meio quilômetro) na chamada Boca, ponto de convergência de marujos dos sete mares, de gente em busca de emoções exóticas, de boêmios cultores de Baco, Afrodite e Terpsícore, com iluminação feérica e o footing dos quatro sexos (ambiência felliniana), tornaram essa zona da topografia santense atração turística por excelência, pouco aproveitada pelos órgãos oficiais.


O A.B.C. House é hoje o mais atuante da chamada Boca

Hoje, a Boca está reduzida a alguns bares simplórios, hotelecos e aos dois complexos notívagos: Love Story, na última quadra da Rua General Câmara, e A.B.C. House Night Club, na esquina da Rua João Octávio e Travessa Dona Adelina, sem dúvida o mais atuante, talvez por possuir no mesmo plano bar, boate e pequeno restô, em ambiente super-refrigerado.

Dessa pletora de casas noturnas, vale a pena destacar algumas: o Night and Day, da Rua João Octávio, com o bailarino Sérgio Maia e depois com o metteur-en-scène Carlan, considerado o nosso Carlos Machado, era típico cabaret parisiense.

A abertura do primeiro taxi-dancing, o inesquecível Samba-Danças, também na Rua General Câmara, com a novidade de que "nenhuma dançarina dava tábua", absorveu todo o interesse da moçada estróina e passou a ser o must da noite praiana. Mantinha sempre boa e ininterrupta música das orquestras de Bonfim, J. Pinto, Brasil Silva e do sempre lembrado Luiz César, além de escolhido elenco de excelentes dançarinas.

(*) Bandeira Jr. é historiador e escritor em Santos. Este artigo foi publicado em cinco partes, nas edições de 12, 19, 26 de outubro, 2 e 9 de novembro de 1992, no jornal santista A Tribuna. As imagens são reproduções do arquivo do autor.

Veja as partes [1], [3], [4] e [5] desta série