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Publicado em 9 de novembro de 1992 no jornal santista A Tribuna
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 02/23/03 14:00:17
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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - CIDADE FESTIVA
A vida noturna de Santos (5)

Bandeira Jr. (*)
Colaborador

Luiz não discutiu: inesperadamente, numa véspera de carnaval, fechou a Candango e se mandou para a antiga capital, Rio. Foi logo convidado por Carlos Machado - o  rei da noite carioca - para dirigir a boate Fred's, na Praia do Leme, e desta para a fechadíssima Le Bateau.

Bom de papo, Luiz conquistou amigos em todos os círculos sociais, tratava Ibrahim Sued por "tu", foi íntimo de Jacintho de Thormes, o criador do colunismo social moderno, e, ainda em Brasília, teve a honra de brigar com o presidente Jânio da Silva Quadros. Apesar de todas essas andanças, Luiz nunca deixou de lado sua santistidade: lia A Tribuna diariamente, onde quer que estivesse; suas férias eram gozadas em Santos e, quando no Rio, passava os fins de semana aqui, indo e vindo por via aérea.

O maitre número um do País faleceu no Rio de Janeiro em 1987.


Pavilhão do Bar Bavária, que estava instalado no recinto da Exposição do Centenário

Houve uma casa noturna que, talvez por ter tido vida curta, deixou imorredouras saudades. Queremos nos referir ao Bar Bavária, instalado no recinto da exposição do Centenário da Elevação de Santos à Categoria de Cidade, que ocupava terreno da Companhia City, entre as ruas Mato Grosso, Itapura de Miranda, Azevedo Sodré e Avenida Washington Luiz, no Bairro do Boqueirão.

Inaugurada solenemente no dia 26 de janeiro de 1939, a Exposição permaneceu aberta até julho, com todos os ingredientes próprios para esses eventos: estandes comerciais e culturais (quem esqueceu o Museu Baldassari de Sexologia?) e os indefectíveis parques infantis...

Porém, o melhor dessa exposição foi, sem dúvida, o Bar Bavária, do bom chope, da pista de danças e de shows de variedades apresentados pelo humorista Príncipe Maluc, mais maluco que príncipe. A inânia começava à noitinha e ia até o sol raiar, todos os dias, sempre com boa freqüência.


Exposição do Centenário da Elevação de Santos à Categoria de Cidade, inaugurada em 26/1/1939

Época psicodélica - Na década de 1960, quatro rapazes de Liverpool (Inglaterra) formaram o conjunto de rock'n roll mais famoso do mundo, The Beatles, que iriam, com suas guitarras elétricas, suas letras de protesto, suas roupas exóticas e seus cabelos compridos, transtornar toda a juventude da civilização ocidental.

Os Beatles chegaram a se proclamar mais populares que Jesus Cristo! (John Lennon, em 1968). E, apesar de estimularem o uso de psicotrópicos, tiveram a honra de ser recebidos pela rainha do Império Britânico.

A influência dos cabeludos de Liverpool foi impressionante: surgiram grupos de guitarristas de todos os lados...

Por aqui, no açodamento da formação de tais conjuntos, alguns nem chegaram a estrear, eram natimortos. Mas, dos que sobreviveram, podemos citar: Pop Six; Teen-agers; Stilo-7; Blobs; Só Som; The Pets; Boys and Girl; Union Beat; The Sleepers; Top Fellow; Opus-8; Som Musical; Som Novo; The Gangsters; Momento-69 etc.

Nesse estilo roqueiro, o mais representativo e longevo é o Blow-Up, criação de Walter Teixeira, ex-secretário de Dercy Gonçalves, madrinha do sexteto, que, com sua experiência teatral e artística, fez do Blow-Up o mais querido da moçada praiana, primazia que mantém até hoje: baile com Tivo & Cia. não dá prejuízo! Walter Teixeira faleceu em acidente marítimo, mas seus pupilos souberam prosseguir com o êxito previsto por seu saudoso mecenas.

Por gentileza do maestro-cavalheiro Paschoalino, tivemos a oportunidade de folhear a Revista 5ª Avenida, editada na Capital, número de fevereiro de 1953 que, entre outras informações, dá-nos lista dos melhores músicos e cantores de Santos, matéria assinada por José Cleto, o popular Zé da Pinta:

5ª Avenida, como não podia deixar de ser, apresenta aqui uma relação dos melhores músicos de 1952, em Santos. Fizemos, para tanto, uma apreciação in loco, consultando as mais abalizadas figuras do set musical santista e o resultado aqui está:

Piano: Justo, Bowe, Rubens, Paschoalino, Dr.Victor, Tico-Tico (bailes)
Acordeon: Melillo e Nara Moreno
Sax-tenor: Juvelino e Padre Antônio
Sax-alto: Paschoalino e Zago (pai)
Trombone: Iodílio
Guitarra: Lage
Violão: Maurício Moura e Satu
Cantor de música americana: Tarquínio
Cantor de rádio: Mário Gil
Cantor da MPB: Mendes Mattos
Cantor internacional: Ernesto Delsy
Cantora: Jacyra
Samba de breque: Cremildo Ferreira
Piston: Antoninho e Vicente
Contrabaixo: Campos e Oswaldo Orsini
Clarinete: Mineirinho e Salvador Palmeira
Bateria: Pirituba, Oswaldo Argento e Bilo
Pandeiro e maracas: Gilette
Bongô: Brotinho, Pizza e Cagun

(*) Bandeira Jr. é historiador e escritor em Santos. Este artigo foi publicado em cinco partes, nas edições de 12, 19, 26 de outubro, 2 e 9 de novembro de 1992, no jornal santista A Tribuna. As imagens são reproduções do arquivo do autor.

Veja as partes [1], [2], [3] e [4] desta série